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“Não teremos paz enquanto derramarmos sangue de animais”
No livro “Food for the Spirit: Vegetarianism and the World Religions”, de Steven Rosen, lançado em 1987, o escritor judeu e vegetariano Isaac Bashevis Singer afirmou que não teremos paz enquanto derramarmos sangue de animais.
“Foi necessário um pequeno passo baseado na matança de animais para que fossem construídas as câmaras de gás de Hitler e os campos de concentração [gulags] de Stalin. Todas essas ações foram praticadas em nome da [suposta] justiça social. Não haverá justiça enquanto o homem empunhar uma faca ou outra arma para destruir seres mais fracos que ele”, queixou-se.
Knut Hamsun, o escritor norueguês que influenciou outros importantes nomes da literatura
Knut Hamsun foi um escritor norueguês que influenciou e inspirou Franz Kafka, Thomas Mann, Hermann Hesse, Isaac Bashevis Singer, Ernest Hemingway, H.G. Wells, Stefan Zweig e Charles Bukowski, entre outros escritores. Para quem não conhece o trabalho dele, sugiro que leiam “Fome”, “Pan” e “Um Vagabundo Toca em Surdina”. Hamsun era um autor bastante controverso, que nunca fez questão de velar a sua simpatia por um tipo telúrico de anti-civilização.
Oito contos de escritores consagrados para repensarmos nossa relação com os animais
Jim Smiley and His Jumping Frog (Jim Smiley e Seu Sapo Saltador), de Mark Twain, escrito em 1865, é protagonizado por um apostador que tem uma rara habilidade de cativar os animais. O conto integra o livro “Jim Smiley and His Jumping Frog and Other Stories”, de 2005. Ein Bericht für eine Akademie (Um Relatório para a Academia), de Franz Kafka, lançado em 1917, e publicado no Brasil pela Companhia das Letras na coletânea “Essencial Franz Kafka”, de 2011, narra a história de um macaco que aprende a se comportar como um ser humano para fugir do cativeiro. Nesse ínterim, o animal escreve para a academia sobre a sua transformação.
“Quando em Hamburgo fui entregue ao primeiro adestrador, reconheci logo as duas possibilidades que me estavam abertas: jardim zoológico ou teatro de variedades. Não hesitei. Disse a mim mesmo: empregue toda a energia para ir ao teatro de variedades; essa é a saída. O jardim zoológico é apenas uma nova jaula, se você for para ele, estará perdido”, narra em Ein Bericht für eine Akademie.
Ein Altes Blatt (Uma Folha Antiga), de Franz Kafka, lançado em 1917, e publicado no Brasil pela Editora Brasiliense no livro “Um Médico Rural” em 1990. “O açougueiro pensou que podia ao menos se poupar do esforço do abate, e uma manhã trouxe um boi vivo. Isso não deve se repetir. Fiquei uma hora estendido no fundo da oficina com todas as roupas, cobertas e almofadas empilhadas em cima de mim, tudo isso para não ouvir os mugidos do boi que os nômades atacavam de todos os lados para arrancar com os dentes pedaços de sua carne quente. Quando me atrevi a sair, já fazia silêncio há muito tempo. Como bêbados em tomo de um barril de vinho, eles estavam deitados e mortos de cansaço ao redor dos restos do boi”, registrou no conto Ein altes Blatt (Uma Folha Antiga).
Tale of the Goat (O Conto da Cabra), de Shmuel Yosef Agnon, publicado originalmente em 1925, e que integra o livro “From Foe to Friend & Other Stories”. Na história, que para os ocidentais pode trazer lembranças da parábola “O Lenhador e a Raposa”, um senhor fica maravilhado ao experimentar o peculiar leite de uma cabra. Segundo ele, é tão maravilhoso que tem o sabor do céu, do paraíso.
Ao perceber que o animal sempre desaparece por período inexato, o homem conversa com o filho, crente de que o gosto do leite tem relação com as viagens da cabra. O jovem então decide segui-la. O percurso que parece durar horas, mas pode significar até dois dias, termina em uma caverna, uma passagem para um paraíso inimaginável chamado Terra de Israel.
