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Um dos restaurantes mais requintados de Londres está em transição para o veganismo
O chef Alex Gauthier, proprietário de um dos restaurantes mais requintados de Londres, o Gauthier Soho, de alta gastronomia francesa, há cinco anos servia mais de 20 quilos de foie gras por semana.
Porém, em 2015, ativistas dos direitos animais começaram a protestar contra o seu restaurante, que financiava a cruel realidade vivida pelos gansos, que são forçados a se alimentarem até seus fígados dilatarem.
Então Alex Gauthier refletiu pela primeira vez sobre o sofrimento dos animais e perguntou se aquilo realmente estava certo e se era o que ele queria continuar fazendo. Sem cogitar outra possibilidade, decidiu começar a abolir os alimentos de origem animal do menu do restaurante. Hoje, além de não oferecer mais o foie gras, 75% do cardápio do Gauthier Soho é livre de ingredientes de origem animal.
No restaurante há também um cardápio diferenciado e especial para veganos, que tem inclusive se popularizado em Londres. Alex Gauthier, que já não come mais nada de origem animal e hoje é um defensor do veganismo, garante que em até dois anos o cardápio do Gauthier Soho será totalmente vegano.
Ativistas filmam espancamento de porcos em matadouro na Inglaterra
“Eles estavam abusando dos animais que já estavam aterrorizados”
Na segunda-feira, dez ativistas do Save Movement, de Sheffield, na Inglaterra, estavam participando de uma vigília com duração de três horas em frente ao matadouro Bramall & Son quando testemunharam a chegada de 10 a 12 caminhões que transportavam porcos, ovelhas, bois e vacas.
Na ocasião, Jordan Heart e outros ativistas ouviram gritos partindo do pátio. Quando chegaram ao local, testemunharam um funcionário do matadouro chutando um porco que gemia e gritava. As cenas foram filmadas e compartilhadas pelo Sheffield Animal Save.
“Eles estavam abusando dos animais que já estavam aterrorizados. Ficamos chocados com a possibilidade de chutarem e abusarem dos animais, especialmente porque os fazendeiros alegam que se preocupam com os seus animais”, declarou Heart.
Após o abate, antes de deixarem o local, os ativistas viram partes dos animais, antes amedrontados, serem jogadas em uma caçamba de lixo do lado de fora do matadouro. O Save Movement é conhecido por acompanhar e registrar a realidade dos matadouros, principalmente o abate de porcos, bois, vacas, frangos, galinhas, ovelhas e de outros animais. O objetivo é conscientizar as pessoas sobre a realidade da produção de alimentos de origem animal.
Jovem vegano percorre mais de 1600 quilômetros a pé para arrecadar dinheiro para o resgate de cabras
“Enquanto os humanos são invariavelmente complicados e esporadicamente miseráveis, não é preciso muito para fazer uma cabra feliz”
O britânico Jack Mackey, de 19 anos, decidiu viajar de St. Albans, na Inglaterra, para Aberdeen, na Escócia, a pé. O motivo? Chamar a atenção e, dessa forma, arrecadar dinheiro para o resgate de cabras abandonadas, abusadas e negligenciadas.
A viagem de mil milhas, o equivalente a mais de 1600 quilômetros, foi a forma que Mackey encontrou de divulgar também o veganismo e conscientizar as pessoas sobre a importância do resgate de outros animais, além de cães e gatos. Em entrevista ao The Tab, ele explicou que não houve nenhuma preparação especial para a viagem, inclusive sua alimentação tem sido improvisada em postos de combustíveis.
A recepção tem sido bem positiva e Mackey está conseguindo atrair a atenção que desejava. “Tudo o que sei é que, devido ao fato de que eu estava despreparado para a magnitude dessa tarefa, tem sido uma experiência que não esquecerei rapidamente”, afirmou.
Desde que deixou St. Albans, a alimentação do jovem tem sido baseada em pasta de amendoim, smoothies e pães. Segundo Mackey, que começa a estudar na Universidade de Aberdeen em setembro, a inspiração para a viagem a pé também veio com a música “I’m Gonna Be (500 Miles)”, da banda escocesa de folk rock The Proclaimers.
