David Arioch – Jornalismo Cultural

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Viza, viajando através da música

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viza

Viza é uma banda de gypsy punk que vale a pena conhecer (Foto: Divulgação)

Viza é uma banda de gypgy punk dos Estados Unidos que conheci em 2013, mas não somente gyspy punk, vai muito além disso. Tanto que daqui algum tempo penso em escrever sobre o trabalho desses caras. Talvez até para poder reavaliar com mais profundidade minhas impressões e também entender como eles analisam o próprio trabalho.

Tenho os cinco discos do Viza, além de alguns EPs, e digo com tranquilidade que é o tipo de música que nunca tiro do carro. Para quem gosta de subgêneros do rock não convencional, e que flertam com a música world ou multiculturalista, é uma boa banda para se conhecer.

Suas composições nos convidam a uma viagem por todos os continentes. Eles conseguem facilmente reunir num único álbum todas as emoções humanas sintetizadas em música. Só acho uma pena que gypsy punk seja um gênero pouco difundido no Brasil, onde a diversidade musical é predominante.

Written by David Arioch

February 4th, 2016 at 10:48 pm

Fragilidade e romantismo na Europa Oriental

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Transylvania apresenta o belo retrato de uma Romênia multicultural e dispersa no tempo

Filme transmite o conceito multicultural e harmonioso do povo da Transilvânia (Foto: Reprodução)

Transylvania, do cineasta franco-argelino Tony Gatlif, é uma viagem pelo multiculturalismo da Transilvânia, na Romênia, onde os povos parecem segregados da Europa moderna. A obra de 2006 conta a história de Zingarina (Asia Argento), uma jovem italiana que vive na França e decide viajar para Ardeal, acompanhada da amiga Marie (Amira Casar) e da guia romena Luminitsa (Alexandra Baujard). Zingarina procura o músico romeno Milan Agustin (Marco Castoldi) que a engravidou antes de ser deportado da França.

Asia Argento interpreta a apaixonada italiana Zingarina (Foto: Reprodução)

A personagem principal personifica a fragilidade humana perante as incertezas da vida. Exemplo é a cena em que é rejeitada por Agustin. E mais, Zingarina é o belo retrato de uma Europa ainda romântica e perdida no tempo, onde milhares de pessoas distantes da tecnologia se comprazem com a singela troca de calor humano num cenário de muita música e dança folclórica romena. A ótima cena em que Zingarina e as duas companheiras chegam a uma taberna mal iluminada, onde dezenas de pessoas vibram ao som cadenciado de violino, viola, baixo e cimbalom, ilustra isso.

Na taberna, onde os diálogos têm caráter de entrevista, o cineasta transmite o conceito multicultural e harmonioso do povo da Transilvânia. Em um mesmo local estão romenos, székelys, alemães, sérvios, eslovacos e romas. Até mesmo Zingarina é contagiada pelo nomadismo romeno. Quando decide acompanhar o picareta nômade Tchangalo (Birol Ünel), ela adota roupas de cigana.

Em algumas cenas, quando a música cede espaço ao silêncio, as tomadas são lentas. O que predomina é um vazio, tanto espacial quanto existencial. São momentos em que Gatlif explora o paradoxo da vida. A música então representa o movimento, o progresso e a evolução. Em contraponto, o silêncio simboliza dúvida, reflexão e resignação.