Extasiado, e ciente de que a véspera do sabat anteciparia a escuridão, ele se vê incapaz de retornar para casa. Preocupado, prende um bilhete na orelha da cabra e pede que ela a entregue a seu pai. Quando vê o animal chegando sozinho, o homem entra em desespero e pragueja a cabra, a quem responsabiliza pelo sumiço do filho. Movido por surto momentâneo, a entrega a um açougueiro. Depois que o animal é assassinado, o bilhete cai da orelha da cabra.
“Ai do homem que rouba de si mesmo a sua própria fortuna, e ai do homem que reivindica o bem com o mal”, gritou o velho arrependido, batendo as mãos na própria cabeça. O luto durou dias. O homem se debruçou choroso sobre o animal e se recusou a ser consolado. Na história, o leite é também uma metáfora dos caminhos e dos descaminhos da humanidade.
Pig (Porco), de Roald Dahl, publicado em 1960. Na história, Lexington, um jovem que cresceu como vegetariano estrito, vai a um restaurante e experimenta um prato baseado em repolho e carne de porco. Ele nunca tinha comido aquilo e fica maravilhado com a experiência, tanto que decide descobrir a origem da carne. Então viaja até um matadouro, onde assiste o sofrimento dos porcos preparados para o abate.
O primeiro porco é mantido imóvel por meio de uma corrente que envolve seus pés. E essa corrente é presa a um cabo que se move para cima e para baixo. Logo o porco é arrastado enquanto emite grunhidos desesperados ao longo da linha de abate. Apesar da crueldade, Lexington acha o processo fascinante, enquanto os funcionários da linha de produção se mostram entediados.
De repente, por um descuido, uma das pernas do rapaz fica presa a uma corrente e ele é arrastado por um cabo. Os funcionários não se importam, indiferentes ao processo que se repete diariamente. A descrição do que acontece com Lexington é extremamente gráfica e contempla todo o processo de abate. A única diferença é que há um humano no lugar de um porco.
Blood (Sangue), do livro Short Friday (Breve Sexta-Feira), lançado em 1963. Isaac Bashevis, que escrevia principalmente em iídiche, não raramente questionava em seus contos a hipocrisia humana de consumir carne, e a incapacidade de ponderar sobre o real custo dela. Exemplo disso é um excerto do conto “Sangue”, do livro “Breve Sexta-Feira”, lançado em 1963.
Segurando o ganso, Reuben olhou Risha com intensidade, o olhar subindo e descendo e, afinal, detendo-se no peito. Ainda a fitá-la, golpeou o ganso. As penas brancas tingiram-se de sangue. O ganso torceu o pescoço, ameaçador, e súbito pulou, conseguindo voar alguns metros. Risha mordeu o lábio:
— Dizem que vocês nascem com instinto de assassinos, mas tornam-se açougueiros — disse ela.
— Se é tão delicada assim, por que me trouxe as aves?
— Por quê? Ora, é preciso comê-las!
— Pois para comer carne é preciso matar.
The Slaughterer (O Açougueiro), de Isaac Bashevis Singer, publicado em 1967, e que integra a coletânea “47 Contos”. Em “O Açougueiro”, que assim como muitos contos de Singer possui elementos surrealistas, ele narra os conflitos de um açougueiro kosher que reconhece a própria negação moral na morte de cada animal reduzido à carne, além da legitimação da injustiça e da naturalização da crueldade. A história se passa no século 19, em um shtetl, ou seja, em uma cidadezinha de população predominantemente judia.
No matadouro, o protagonista começa a ter devaneios com vacas e galinhas se preparando para uma retaliação. Elas querem se vingar por toda a violência perpetrada contra os de suas espécies. Em um determinado momento, os animais berram: “Todo mundo pode matar e todo assassinato é permitido.” Embora tenha sido publicado na revista The New Yorker em 25 de novembro de 1967, “O Açougueiro” continua sendo um conto bastante atual, em que o escritor judeu aborda a realidade da produção de carne e atua como uma consciência moral, uma luz para a sociedade.
“A Viagem do Elefante”, de José Saramago, lançado em 2008. Embora seja considerado romance, o autor sempre qualificou a obra como conto. A história é inspirada no episódio em que o rei de Portugal e Algarves, Dom João III, resolveu presentear com um elefante o arquiduque austríaco Maximiliano II, genro do imperador Carlos Quinto.
