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Um criminoso à moda antiga

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Flávio Frederico conta a história do paranaense que comandou a Boca do Lixo

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Daniel de Oliveira em uma de suas melhores atuações (Foto: Reprodução)

Lançado em 2010, o filme Boca do Lixo, do cineasta Flávio Frederico, autor dos documentários Caparaó e Serra, de 2007 e 2003, conta a história do paranaense Hiroito de Moraes Joanides, o maior criminoso da Boca do Lixo. O filme segue uma ordem cronológica de eventos. Tem início na infância de Hiroito, mostrando de que forma o garoto desenvolveu um vínculo com a Boca do Lixo, no bairro da Luz, em São Paulo.

No início da juventude, o herdeiro dos Joanides já demonstrava desinteresse por uma vida normal. Preferia viver em prostíbulos, bebendo e tentando impor a ordem ao seu modo. Hiroito nunca aceitou a monogamia, e amava tanto as mulheres quanto os livros, a quem dedicava boa parte do dia.

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Hiroito vivia como um rei de perspectiva limitada (Fotos: Reprodução)

Tinha facilidade em conquistar parcerias, mas também em desfazê-las; tudo por causa da personalidade volátil que se agravou com o tempo. O rei da Boca do Lixo, como ficou conhecido, chegou a assassinar o melhor amigo quando soube que o rapaz lhe furtou uma parte dos ganhos com a prostituição e comércio de entorpecentes.

Hiroito vivia como um rei, mas de perspectiva limitada. Acreditava que por ter um delegado de polícia como cúmplice jamais seria imputado por qualquer crime. Um grande engano. A megalomania fez com que chamasse muita atenção em todo o país, inclusive tendo de retornar por um curto período para o Paraná.

Mais tarde, de volta a São Paulo, o jovem Joanides se recusa a crer na transformação da Boca do Lixo, e com apenas dois parceiros tenta retomar o comando do lugar. Além da belíssima fotografia, que parece remeter ao cinema noir, e da ação da trama, referenciada pelo gangster movie, o filme chama atenção pelo realismo e fidedignidade à obra homônima, escrita pelo próprio Hiroito.

Outro destaque é o elenco formado por Milhem Cortez, Hermila Guedes, Leandra Leal e Daniel de Oliveira que mergulha na personalidade do culto mafioso. Quem assina a inconfundível trilha sonora da obra é o produtor musical e compositor Eduardo Bid que também compôs para filmes como O Primeiro Dia, de Walter Salles Jr; Chega de Saudade e As Melhores Coisas do Mundo, de Lais Bodanzky; e Estamos Juntos, de Toni Venturi.

Curiosidade

No filme, Daniel de Oliveira teve de usar um afastador para simular orelhas de abano, além de prótese no queixo e lentes grossas que ressaltam não apenas os olhos, mas também a intrincada expressividade do personagem.