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Um casamento atípico

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Chunzi e Changmao se casaram no Dia dos Namorados de 2012 (Foto: Yunnan Wild Animal Park)

Em 2012, no Dia dos Namorados, o Parque Provincial de Vida Selvagem de Yunnan, na cidade de Kunming, na China, realizou o casamento do carneiro Changmao com a corça (veado fêmea) Chunzi. A cerimônia teve 500 convidados que pagaram o equivalente a R$ 18 para participarem da solenidade. No enlace matrimonial, Changmao e Chunzi tiveram direito a trajes de noivos, segundo a direção do parque. O relacionamento dos dois teve início quando Chunzi lambeu os pelos de Changmao. Já sentindo-se em um relacionamento sério desde 2011, o carneiro começou a impedir que outros animais se aproximassem de sua companheira.

Saiba Mais

Http://www.china.org.cn/environment/2012-02/13/content_24624002.htm

 

Written by David Arioch

February 13th, 2016 at 9:03 pm

O sacrifício do casamento

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Moradores de Paranavaí tinham de se casar em Mandaguari

Geraldo Bruno e Guilhermina Baptista foram a Mandaguari a pé para formalizar a relação (Foto: Akmitsu Yokoyama)

Geraldo Bruno e Guilhermina Baptista foram a Mandaguari a pé para formalizar a relação (Foto: Akmitsu Yokoyama)

Geraldo Bruno e Guilhermina Baptista viviam na zona rural de Paranavaí, no Noroeste do Paraná, e decidiram se casar em 1951, após dois anos de namoro. O maior obstáculo na época era que não havia cartório de registro civil, obrigando-os a irem até Mandaguari. Apesar da distância de cem quilômetros, o casal aceitou o desafio para formalizar a relação. Saíram de mãos dadas numa madrugada de outono, antes do galo cantar, com a intenção de chegar a Mandaguari no mesmo dia. “Fomos a pé e não deu tempo de achar o cartório aberto, então dormimos numa pensão, em quartos separados, e nos casamos no dia seguinte pela manhã”, relata a pioneira Guilhermina Baptista, acrescentando que hoje quando conta aos netos pensam que é invencionice.

Geraldo e Guilhermina levaram as roupas e os sapatos do casamento dentro de uma bolsa de estopa, pois sabiam que chegariam sujos em Mandaguari. “O caminho foi bem tortuoso, mas a vontade de casar era tanta que parecia que não existia mais nada além de nós dois na estrada”, comenta Guilhermina em tom de nostalgia, esboçando um largo sorriso. Geraldo Bruno, com um olhar disperso no tempo, lembrou que viajaram de galocha porque tinha chovido dias antes e o lamaçal pelo caminho podia deixá-los descalços se percorressem todo o trajeto com calçados comuns. “Atenção era tudo porque dependendo de onde a gente pisava a lama afundava”, frisa Bruno.

A viagem foi longa e os dois não conseguiram chegar limpos a Mandaguari, mas pelo menos viajaram com roupas escuras para evitar que a sujeira ficasse mais evidente. “Quando passava algum caminhão ou jipe por perto, a gente tinha que cortar pela mata. A paisagem fazia valer a pena. Era bonita demais e tinha muitos bichos pela floresta, fora o verde que forrava o chão pra gente pisar em cima, o que deu mais segurança”, diz Guilhermina.

Cerimônia religiosa foi realizada na Capela São Sebastião (Acervo: Fundação Cultural)

O casamento no cartório de Mandaguari foi testemunhado por desconhecidos, pois naquele tempo a viagem não compensava para quem iria apenas assinar o testemunho da oficialização. Além disso, poucos tinham automóvel. Por isso, alguns casais tinham de ir a Mandaguari a pé para se casar.

Em Paranavaí, os familiares já estavam preparando a cerimônia na igreja e também a festa de casamento. “Deixamos tudo acertado. Mesmo assim a viagem demorou mais do que a gente imaginou. Levamos dois dias pra ir a Mandaguari casar e depois voltar pra Paranavaí. Na volta, a gente ficou mais feliz porque tinha dado tudo certo”, afirma Geraldo Bruno. A viagem foi muito cansativa, mas, entre sorrisos e olhares, o casal declara que seria capaz de fazer tudo de novo se ainda fossem jovens. Guilhermina confidenciou que antes do matrimônio o relacionamento se limitou a abraços não muito íntimos e carícias na mão.