Com uma estilística inovadora e linear, Saramago apresenta a história de solimão (com s minúsculo mesmo), um elefante que se torna alvo da corrupção, individualismo, egocentrismo e outras falhas que permeiam a natureza humana. E essas deficiências mostram como o animal é vitimado pela superioridade que os personagens da história julgam possuir sobre o elefante de quatro toneladas.
“Que leves o elefante à porta da basílica e o faças ajoelhar-se ali, Não sei se serei capaz, Tenta-o, Imagine vossa paternidade que eu levo lá o elefante e ele se recusa a ajoelhar-se, embora eu não entenda muito destes assuntos, suponho que pior que não haver milagre é encontrar-se com o milagre falhado, Nunca terá sido falhado se dele ficarem testemunhas”, sugere o padre em diálogo com o tratador na página 79 de “A Viagem do Elefante”.
O sacerdote propõe usarem o animal para forjar um milagre e angariar recursos para o caixa da igreja. E a suposta graça é apenas a primeira etapa de um plano para fazer do elefante o mais valioso dos bens em mãos humanas. “Não é todos os dias que um elefante se ajoelha à porta de uma basílica, dando assim testemunho de que a mensagem evangélica se dirige a todo o reino animal e que o lamentável afogamento daquelas centenas de porcos no mar da galileia foi apenas resultado da falta de experiência, quando ainda não estavam bem lubrificadas as rodas dentadas dos mecanismos de milagres”, ironiza Saramago.
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Duas perguntas para Isaac Bashevis Singer
Uma vez perguntaram ao escritor judeu Isaac Bashevis Singer, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura, se ele acreditava que Deus tivesse autorizado que os seres humanos se alimentassem dos animais. Então ele respondeu: “Não acredito nisso. Não creio que Deus algum colocaria animais no mundo com tal propósito sem sentido.” Continuaram insistindo: “E se hipoteticamente Deus tivesse feito isso?” A sua resposta foi a seguinte: “Então eu teria que contrariá-lo.”
Bashevis Singer: “Não sou vegetariano pela minha saúde, mas pela saúde dos animais”
“Vou continuar sendo vegetariano, mesmo que o mundo inteiro comece a comer carne”
Vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 1978, o escritor polonês Isaac Bashevis Singer foi uma importante voz em defesa dos direitos dos animais no século 20. Vegetariano, o autor de clássicos como “A Família Moscat”, “O Mágico de Lublin”, “Spinoza da Rua do Mercado” e “Gimpel O Tolo”, abordou o animalismo em muitas de suas histórias. Entre as mais impactantes estão “O Açougueiro”, “O Escritor de Cartas”, “Sangue” e “Debaixo da Faca”.
Em “O Açougueiro”, que assim como muitos contos de Singer possui elementos surrealistas, ele narra os conflitos de um açougueiro kosher que reconhece a própria negação moral na morte de cada animal reduzido à carne, além da legitimação da injustiça e da naturalização da crueldade. A história se passa no século 19, em um shtetl, ou seja, em uma cidadezinha de população predominantemente judia.
No matadouro, o protagonista começa a ter devaneios com vacas e galinhas se preparando para uma retaliação. Elas querem se vingar por toda a violência perpetrada contra os de suas espécies. Em um determinado momento, os animais berram: “Todo mundo pode matar e todo assassinato é permitido.” Embora tenha sido publicado na revista The New Yorker em 25 de novembro de 1967, “O Açougueiro” continua sendo um conto bastante atual, em que o escritor judeu aborda a realidade da produção de carne e atua como uma consciência moral, uma luz para a sociedade.
Singer dedicou pelo menos 35 anos de sua vida ao vegetarianismo, qualificado por ele como a sua própria religião. Sua principal motivação era a compaixão pelos animais. Antes de falecer em 24 de julho de 1991, aos 88 anos, o polonês concedeu uma entrevista ao escritor estadunidense Rynn Berry que o questionou se ele havia se tornado vegetariano por questões de saúde. “Não sou vegetariano pela minha saúde, mas pela saúde dos animais”, respondeu.
Isaac Bashevis, que escrevia principalmente em iídiche, não raramente questionava em seus contos a hipocrisia humana de consumir carne, e a incapacidade de ponderar sobre o real custo dela. Exemplo disso é um excerto do conto “Sangue”, do livro “Breve Sexta-Feira”, lançado em 1963.
