David Arioch – Jornalismo Cultural

Jornalismo Cultural

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Dio, a descoberta do bombachinha

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Me surpreendi ao ver no quintal um gavião-bombachinha empoleirado no galho da jabuticabeira

Vivia solto, percorrendo todo e qualquer espaço que lhe agradasse ou atiçasse sua curiosidade

Eu tinha oito ou nove anos. Cheguei em casa e me surpreendi ao ver no quintal um gavião-bombachinha empoleirado no galho da jabuticabeira. Ele era filhote e minha mãe o encontrou ferido nas imediações de um terreno baldio. Cuidou dele e logo ele se recuperou, mas não quis partir. Vivia solto em casa, percorrendo todo e qualquer espaço que lhe agradasse ou atiçasse sua curiosidade. Sua penugem plúmbea contrastava com o céu claro em dias quentes. Eu dizia que ele era o senhor da chuva porque suas penas acinzentadas eram como o firmamento nuvioso. Sempre que alguém me perguntava porque Diodon tinha as penas próximas do pé direito alaranjadas, eu repetia a mesma história que inventei:

“Num dia de pouca claridade ele voou tão alto que o Sol ficou com raiva e apareceu de repente queimando apenas uma pequena porção de suas penas. O susto foi tão grande que até seus olhos azuis mudaram de cor – uma lembrança sem fim de sua teimosia.” Dio era tranquilo e silencioso, porém não gostava de interagir com outros animais. Apenas os assistia à distância, como se do galho onde repousava observasse os súditos de seu reino. Tinha um olhar inquiridor e ao mesmo tempo singelo e lhano. Não era capaz de caçar, então recaía sobre nós a responsabilidade de alimentá-lo com carne moída com carbonato de cálcio em pó.

A primeira vez que ele subiu no meu dedo, senti cócegas. Quando comecei a rir, Dio abriu o bico e emitiu um guincho oxítono e estiolado. Tive a impressão de que ele quis retribuir minhas gargalhadas à sua maneira. Conforme Diodon crescia, meus dedos se tornaram insuficientes para resguardá-lo, e ele decidiu se aninhar em meu braço e ombro, principalmente perto do pescoço, onde aprendeu a me cutucar sutilmente com as garras. Sobre a minha espádua, Dio sempre chamava a atenção de curiosos no centro de Paranavaí. Vez ou outra abria as asas como um leque, reafirmando sua imponência. Seus olhos estalados me davam a impressão de que sua visão atilada contemplava tudo que o cercava, a exemplo de sua audição. Nada passava despercebido, nem mesmo uma folha solitária arrastada pela brisa para dentro de uma boca de lobo.

Ocasionalmente ele se encolhia na presença de estranhos, velando parte do corpo atrás de mim. Era inevitável sentir cócegas e gargalhar ao perceber seu bico ruço ponteando a minha cabeça. Então ele movia os pezinhos à esquerda, até tocar meu deltoide, e me observava com atenção, já ignorando as visitas que ele encarava como intrusão. Apesar do estranhamento que durou meses, os poodles Happy e Chemmy já não eram mais vistos por Dio como ameaças. Ao analisá-los, seu comportamento mudou consideravelmente. Me recordo quando flagrei o caritativo Chemmy lambendo as penas de Diodon. Silencioso, o bombachinha mirava o bico em direção ao céu índigo com ar contemplativo.

Naquele final de tarde, assim que o estrepitoso Happy se aproximou para lamber seu bico, Dio não se posicionou para bicar seu focinho como de costume. A verdade é que não se importou. Talvez nem tivesse notado o que aconteceu e continuou admirando a amplidão celeste, abstraído da terra e lançado aos céus por onde flutuava sob sonhos maviosos como suas penas. Happy estranhou a passividade do gavião e o examinou com expressão exultante e enleada. Os poodles recuaram quando o bombachinha agitou as asas e caminhou até o quintal, em direção à jabuticabeira. Subindo de galho em galho, chegou ao topo. Hesitou por quase um minuto e de repente saltou com as asas abertas.

Durante o voo, Dio guinchava com tanta excitação que chamou a atenção de vizinhos e estranhos que passavam pela Rua Artur Bernardes. Ele estava feliz e até os mais airados percebiam isso. Era como se o céu desanuviado ganhasse um novo dono, um jovem animalzinho que descobriu através da observação que o sopro da vida também subsiste na concessão. Todos os dias à tarde ele voava no mesmo horário. Achando aquilo curioso, comecei a cronometrar a duração de seus passeios e incursões. Uma hora, duas horas, três horas, quatro horas. A cada semana que passava eu notava que menos tempo em casa Diodon ficava. Foi quando me dei conta que seu lar já não era um lugar, mas um espaço inestimado por onde suas asas balouçavam com a pureza de um cavalo alado.

