David Arioch – Jornalismo Cultural

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William Blake, entre a pobreza e o anonimato

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Assumiu um semblante justo, seus olhos brilharam e ele cantou sobre as coisas que viu no céu

by Thomas Phillips, oil on canvas, 1807

Reconhecimento de William Blake só veio após a sua morte (Arte: Thomas Phillips)

No dia 12 de agosto de 1827, o poeta inglês William Blake faleceu aos 69 anos na pobreza e no anonimato. Seu velório em Bunhill Fields, na região norte de Londres, passou despercebido e só pôde ser realizado através de um empréstimo de 19 xelins. Sepultado em um túmulo sem qualquer inscrição, o corpo de Blake foi colocado sobre outros três e seguido por mais quatro falecidos.

Sua esposa, Catherine, revelou a uma amiga que durante o casamento ela não teve tanto a companhia do marido quanto gostaria. “Ele estava sempre em seu próprio paraíso”, declarou. Apesar da saúde fragilizada, Blake parecia não se preocupar tanto com a morte. “É a imaginação que deve viver para sempre”, comentou quando já estava próximo do falecimento.

Nos últimos dias de vida, o poeta gastou os seus últimos xelins comprando um lápis que usou para homenagear a esposa. “Fique, Kate! Mantenha-se exatamente como você é. Por você ter sido um anjo para mim, vou desenhar o seu retrato”, declarou. Pouco antes de morrer, William Blake assumiu um semblante justo, seus olhos brilharam e ele cantou sobre as coisas que viu no céu”, escreveu um amigo.

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Obra criada pelo inglês sob inspiração da poesia pastoral do romano Virgílio (Arte: Reprodução)

O inglês que amargou décadas de pobreza se via mais como escultor e pintor do que poeta. Ele esperava que em uma exposição realizada em 1808 o seu trabalho pudesse trazer-lhe tanto retorno financeiro quanto reconhecimento por seu estilo original, baseado em temas a frente do seu tempo.

Na exposição que recebeu o nome de “Afrescos de Invenções Poéticas e Históricas”, Blake reuniu 16 de suas pinturas. “Aos que foram informados de que o meu trabalho se resume a obras não científicas, excêntricas ou nada mais que rabiscos de um louco, façam-me justiça e examinem tudo antes de tomar uma decisão”, pediu. Naquele dia poucas pessoas prestigiaram o evento.

Ainda assim ele não hesitou em dizer que não desistiria do seu sonho de ser reconhecido. “Ignorantes insultos não me farão desistir do meu dever para com a minha arte”, informou. Infelizmente ninguém comprou nenhuma de suas obras e a única resenha publicada sobre a exposição definiu William Blake como um lunático que só não corria risco de ser preso porque era inofensivo demais.

Retrato de Catherine que Blake desenhou antes de falecer (Arte: Reprodução)

Retrato de Catherine que Blake desenhou antes de falecer (Arte: Reprodução)

A recepção da poesia do inglês também seguiu na mesma esteira de suas pinturas e esculturas. Poucos viram ou leram pelo menos um de seus livros escritos e ilustrados à mão. Em 1811, dois anos antes de se consagrar como o poeta laureado, o britânico Robert Southey, leu “Jerusalem”, uma das obras mais famosas de William Blake. “É um poema perfeitamente louco”, sintetizou Southey.

Catherine continuou a imprimir e divulgar as obras do marido depois que ele morreu, o que deixou claro que a parceria dos dois envolvia tanto amor quanto trabalho. Com a ajuda de poucos amigos e fãs de William Blake, ela conseguiu sobreviver por mais quatro anos. Nesse período afirmou ter visto o marido muitas vezes, chegando a sentar-se junto dele por duas a três horas diárias.

No dia 31 de outubro de 1831, Catherine chamou por Blake como se ele estivesse no quarto ao lado. “Meu William…meu William…”, repetiu ela até o momento de sua morte. Com o falecimento de Catherine, os direitos sobre as obras de Blake foram transferidos para Frederick Tatham, um artista inglês de pequena expressão que fazia parte de um grupo de seguidores do poeta, conhecido como Shoreham Ancients.