Segurando o ganso, Reuben olhou Risha com intensidade, o olhar subindo e descendo e, afinal, detendo-se no peito. Ainda a fitá-la, golpeou o ganso. As penas brancas tingiram-se de sangue. O ganso torceu o pescoço, ameaçador, e súbito pulou, conseguindo voar alguns metros. Risha mordeu o lábio.
— Dizem que vocês nascem com instinto de assassinos, mas tornam-se açougueiros — disse ela.
— Se é tão delicada assim, por que me trouxe as aves?
— Por quê? Ora, é preciso comê-las!
— Pois para comer carne é preciso matar.
Em “O Escritor de Cartas”, publicado na revista The New Yorker em 13 de janeiro de 1968, Singer narra a história de Herman Gombiner, um sobrevivente do Holocausto que vive em companhia de um rato. O vínculo entre os dois é tão intenso que Gombiner desenvolve uma consciência animalista: “O que eles sabem? Todos esses filósofos, todos os líderes do mundo? Convenceram-se de que o homem, o pior transgressor de todas as espécies é a coroa da criação. Todas as outras criaturas foram criadas apenas para fornecer-lhe comida e pele, para serem atormentadas e exterminadas. Em relação a elas, todas as pessoas são nazistas. Para os animais, há uma Treblinka eterna.”
O escritor polonês viu semelhanças entre a realidade das vítimas do Holocausto e dos animais transformados em comida, isto porque os dois viveram a experiência do confinamento em espaços apertados, sendo transportados sem água e alimento. “A diferença é que os nazistas tentaram varrer os judeus da face da Terra enquanto os pecuaristas visam sempre aumentar a produção e a quantidade de vítimas”, avalia o escritor Jeffrey Cohan, autor de “Isaac Bashevis Singer, Yiddish Food Writer”.
“Três açougueiros matavam aves sobre uma pia de mármore que refletia a luz de um lampião de querosene, estendendo-as depois a depenadores, que as depenavam e amontoavam-nas, ainda vivas, num cesto.” Excerto de “Debaixo da Faca”, página 66 de “Breve Sexta-Feira”.
De acordo com Isaac Bashevis Singer, quando um ser humano mata um animal para comer, ele negligencia sua própria fome de justiça. “O homem reza por clemência, mas não se dispõe a estendê-la aos outros. Por que então ele deve esperar misericórdia de Deus? É injusto esperar algo que você não está disposto a oferecer”, registrou no texto publicado como prefácio do livro “Diet for Transcendence: Vegetarianism and the World Religions”, de Steven Rosen, de 1987.
Questionado sobre o que diz a Bíblia em relação à sua filosofia de vida, Singer argumentou que a defesa do vegetarianismo pode ser encontrada no Velho Testamento. “Às vezes, eles dizem que Deus quer que animais sejam sacrificados e mortos. […] Mas eu acredito que Deus é sábio e mais piedoso do que isso. E há interpretações das escrituras religiosas dizendo que o vegetarianismo é um grande ideal. Se as pessoas aceitam ou não a interpretação do que é ser vegetariano no contexto da religião, isso não me importa. […] Vou continuar sendo vegetariano, mesmo que o mundo inteiro comece a comer carne”, declarou o premiado escritor na obra “Diet for Transcendence”.
Para Bashevis Singer, ser vegetariano é um protesto, um ato de discordância em relação ao status quo. “Poder nuclear, fome, crueldade, nós temos que nos posicionar contra essas coisas”, recomendou. Mas nada o entristecia mais do que o sofrimento animal. Citava como exemplo o fato dos animais serem capazes de demonstrar benevolência mesmo diante de uma faca ou outra arma a ser usada para matá-los.
“Isso me dá um sentimento de miséria e às vezes de raiva em relação a Deus. Você precisa de sua glória para estar conectado com o sofrimento de tantas criaturas ingloriosas, que apenas gostariam de passar alguns anos em paz. Sinto que os animais estão tão confusos quanto nós, exceto que eles não são capazes de comunicar isso”, desabafou em entrevista à revista Newsweek em 16 de outubro de 1978, após receber o Prêmio Nobel de Literatura.
