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Massacre de Srebrenica completa 23 anos este mês

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Corpos das vítimas do Massacre de Srebrenica (Foto: Reprodução)

De 11 a 22 de julho de 1995, o Exército da República Sérvia e os Chetniks, um grupo paramilitar sérvio, mataram mais de oito mil muçulmanos ao leste da Bósnia e Herzegovina. Muitas das vítimas eram crianças, adolescentes e idosos.

Esse crime em massa foi o primeiro genocídio reconhecido legalmente após o Holocausto, segundo informações do NIOD Institute for War – Holocaust and Genocide Studies. A ação foi liderada pelo general ultranacionalista Ratko Mladić que, visando uma “limpeza étnica”, ordenou que os muçulmanos do sexo masculino (de crianças a idosos) fossem localizados e executados. Tentando escapar da morte, muitos homens buscaram refúgio em um complexo da ONU.

Quem supostamente fazia a segurança no local era uma pequena tropa neerlandesa da Missão de Paz, mas eles testemunharam todos os crimes sem reagir. Além disso, o pedido de ajuda dos perseguidos foi ignorado pela ONU.

De acordo com relato de Zumra Šehomerovic, os invasores sérvios selecionaram meninas e jovens mulheres do grupo de refugiados. Todas elas foram estupradas. Os abusos sexuais muitas vezes ocorreram diante de testemunhas – inclusive dos filhos das vítimas. “Um soldado neerlandês simplesmente ligou seu walkman e circulou pelo local, ignorando o que estava acontecendo. Vi isso pessoalmente. Estava diante dos nossos olhos. Seria impossível eles não verem isso”, afirma Zumra.

Também havia uma mulher com um bebê de poucos meses. Um chetnik ordenou que a criança parasse de chorar. Como a criança continuou chorando, ele a degolou e riu. Outro soldado neerlandês assistiu tudo e não fez nada. “Vi coisas ainda mais terríveis. Havia uma garota, ela devia ter nove anos. Em um momento, recomendaram ao irmão que a estuprasse”, declara.

O garoto não fez isso e, segundo a sobrevivente, nem poderia,  já que ele era só uma criança. Então puniram o garoto o matando. Zumra testemunhou todas essas ações. “Quero enfatizar que tudo isso aconteceu ao lado da base [da ONU]. Também vi outras pessoas serem assassinadas. Algumas delas tiveram suas gargantas cortadas e outras foram decapitadas”, narra Zumra Šehomerovic.

Referências

Van Diepen Van der Kroef Advocaten. Writ of Summons: District Court, The Hague. legal-tools.org. Páginas 107–108.

http://www.cnj.it/documentazione/Srebrenica/NIOD/NIOD%20part%20IV.pdf

 

 

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Written by David Arioch

May 9th, 2017 at 12:43 pm

O velho rock fabricado no Brasil

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Made in Brazil é a banda de rock nacional mais antiga ainda em atividade

Formação do Made in Brazil que se apresentou em Paranavaí (Crédito: David Arioch)

Formação do Made in Brazil que se apresentou em Paranavaí em 2006 (Foto: David Arioch)

Riffs com a áurea essência de quem revolucionou o rock nacional, solos psicodélicos e abrasivos, letras que despertam um senso voraz de liberdade. Esses são os ingredientes que consagraram o Made in Brazil, a banda mais antiga do rock ‘n’ roll brasileiro ainda na ativa.

Ao longo de 42 anos, o “Made”, como é carinhosamente chamado pelos fãs, já passou de 130 formações diferentes. Mais de 90 músicos fizeram parte da banda que tem discípulos por todo o Brasil. O grupo paulistano nasceu da fusão politicamente correta do rythm and blues com a voracidade insurgente do rock básico e primitivo da velha escola, praticado por bandas como a britânica The Kinks.

“O Made é de uma época em que a grande mídia não encarava o rock ‘n’ roll como parte do show business. O rock naquele tempo, como hoje, em parte, ainda é mal visto”, afirma o vocalista e multi-instrumentista Oswaldo Vecchione, um dos fundadores da banda. Mesmo relegados ao ostracismo midiático, o Made in Brazil desde o princípio seguiu firme na trajetória de erguer a bandeira da contracultura musical.

“Somos a banda mais antiga de rock brasileiro ainda em atividade, e nunca nos afastamos daquele mesmo ideal de 1967. Houve muitas mudanças na banda, e por isso talvez lançamos pouco material.”, diz Vecchione, referindo-se aos 16 discos do Made in Brazil.

Segundo o vocalista, se a banda se limitasse a tocar blues, não precisariam se desdobrar para divulgar o próprio trabalho. “Uma secretaria estadual de cultura oferece um espaço oficial para quem toca blues. Algo que dificilmente acontece tratando-se de rock ou subgêneros. Isso é triste porque somos os dois lados de uma mesma moeda”, lamenta.

