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Entenda por que você pode estar consumindo insetos

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Cochonillha, um inseto reduzido à corante pela indústria alimentícia, de cosméticos e tintas

Você costuma ler os rótulos dos produtos que compra? Alguma vez encontrou um ingrediente discriminado como “corante natural carmim de cochonilha” ou “corante carmim”? Sabe o que isso significa? Que esse corante vermelho foi extraído do corpo e dos ovos de um inseto homônimo, ou seja, chamado de cochonilha, que produz o que conhecemos também como ácido carmínico.

Esse corante está espalhado pela indústria alimentícia, de cosméticos e tintas. O setor de laticínios costuma usar muita cochonilha na fabricação de iogurtes e bebidas lácteas, entre outros produtos. Resíduos desse inseto estão em muitos produtos coloridos, como sucos industrializados, geleias, biscoitos, refrigerantes, sobremesas, queijos, catchup, molhos, embutidos, etc. Também são usados em frigoríficos para alterar o aspecto natural da carne.

E por que não substituir a cochonilha por um ingrediente de origem vegetal? Os fabricantes normalmente alegam que a cochonilha é uma matéria-prima melhor por causa da estabilidade ao calor, além de fatores de oxidação e níveis de acidez mais estáveis. O que resumindo significa que é vantajoso e mais cômodo para a indústria, sem levar em conta, claro, a opinião do consumidor em relação a isso. 

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Written by David Arioch

September 21st, 2017 at 5:01 pm

A efêmera poesia do efêmero

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Seu corpo era amarelo, marrom e preto, mas conforme balançava as asas, tudo se uniformizava num dourado lampejante (Foto: Reprodução)

Quando criança, um dia perguntei à minha mãe o que significa efêmero. Ela não respondeu. Dois dias depois, fomos até um riacho e em meio à relva havia um inseto parecido com uma libélula. Se movia com leveza e tinha a mesma sofreguidão da água se chocando contra as rochas. Seu corpo era amarelo, marrom e preto, mas conforme balançava as asas, tudo se uniformizava num dourado lampejante.

Como era fim de semana, minha mãe sugeriu que passássemos o dia naquele lugar, assistindo a rotina daquele inseto singular. No final da tarde, depois de um cochilo, acordei e o vi voando em direção a uma pequena árvore. Lá, se aninhou e repousou. Eu e minha mãe nos aproximamos um pouco e vimos que o espécime nem se movia, parecia fragilizado. Pensei até que tivesse morrido.

Minha mãe me advertiu para ter calma. Uma hora depois, o inseto depositou uma grande quantidade de ovos em um dos galhos mais ocultos e não mais se moveu, simplesmente faleceu. Então perguntei o que houve. “Por que ele morreu assim e logo hoje que viemos aqui?” Minha mãe sorriu e me explicou que aquele inseto na realidade era uma fêmea que se tornou adulta pela manhã:

“A vida adulta dela começou pouco antes da nossa chegada e terminou agora. Ela existe somente para que outros existam. Mal se alimenta porque o tempo é curto e seus filhos precisam nascer. Por isso o nome dela é efêmera, e é isto que significa efêmero, tudo que tem curta duração; uma palavra que deveria ser sempre usada em referência aos presentes da comunhão que não temos o privilégio de usufruir porque é chegada a hora de partir.”

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Written by David Arioch

January 22nd, 2017 at 12:55 pm