Na última vez que o encontrei em casa, ele bicou carinhosamente a minha cabeça. Suas penas estavam mais vibrantes, assim como seus olhos rutilantes de citrino que me transmitiam astúcia e convicção. Diodon não era mais o miúdo bombachinha que chegou em casa ferido, desnutrido e com poucas penas. Embora não gostasse de abraços, permitiu que eu o envolvesse rapidamente entre os meus, sem sequer apontar suas longas e afiadas garras. O soltei e ele reproduziu o mesmo guinchado da primeira vez em que subiu em meu dedo. Em poucos minutos, Dio foi embora e nunca mais voltou. Não o procuramos porque não há o que encontrar quando a partida é motivada pelo anseio intempestivo de voar.

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Happy e Chemmy

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Como criança orgulhosa, engoliam o próprio intento e continuavam suas traquinagens

Eu e Chemmy antes dele e Happy serem levados de casa (Foto: Arquivo Familiar)

Eu e Chemmy antes dele e Happy serem levados de casa (Foto: Arquivo Familiar)

Em 1991, meu pai chegou em casa com dois filhotes de poodle. Eu, muito pequeno, olhei atentamente aqueles desconhecidos animaizinhos de pelos grossos e brancos. “Que bichinho de pelúcia é esse? Parece de verdade!”, comentei sorrindo, com a experiência de quem nunca viu um cãozinho daquela raça, enquanto cutucava o dorso do menor que reagiu lambendo minha mão e pulando em minha direção.

Na minha concepção meninil, era como se a neve pudesse ser morna, fragmentada em pequenos flocos que se juntavam formando vidas diminutas. Surpreso e empolgado, deitei no chão e os dois, tão miúdos que os pelos da barriga chegavam a lustrar o piso coberto de cera vermelha, percorreram meu rosto, pescoço e braços com suas linguinhas ásperas, vigorosas e quentes. Me davam a sensação de uma paradoxal lixa exposta ao sol, com a principal diferença de que a deles acariciava e não raleava ou machucava.

Cheios de energia, circulavam pela sala e a reconheciam como um universo de possibilidades. Saltavam de forma tão espontânea e chistosa que pareciam confundir a própria natureza com a dos pôneis. Dóceis, roçavam a lateral do dorso pelo meu corpo e seguiam deslizando até se enfiarem debaixo de cada um dos meus braços. Espiavam minha reação e quando eu ria eles se aproximavam, subiam sobre o meu peito e davam latidos finos, curtos e briosos, acompanhados de olência vaporosa de leite que intensificava o meu deleite.

O toque de seus pelos me lembrava a suavidade e o conforto das almofadas que minhas tias-avós faziam, sempre bem distribuídas pelo sofá onde Happy e Chemmy não conseguiam subir nem descer. Resmungavam tanto à sua maneira, como se seus desejos fossem uma ordem e não um pedido, que subíamos eles com as mãos. Irrequietos, não demoravam a cair de forma desajeitada, às vezes batendo a cabeça num tapete grande acastanhado. Reclamavam brevemente, num alarido que principiava o choro canino.

Como criança orgulhosa, engoliam o próprio intento e continuavam suas traquinagens, chacoalhando os rabinhos e mirando os olhos escuros e vistosos por todas as direções. Happy e Chemmy gostavam de se enfiar dentro de calçados, gavetas, caixas, qualquer abertura que proporcionasse inéditas experiências. Apesar disso, partilhavam de expressão serena em todas as situações, mesmo quando arrastavam objetos desconhecidos que em seu mundo nanico ganhavam novas significações. Tênis viravam travesseiros, camisetas se tornavam cobertores e assim por diante.

Conforme cresciam, suas personalidades iam se modificando. Happy tornava-se mais desajeitado e expansivo, e Chemmy mais amorável e introspectivo. Em casa, as recepções prosseguiam calorosas. Happy ia na frente, boquiaberto e saltitante, com um semblante desirmanado de sorriso fácil. Chemmy se aproximava sem muito alarde. Galhardo, preferia demonstrar sua satisfação através de seus passos aéreos e fátuos que se tornavam vibrantes com a minha chegada.

No verão, íamos com bastante frequência à AABB. Happy e Chemmy percorriam o estacionamento do clube meneando orelhas que se agitavam como se fossem pequenas asas. Disputavam corrida na escadaria e se acalmavam no piso fresco da lanchonete, onde posicionavam o dorso das patas traseiras para baixo. As patas da frente ficavam sobrepostas, em poses indefectíveis que imitavam um x. Os dois roçavam a barriga branca e peluda com tanta sofreguidão que chegavam a fechar os olhos, numa tentativa de amplificar a sensação de regalo despertada pelo chão geladinho.

