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Cortázar: “Acontece o contrário com os animais. Eles me fascinam. O mundo dos insetos…dos mamíferos”

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Cortázar: “Descobrir pouco a pouco afinidades e similaridades…Acho que o gato é o meu animal totêmico e eles sabem disso” (Foto: Reprodução)

Um dos maiores nomes da literatura latino-americana, o escritor argentino Julio Cortázar, homem que chegou a um momento da vida em que deixou de surpreender-se com a humanidade e o mundo, teve muitas conversas com o seu amigo Ernesto González Bermejo.

Mais tarde, esses registros deram origem ao livro “Conversaciones con Cortázar”, publicado originalmente em 1978, seis anos antes da morte de Cortázar. No Brasil, a obra foi lançada em 2002, por iniciativa da Editora Jorge Zahar, sediada no Rio de Janeiro. Dentre os assuntos jamais abordados com franqueza em outra entrevista está o seu amor pelos animais, registrado nas páginas 46 e 47:

“Sempre fui, desde criança, profundamente indiferente ao reino vegetal: nunca distingui muito bem um eucalipto de uma bananeira; gosto das flores, mas não me ocuparia em ter um jardim. Acontece o contrário com os animais. Eles me fascinam.

O mundo dos insetos…dos mamíferos. Descobrir pouco a pouco afinidades e similaridades…Acho que o gato é o meu animal totêmico e eles sabem disso, como pude comprovar muitas vezes ao chegar à casa de amigos que têm cães e gatos. Os cães me tratam com indiferença, mas os gatos me abordam logo na chegada.

Se alguém fizer uma pesquisa de meus livros, vai descobrir uma grande percentagem de animais. Um animal se move fora do tempo – repete ao infinito os mesmos movimentos, e para quê? Por quê? Essas são noções humanas que não valem para um inseto. Dizemos que o animal trabalha, mas a noção de trabalho quem insere somos nós.”

Considerado o mestre do conto curto e da prosa poética, o escritor argentino Julio Cortázar ocupa a mesma posição de destaque na literatura mundial que o seu conterrâneo Jorge Luis Borges. Cortázar entrou para a história como um autor original que inovou na literatura ao se afastar da forma clássica de escrever.

Fugindo da linearidade, se destacou pela perene preocupação em se aprofundar no perfil psicológico de seus personagens, garantindo a eles autonomia e proporcionando ao leitor uma imersão numa criação espontânea que, identificada como realismo mágico, precede qualquer avaliação crítica.

Maior exemplo disso é o seu livro mais famoso. “Rayuela” ou “O Jogo da Amarelinha”, de 1963, que convida o espectador a fazer as mais diferentes interpretações da história surrealista de Horacio Oliveira, baseada em um monólogo interior.

Julio Cortázar vai ao teatro

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“Nada somos, apenas estamos, nos diz Cortázar, mostrando que vivemos de atravessamentos”

Coletivo Portátil do Theatro de Alumínio se apresenta em Paranavaí no dia 17 (Foto: Divulgação)

Coletivo Portátil do Theatro de Alumínio se apresenta em Paranavaí no dia 17 (Foto: Divulgação)

No dia 17, sábado, às 20h30, o Coletivo Portátil do Theatro de Alumínio, de Curitiba, vai apresentar no Teatro Municipal Dr. Altino Afonso Costa, em Paranavaí, no Noroeste do Paraná, o espetáculo “Cronópios da Cosmopista” que propõe um jogo de espelhos entre o escritor argentino Julio Cortázar, um dos mais importantes nomes da literatura latino-americana, sua obra e o olhar dos artistas em cena. O evento que tem entrada gratuita é patrocinado pelo Sesi Cultural.

Cortázar é o verdadeiro protagonista da peça “Cronópios da Cosmopista”, criada a partir de texto inédito inspirado em fragmentos reinventados, canções, poemas e frases de um realismo fantástico que nasce da gestação de vários mundos dentro de um. “São mundos que se desdobram e se fundem. O fim e o começo, paralelos e sem cronologia, nos dão chão e também nos retiram dele”, comenta o ator e diretor Rafael Camargo que transita pela música e convida o público a mergulhar em questões existenciais.

Especialista em teatro experimental, principalmente em usar a ausência de ação física como estética teatral, Camargo leva ao palco não um espetáculo de personagens, mas de relações criadas a partir de situações e diferentes contextos. “Nada somos, apenas estamos, nos diz Cortázar, mostrando que vivemos de atravessamentos”, destaca o diretor que divide o palco com Christiane de Macedo e Diego Marchioro.

O primeiro espetáculo do Coletivo Portátil do Theatro de Alumínio foi “Amoradores de Rua”, lançado em 2010, seguido por “End” e “Uma Entre Mil Histórias de Amor”, de 2011. No ano seguinte, estrearam “Buraco da Fechadura”, baseado na obra de Nelson Rodrigues. “Em ‘Cronópios da Cosmopista’, de 2013, observamos o desenvolvimento e as possibilidades do nosso encontro e torcemos para que ele seja sempre tão prazeroso para o público que nos assiste quanto é para nós que o realizamos”, declara Camargo.

Cortázar ocupa a mesma posição de destaque na literatura mundial que o seu conterrâneo Jorge Luis Borges (Foto: Divulgação)

Cortázar ocupa a mesma posição de destaque na literatura mundial que o seu conterrâneo Jorge Luis Borges (Foto: Divulgação)

Todos os espetáculos do grupo nascem de processos colaborativos que envolvem atores, diretor, dramaturgo e equipe técnica. A proposta é refletir sempre a expressão artística como meio de discussão de temas bem atuais, que questionam a complexidades das ações humanas e sua natureza. No ano passado, e com a parceria do Centro Cultural Teatro Guaíra, o grupo criou a Mostra Coletivo Portátil do Theatro de Alumínio que levou ao público do Auditório Salvador Ferrante, o Guairinha, as peças “Cronópios da Cosmopista e “Buraco da Fechadura”.

Julio Cortázar, o mestre do conto curto e da prosa poética

Considerado o mestre do conto curto e da prosa poética, o escritor argentino Julio Cortázar ocupa a mesma posição de destaque na literatura mundial que o seu conterrâneo Jorge Luis Borges. Cortázar entrou para a história como um autor original que inovou na literatura ao se afastar da forma clássica de escrever.

Fugindo da linearidade, se destacou pela perene preocupação em se aprofundar no perfil psicológico de seus personagens, garantindo a eles autonomia e proporcionando ao leitor uma imersão numa criação espontânea que, identificada como realismo mágico, precede qualquer avaliação crítica.

Maior exemplo disso é o seu livro mais famoso. “Rayuela” ou “O Jogo da Amarelinha”, de 1963, que convida o espectador a fazer as mais diferentes interpretações da história surrealista de Horacio Oliveira, baseada em um monólogo interior.

Agenda do espetáculo “Cronópios da Cosmopista”

Dia 15 – Maringá

Dia 16 – Umuarama

Dia 19 – Cianorte

Dia 27 – Campo Mourão