David Arioch – Jornalismo Cultural

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Archive for the ‘Laboratórios’ tag

Curta-metragem mostra a realidade das experiências científicas realizadas com primatas

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O maior peso do curta está no retrato do trauma psicológico que os animais sofrem em laboratórios

O filme é resultado de uma parceria entre a NEAVS e a We Animals (Foto: Reprodução)

Lançado no mês passado, “Empty Laws: Psychological Well-Being of Laboratory Primates”, de Kelly Guerin, é um curta-metragem que mostra o impacto das experiências científicas realizadas com primatas. De acordo com o filme, primatas usados em laboratórios são submetidos a tudo – inclusive têm seus olhos costurados, como ocorre nas pesquisas de acidentes de carro.

O maior peso do curta está no retrato do trauma psicológico que os animais sofrem em laboratórios. Isso é perceptível quando observamos os olhos, as expressões e as reações dos primatas que aparecem no filme. Claro, um reflexo de um fato comum – praticamente nada é ilegal quando se trata de pesquisas com animais.

Mesmo após séculos de campanhas contra a vivissecção, e algumas conquistas, ainda esbarramos em um problema usual – a garantia do bem-estar animal pode ser facilmente negligenciada se isso for um impedimento à realização de um experimento, já que no contexto científico há muito perpetuou-se a crença de que podemos usar e abusar dos animais simplesmente porque eles não são iguais a nós.

Como mostra o filme “Empty Laws”, inspeções laboratoriais costumam ser raras, e a única forma de revelar o que realmente acontece nesses locais é enviando um investigador disfarçado capaz de registrar a realidade com uma câmera. Sem isso, provavelmente não teríamos registros confiáveis do estado de privação e sofrimento desses animais.

Ainda assim, o impacto não tem sido tão grande quanto deveria; nem o cenário tão auspicioso quanto poderia. Prova disso é que só nos Estados Unidos mais de 71 mil primatas foram usados em experiências do Departamento de Agricultura em 2016, de acordo com o relatório anual da USDA. Um número surpreendente se comparado ao fato de que os santuários membros da North American Primate Sanctuary Alliance (NAPSA) abrigam atualmente cerca de 700 chimpanzés recuperados de laboratórios.

Essa diferença gritante de números entre explorados e sobreviventes deixa claro que o destino comum dos primatas usados em laboratórios é o “descarte”, ou seja, a morte – tão logo sejam considerados inúteis. Para além desse cenário, segundo a Cruelty Free International, pelo menos 115 milhões de animais são usados em experiências por ano no mundo todo.





Breve reflexão contra a vivissecção (experimentação animal)

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A vivissecção passou a ser considerada “prática comum” no mundo ocidental a partir do século 19. Muito tempo se passou, estamos em 2018 e animais continuam sendo torturados e mortos desnecessariamente em nome da ciência. O que ajuda a postergar o banimento dessa prática já considerada obsoleta é o lobby e a politicagem que caminham lado a lado.

 





 

Cheri Vandersluis: “Os animais usados nos testes [em laboratórios] não deveriam ter contato humano, porque isso faria com que tivessem vontade de viver”

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“Ficamos no portão ouvindo os nossos cabritos chorando enquanto eles eram levados embora”

O casal vegano Cheri e Jim administra o santuário Maple Farm no estado de Massachusetts, nos Estados Unidos (Foto: Maple Farm Sacntuary)

Cheri Ezell-Vandersluis é a fundadora do santuário Maple Farm, criado em parceria com o marido Jim Vandersluis. O local situado na pequena Mendon, no estado de Massachusetts, nos Estados Unidos, funciona como um refúgio seguro e amoroso para os chamados “animais de criação” ou seja, animais criados para consumo; criaturas que por diversos motivos escaparam de serem enviados para o matadouro. Lá, eles vivem suas vidas em paz e fazem tudo que têm vontade sob a tutela do casal vegano.

No entanto, Cheri admite que antes de fundarem um santuário, ela conheceu o lado mais obscuro e insensível da natureza humana no que diz respeito ao tratamento dispensado aos animais. “Sempre amei os animais, mas cresci em uma sociedade que os trata como bens, coisas. […] Eu não tinha ideia de que a carne que eu comia vinha de vacas de olhos arregalados e galinhas fofinhas e inocentes. Embora eu sempre quisesse trabalhar com animais, levou tempo e várias lições de vida para encontrar um emprego que realmente os beneficiasse”, relata.

O primeiro trabalho em que Cheri Ezell teve contato constante com os animais foi em um laboratório de testes de toxicidade de medicamentos. Ela atuava como técnica em histologia e autópsia: “Disseram-me que a pesquisa beneficiava a humanidade e que o assassinato de animais era um tipo de ‘sacrifício’. Nos diários de bordo onde gravávamos os dados da sala de autópsia, não havia o conceito de matar, mas apenas de “sacrificar números’.”