Prestes a tomar uma ducha a céu aberto antes de entrar na piscina, eu os chamava e eles se aproximavam, circulando em torno do perímetro onde a água escorria mais morna do que fria. Happy e Chemmy me observavam com candura e assim que eu movimentava a cabeça em concordância, eles afundavam as patinhas na poça formada em torno do ralo. Era como se estivessem pescando alguma coisa incompreensível e invisível aos olhos humanos. Naquele momento os dois pareciam somente um, imersos numa brincadeira sem competição ou vencedores.

Quando eu diminuía a intensidade da água que caía do chuveiro, eles ameaçavam colocar o focinho na água – aproximando e afastando a cabeça. Ocasionalmente tiravam a língua para fora, como se quisessem avaliar a temperatura da água. Em poucos minutos de diversão ficavam tão molhados que os pelos da fronte se inclinavam sobre os olhos, com topetes desfeitos. Envolvidas em pequenas cortinas felpudas e nevadas, as íris, que pouco sobressaíam, resplandeciam serenas e amiudadas.

Após um salto na parte mais funda da piscina grande, eles me seguiam até a borda e latiam. Era uma crítica, pois sabiam que lá não poderiam entrar. Entre mergulhos, eu emergia vez ou outra ameaçando puxar suas patas para dentro da piscina. Eles se afastavam e rolavam no piso úmido e aquecido pelo sol que parecia dourar seus pelos. Enfastiados, corriam até o parquinho do clube, afundavam as patas na areia e saltavam sobre o gira-gira com tamanha tarimba que o brinquedo girava sem que precisassem fazer muito esforço.

Ao redor, os curiosos sorriam e gargalhavam assistindo Happy e Chemmy brincando como se fossem crianças. A gangorra também não passava despercebida. Chemmy subia na extremidade mais baixa e corria até a mais alta. Depois era a vez de Happy. E assim, numa harmonia impoluta e fugaz, capaz de inspirar o melhor nos homens, revezavam até cansar. No parque da Praça dos Pioneiros, os dois preferiam o escorregador. Desciam sozinhos, juntos, na nossa frente, apoiados em nossas costas. Ao final da diversão, sempre me intrigava ver como seus olhos rutilavam como bolas lustrosas de bilhar. A intensidade oscilava de acordo com o nível de contentamento.

Quando abríamos as portas do carro, Happy e Chemmy pulavam sobre os bancos traseiros e se posicionavam nas janelas, aguardando que alguém as abrisse. Então colocavam a cabeça para fora e aspiravam o vento. Rapidamente se acalmavam. Inertes, fechavam os olhos, sentindo a aragem massageando e acariciando suas cabeças. Apesar de rasteiro, não tenho dúvida de que o mundo de Happy e Chemmy era um grande universo de sensações, de sensibilidades que jamais são negligenciadas por quem vê na mais trivial das experiências uma fonte de fruição.

Um dia subimos em uma balsa no Porto São José com destino ao Mato Grosso do Sul. Logo que descemos do carro, Happy e Chemmy estranharam ao ver a ruidosa movimentação. Ainda assim se aproximaram de um velho banco de madeira ladeado por alguns coletes salva-vidas e assistiram de longe a pequenez do porto com suas casinhas e velhos prédios comerciais. Quase dez minutos depois, água era tudo que viam enquanto a balsa gestava plácidas ondas no seio do Rio Paraná.

Observei Chemmy aproximando o focinho da água, como se quisesse cheirá-la. Quando me agachei, percebi que alguns peixes serpenteavam perto de nós. Eufórico, Happy latia e saltava como um cabrito. Ele nunca tinha visto um peixe. E aqueles dourados lucilavam como citrinos lapidados e volteavam formando o símbolo do infinito. Assim que os peixes desapareceram, Happy latiu em reprovação. Chemmy simplesmente repousou a cabeça sobre as patas cruzadas, amiudou os olhos e manteve expressão quiescente enlevada por um tépido raio de sol que iluminou uma lata de óleo vazia presa à barra de proteção.

Meses depois, num dia rotineiro, saímos de casa e quando retornamos não encontramos nenhum dos dois. Percorremos o Jardim Progresso, Jardim Paulista e Jardim Maringá. Fizemos panfletos e ampliamos as buscas pela região central e por outros bairros de Paranavaí. Não adiantou. Na manhã seguinte, Happy e Chemmy não lamberam minhas mãos nem saltaram sobre as minhas costas para me acordar. Senti a ausência de seus passos pavonados, dos latidos dissonantes e do perfume floral que traziam logo cedo após incursão pelo canteiro de flores de minha mãe.

Fiquei sabendo tardiamente que um estranho invadiu nosso quintal e levou nossos cães. Bonachões, Happy e Chemmy entraram em um carro desconhecido, crentes de que foram presenteados com mais uma curta viagem ao éden das brisas. “Será que abriram a janela um pouquinho pra eles sentirem o vento?”, perguntei a minha mãe.