Segundo o escritor polonês, o homem não tem o direito de matar um animal e torturá-lo simplesmente para “encher sua barriga de carne”, ainda mais levando em conta que os animais podem sofrer tanto quanto os seres humanos. Na realidade, a sensibilidade e as emoções animais são ainda mais intensas porque eles não têm a capacidade de verbalizá-las. “Vários religiosos e filósofos tentaram convencer seus discípulos e seguidores de que animais não são nada mais do que máquinas sem alma, sem sentimentos. No entanto, qualquer pessoa que viveu com um animal, seja um cão, um pássaro ou um rato, sabe que esta teoria é uma mentira descarada, inventada para justificar a crueldade”, critica.
“O vento não era dos mais fortes, e no entanto Cunegunde sabia de onde vinha. Tinha o poder de sentir o odor de carvões fumegantes, carne e outra coisa oleosa e rançosa, cuja fonte somente ela podia perceber. Sua boca desdentada franziu-se num arreganho: “É uma pestilência, uma pestilência. A aproximação da morte…” Excerto de “Cunengunde”, página 138 de “Breve Sexta-Feira”.
Isaac Singer jamais deixou de se surpreender quando lia sobre humanistas, poetas altamente sensíveis, pregadores da moralidade e benfeitores de todos os tipos que sentiam prazer em caçar – perseguindo pobres lebres e raposas, e ensinando seus cães a fazerem o mesmo. “Pessoas dizem que quando se aposentar vão se dedicar à pesca. Falam isso com um entendimento de que a partir de então não farão mais mal a ninguém. Como se uma época de caridade e tranquilidade fosse começar em suas vidas. Nunca lhes ocorre por um momento que esses seres inocentes vão sofrer e morrer por causa de um esporte ‘inocente’. Às vezes, tenho medo de que a caça aos seres humanos também se torne um esporte”, lamentou.
No livro “Food for the Spirit: Vegetarianism and the World Religions”, de Steven Rosen, lançado em 1987, Singer afirmou que os seres humanos não terão paz enquanto continuarem derramando o sangue dos animais. “Foi necessário um pequeno passo baseado na matança de animais para que fossem construídas as câmaras de gás de Hitler e os campos de concentração de Stalin. Todas essas ações foram praticadas em nome da justiça social. Não haverá justiça enquanto o homem empunhar uma faca ou outra arma para destruir seres mais fracos que ele”, queixou-se. Por outro lado, o escritor reconheceu que sempre vão existir pessoas dispostas a protestarem contra a tortura e a matança de animais.
“Antes de morrer, chamou o rabi e os sete anciãos e informou-lhes que seu nome era Reuben, o açougueiro, com quem Risha cometera pecados. Durante anos vagueara ele de cidade em cidade, sem comer carne, jejuando às segundas e quintas-feiras, usando um saco à guisa de camisa e arrependendo-se de suas abominações.” Excerto de “Sangue”, página 31 do livro “Breve Sexta-Feira”.
Saiba Mais
Isaac Bashevis Singer nasceu em 21 de novembro de 1902 em Leoncin, na Polônia, e faleceu em 24 de julho de 1991 em Surfside, Flórida, nos Estados Unidos, em decorrência de um acidente vascular cerebral (AVC).
Em Tel Aviv, em Israel, foi construído o Isaac Bashevis Singer Humane Education. O centro, que possui uma extensa biblioteca e uma grande videoteca, faz um trabalho de prevenção à crueldade contra animais. A entidade possui um programa específico para educar crianças judias e árabes sobre como elas podem ajudar os animais.
Referências
Singer, Bashevis Isaac. Breve Sexta-Feira (1963). Tradução de Hélio Pólvora. Livraria Francisco Alves Editora (1978).
Singer, Bashevis Isaac. The Collected Stories of Isaac Bashevis Singer. Farrar, Straus and Giroux (1983).
Noiville, Florence. Isaac B. Singer: A Life. Northwestern University Press (2008).
Berry, Rynn. Famous Vegetarians and Their Favorite Recipes: Lives and Lore from Buddha to the Beatles. Pythagorean Publishers (1993). Eight Printing (2003).
Rosen, Steven. From Food for the Spirit: Vegetarianism and the World Religions. Bala Books (1987).
Rosen, Steven. Diet for Transcendence: Vegetarianism and the World Religions (1987). Torchlight Publishing; Revised Edition (1997).
Cohan, Jeffrey. Isaac Bashevis Singer, Yiddish Food Writer (20 de novembro de 2012). Disponível em http://forward.com/food/166228/isaac-bashevis-singer-yiddish-food-writer/
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