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Alguém diz: “Veganos costumam propagar muitas mentiras sobre a indústria de carnes, ovos e laticínos”
Alguém diz: “Veganos costumam propagar muitas mentiras sobre a indústria de carnes, ovos e laticínos.” Bom, se isso fosse verdade, muitos teriam sido acusados e responsabilizados legalmente, e, claro, notícias sobre isso pululariam à exaustão. Sabemos que se isso não acontece com frequência significa que tudo que é dito, escrito ou veiculado, em menor ou maior proporção, é verdade.
Ademais, inverdade, no meu entendimento, é o trabalho de dissimulação factual e estética praticado pela indústria de carne, ovos, laticínios, entre outros alimentos e produtos de origem animal. Quero dizer, tem algo mais paradoxal do que a permissividade legal a uma publicidade e propaganda que apresenta bois, vacas, porcos, galinhas, frangos e perus como mascotes? Eles matam esses animais e criam mascotes felizes dessas criaturas como um mecanismo reforçador de anuência – como um afago na consciência do consumidor. Então, ponderando isso, quem será que está, de fato, mentindo?
A nossa existência não depende do consumo de animais
Dias atrás, me perguntaram qual seria a melhor forma de reverter a exaltação ao consumo de alimentos de origem animal na atualidade. Qual é a melhor estratégia para ajudar os animais?
Sem dúvida, é imprescindível se aprofundar cada vez mais nessas questões, até porque é importante ampliarmos as nossas possibilidades de argumentação. Mas, a princípio, acredito que o primeiro passo é a conscientização. Mostrar para as pessoas que a existência delas não depende do consumo de produtos de origem animal, que isso é um fator cultural, não essencial.
Talvez pareça “essencial” hoje para muita gente porque elas não levam em conta que os animais sempre foram vistos como matérias-primas de alta disponibilidade, logo eles são explorados porque a indústria deu a entender que sem esse tipo de exploração a vida como conhecemos hoje não seria possível. Mas isso é um grande engano. Exploramos os animais por comodismo e facilidades; porque quando começamos a reduzi-los à comida, o ser humano percebeu que seria ainda mais rentável aproveitar mais do que sua carne.
“Se já fazemos comida com os animais, se eles vão morrer de qualquer jeito, por que não usar inclusive os cascos e os chifres?”, alguém pensou, e assim a vida animal acabou sendo ainda mais desvalorizada do que já era antes da Revolução Industrial. Todos esses produtos criados a partir de animais como fonte de matéria-prima existem basicamente porque a indústria viu nisso um negócio altamente lucrativo, de baixo custo.
A maior prova disso é o processo de fabricação de artigos de couro. Uma peça de couro cru de pouco mais de um metro pode custar menos de R$ 50 no varejo hoje em dia. Esse é o valor da pele de um animal que um dia respirou, assim como eu e você. Com essa peça, não é difícil obter um lucro de 1000% dependendo do produto a ser feito.
Acredito que a reflexão sobre a questão animalista deve ser estimulada não apenas de forma passional, mas com argumentos, mostrando as falhas desse sistema e suas consequências. A conscientização, mais do que nunca, precisa estar acompanhada de pesquisas que apresentam alternativas para suprir as lacunas que devem ser deixadas pela indústria, até para realocação de recursos, empregabilidade, entre outras consequências que poderiam gerar crises econômicas.
Além disso, o aprofundamento é uma boa forma de rebater falsos argumentos disseminados por uma indústria que não poupa esforços, que patrocina a produção de muitos artigos acadêmicos com finalidades escusas, assim ampliando o escopo de desinformação. Sem dúvida, na atualidade muita gente depende do sistema de exploração animal, e claro que porque isso não se firmou agora.
Estamos falando de um sistema que começou a se desenvolver exponencialmente e nos moldes industriais no período da Revolução Industrial, ou seja, desde o século 18. É muito tempo incutindo na mente das pessoas uma quantidade absurda de falsas necessidades. Infelizmente, é um fator negativamente cultural, reforçado por meio de propaganda. E os meios de comunicação, como vetores, têm grande parcela de culpa nisso.