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A vizinha do Jardim Progresso

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Ela gostava de atrair olhares, sentia algum tipo de prazer inominado em ser admirada

Jardim Progresso, cenário onde conheci Bárbara (Foto: David Arioch)

Jardim Progresso, cenário onde conheci Bárbara (Foto: David Arioch)

Eu tinha 12 anos quando vi pela primeira vez a vizinha do meu amigo Marco Aurélio. O seu nome era Bárbara e ela morava a poucos passos da casa dele no Jardim Progresso. Quando saíamos para brincar na calçada, me recordo que eu sempre a via fazendo alguma coisa para chamar a atenção. Ela gostava de atrair olhares, sentia algum tipo de prazer inominado em ser admirada.

Na rua, eu a observava somente após me certificar de que seus olhos dificilmente encontrariam os meus. Sua beleza era mediterrânea, mas não do tipo comum ou excelsa. Tinha pele oliva, dotada de um fulgor que não esmorecia nem no inverno. Seus olhos eram escuros e redondos como groselhas pretas das mais maduras, o que destoava dos cabelos castanhos que se estendiam até o meio das costas.

Era o tipo de graça reforçada pela personalidade, que existia nas entrelinhas, nos detalhes de suas expressões e na capacidade de conduzir as reações dos garotos ao seu bel-prazer. Até eu, que resistia a ceder aos seus caprichos de me ver inclinado diante de sua presença, desconhecia os meandros e artifícios da malícia e ocasionalmente era fisgado por sua argúcia.

De longe, ela sorria e até ria com frugalidade quando percebia que tinha alcançado seu intento. Uma vez, enquanto estávamos sentados sobre o meio-fio, ela caminhou bem devagarinho trajando um vestido branco que realçava o formato sinuoso do corpo jovial. Mirando o horizonte a olhos ensimesmados, passou os vãos dos dedos entre os cabelos, sobrepondo-os como ondas serenas de fios correntes, e seguiu numa linha reta tão hermética que chegava a ser geométrica.

Seus passos imitavam o som sutil da marcha dos cocos, perfazendo um caminho em que as batidas céleres e harmoniosas de nossos corações cobriam as lacunas deixadas pelo silêncio. Conforme ela se distanciava, e suas panturrilhas se contraíam formando dois diamantes triguenhos, eu assistia o tecido claro, num fortuito diáfano, cingindo seu corpo como um casulo tardio envolvendo uma borboleta.

Bárbara transportava por onde fosse o perfume leve e floral que seu corpo exalava em nossa direção, deixando um rastro invisível e efêmero de provocações que despertavam ideias e sensações. “Você é bonitinho, sabia?”, disse ela um dia apoiando meu queixo entre os seus dedos polegar e médio da mão direita. Observei meu próprio reflexo em suas íris, então maiores do que nunca, e fiquei preocupado se ela poderia ver muito mais do que eu gostaria nas minhas.

Para Bárbara, parecia pouco me ver corar. Em seguida, assoprou graciosamente meus olhos, me trazendo olência adocicada e refrescante de bala de hortelã. Aquilo mexeu tanto comigo que senti arrepiar até os pelos que eu ainda não possuía. Engoli a seco minha saliva tornada rara e senti meu peito chiar, abrasado pelo incompreendido desconhecido. Escondi as mãos trêmulas para que ela não as notasse. Era tarde demais. Bárbara percebeu e me hipnotizou com um sorriso tão esmerado que me deixou embriagado.

Pensei em dizer alguma coisa, uma frase de despedida, só que eu já não sabia mais falar nem pensar em português. As palavras que invadiam meus pensamentos não faziam sentido. Eram confusas, sem significados, um amontoado de letras que se embaralhavam com o alfabeto cirílico que vi pela primeira vez numa coleção de enciclopédias de meu pai. E para piorar, fiz um esforço desmesurado para articular um som complacente, mas só consegui transmitir um nada padecente.

Meus pés estavam tão fixos e hirtos na calçada de mosaico português que pareciam feitos de pedra calcária. O transe chegou ao fim quando sua mãe a chamou para ajudar o irmão caçula em uma das tarefas da escola. Ainda assim, sem esconder o semblante aparvalhado, assisti Bárbara correndo contra a brisa com encanto singelo que fazia inveja às folhas do pé de marmelo. Seus cabelos serpenteavam pelo ar como forças livres de um mundo hedonista. Talvez fossem curvas incertas de uma realidade menos maniqueísta. Antes de fechar o portão, sorriu, mandou beijo e disse de supetão: “Depois a gente continua.”