“Tentarei arrecadar dinheiro para uma instituição de caridade que resgata cabras abandonadas, abusadas e negligenciadas, proporcionando-lhes uma um lar e uma boa vida. Enquanto os humanos são invariavelmente complicados e esporadicamente miseráveis, não é preciso muito para fazer uma cabra feliz”, enfatizou.
Reflexão sobre a exploração animal na Inglaterra e no Brasil
Quero te convidar a uma breve reflexão sobre a exploração animal. Publiquei uma notícia sobre uma série de episódios de tortura praticados contra porcos em uma fazenda na Inglaterra. Sim, na Inglaterra, terra de Henry Salt, pioneiro da teoria dos direitos animais, onde surgiu o veganismo em 1944, e onde o respeito aos animais é considerado muito superior ao da maioria dos países.
Ainda assim, isso não impede que na Inglaterra ocorra violência contra os animais. Afinal, animais continuam sendo explorados, privados e mortos para atender um mercado consumidor. E toda essa demanda alavanca a objetificação e ajuda a fazer com que pessoas não vejam os animais como sujeitos de uma vida, mas somente pedaços de carne ambulante, que podem ser submetidos a qualquer tipo de violência; bastando para isso que não haja reconhecimento do valor da vida não humana nem mesmo legislação verdadeiramente favorável aos animais.
Agora vamos falar do Brasil. O Brasil é o quinto maior país do mundo, ou seja, é imenso. O Reino Unido, do qual faz parte a Inglaterra, cabe dentro do estado de São Paulo. O Brasil vive imerso em corrupção, é um país que ganhou fama internacional durante a Operação Carne Fraca como o país que “comercializa carne adulterada” e que possui fiscais da superintendência agropecuária que podem ser comprados, desde que bem pagos.
Além disso, segundo o artigo “A Clandestinidade na Produção de Carne no Brasil”, de João Felippe Cury Marinho Mathias, pesquisador da Embrapa, a produção de carne de origem clandestina no Brasil pode chegar a 50%, o que significa carne sendo consumida sem inspeção, e animais sendo criados e mortos da forma que o produtor e o comprador bem entender.
Não podemos ignorar também que os últimos episódios de exportação de bovinos vivos provaram como a intervenção política pode ignorar qualquer interesse coletivo e bem-estar animal – desconsiderando o fato de animais estarem em situação lastimável e degradante, segundo registros fotográficos que podem ser consultados via Google.
Sendo assim, será mesmo que deveríamos dizer algo como: “Mas isso é fora do Brasil!” “Isso é na Inglaterra!”? Será que em um país onde o respeito à vida não é exemplar, onde há muitos matadouros clandestinos e animais criados irregularmente, a parca exposição da violência contra os animais criados para consumo não é apenas uma questão de poucas denúncias e investigações? Não tenho dúvida de que o melhor caminho em contrariedade a isso é a completa abstenção do consumo de animais. Afinal, de um modo ou de outro, a violência existe e persiste.
Tom Worby, morto aos 15 anos em uma ação contra caçadas
Hoje completa 25 anos que Tom Worby, de Milton Keynes, foi morto aos 15 anos, quando se juntou a um grupo de 40 sabotadores de caçadas em Low Farm, perto de Gravesley, no Condado de Cambridge, na Inglaterra. Aquela foi a primeira e a última vez de Tom em um ato contra caçadas. O que começou como uma ação aparentemente normal terminou em uma tragédia.
No dia 3 de abril de 1993, Tom e a namorada se juntaram a um grupo de pessoas que não concordavam com a crueldade da caça à raposa. Por isso, foram até a Low Farm, onde um grupo se preparava para a matança de raposas. No local, quando os caçadores viram os sabotadores, gritaram algumas palavras ameaçadoras e desapareceram floresta adentro.
Depois os caçadores retornaram em maior número e começaram a discutir com os sabotadores. Logo um policial chegou, conversou com os caçadores e caminhou até os sabotadores. Disse que eles eram invasores e que deveriam partir. Então eles justificaram que não havia nenhuma invasão, já que eles estavam apenas sentados diante do sol e da estrada, sem infringir nenhuma lei.