Segundo o livro The Stranger From Paradise, publicado em 2001, e de autoria do biógrafo G.E. Bentley Jr, Tatham vendeu a própria herança ao longo de 30 anos e por bom preço. Depois que se tornou um religioso fanático, destruiu muitas gravuras e poemas de Blake. Chegou a declarar que se livrou delas porque acreditava que o artista tivesse sido inspirado pelo diabo quando as concebeu.

Saiba Mais

Entre as obras mais importantes do poeta inglês se destacam “The Marriage of Heaven and Hell”, “Jerusalem”, “And did those feet in ancient time”, “Songs of Innocence and of Experience”, “Milton” e “The Four Zoas”.

William Blake nasceu em 28 de novembro de 1757 e faleceu em 12 de agosto de 1827.

Catherine Blake nasceu em 25 de abril de 1762 e faleceu em 31 de outubro de 1831.

Referências

http://www.todayinliterature.com/

G.E. Bentley (2001). The Stranger From Paradise: A Biography of William Blake. Yale University Press.

Blake, William and Tatham, Frederick. The Letters of William Blake: Together with a Life. 1906.

Gilchrist, A. The Life of William Blake, London, 1863, 405.

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David Chancellor e a vida selvagem

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Retrato da vida selvagem sob interferência humana (David Chancellor)

Retrato da vida selvagem sob interferência humana (David Chancellor)

O fotógrafo inglês David Chancellor tem uma carreira envolvida em controvérsia, consequência de sua especialidade – registrar a vida selvagem sob interferência de caçadores. Na foto polêmica ao lado, um caçador de Dallas, no Texas, mostra com ostentação e altivez os seus “troféus”.

Acesse: www.davidchancellor.com

Written by David Arioch

January 18th, 2016 at 10:36 pm

Saboteur e o antinazismo de Hitchcock

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Um filme-propaganda lançado pelo mestre do suspense em 1942

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Robert Cummings e Priscilla Lane em thriller de Hitchcock (Foto: Reprodução)

O thriller Saboteur (Sabotador) é um filme do mestre do suspense Alfred Hitchcock. Ele soube muito bem aproveitar a Segunda Guerra Mundial para criar uma obra que ressalta a antipatia aos nazistas e a exaltação aos norte-americanos. Lançada em 1942, a película é a reação do cineasta inglês de 42 anos que, como não podia ir para o campo de batalha por diversos fatores, decidiu usar o cinema como ferramenta de combate.

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A cena mais eletrizante acontece no topo da Estátua da Liberdade (Foto: Reprodução)

A obra conta a história do operário Barry Kane (Robert Cummings) que testemunha o bombardeamento da fábrica de aviões onde trabalha. Na explosão, o melhor amigo do protagonista morre e Barry é injustamente acusado pelo crime. Na tentativa de provar a inocência, Kane inicia uma busca pelo verdadeiro criminoso. Durante a jornada, conhece a bela e desconfiada Pat (Priscilla Lane) que ameaça denunciá-lo, mas depois muda de ideia.

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Filme transmite o ideal estadunidense dos anos 1940 (Foto: Reprodução)

O filme tem um forte caráter de propaganda, além de uma abordagem, por vezes, maniqueísta. Como é ambientado nos Estados Unidos de 1942 aproveita por explorar a rejeição aos nazistas e exalta tendenciosamente as qualidades dos norte-americanos. Há uma supervalorização ficcional que se alinha ao idealismo e se distancia do realismo. Um grande exemplo é a exagerada solidariedade recebida por Barry enquanto viaja pelo país.

Em Nova York, a cena mais eletrizante acontece no topo da Estátua da Liberdade, quando o operário confronta o sabotador. É sempre destacável a maneira como o cineasta manipula luzes e sombras para despertar dúvida, apreensão e expectativa, além de outras emoções e pensamentos.

Com preciosismo e rigor técnico, Alfred Hitchcock conseguiu transmitir o ideal estadunidense da época; o triunfo hollywoodiano como prelúdio do fim da guerra. Embora não menos importante, a obra é uma das produções mais subestimadas do cineasta, até pelo caráter propagandístico que tornou o filme muito popular nos Estados Unidos e Inglaterra, mas nem tanto em outros países.