Fiquei parado por mais alguns instantes, tentando fugir da minha fisionomia encabulada e corada que vi refletida na janela de um Escort estacionado a menos de dois metros. Lhano, eu balançava a cabeça e saracoteava o dorso. Mas o coralino da vergonha era casmurro e não dava brechas para a libertação. Queria me castigar pela ingenuidade que não me permitia compreender sua intenção. “Nossa, olha como tô vermelho! Nem quando planto bananeira por muito tempo fico desse jeito”, pensei, me sentindo como um personagem daquelas canetas vendidas na rodoviária e que traziam mulheres peladas nos tubinhos.

Dias depois, escalando uma árvore em frente à casa de Marco Aurélio, vimos Bárbara chegar acompanhada de um rapaz de pelo menos 18 anos dirigindo um Monza Barcelona. Lá dentro, o sujeito se portava como se guiasse um possante pelas estradas do Arizona. Observamos em sincronia a porta do carro se abrir e seus pés pequenos e delicados encostando no meio-fio, envolvidos por um par de rasteirinha clara, talvez bege. Bárbara usava saia preta evidenciando pernas bronzeadas e bem esculpidas, fazendo nossos olhos saltarem sem a menor polidez.

Pendurado em galhos, assisti a cena numa euforia contida tão impetuosa que tive a impressão de que havia miniaturas minhas gritando e correndo pelos meus órgãos. Num breve momento de delírio, vislumbrei dois David saltando para fora de minhas orelhas, percorrendo os galhos numa velocidade sobrenatural e cutucando meus pés com agulhas de pau. “Vai lá! Vai lá! Vai lá! Você é trouxa? Deixa de ser bocó! O cara já vai embora”, gritavam as réplicas num tom estridente, revezando palavras.

Por azar, assim que Bárbara se despediu do tal sujeito que julguei ser seu namorado, me distraí e caí de cima da árvore como um bufão atarantado. Com o impacto, Marco Aurélio riu ruidosamente, como se aquilo fosse artificio de um demente. Caído sobre o braço esquerdo, num titubeante referto, sentei cabisbaixo na calçada e, sem olhar pra lado algum, amarguei as consequências da patuscada. Comecei a limpar os ralados nos cotovelos e joelhos, ignorando de meus amigos os conselhos.

A vergonha naquele momento tinha cheiro de ipê, sete-copas, hera-de-inverno e pingo-de-ouro. Mal sabia eu qual seria o desdobramento vindouro. “Por favor, não me veja! Por favor, não me veja! Por favor, não me veja!”, repeti com olhos fechados e franzindo a testa, crente de que a vida talvez pudesse imitar a fábula vez ou outra. Não, ela não macaquearia. Aos poucos, ouvi passos, o atrito de calçados leves com as pedrinhas cobertas de piche, e senti o indefectível perfume floral que me fazia mergulhar num sonho frugal.

Estremeci ao ver sua sombra se projetando na calçada. Bárbara estava quase ao meu lado e minha reação já era esperada. Coloquei os cotovelos contra a barriga e cobri os joelhos com pedaços de folhas secas esparramadas aos pés da árvore. Ela achou graça da minha reação, se abaixou e passou a mão direita pelos meus cabelos. “Tadinho! Vamos lá pra casa que vou cuidar dos seus ferimentos”, declarou com voz remansosa e tão melíflua que parecia acariciar os ferimentos do meu corpo. “Muito melhor que Merthiolate!”, teria refletido. Não falei nada, até porque nem conseguiria. Só movimentei a cabeça em concordância, sem saber o que me aguardaria. Àquela altura, nem sentia mais minhas pernas e braços ardendo.

Levantei e andei ao seu lado, evitando observá-la diretamente. Ainda assim, me mantive sobrolho. Caminhando a passos hesitantes, fui invadido por turbilhão de pensamentos. Tentei clarear a mente e logo reconheci que era impossível. Quanta agitação, ansiedade e tensão. Dentro da casa, não havia ninguém; só nós dois diante de um balcão. Ela me levou até o seu quarto e falou pra eu sentar na cama e aguardá-la. Observei tudo ao meu redor. Em segundos, memorizei o cenário e aprendi um pouco sobre seus interesses que incluíam livros, CDs, filmes em VHS e uma coleção de bichos pequenos de pelúcia, inclusive réplicas de gremlins.

Bárbara então retornou com um kit de primeiros socorros, limpou meus ferimentos e fez quatro curativos em meus braços e joelhos. Enquanto suas mãos delicadas, aveludadas e mornas tocavam minha pele, notei que ela era muito mais bonita se observada em profundidade. Tinha algumas pintinhas acastanhadas no busto e uma minúscula cicatriz na cintura. Sua tez bronzeada era tão singular e rutilante que fazia meu coração se projetar com a ressonância de um alto-falante.