O policial reconheceu que não havia nada a ser feito, e explicou aos caçadores que não estava disposto a colocar mais recursos na operação. Os caçadores novamente se afastaram dos sabotadores. Ninguém sabia o que eles estavam planejando. Mais tarde, um dos líderes justificaria que eles decidiram interromper a caçada e pediu que um dos caçadores, Anthony Ball, guardasse suas coisas.
Segundo informações do artigo “How Tom Worby, a hunt sab, was killed” publicado pela Netcu Watch em 2008, o senhor Ball era conhecido como um homem bastante imprevisível, e que ficava agressivo com muita facilidade. Semanas antes, com o apoio de outros caçadores, ele desceu de um cavalo e atacou a pé um grupo de sabotadores.
Um dos jovens envolvidos na ação foi deixado inconsciente após ser atingido na cabeça por uma caçadora que era a proprietária da Low Farm. O senhor Ball também foi apontado como o autor de uma série de tentativas de atropelamentos contra sabotadores de caçadas. “Contamos 27 incidentes para os quais temos vídeos e provas fotográficas do senhor Ball usando violência contra sabotadores”, garantiu um dos sabotadores no artigo da Netcu.
No dia 3 de abril de 1993, enquanto o senhor Ball colocava os cães na van e os cavalos no trailer de reboque, os outros caçadores bebiam e conversavam. Então Ball entrou na van com o filho Christopher Ball, o principal terrierman da caçada, e seguiram em direção à estrada.
Os sabotadores ficarem atentos diante da cena. A menos de 500 metros da van, aventaram duas possibilidades – os caçadores estavam realmente desistindo ou apenas mudando de lugar para recomeçar a caçada. No caminho de volta à estrada, os sabotadores se dividiram. Havia uma massa principal de sabotadores mais atrás, um grupo menor e outros dois sabotadores em pontos estratégicos.
Quando a van alcançou o primeiro grupo principal de sabotadores, eles continuaram na estrada porque acharam uma boa ideia atrasar os caçadores, caso a intenção deles fosse retomar a caçada. Inclusive alguns sabotadores sentaram-se na estrada, na tentativa de bloquear a passagem do veículo.
No entanto, a van do senhor Ball fez o seu próprio caminho entre os sabotadores – em um ritmo lento e constante. As pessoas sentadas levantaram-se no último segundo, porque Anthony Ball não deu qualquer indicativo de que pararia. Não houve nenhum tipo de violência ou ameaça por parte dos sabotadores. O objetivo era um só – atrasar a van.
Depois de algum tempo, a van passou pelo grupo de sabotadores e acelerou bem rápido, aproximando-se de outro grupo de sabotadores. A estrada estreitava-se naquele ponto, com uma vala íngreme à direita, uma pequena cerca de 30 centímetros de altura e uma densa sebe à esquerda. No volante, o senhor Ball acelerou mais e mais, e seguiu diretamente para o segundo grupo de sabotadores que nem sequer tentou atrasá-los, segundo informações da Netcu.
Tão logo os sabotadores perceberam que o homem não reduziria a velocidade, eles pularam para o lado esquerdo na vala à direita. Apenas Tom Worby não conseguiu fazer isso, por causa da distância. Ele só teve tempo de dar um passo para o lado, em direção única, onde poderia pisar entre a sebe e a van. Porém, basicamente não restou nenhum espaço porque a van era muito larga.
Tom Worby foi pego pelo retrovisor esquerdo e arrastado com o veículo por uns 50 metros. Ele gritava muito e batia contra a porta da van, até que perdeu o controle e escorregou. Tom recuou, mas caiu para a frente sob a roda traseira esquerda. Era possível ver o veículo levantar um pouco quando passou por cima de sua cabeça.
A van de caça dirigida por Anthony Ball não parou. Ganhou ainda mais velocidade e passou por dois sabotadores na estrada, que ficaram tão chocados com o que aconteceu que não conseguiram se mover. A van voltou diretamente para os canis, onde muitos policiais chegaram rapidamente para proteger o senhor Ball.
Os sabotadores correram até Tom Worby e tentaram socorrê-lo. Suas orelhas e nariz sangravam, mas o garoto ainda estava consciente. Eles gritaram desesperadamente por ajuda. Alguns caçadores riram e celebraram como se aquilo fosse uma vitória para eles. Inclusive ameaçaram os sabotadores que expressaram a urgência de se conseguir uma ambulância. Eventualmente um policial foi avisado e solicitou ajuda. Tom morreu nos braços da namorada e ninguém foi responsabilizado pelo que aconteceu.