Essa dissimulação da realidade foi o que sempre facilitou o trabalho das pessoas em laboratórios. Ou seja, evita-se confrontar a realidade e refletir sobre as implicações das ações para as vítimas, nesse caso, os animais. Cheri se recorda de quando caminhava para as seções onde pequenos e doces beagles eram confinados e rotineiramente vitimados pela administração de compostos promotores de crescimento, antibióticos, dopamina e muitos outros fármacos.

“Eu queria conversar com eles, alcançar as gaiolas para acariciá-los, olhar em seus olhos confiantes e desconhecidos. Fiz isso por alguns dias antes de ser flagrada e repreendida por esse comportamento. Me disseram que os animais usados nos testes não deveriam ter contato humano. Deveriam apenas receber os medicamentos, serem examinados, limpos e alimentados, uma vez que qualquer expressão de carinho faria com que tivessem vontade de viver, afetando negativamente sua reação aos compostos”, revela.

Ela conviveu com essa justificativa por quatro anos até que pediu demissão. Então conseguiu um emprego em um aquário destinado a entreter visitantes. Em síntese, mais um trabalho em que “bolsos cheios significam o derramamento de sangue animal”, na perspectiva de Cheri. A sua função de “aquarista” incluía alimentar e monitorar a saúde dos milhares de peixes e mamíferos marinhos – supervisionando a qualidade da água e ajudando a equipe a cuidar dos mamíferos marinhos, além de auxiliar na realização de autópsias.

Um dia, o aquário recebeu quatro golfinhos nariz-de-garrafa. Cheri sentiu-se privilegiada pela oportunidade de nadar com eles durante a adaptação ao cativeiro. Mas a ideia romanesca de golfinhos vivendo muito bem em um ambiente artificial logo foi descortinada pela realidade: “No começo de uma manhã, ouvi gritos agudos. Nós não podemos falar a língua deles, mas a angústia, a tristeza e a frustração são facilmente traduzíveis. Um dos golfinhos machos prendeu seu nariz em uma rede e tentou se libertar. Ele estava retorcido e apertado – aprisionado sob a água. Na natureza, se um golfinho fica doente ou ferido, outros o auxiliam e o empurram para a superfície para conseguir ar. Nessa configuração cativa, eles só poderiam assistir o companheiro se afogando lentamente [os outros não atinham acesso ao local onde um dos golfinhos agonizava].”

Cheri e outro funcionário do aquário mergulharam com uma faca na esperança de cortar a rede onde o golfinho estava preso. Era tarde demais, e o corpo do animal já estava sem vida. Pouco tempo depois, o golfinho foi substituído por outro espécime capturado na natureza, e a rede substituída por uma corrente de metal. Assim o show prosseguiu. “Depois que saí do aquário, passei pouco tempo atuando como designer gráfica antes de entrar para o ramo de leite de cabra. Conheci meu marido, Jim, quando eu estava comprando cabras para o meu negócio. Ele estava vendendo suas vacas leiteiras e se preparando para adquirir novilhas. Nos tornamos inseparáveis”, revela.

Em uma ocasião, quando Jim estava ordenhando uma vaca, Cheri entrou no celeiro e encontrou uma bezerra doente. O marido explicou que a novilha seria vendida para um comerciante de carne e logo mais reduzida a pedaços de carne. “Naquele tempo, eu tinha algum dinheiro e implorei para que ele me deixasse cuidar dela. Ele concordou relutantemente. A levei para uma clínica veterinária, onde aplicaram fluidos intravenosos e antibióticos, e disseram que mais um dia sem cuidados e ela teria morrido. Quando ficou boa o suficiente, eu a trouxe para a fazenda onde ela acabou se tornando uma vaca leiteira”, confidencia.

Com o tempo, Jim e Cheri não conseguiram mais continuar ordenhando vacas. Por isso, aumentaram o rebanho de cabras e começaram a vender leite de caprinos: “O infeliz subproduto disso é: ‘O que fazer com todas as crianças?” Não demorou, e o casal percebeu que em certas comunidades étnicas é uma tradição consumir carne de cabras ainda bebês, ou seja, cabritos, durante o feriado de Páscoa. Pessoas de descendência portuguesa e grega sempre os procuravam nessa época do ano.

“Nós pesávamos os pequenos de 11 a 15 quilos e os clientes pagavam. Eles eram recolhidos e jogados na parte de trás do porta-malas ou na carroceria de uma caminhonete como se fossem pedaços de bagagem. Esses bebês olhavam nos meus olhos com confiança, admiração e medo. Jim e eu sabíamos o destino deles. Trabalhando com laticínios a vida toda, Jim tentava endurecer as minhas emoções. […] Muitas vezes, ficamos no portão ouvindo os nossos cabritos chorando enquanto eles eram levados embora. Foi em um daqueles momentos terríveis que Jim e eu nos olhamos de esguelha e decidimos começar a nossa jornada a favor da vida.”