Em menos de dois minutos, me vi imerso num universo silencioso, onde as belezas triviais das ruas inexistiam. Vizinhos não falavam, carros não passavam, pássaros não cantavam e galhos não balouçavam. Eu não ouvia nem enxergava nada para além da porta do quarto de Bárbara. Por um momento, ela se levantou e me lançou um olhar que fez eu me sentir como se estivesse nu. Deslizou vagarosamente o dorso da mão direita pelas minhas maçãs, aproximou seu rosto, segurou o meu com as duas mãos e me beijou vagarosamente.

Seus lábios, quentes como chuva de verão, vinham acompanhados de um sol que principiava a chegada da nova estação. A ansiedade e rigidez de meu corpo se esvaíam como se nunca tivessem me habitado, fazendo-me sentir como um renascido jovem sopitado. E assim, Bárbara, com 15 anos e sua essência medicinal, um dia se mudou para longe depois de mergulhar minha natureza no prazer hominal.

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Anu-preto, o sentinela de cauda cor de canela

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Ele saltava e corria com astúcia, mantendo o bico levemente inclinado para cima e os olhos no horizonte

Coquinho que o anu marrom me deu quando eu ainda era criança (Foto: David Arioch)

Coquinho que Marrom me deu quando eu ainda era criança (Foto: David Arioch)

Acredito que tenho sorte de nunca ter sofrido nenhum acidente sério na infância. Nem mesmo quebrei braço, perna ou qualquer outro membro. O que era visto até como anormal na minha rodinha de amigos peraltas. Um dia nos encontramos e cada um disse de que forma já tinha se machucado e quais foram as maiores consequências.

Alguns se orgulhavam de suas cicatrizes e contavam histórias fantasiosas. Na realidade, bem duvidosas. “Ah! Essa aqui na minha perna eu ganhei depois de lutar com um doberman gigante que morava ao lado da casa da minha vó, na Rua Maranhão. Ele me mordeu e eu mordi ele. Ainda fiz dele o meu cavalinho. Hoje, sempre que me vê, ele abaixa o focinho em sinal de respeito”, narrou Henrique com sete anos em 1992.

Naquele ano, Júlio chamou eu e meu irmão Douglas para irmos à sua casa na Avenida Juscelino Kubitschek brincar de pega-pega. Numa das fugas, comecei a circular em torno de uma lixeira presa à calçada. Por descuido, bati a cabeça na quina de ferro e senti a astenia tomando conta do meu corpo. A visão ficou ligeiramente turva e o sangue escorreu pelos meus cabelos, rosto e blusa de moletom.

A poucos metros de distância, no cruzamento com a Rua Chozo Kamitami, enquanto o Seu Roberto, pai de Júlio, tirava o carro da garagem para me levar ao Hospital São Lucas, notei um anu-preto me observando e soltando um pio sibilante. As penas de sua cauda lustrosa se abriam e se fechavam. Quando saímos, olhei pela janela e ele ainda continuava lá, mas já não emitia nenhum som.

No hospital, deitei numa cama e tive a minha primeira experiência com a sutura. Em 15 dias, logo que os poucos pontos foram retirados, fiquei passando a mão, sentindo a lombadinha ainda sensível. Era a minha mais importante cicatriz e todos podiam ver a pequena área raspada com navalha. Curiosos, meus amigos pediam para que os deixasse encostar o dedo. “Que massa, David! Eu nunca tinha visto uma cicatriz na cabeça!”, comentou Thiaguinho.

Durante a minha recuperação, nos reuníamos todos os dias de manhã na Rua Artur Bernardes, no Jardim Progresso, perto da Sanepar. Sentávamos no meio-fio em frente de casa e assistíamos a revoada de um grupo de anus-pretos, moradores de um enorme terreno coberto por matagal. Havia tanta vegetação que nem o muro de quase dois metros de altura impedia que o verde se esforçasse para ultrapassar os limites do cercado de lajotas. Meu avô dizia que a família de anus estava lá antes do surgimento do bairro.

“Esses aí são descendentes dos primeiros que já viviam aqui quando tudo isso era floresta. Eles continuam morando aí porque é onde se sentem mais seguros”, contou. Às vezes eu pendurava sobre o muro para observá-los. Rapidamente notavam minha presença e se aninhavam, protegendo as fêmeas e seus ovos azuis-esverdeados. Suas penugens não eram simplesmente pretas e uniformes. Tinham tons amendoados por causa da terra que pincelava o capim-melado e por consequência suas penas em dia de chuva intensa.

O líder do bando possuía cauda cor de canela, e foi assim que o reconheci como o anu-preto que piou em minha direção no dia em que me machuquei. Ele não era o maior, mas nas muitas vezes que o assisti sempre me pareceu o mais observador. Os outros companheiros nem se incomodavam quando ele saltava e corria com astúcia sobre eles, mantendo o bico curvado levemente inclinado para cima e os olhos no horizonte.