Saiba Mais
Grupos anti-caçadas normalmente são grupos pacíficos que usam de táticas como buzinas, apitos e dispositivos eletrônicos para confundir cães de caça. Também criam falsas trilhas e usam de recursos que chamam a atenção dos animais que serão caçados, para que eles possam se antecipar diante da ação dos caçadores.
Referência
Jill Phipps, a ativista que morreu durante um protesto contra a exportação de bezerros
Jill foi atropelada por um caminhão quando tentava atrasar o embarque dos bezerros
Na próxima segunda-feira, a ativista pelos direitos animais britânica Jill Phipps completaria 54 anos. Jill faleceu aos 31 anos quando foi atropelada por um caminhão em um protesto contra a exportação de bezerros vivos em 1º de fevereiro de 1995. Os animais enviados para os Países Baixos seriam reduzidos à carne de vitela e comercializados em toda a Europa.
Na matéria “For what cause did Jill Phipps die?”, publicada no jornal britânico The Independent em 3 de fevereiro de 1995, Bob Phipps, pai da ativista contou que na infância Jill já demonstrava um grande amor pelos animais, adquirindo o hábito de resgatar cães abandonados ou levar para casa hamsters ou testudinatas.
Aos 11 anos, Jill foi encorajada pela mãe ativista pelos direitos animais a participar de campanhas contra o comércio de peles de animais. “Ela participou de uma manifestação comigo e continuou a partir daí”, relatou Nancy. Pouco tempo depois, Jill se tornou vegetariana e conseguiu convencer toda a família a adotar a mesma filosofia de vida. Também ingressou no grupo de ação direta Eastern Animal Liberation League, filiado à Animal Liberation Front (ALF).
Por meio de manifestações, Jill e sua mãe geraram comoção o suficiente para fecharem uma fazenda e uma loja onde extraíam e comercializavam peles de animais. Em 1986, elas invadiram a fábrica de sabão Port Sunlight, subsidiária da Unilever, em Merseyside, no Noroeste da Inglaterra, para protestar contra a realização de testes em animais.
Naquele dia, as ativistas quebraram inúmeros equipamentos de informática da fábrica. Presas em flagrante, sua mãe foi sentenciada a seis meses de prisão e sua irmã a 18 meses. Jill teve sua pena suspensa porque estava grávida. Após o nascimento de Luke, Jill se dedicou bastante ao filho. Divorciada, participava de manifestações ocasionais e encontros visando sabotar caçadas, principalmente durante as férias escolares de Luke.
Em dezembro de 1994, quando um dos aviões usados no transporte de bezerros caiu matando cinco pessoas, ela comentou: “Todo esse desastre é consequência da ganância de [Christopher] Barrett-Jolly. Se ele não estivesse exportando animais vivos, esse avião não estaria em Coventry. As únicas pessoas pelas quais sinto muito são as famílias cujos parentes morreram.”
A crescente exportação de carne de vitela motivou Jill a intensificar o seu ativismo. Ela começou a fazer vigílias diárias no Aeroporto de Baginton, em Warwickshire, no início de novembro de 1994. Seu filho de nove anos, sua mãe e sua irmã frequentemente a acompanhavam. Em janeiro de 1995, ela percorreu quase 160 quilômetros de Coventry até o Westminster, em Londres, para protestar no dia 15 de janeiro, data de seu aniversário, em frente à casa de Barret-Jolly, empresário responsável pela exportação de bezerros vivos.
Idealista, Jill Phipps sonhava com a libertação animal, e tornou-se bastante popular nos protestos contra a exploração animal na Inglaterra, um sonho interrompido em 1º de fevereiro de 1995. Naquela quarta-feira, Jill Phipps fazia parte de um grupo de 35 ativistas no Coventry Airport, em Baginton, protestando contra a exportação de bezerros vivos com destino a Amsterdã.