Uma metamorfose social

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Lord of the Flies mostra como a necessidade de sobrevivência transforma as pessoas

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A liderança de Ralph encontra resistência no autoritarismo de Jack (Foto: Reprodução)

Lançado em 1990, Lord of the Flies, inspirado no livro homônimo de William Golding – vencedor do Prêmio Nobel de Literatura, é um filme do cineasta inglês Harry Cook que chegou ao Brasil com o título O Senhor das Moscas e mostra como a necessidade de sobrevivência transforma os seres humanos. Na obra, um grupo de crianças resiste a uma queda de avião no oceano e encontra abrigo em uma ilha.

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No início, os garotos seguem um programa diário de direitos e deveres (Foto: Reprodução)

Logo nos primeiros dias, Ralph (Balthalzar Getty), o mais maduro dos garotos, demonstra aptidão para a liderança, deixando claro, apesar da pouca idade, que o melhor meio de sobreviver e manter o equilíbrio é seguindo um programa diário de direitos e deveres. Para Ralph, todos na ilha desempenham papel importante e insubstituível, o que remete à democracia.

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Situação sai de controle quando Jack se torna líder (Foto: Reprodução)

Contudo, Jack (Chris Furrh) antagoniza o idealismo de Ralph. Assim como muitos líderes se aproveitaram de um momento de fraqueza de suas nações para instituir um sistema ditatorial, Jack faz o mesmo na ilha. Com a proposta de oferecer caçadas e brincadeiras aos comparsas, o garoto consegue persuadir quase todos os seguidores de Ralph, com exceção de Simon (James Badge Dale) e Piggy (Danuel Pipoly).

O primeiro é uma criança com uma essência mística que se destaca dos demais pela sensibilidade aguçada. O segundo representa a ciência, o juízo e a razão. Mas ninguém personifica melhor a metamorfose social do homem do que Jack. O garoto aparentemente amistoso se torna agressivo após formar um grande grupo de dissidentes. Embriagado pelo poder, se recusa a refletir sobre as propostas dos companheiros. O novo líder mergulha os passivos discípulos em uma realidade truculenta, chegando a perder a capacidade de ver a si e aos outros como crianças e adolescentes.

Jack cede espaço ao ódio indiscriminado e se isenta de culpa por todos os atos de injustiça, crente de que sacrifícios são válidos por um “bem maior”. O cineasta Harry Cook explora a transformação do personagem através de fortes expressões faciais, maquiagem pesada e vestimentas que se definham. Tudo se soma na construção simbólica da decadência do homem como ser social, marcado pelo retorno ao estado primitivo.

Curiosidade

O primeiro filme baseado na novela de William Golding, de 1954, foi lançado em 1963 pelo cineasta britânico Peter Brook.

A beleza invisível aos olhos

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David Lynch mostra que um corpo deformado não anula as qualidades de um homem

Apesar da condição física, John Merrick é inteligente, sensível e gentil (Foto: Reprodução)

O Homem Elefante, do cineasta estadunidense David Lynch, é um filme de 1980 sobre a história de John Merrick (John Hurt), um jovem inglês com 90% do corpo deformado que mesmo vivendo sob a condição de aberração preserva grandes qualidades. Merrick vive sob a tutela do senhor Bytes (Freddie Jones) que explora a degradação física do personagem em um show de horrores. Constantemente violentado pelo tutor, só começa a reconhecer a própria existência como ser humano quando conhece o médico Frederick Treves (Anthony Hopkins). Sensibilizado com a situação, Treves consegue tirar Merrick do circo.

A degradação física de John representa muito mais do que o seu definhamento existencial. É um espelho da própria sociedade; como se cada pessoa que se assustasse com a feiura do rapaz confrontasse a si mesmo, seus defeitos e preconceitos. O cineasta David Lynch desmitifica também a ideia de que apenas pessoas de classes baixas se interessam pelo grotesco, o que é provado se compararmos duas cenas. Em uma, John Merrick é atração para um grupo de bêbados. Já em outra, é o novo entretenimento da aristocracia.