“Era tudo muito diferente de hoje, havia uma relação muito forte de respeito e cumplicidade. Era bem mais gostoso porque muitas moças só se envolviam quando sabiam quais eram as intenções do rapaz. A gente também tinha certas curiosidades, mas valia a espera”, enfatiza. Quando não eram casados, de acordo com Geraldo Bruno, só saíam de casa com a autorização dos pais de Guilhermina. “Só dava pra namorar nos finais de semana e ainda assim tinha um limite, por volta das 21h, no máximo, eu tinha que levá-la pra casa. Se passasse um minuto além da conta era punido. Ficava uma semana sem ver a Guilhermina”, explica. Geraldo e Guilhermina Bruno têm mais de 80 anos e estão juntos há mais de 60.

Curiosidade

Em 1951, Paranavaí ainda era Distrito de Mandaguari. O título de município só foi assegurado em dezembro de 1952.

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O casal que mentiu para tentar casar na igreja

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Frei Ulrico Goevert descobriu a verdade e adiou o casamento

Antiga igreja São Sebastião, onde eram celebrados os casamentos nos anos 1950 (Acervo: Ordem do Carmo)

Nos anos 1950, quando alguém tentava casar sem apresentar documentação, era comum o padre pedir que os pais dos noivos ou algum outro parente fizesse um juramento. A medida visava evitar a realização de casamentos de menores de 14 anos.

Mesmo assim, sempre havia quem tentasse se casar mentindo para o vigário. Exemplo disso foi testemunhado em Paranavaí, no Noroeste do Paraná, pelo frei alemão Ulrico Goevert, da Ordem dos Carmelitas, há mais de cinquenta anos. “Uma vez, chegou até mim uma mocinha e o namorado. Queriam se casar e afirmaram que ela tinha 16 anos”, relatou frei Ulrico no seu livro “Histórias e Memórias de Paranavaí”. O padre pediu que o pai confirmasse a idade da moça sob juramento. Esperto, o sacerdote estendeu a conversa e percebeu que o pai tinha pressa na realização do casamento. “Ele queria mesmo era se livrar da filha”, frisou o frei.

O padre desconfiou que os três mentiram, pois a garota era muito franzina para uma moça de 16 anos. Empenhado em descobrir a verdade, frei Ulrico explicou ao casal e ao pai da garota que eles estavam praticando perjúrio e acrescentou que Deus os castigaria por isso. Ainda insatisfeito, chamou a atenção de todos que estavam na Igreja São Sebastião e perguntou se alguém mais, com exceção do pai, poderia confirmar a idade da noiva. “Um homem se levantou e disse que a menina tinha 13 anos e oito meses. Falou ainda que sabia onde ela nasceu”, contou o padre.

Após o testemunho, o Frei Ulrico Goevert repreendeu o pai da noiva na frente de todo mundo. O homem ficou tão envergonhado que emudeceu. Irritada com a situação, a garota se agarrou ao noivo e esbravejou: “Se o vigário não quer nos casar, vamos dormir juntos assim mesmo,” Nervoso com a situação, o padre alemão respondeu que os noivos poderiam sim dormir juntos sob o mesmo teto, mas em duas celas separadas, na cadeia. O frei ainda ameaçou denunciar o acontecido ao Juizado de Menores. Com medo, o pai chamou a atenção da filha e a levou para casa.

Frei Ulrico (de óculos): “Os noivos poderiam sim dormir juntos sob o mesmo teto, mas em duas celas separadas, na cadeia” (Acervo: Ordem do Carmo)

Dias depois, os pais do casal que vivia a cem quilômetros da Igreja São Sebastião retornaram para mostrar o registro civil de casamento em que constava que o rapaz tinha 16 anos e a moça apenas 13. “Cheios de raiva, os pais me confessaram que os filhos se violaram, então tiveram de fazer um casamento civil”, assinalou. Ainda assim, o Frei Ulrico se negou a realizar a cerimônia, pois como a moça tinha 13 anos não poderia receber o sacramento do matrimônio.

A garota completou 14 anos no dia 16 de setembro. No dia 17, os pais retornaram com o casal. Ao fim do casamento, o padre perguntou a moça como foi a lua de mel. “Ela respondeu que com o pai em casa tinha sido uma lua de fel. Nisso, acreditei”, declarou o frei.

Entre os anos de 1951 e 1958, o padre alemão Ulrico Goevert realizou 1,6 mil casamentos em Paranavaí. Do total, 90% das noivas tinham menos de 18 anos. “Com 20 anos, uma moça já era considerada uma velha senhora. Aqui era bem diferente do resto do mundo. Havia uma grande falta de mulheres”, revelou o padre. A justificativa é que como Paranavaí ainda estava em processo de colonização, muitos dos que chegavam eram homens solteiros ou recém-casados. “Daí que as moças já muito novas eram dadas em casamento”, enfatizou o vigário.

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