A intenção de Jill e dos outros ativistas era fazer com que os caminhões que transportavam os bezerros desacelerassem, na tentativa de impedir que os animais embarcassem para Amsterdã. Pam Brown, uma de suas amigas mais próximas, relatou em fevereiro de 1995 à Animal Liberation Front que elas falaram inclusive de irem logo depois para casa tomarem um pouco de chá e então retornarem ao aeroporto. No decorrer da ação, Pam foi apanhada por um policial e levada para longe do caminhão. Meia hora depois recebeu a notícia de que Jill estava morta.
Durante o protesto, dez manifestantes atravessaram a barreira policial e tentaram impedir o comboio de chegar ao seu destino – colocando-se na frente dos caminhões. Nesse ínterim, Jill que corria ao lado de um caminhão, foi atropelada e esmagada pelas rodas do veículo. Seus ferimentos fatais incluíram uma espinha quebrada. Ela faleceu a caminho do hospital.
Zab Phipps, irmão de Jill, declarou em 1995 que o motorista Stephen Yates não foi responsabilizado, nem mesmo pela condução sem o devido cuidado e atenção. O Ministério Público alegou que não havia provas consistentes contra o motorista. A família culpou a negligência policial pela morte de Jill, justificando que a polícia manteve o comboio em movimento o tempo todo.
Uma testemunha disse à ALF que a polícia estava mais preocupada em proteger os negócios da empresa de exportação de animais vivos do que a segurança das pessoas. Segundo o The Independent, o inquérito diz que o motorista pode ter se distraído com outro manifestante que estava sendo forçado a se afastar do caminhão.
Um policial chegou a dizer que Jill se jogou debaixo do caminhão. A explicação foi refutada por toda a família e pelos ativistas, argumentando que Jill tinha um propósito na vida, reforçado principalmente após o nascimento do filho Luke. O que surpreende até hoje na história da morte de Jill Phipps é que havia quase 100 policiais trabalhando no local, e nenhum deles pensou na possibilidade de que uma tragédia poderia acontecer naquele dia.
As exportações de bezerros vivos pelo Coventry Airport só foram encerradas meses depois, quando Christopher Barrett-Jolly faliu após acusações de que ele estava transportando armas da Eslováquia para o Sudão, violando regras da União Europeia (UE). Em 2006, ele também foi acusado de contrabandear 271 quilos de cocaína da Jamaica.
Saiba Mais
Embora fosse boa aluna, Jill Phipps deixou a escola aos 16 anos para trabalhar no Royal Mail, os Correios da Inglaterra, seguindo os passos de seu pai Bob Phipps.
Em 2005, John Curtin lançou o documentário “Jill’s Film”, que conta a história de Jill Phipps. Com aproximadamente 40 minutos de duração, o filme inclui filmagens amadoras de Jill, a sua campanha no Coventry Airport, o seu funeral e entrevistas com familiares e amigos, além de informações sobre a cruel realidade da exploração animal.
Referências
For what cause did Jill Phipps die? – The Independent – 3 de fevereiro de 1995.
Jill Phipps – Animal Liberation Front
“Senti que Londres foi abençoada por sua amável consideração pelos gatos”
“O que me surpreendeu tanto quanto qualquer coisa eram os gatos gordos que dormiam pacificamente na entrada das lojas em Londres, enquanto as pessoas passavam por eles com cuidado. A Inglaterra deve ser a terra dos gatos, eles permanecem pacificamente por toda parte nas imediações de St John’s Wood.
Em Tânger [Marrocos] ou na Cidade do México, você quase não vê gatos tarde da noite, porque muitas vezes os pobres os pegam e os comem. Senti que Londres foi abençoada por sua amável consideração pelos gatos. Se Paris é uma mulher que foi violada pela invasão nazista, Londres é um homem que apenas fuma o seu cachimbo, bebe a sua stout e abençoa o gato tocando sua cabeça ronronante.”
Excerto de “Desolation Angels”, de Jack Kerouac, publicado em 1965.
Forest Green Rovers, um clube de jogadores vegetarianos
“Sou vegano e tenho opiniões muito fortes sobre o meio ambiente, bem-estar animal e saúde humana”
Na Inglaterra, um clube tem chamado a atenção. Desde junho de 2014, o Forest Green Rovers, de Gloucestershire, é apresentado como um clube formado por jogadores vegetarianos, que não consomem nenhum alimento de origem animal. Na realidade, ninguém que faz parte do clube consome.