David Lynch mostra que a decadência humana independe de classe (Foto: Reprodução)

Os burgueses camuflam a curiosidade pelo mórbido agindo como se tivessem real interesse pela saúde do rapaz. Dessa maneira, independente de classe social, todos compõem o espectro da decadência humana. No início do filme, é possível crer que o cineasta apresenta uma história maniqueísta, com pessoas boas e más. Porém, aos poucos tal ideia desvanece e Lynch mostra que no fundo todos são seres humanos, guiados por interesses, seguros e inseguros, e conscientes e inconscientes de suas intenções. O momento em que o médico questiona a própria conduta, comparando-se ao cruel senhor Bytes, é um exemplo de como a culpa surge a partir de critérios subjetivos.

Se nas primeiras cenas é perceptível a influência do cinema expressionista alemão, principalmente nos momentos em que há distorções envolvendo cenários e personagens, em uma tentativa de ressaltar o caótico e aberrante, tudo parece mudar quando o cineasta David Lynch propõe uma viagem pelo interior de John Merrick. Gradativamente o espectador sente empatia pelo horripilante protagonista. Merrick é dotado de uma beleza interior que se contrapõe à aparência: é inteligente, sensível e gentil.

Copper e o contraste social da Nova York de 1870

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Série tem como cenário Nova York em 1870 (Foto: Reprodução)

Copper é uma série de mistério, a primeira produzida pela BBC America, sobre um introspectivo policial de origem irlandesa que patrulha as ruas de Nova Iorque em 1870.

O protagonista, Kevin Corcoran, interpretado pelo inglês Tom Weston-Jones, testemunhou situações nos campos de batalha da Guerra da Secessão que prefere não revelar. Na série, o policial vive um determinado dilema até o momento em que encontra a esposa desaparecida e descobre o verdadeiro motivo da morte da filha.

Muito interessante a forma como Copper apresenta o contraste social dos ricos moradores da Fifth Avenue e a classe operária do Harlem. A série tem um caráter histórico bem peculiar também, pois mostra como os afro-americanos migraram para Nova York, após deixarem as comunidades rurais.

Written by David Arioch

November 13th, 2012 at 12:07 am

Escocês tentou impedir o crescimento de Paranavaí

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Arthur Thomas não queria que a colônia se ligasse ao restante do Paraná

Arthur Thomas se sentiu ameaçado pelo desenvolvimento de Paranavaí (Foto: Reprodução)

Em 1939, quando o interventor federal Manoel Ribas mandou o capitão Telmo Ribeiro abrir uma estrada ligando a Fazenda Brasileira, atual Paranavaí, ao restante do Paraná, o dirigente da Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP), o escocês Arthur Huge Miller Thomas, que estava colonizando as regiões de Maringá e Londrina, se sentiu ameaçado e tentou interferir.

A iniciativa do governo em abrir uma nova via que daria à Brasileira acesso a outras cidades do Paraná visava diminuir a influência paulista, pois até então a única estrada que chegava até a colônia começava em Presidente Prudente, no Oeste Paulista. Quando soube da ordem de Manoel Ribas, o colonizador Arthur Thomas viajou para Curitiba para tentar convencer o interventor a mudar de ideia.

Lá, o escocês defendeu que a Fazenda Brasileira prejudicaria os negócios da CTNP, alegando que como colonizador fez altos investimentos em infraestrutura na região de Londrina e Maringá.  Por isso, a companhia comercializava terras a preços elevados. Segundo Thomas, a ampliação de uma estrada até Paranavaí, onde o Governo do Paraná vendia terras a preços baixos, isso quando não doava, atrapalharia muito o desenvolvimento do Norte Pioneiro Paranaense e também de parte do Norte Novo.

Terras da CTNP eram mais caras que as do governo (Foto: Reprodução)

O que também justificava o receio de Arthur Miller Thomas é que enquanto a CTNP vendia terras somente para quem pagasse em dinheiro, o governo paranaense aceitava trocas e outras negociações na Brasileira. Tudo era permitido para atrair novos moradores. O grande medo do escocês era que as campanhas de vendas de terras em Paranavaí atraíssem também quem fixou residência nas regiões de Londrina e Maringá.