Banda durante apresentação no Parque de Exposições Presidente Arthur da Costa e Silva

Made in Brazil tocando no Parque de Exposições Presidente Arthur da Costa e Silva (Foto: David Arioch)

Em 2006, a banda presenteou os fãs com o álbum mais controverso da carreira. Intitulado “Massacre”, o disco seria lançado em 1977. “A censura imposta pela ditadura militar impediu o lançamento, então decidimos guardá-lo até o momento certo, quase 30 anos depois”, enfatiza Oswaldo Vecchione. No ano passado, o grupo lançou “Rock de Verdade!”, primeiro disco de músicas inéditas ao longo de quase 10 anos.

A maior parte dos fãs do Made in Brazil estão concentrados nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. No Paraná, por exemplo, a banda já tocou em praticamente todas as regiões. “Em Paranavaí, o público pode não ser muito grande, mas é fiel. Significa que a galera realmente aprova o nosso som”, avalia o membro-fundador. O estudante Bruno de Alcântara faz coro às palavras de Vecchione, inclusive se soma a dezenas de fãs que prestigiaram as duas apresentações locais do “Made” em 2006.

“Foi muito legal vê-los ao vivo. A faixa etária do público é bem diversificada. Eu, por exemplo, que tenho 23 anos, assisti os shows acompanhado do meu pai que tem mais de 50 anos e também é fã dos caras”, explica Alcântara. Atualmente o Made in Brazil tem um público médio de 300 pessoas por show, o que contrasta bem com os anos 1970, quando eram recepcionados por mais de 20 mil pessoas. “Hoje em dia, isso é esporádico”, comenta o vocalista.

Oswaldo Vecchione e Caio Durazzo

Oswaldo Vecchione e Caio Durazzo (Crédito: David Arioch)

“Em locais pequenos rola mais intimidade com o público”

O Made in Brazil, assim como qualquer banda, sempre se satisfaz quando os shows são embalados por grande número de fãs, porém o vocalista e multi-instrumentista Oswaldo Vecchione afirma que os melhores shows são os menores.

“Em locais pequenos rola mais intimidade com o público. Principalmente em teatros, que são mais intimistas. É o local ideal para acrescentar uma dose de raiva ou um tesão maior”, revela Vecchione.

Hoje em dia, os shows do “Made” duram aproximadamente duas horas e contam com clássicos de todos os discos. “Mas sem deixar de apresentar coisas novas”, garante o roqueiro old school.

O grupo sempre prezou pela formação familiar, exemplo maior é o fato da banda ser comandada por Oswaldo e o irmão Celso Vecchione, também multi-instrumentista. “Somos uma grande família e os amigos que gostam do nosso som sempre tocam ou gravam com a gente”, ressalta.

Falta apoio ao rock

Os últimos cinco discos do Made in Brazil foram produzidos e prensados de forma independente pelo vocalista e baixista Oswaldo Vecchicone, um dos fundadores da banda, e Deborah Carvalho, percussionista e backing vocals da banda, falecida em janeiro de 2009.

“O disco Fogo na Madeira Volume I teve quatro tiragens. Para uma banda independente, é extremamente raro, ainda mais em um país onde a mídia não apoia esse tipo de música”, lamenta Vecchione. A cada novo lançamento, a banda prensa pelo menos 1,5 mil discos.

Ciente das dificuldades enfrentadas por bandas de rock no Brasil, o Made in Brazil faz questão que em cada um dos shows o produtor coloque uma banda local para abrir o evento. “Temos que dar força para quem está começando. Se artistas que atingem o ápice dessem apoio as bandas novas, hoje teríamos muito mais bandas de qualidade fazendo rock ‘n’ roll. O mercado estaria mais aberto”, pondera o vocalista.

Curiosidades

O Made in Brazil foi incluído no Livro Guinness dos Recordes por ser a banda que teve o maior número de formações.

O Made in Brazil se apresentou na TV Tupi em 1967.

Em 1976, a banda participou de shows com Rita Lee e Raul Seixas no Festival de Rock de Saquarema.

Na comemoração dos 30 anos do Made in Brazil na Vila Pompeia, em São Paulo, onde nasceu a banda,  participaram Nasi, do Ira; Roger, do Ultraje a Rigor, Catalau, ex-Golpe de Estado; Pitt, do Viper; Paulão de Carvalho, do Velhas Virgens; Kid Vinil, do Verminose; Clemente, dos Inocentes; Tony Campello, da Casa das Máquinas; e João Ricardo, do Secos & Molhados.