Creio que hoje a missão mais importante seja fazer o caminho reverso da indústria de exploração animal. As transformações, as mudanças, devem acontecer dia a dia. Por enquanto, é imprescindível a contínua disseminação de informações que induzem à discussão, à reflexão, à produção de soluções e de provas de que o abolicionismo animal busca e prevê o melhor futuro para a humanidade e os animais.
Também acho importante mostrar que os vegetarianos e veganos nunca estiveram sozinhos. A história do vegetarianismo e do veganismo precisa ser contada sempre, para mostrar que não se trata de uma tendência. Sempre tivemos bons representantes dos direitos animais e do vegetarianismo, e, desde 1944, do veganismo. Essa preocupação sempre existiu, ao contrário do que muitas vezes é veiculado de forma equivocada pelos meios de comunicação. Em síntese, quanto mais informação e mais pesquisa, melhor.
” Centenas de milhares de pinguins eram abatidos ali com pauladas”
“Ela leu sobre a Ilha Macquarie [a 1450 quilômetros da Austrália]. No século XIX, era o centro da indústria de pinguins. Centenas de milhares de pinguins eram abatidos ali com pauladas e jogados em caldeiras de vapor de aço fundido para ser separados em óleo útil e resíduo inútil. Ou nem abatidos com uma paulada, mas meramente tocado com varetas por uma prancha, direto para a boca do caldeirão fumarento. E os seus descendentes do século XX parecem não ter aprendido nada. Ainda saem nadando inocentemente para dar boas-vindas aos visitantes; ainda gritam saudações quando se aproximam dos viveiros. (Ho! Ho! dizem, pois todo mundo gosta de pequenos gnomos rústicos) e permitem que os visitantes se aproximem para tocá-los, para acariciar seu peito liso.”
Páginas 63-64 de “Elizabeth Costello”, de J.M. Coetzee, publicado em 2003.
“Não há nada de origem animal disponível ao consumidor que não tenha envolvido algum tipo de exploração”
— Por que você se refere à indústria que produz gêneros alimentícios e outros produtos de origem animal como indústria da exploração animal?
— Bom, acho importante ressaltar sempre que se trata, de fato, de exploração animal, já que estamos falando de criaturas que são condicionadas a viver de acordo com os interesses da indústria, logo a exploração é evidente, é a base. Basta considerarmos que a exploração de animais para fabricação de gêneros de consumo não contempla as necessidades dos animais para além do que é necessário para a fabricação de produtos. Usarei um exemplo clássico. Quando bois e vacas são criados para “fornecer’ carne ou leite, se surge alguma doença, seja febre aftosa, brucelose, carbúnculo, mastite, entre outras, a preocupação maior do criador e da indústria não é prioritariamente o bem-estar desse ser vivo de um ponto vista munificente. Ninguém pensa: “Ah, coitado dele, não quero que ele sofra. Ele não merece passar por isso, tem tanto pra viver”, até porque o seu destino, mais cedo ou mais tarde, é o matadouro. A preocupação é com a baixa na produtividade e a possibilidade de prejuízo no caso da não convalescença animal. Logo os interesses dos animais são claramente secundários, o que revela a óbvia faceta exploratória.
Não se cria massivamente animais com outra finalidade no mundo em que vivemos. Não temos essa cultura, tanto que a cada dia são realizadas novas experiências com animais geneticamente modificados que geram mais lucro em um curto período de tempo. E o que isso significa? Que o ser humano brinca com vidas como se elas não significassem mais do que cifrões. Temos uma quantidade infindável de animais sobre a terra que nunca existiram na natureza. Então, te pergunto, como não se referir a isso como indústria da exploração animal? Por que usar eufemismos, mitigações, suavizações, quando a realidade é tão clara? Animais reduzidos a produtos passam por privação, sofrimento e serão executados quando tornarem-se mais valiosos mortos do que vivos, porque esse é o retrato da mercantilização da vida, sem escusas, tergiversações. Fora que “indústria da exploração animal” é um termo consciencioso que induz à reflexão.