“Mister Thomas não queria a abertura da estrada por Maringá, mas o finado Manoel Ribas mandou abrir”, ratificou o pioneiro pernambucano Frutuoso Joaquim de Salles, considerado o primeiro cidadão de Paranavaí, em antiga entrevista ao jornalista Saul Bogoni há algumas décadas. Apesar das investidas, a justificativa não foi aceita pelo interventor interessado em expandir as relações comerciais entre Paraná e Mato Grosso, principalmente por causa da pecuária.

Em 1939, o capitão Telmo Ribeiro, responsável por coordenar a abertura de picadões na região de Paranavaí, reuniu centenas de homens para abrir a Estrada Boiadeira, via que levaria milhares de migrantes e imigrantes à Brasileira. O pioneiro e ex-prefeito de Paranavaí, Ulisses Faria Bandeira, afirmou em antiga entrevista a Saul Bogoni que estava claro o interesse da Companhia de Terras Norte do Paraná em inviabilizar o crescimento de Paranavaí.

Quem foi Arthur Thomas

O financista escocês Simon Joseph Fraser, o 14º Lord Lovat, que lutou na Segunda Guerra dos Boers, na África do Sul (1899-1902), veio para o Brasil em 1924, na Missão Montagu, interessado em conhecer de perto a produção nacional de algodão e também negociar terras e estradas de ferro em Cambará, no Norte Pioneiro Paranaense. À época, o engenheiro Gastão de Mesquita Filho contou ao Lord Lovat sobre as extensas áreas de mata virgem que o governo disponibilizou para colonização naquela região.

O escocês Lord Lovat quem enviou Thomas ao Norte do Paraná (Foto: Reprodução)

O financista, que era diretor da Sudan Plantations Syndicate, empresa sediada no Sudão e que era a principal fornecedora de algodão para a indústria têxtil britânica, gostou da ideia e retornou a Londres um ano depois, onde abriu a empresa Parana Plantations Limited. Em seguida, enviou para o Brasil o seu maior colaborador, o londrino Arthur Huge Miller Thomas que fundaria em 1925 a Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP), sociedade anônima controlada pela Parana Plantations.

Em 1929, Thomas, em parceria com o contador paulista George Craig Smith, de origem inglesa, iniciou o povoamento do Norte do Paraná. Durante a colonização, os ingleses chamaram a atenção de migrantes e imigrantes, destacando a qualidade da terra paranaense. Arthur Thomas pediu que ressaltassem em todas as campanhas publicitárias que as terras eram roxas e sem formigas saúva.

Em 1943, o governo inglês exigiu que as empresas centralizassem os investimentos na Inglaterra. Thomas então vendeu a companhia para as famílias Vidigal e Mesquita. Da negociação, nasceu a Companhia Melhoramentos Norte do Paraná (CMNP), ex-CTNP, que continuou sob comando de Arthur Miller até 1948, quando o escocês se aposentou. Thomas viveu em uma fazenda nas imediações de Londrina até 1960, quando faleceu em decorrência de um câncer.

Saiba Mais

Embora tenha tentado impedir o progresso de Paranavaí, a CTNP comprou muitas terras na região e ajudou a colonizar inúmeros municípios que hoje fazem parte da Associação dos Municípios do Noroeste Paranaense (Amunpar) que tem Paranavaí como polo.

Até a Segunda Guerra Mundial, Mandaguari tinha o nome de Lovat, em homenagem ao financista escocês Simon Joseph Fraser, o 14º Lord Lovat, que colonizou a região de Maringá. O nome teve de ser modificado porque muita gente pensou que Lovat fosse uma colônia germânica, levantando suspeitas sobre o lugar servir de abrigo para refugiados nazistas. O mesmo ocorreu com muitas outras cidades e colônias que receberam nomes estrangeiros.

Mito ou verdade?

Especula-se que a região de Paranavaí foi a primeira do Novo Norte do Paraná a ser colonizada, pois viajantes que partiam de São Paulo em 1904 encontraram fazendas com plantações de café na localidade.

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