Sempre que algum pássaro estranho ou outro bando de anu invadia o terreno, ele emitia um sinal sonoro curto e estrídulo, preparando os companheiros para uma ofensiva. Ao se deparar com até 15 anus-pretos em estado de alerta, o invasor, em grupo ou sozinho, normalmente não ficava mais de um minuto no terreno, um pedacinho de bosque que contrastava com a urbanidade ainda plácida das quatro vias que o cercava.

Não foram poucas as ocasiões em que vi os anus empoleirados sobre uma árvore se comunicando como se estivessem conversando. Suas vozes mudavam com tanta frequência que eu tinha a impressão de que faziam pilhérias. À tarde, sempre que o sol se lançava sobre os galhos e ramagens de uma sete copas, facilmente observada da janela da sala de casa, eu via três ou quatro anus-pretos se banhando com a luz solar.

Ocasionalmente levantavam a cabeça, abriam as asas e as chacoalhavam. As penas lucilavam com tanta graça que eles reconheciam o seu esplendor ao verem o próprio reflexo no bico reluzente do companheiro mais próximo. Daí estufavam o peito e cantavam em sequência, cobrindo as lacunas de silêncio deixadas pela ausência do vento. Só partiam quando a brisa se intensificava ou o sol se distanciava.

Mais tarde, mudamos para a Rua Sílvio Meira e Sá Bezerra. A minha nova rotina me impedia de ver os anus-pretos com frequência, tanto que cheguei a ficar quase um mês sem visitar o lugar. Num sábado, retornei ao terreno, subi em uma ripa e pendurei sobre o muro. Tive uma grande surpresa. Não havia nenhum anu-preto ou vegetação, apenas um enorme vazio que marcava o fim de uma história iniciada antes da chegada do primeiro pioneiro àquela área.

Percorri as ruas do Jardim Progresso e Jardim Paulista até ser vencido pela estafa. Queria encontrar o bando de Marrom, apelido que dei ao líder dos anus-pretos por causa da sua cauda acanelada. Não encontrei nenhuma pista. Era como se eles nunca tivessem vivido naquele lugar. Fiquei confuso e não me conformei com o fato de que nunca mais ouviria seus cantos maviosos ou veria seus olhos negros – ora escabreados, ora complacentes.

Bati palmas em algumas casas das redondezas para pedir informações. A maioria não se importava ou não fazia questão de me ajudar. “Isso aí traz coisa ruim, mau agouro, morte. Não é coisa de Deus. Foi bom que sumiram daqui”, declarou uma senhora que morava numa casa branca na esquina da Rua Artur Bernardes.

Meses depois, em uma tarde, escorreguei no piso molhado e bati a cabeça no chão quando minha mãe e minha tia Paula estavam lavando a garagem. Levantei estonteado, só que tive a impressão de que estava tudo bem apesar da pancada. Ledo engano. Coloquei a mão na cabeça e senti o sangue fluindo aos pouquinhos. Então chamaram meu pai, abriram o portão e me levaram ao Pronto Socorro.

Curativo feito, retornei para casa e sentei na calçada com as costas escoradas no portão. De repente, ouvi um canto curto e intervalado vindo de uma árvore do outro lado da rua. Olhei para o alto e vi Marrom. Me aproximei e notei que seu bico estava levemente deformado, mas cicatrizado, como se tivesse sido ferido há bastante tempo.

Cheguei mais perto e estendi a mão direita. No mesmo instante o pássaro abriu o bico e me lançou um coquinho que caiu na palma da minha mão. A fechei e desci da árvore. Continuei lá um bom tempo enquanto Marrom estufava o peito e cantava sozinho para o seu único espectador. Me contentava em saber que ele estava vivo, mesmo que eu estivesse imerso no desconhecimento de seu destino.

Antes de partir, emitiu um último som agudo que fez algumas folhas vibrarem e voou. Cada vez mais alto, se afastou do meu diminuto campo de visão. E sua cauda acanelada pelo capim-gordura, banhado em água de chuva e solo arenoso, desapareceu na esquina da Rua Sílvio Meira e Sá Bezerra, onde Marrom foi visto pela última vez.

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O hip-hop que salva vidas

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em Paranavaí, três artistas da cultura urbana já salvaram mais de cem vidas

Marcos Paulo Gerê, Rodrigo Sena e Daniel Hudson já ajudaram muita gente por meio do hip-hop (Foto: Amauri Martineli)

Em Paranavaí, no Noroeste do Paraná, três jovens descobriram no hip-hop uma maneira de salvar vidas. Por meio da dança, já reintegraram à sociedade mais de cem pessoas. O trabalho que desenvolvem também contribui muito para a valorização da cultura popular urbana.

Tudo começou há sete anos, quando Daniel Hudson, Marcos Paulo Gomes e Rodrigo Sena começaram a estudar hip-hop. “Na época, já decidimos que nossa missão seria tirar as pessoas do caminho das drogas e da prostituição”, conta Hudson.