Afinal, não há nada de origem animal disponível ao consumidor que não tenha envolvido algum tipo de exploração, até porque os animais não existem, ou não deveriam existir, para atender as nossas pretensas necessidades. Também te convido a fazer um exercício. Converse com pessoas que lucram com a exploração animal e pergunte se alguma delas seria capaz de criar esses animais se eles não pudessem gerar um bom retorno financeiro. Assim você terá outra resposta que explica por que eu me refiro à indústria de produtos de origem animal como indústria da exploração animal. Quem explora animais pode alegar que “ama seus animais”, mas objetivamente sabemos que não matamos nem impomos conscientemente privação e sofrimento a quem amamos, logo isso é insinceridade. O que quem explora animais ama é o retorno financeiro que esses animais são capazes de proporcionar a partir de seu sofrimento e morte. Partindo de um construto moral e ético sob a perspectiva dos direitos animais, toda relação de exploração, por mais “bem tratado” que um animal seja, culmina em aleivosia, ou seja, traição, já que o animal, mais cedo ou mais tarde encaminhado a um matadouro, só reconhece a iminência do fim quando quem o criou o obriga a caminhar pela pista da morte.
Entenda por que você pode estar consumindo insetos
Você costuma ler os rótulos dos produtos que compra? Alguma vez encontrou um ingrediente discriminado como “corante natural carmim de cochonilha” ou “corante carmim”? Sabe o que isso significa? Que esse corante vermelho foi extraído do corpo e dos ovos de um inseto homônimo, ou seja, chamado de cochonilha, que produz o que conhecemos também como ácido carmínico.
Esse corante está espalhado pela indústria alimentícia, de cosméticos e tintas. O setor de laticínios costuma usar muita cochonilha na fabricação de iogurtes e bebidas lácteas, entre outros produtos. Resíduos desse inseto estão em muitos produtos coloridos, como sucos industrializados, geleias, biscoitos, refrigerantes, sobremesas, queijos, catchup, molhos, embutidos, etc. Também são usados em frigoríficos para alterar o aspecto natural da carne.
E por que não substituir a cochonilha por um ingrediente de origem vegetal? Os fabricantes normalmente alegam que a cochonilha é uma matéria-prima melhor por causa da estabilidade ao calor, além de fatores de oxidação e níveis de acidez mais estáveis. O que resumindo significa que é vantajoso e mais cômodo para a indústria, sem levar em conta, claro, a opinião do consumidor em relação a isso.
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Bezerros são descartáveis para a indústria de laticínios
Realmente, o Brasil é um país onde é incomum o consumo de carne de vitela, ou seja, carne de bezerro. No entanto, caso haja demanda, isso não nos impede de exportar animais vivos ou de vender a carne para que seja consumida em outros países. Ademais, quando bezerros não representam lucro para a indústria da exploração animal, isso significa que são descartáveis. Sendo assim, logo são mortos. A multibilionária indústria de laticínios nos presenteia com muitas cenas lamentáveis de privação e morte, tanto de vacas quanto de bezerros quando estes são considerados dispendiosos. Claro, até porque o consumo de laticínios muitas vezes significa bezerros na pista da morte.
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Laticínios, coca-cola e o poder da indústria
Você percebe como a indústria tem poder sobre as definições dietéticas de uma sociedade quando encontra mais recomendações ao consumo de leite do que de água. Isso me fez lembrar de um episódio em que perguntei a uma mulher porque ela quase não consumia água, e ela me disse que não precisava porque a água que ela bebia já fazia parte da composição da coca-cola. Sabe como se chama isso? Uma propaganda bem-sucedida capaz de desencadear uma dependência. Imagino como os executivos da Coca-Cola não ficariam extasiados ao ouvirem alguém dizer isso.
Uma coisa que pouca gente se dá conta, quero dizer a não ser que você seja vegetariano, vegano ou tenha sido diagnosticado como intolerante à lactose, é que laticínios estão muito além de produtos óbvios como leite, iogurte, bolos, chocolates e outros doces. Se você começar a ler os rótulos dos produtos nos mercados, você vai se surpreender com a quantidade de produtos que você consome que contêm laticínios. Muitas vezes, até quem diz que não consome leite ou não gosta de leite está consumindo laticínios sem se dar conta. Faça esse teste. Quando for ao mercado, leia os rótulos de tudo que você compra. Leite está muito além do que você pensa.