Cheri e Jim conheceram a organização não-governamental Pessoas Pelo Tratamento Ético dos Animais (Peta) e receberam toda a ajuda necessária para fazer uma transição para uma vida em verdadeira conformidade com o bem-estar animal:

“Entre soluços, falei com uma pessoa maravilhosa que me tranquilizou e disse que estávamos fazendo a coisa certa. Para aliviar o fardo financeiro, nos deram uma lista de santuários para onde poderíamos levar algumas das cabras. Depois de fazer contato com vários santuários sem espaço para mais animais, encontramos o OohMahNee. Os fundadores Cayce Mell e Jason Tracy garantiram que estávamos realmente fazendo o que era certo. Meu coração estava doendo. Eu amava minhas cabras e mandá-las para longe foi difícil mesmo sabendo que seria um lugar seguro para elas. Depois de muito refletirmos, enviamos metade do nosso rebanho para os santuários OohMahNee e PIGs. Foi um dia de sentimentos mistos, mas Cayce e Jason foram meus anjos e nos confortaram durante esse momento angustiante.”

Referência

Satya Magazine. From goat farmer to sanctuary founder. Vandersluis, Cheri-Ezell (junho de 2007).





 

Laos, um dos maiores fornecedores de animais para laboratórios

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Foto: Jo-Anne McArthur

Conhece o Laos? É um país asiático localizado na Indochina. O país é um dos maiores fornecedores do mundo de animais para laboratórios, para servirem como vítimas de vivissecção e outros testes realizados pela indústria cosmética e alimentícia, além de instituições de ensino, entre outros. Esses animais são condicionados a procriarem em fazendas, nas chamadas breeding facilities. Acredite, nenhum desses animais leva uma vida feliz.

As fotos da canadense Jo-Anne McArthur registram exatamente isso. Pense a respeito quando for comprar aquele produto que antes de chegar às suas mãos foi testado em animais. Talvez você tenha parcela de culpa pelo trauma e temor registrados em fotos como esta, já que essas criaturas jamais seriam criadas se não consumíssemos produtos testados em animais, ou endossássemos a realização de pesquisas com esses seres vivos.





Sobre o sofrimento de camundongos e macacos em experiências laboratoriais

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Camundongos e macacos são condicionados a uma vida de privação e sofrimento

Camundongos são os animais mais usados em experiências laboratoriais, e estão excluídos da maioria das leis de proteção animal. Em laboratórios por todo o mundo, milhões desses animais sociáveis, espertos e inteligentes são abusados em testes toxicológicos, em experiências que envolvem queimaduras e condicionamento psicológico e emocional.

Os camundongos estão no mesmo nível de senciência de cães e gatos. Além disso, são capazes de arriscarem suas vidas para salvarem seus companheiros. Outra informação pouco conhecida e realmente relevante é que muitos animais usados em vivissecção e outros testes são capturados em selvas, ou seja, afastados de suas famílias ainda bebês e enviados para viverem em confinamento até o momento em que são encaminhados para os laboratórios. Exemplo dessa realidade são os macacos.

Há casos em que eles são condicionados a se reproduzirem o máximo possível, assim mantendo um constante fornecimento de bebês para os laboratórios. As Filipinas lideram a exportação mundial de macacos com essa finalidade. Porém, se isso é um grande investimento nas Filipinas, isso significa que esse mercado só existe porque há pessoas dispostas a pagar por esses animais. Porém, nenhum laboratório pagaria por eles se não houvesse um mercado consumidor dos produtos testados nesses seres vivos.

Para se ter uma ideia de como essa vida nos laboratórios é terrível para os macacos, já foram registrados casos na Ásia em que esses animais foram mantidos confinados em gaiolas com seus companheiros mortos. Além disso, quando os macacos enlouquecem em decorrência da privação prolongada, há situações extremas em que eles chegam a se matar ou matam seus companheiros.

Resumindo, se usamos produtos testados em animais, estamos financiando esse mercado que tira animais de seu habitat, de suas famílias, e os condiciona a se reproduzirem e a viverem em privação. Ou seja, a sofrerem o máximo possível até morrerem.

Surpreendente também é considerarmos que estamos em 2017 e já foi comprovado que esses testes são ineficazes, principalmente porque a composição biológica desses animais difere substancialmente da nossa. Não é preciso ser nenhum cientista para perceber isso. Sendo assim, experiências com animais são pouco eficazes quando se trata de avanços no que diz respeito à saúde humana e à medicina. Além disso, há alternativas que dispensam o uso de animais vivos.

Referência

http://www.petaasia.com/news/five-things-about-animal-testing/

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