Os três se introduziram no universo do hip-hop como autodidatas. Muito do que aprenderam até hoje descobriram sozinhos, apenas praticando. “Corremos atrás dos passos, nos aperfeiçoamos. A gente estudava tudo que encontrava sobre o assunto. A maior ajuda que tivemos foi da internet”, relata Marcos Paulo Gerê.

Rodrigo Sena conta que no início havia muita discriminação porque as pessoas viam o hip-hop apenas como cultura de marginais. “Estamos quebrando esse preconceito e difundindo a dança da melhor forma possível”, frisa. Entre as principais referências, os três citam B-Boy Neguin e Tsunami All-Stars, de São Paulo, e a competição de b-boying Red Bull BC One, a maior da categoria no mundo.

““Estamos quebrando o preconceito e difundindo a dança da melhor forma possível” (Foto: Amauri Martineli)

Encarado como um estilo de vida, o hip-hop para os três b-boys é o grande chamariz para a reabilitação de pessoas que vivem às margens da sociedade. “É um estilo de impacto, que consegue atrair muita gente. Isso é tão verdade que por meio da dança tiramos até pessoas do mundo do crime”, explica Daniel Hudson.

Basta ver apenas uma apresentação dos breakdancers para entender a tônica do trabalho. A linguagem do corpo flerta com a música de forma tão despojada que é possível interpretar os movimentos como símbolos de liberdade, satisfação, alegria e harmonia. “A nossa língua é a dança”, enfatiza Sena que assim como Gerê e Hudson não esconde o orgulho em ser parte do movimento hip-hop local.

Questionados sobre exemplos de pessoas que mudaram de vida graças a dança, Gerê cita a si mesmo. Se livrou da dependência química quando decidiu se tornar um breaker. Em Paranavaí, os três b-boys já introduziram mais de 200 pessoas na subcultura da dança urbana Desse total, cerca de 70% são pessoas que abandonaram vícios ou saíram do mundo da prostituição e do crime. “Reabilitamos muita gente. Aqui também temos um grande parceiro que faz a diferença, o B-Boy Maiquinho”, ressalta Hudson.

Os b-boys atuam em seis comunidades de Paranavaí, entre as quais Jardim Campo Belo, Vila Operária, Chácara Jaraguá, Coloninha e Jardim Progresso. “Levamos nosso trabalho para escolas e associações de moradores. Também temos uma parceria com algumas igrejas evangélicas, inclusive nosso trabalho começou na igreja”, relatam os breakdancers.

Na região, os três já disseminaram o hip-hop em Paraíso do Norte, Terra Rica e Guairaçá. “A gente tem representantes do hip-hop em quase toda a região”, garantem e acrescentam que os três têm como objetivo mostrar que em Paranavaí o hip-hop está em ascensão.

“Há um grande envolvimento, como uma família”

O hip-hop é um movimento que surgiu no Bronx, em Nova York, nos EUA, ao final da década de 1970. Na época, já tinha uma postura social, transmitia a insatisfação das classes menos favorecidas. A cultura hip-hop está ligada a figura de quatro personagens: DJ, MC, b-boy e grafiteiro. Normalmente, leva de seis meses a um ano para o praticante de dança de rua conquistar resultados sólidos. “Mas pra isso ele tem que treinar pelo menos três horas por dia”, alerta Rodrigo Sena.

Em Paranavaí, os b-boys Hudson, Gerê e Sena ensinam não apenas os movimentos de dança, mas também a teoria. “É importante que eles conheçam a história, entendam o sentido de tudo”, explica Gerê. Para aprender breakdance não há restrição quanto a idade. “Temos alunos de dança com faixa etária de 7 a 40 anos”, exemplifica Sena, acrescentando que a partir dos 14 anos o praticante adquire mais facilidade para dançar.

Os três estimulam os alunos a jamais desistem do hip-hop. “Estamos sempre em contato porque não podemos deixar ninguém se perder. Há um grande envolvimento, como uma família”, assegura Gerê que trabalha na Fundação Cultural de Paranavaí.

“Queremos fazer um festival de cultura urbana”

Uma das metas dos b-boys Daniel Hudson, Marcos Paulo Gerê e  Rodrigo Sena é realizar um grande evento de hip-hop em Paranavaí. “Queremos fazer um festival de cultura urbana, com workshops e tudo o mais. O único problema é que ainda precisamos de patrocínio”, contam e acrescentam que recentemente trouxeram a Paranavaí, na Casa de Cultura Carlos Drummond de Andrade, uma oficina com o grupo Urban Style Crew, de Maringá.

Os três especialistas em street dance, pop e power move participaram do 28º Festival de Dança de Joinville, em Santa Catarina. “É o maior evento da América Latina. Fomos convidados a ir com o pessoal do grupo Urban Style Crew, de Maringá”, relata Gerê.