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A violência na indústria de peles de animais
Não há como negar que a indústria de peles de animais é violenta, isto porque muitos animais que são reduzidos a artigos de vestuário levam uma vida de privação, sofrimento e morte. Algumas espécies são mortas no ato da captura. Outras são mantidas em cativeiro, e até mesmo sem comida e água até o momento em que são mortas. Dificilmente algum animal tem sua pele extraída de forma não violenta. Além disso, se a sua pele é importante para você, por que a de um animal não seria para ele?
No Brasil, há leis que proíbem atos de crueldade contra os animais, porém na prática como elas funcionariam se não há fiscais para realizar esse trabalho? Também é preciso entender que a maior parte dos animais são mortos nesse processo, independente se o tipo de morte é classificada como cruel ou não. Se você acha que lã ou seda são matérias-primas que não envolvem sofrimento, sugiro que se aprofunde nessa questão. Para se ter uma ideia da gravidade da situação, ovelhas, carneiros e cordeiros geralmente têm suas caudas cortadas e as orelhas perfuradas sem anestesia.
De acordo com o Projeto Esperança Animal (PEA), os machos explorados pela indústria de peles são castrados com duas a oito semanas de vida. Também são obrigados a usar anéis que impedem que o sangue chegue aos testículos, o que é naturalmente muito doloroso. E como os trabalhadores da indústria de extração de pele são mal remunerados e ganham por volume, muitas vezes eles fazem esse trabalho com tanta pressa que acabam por ferir gravemente os animais. Há inclusive casos de desfiguração facial em decorrência da violência nesse processo. O que podemos fazer para evitar isso? Não comprar produtos baseados em peles de animais, porque assim desestimulamos esse mercado.
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Tudo que você compra tem uma história
Tudo que você compra tem uma história. Já parou para pensar em quantas histórias você conhece por trás dos produtos que compra? É exatamente quando ignoramos a história do que compramos que somos negligentes a até mesmo coniventes quando existe algum tipo de injustiça por trás daquilo que consumimos.
Nos submetemos aos mais diferentes tipos de indústria que exploram vidas porque normalmente somos preguiçosos e individualistas demais para nos importar. Em síntese, somos consumidores alheios. Confiamos tanto nessa indústria que achamos que ela quer sempre o nosso melhor, quando na realidade não faltam exemplos de que a maior prioridade não é te satisfazer, mas sim vender.
Há exploração por trás de tantos produtos, que vão dos gêneros básicos aos mais supérfluos. Mas não queremos enxergar, porque se fizermos isso não teremos como negar que não sabíamos. Prefere-se uma vida de ilusão, onde eu e os meus merecemos o melhor, e os outros, tanto faz, mesmo que tenhamos a oportunidade de mudar isso, de fazer a diferença em suas vidas.
A exploração que existe por trás de tantos produtos deveria ser o suficiente para estimular o consumo consciente, a pesquisa, a compreensão de que não devemos compactuar com empresas que exploram vidas, que matam seres inocentes por nada. Quero dizer, por dinheiro.
Se uma indústria não se importa em explorar cruelmente os animais, sejam eles humanos ou não, por que ela iria se importar com você? Isso é um indicativo de que ela se importa apenas com o seu dinheiro, o seu poder de compra, simplesmente. E se você tem dinheiro aliado à desinformação e indiferença, ou seja, todos os ingredientes que ajudam a perpetuar essa exploração e violência contra outras formas de vida, eles não têm porque parar.
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2,3 milhões de crianças são exploradas pela indústria do chocolate na Costa do Marfim e em Gana
Em 2017, de acordo com a ong Slave Free Chocolate, 2,3 milhões de crianças continuam trabalhando em regime análogo à escravidão na produção de cacau na Costa do Marfim e em Gana. A maior parte dos produtores ganha menos de um dólar por dia. Essa realidade é sustentada por fabricantes de chocolate que pagam uma miséria pelo cacau produzido.
Entre eles estão Hershey, Mars (que fabrica o Snickers), Nestlé, ADM Cocoa, Godiva, Fowler’s Chocolate e Kraft (que inclui Lacta, Trident e Oreo). Ou seja, ao comprarmos produtos desses fabricantes, contribuímos com essa escravidão moderna. Outro ponto a se considerar é que essas marcas também contribuem com a exploração de animais nesse mercado.
Referência
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