E essa mudança aconteceu graças ao investidor da energia verde e fundador da Ecotricity, Dale Vince, que assumiu a presidência do clube em outubro de 2010 e levou para o time uma proposta de mudança baseada em seu estilo de vida vegano.
Antes da chegada de Vince, os jogadores da quinta liga estavam acostumados a comer lasanha com carne vermelha antes dos jogos, porém o novo presidente viu aquilo como um erro, levando em conta que a carne demora para ser digerida. “Me pareceu errado alimentar os jogadores com algo que iria dificultar o desempenho deles”, disse ao jornal britânico The Independent.
A princípio, o dirigente conseguiu convencer os jogadores a não consumirem carne vermelha. Em seguida, abdicaram dos outros tipos de carne. E por fim, dos laticínios. Em junho de 2014, o Forest Green Rovers passou a ser considerado na Inglaterra como um clube vegano.
Mas nem todo mundo aceitou a decisão com muita facilidade. O dirigente contou que algumas pessoas ficaram irritadas e não concordaram, porém, algum tempo depois, aqueles que mais criticaram a mudança se tornaram grandes defensores do vegetarianismo. “Sou vegano e tenho opiniões muito fortes sobre o meio ambiente, bem-estar animal e saúde humana”, explicou Vince ao The Independent.
A verdade é que Vince tocou em um ponto delicado da cultura futebolística inglesa. Hambúrgueres e cervejas há muito tempo fazem parte da realidade dos torcedores de futebol da Inglaterra. “Hambúrgueres são horríveis, feitos das partes de um animal. Substituímos por alimentos vegetais de alta qualidade”, argumentou em referência a hambúrgueres vegetarianos, wraps e falafels que agradaram até aos paladares mais conservadores.
Um dos alimentos oferecidos pelo clube aos jogadores, equipe técnica e torcedores é uma torta que recebeu o nome de Quorn, coberta com uma pasta vegana e servida com uma camada de purê de batata cercada por ervilhas e coberta com alho-poró grelhado e triturado ao molho. “É o prato mais incrível”, comentou Dale Vince.
Além dos jogadores terem aderido completamente à alimentação instituída no clube por Vince, até mesmo uma parcela dos torcedores se tornou vegetariana desde que o clube foi assumido pelo empresário vegano em 2010. “Eles disseram que isso mudou suas vidas”, garantiu Vince, que se surpreendeu com a sua própria conquista ao ponderar que o futebol é um dos esportes onde as pessoas estão mais presas às “tradições”.
Três horas antes de cada jogo, os jogadores do Forest Green Rovers têm recebido uma refeição simples e pesada de carboidratos, normalmente um prato de massa ou batatas com feijão cozido, segundo informações do The Independent. Sincero, Vince preferiu não atribuir à alimentação vegetariana a melhora no desempenho dos atletas.
Por outro lado, citou que os jogadores não sofreram nenhuma lesão na temporada, o que é incomum. Outro ponto alto celebrado pelo dirigente é que, ao contrário do que muita gente imaginava, o clube não foi comprometido por ter se tornado vegetariano. Os patrocinadores e torcedores não se afastaram.
Referências
Hosie, Rachel. Why I turned my football club vegan. The Independent (2 de fevereiro de 2017).
Forest Green Rovers Official Site
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Inglaterra e os direitos animais
Interessante saber que dos países do Ocidente, a Inglaterra em um passado longínquo já era apontada como a nação considerada mais avançada no que diz respeito à conscientização sobre os direitos animais, e que por tal motivo o vegetarianismo e o veganismo daquele país, enquanto movimentos articulados, tornaram-se referências para o mundo. Já anotei aqui que um dos meus compromissos é pesquisar sobre o contexto em que se deu essa valorização do vegetarianismo e depois do veganismo na Inglaterra.
Veganismo na infância
VegKids, realizado dentro da VegFest na Inglaterra e na Escócia, e que tem inclusive apoio do governo. Lá, crianças, em companhia dos pais, são incentivadas e orientadas a tornarem-se veganas desde os primeiros anos de vida. A VegFest é um dos maiores eventos veganos do mundo.