David Arioch – Jornalismo Cultural

Jornalismo Cultural

Archive for the ‘NBC’ tag

As duas realidades de Mark Britten

without comments

425476_243699169054819_326823805_n

Depois de sofrer um acidente, Britten acorda e acredita que está vivendo em duas realidades distintas (Foto: Divulgação)

Em 2012, a série dramática Awake – Two Dreams, One Reality estreou nos Estados Unidos como uma grande promessa da rede NBC. Infelizmente foi mais um programa que não ultrapassou a primeira temporada, inclusive com cancelamento conturbado e final inconclusivo. Apesar disso, é uma série que vale a pena ser conhecida.

Ao longo de 13 episódios, o espectador é convidado a se aprofundar na história e no cotidiano do detetive Mark Britten (Jason Isaacs). Depois de sofrer um acidente, Britten acorda e acredita que está vivendo em duas realidades distintas. A verdade é que ele não é capaz de identificar quando está acordado ou sonhando devido ao trauma. Em uma das supostas realidades, a tragédia custou a vida de seu filho Rex. Na outra, quem está morta é sua esposa Hannah, o que o deixa mais confuso, o levando ao cume da culpabilidade e da crise existencial.

Outra surpresa é que em cada aparente realidade o detetive tem parceiros diferentes. Na história em que sua esposa faleceu, ele trabalha com o detetive Efrem Vega, um jovem com pouca experiência, mas muito sociável. Já no segmento marcado pela ausência de Rex, Mark Britten atua com Isaiah “Bird” Freeman, um detetive veterano – homem cínico e irônico. É interessante perceber logo no primeiro episódio como os mais diversos aspectos da série são permeados pela dualidade, uma constante que inunda o universo de Britten até o episódio final.

Written by David Arioch

February 2nd, 2016 at 11:01 pm

Amazing Stories

without comments

Série produziu 45 episódios entre 1985 e 1987 (Foto: Reprodução)

Baseada na HQ homônima de Hugo Gernsback, lançada em 1926, a série de ficção científica Amazing Stories é uma das melhores criações de Steven Spielberg para a TV, pois explora com beleza e magia algumas de nossas maiores fantasias e medos, independente de faixa etária.

Infelizmente, produziram apenas 45 episódios entre setembro de 1985 e abril de 1987, ano em que o contrato com a NBC foi cancelado. A série também revelou atores talentosos e ajudou a impulsionar a carreira de muitos outros. Até os anos 1990, as fitas em VHS da franquia estavam entre as mais procuradas nas locadoras, principalmente por fãs de ficção científica.

Written by David Arioch

November 16th, 2012 at 1:00 pm

Grimm cria em Portland um universo moderno de seres fantásticos

without comments

Série reúne fantasia, mistério e crimes (Foto: Reprodução)

Cada episódio da série é uma versão livre de uma história dos Irmãos Grimm

Desde a primeira temporada, acompanho a série Grimm, da NBC, e ouso dizer que é uma das produções televisivas mais intrigantes da atualidade; um mix de fantasia, mistério e crimes. Recomendo principalmente para quem na infância, adolescência ou qualquer outra fase da vida tenha lido as fábulas dos Irmãos Grimm, famosos por contos como “Chapeuzinho Vermelho”, “O Flautista de Hamelin” e “O Príncipe Sapo”, entre outros.

Na série que gira em torno do detetive Nick Burkhardt, um descendente dos Grimm, interpretado por David Giuntoli, cada episódio é uma versão livre de uma história dos alemães. A criatividade aliada a uma estética fria recria na moderna Portland, Oregon, um universo místico, onde personagens como Blutbad (Homem-Lobo Mau), Hexenbiest (Mulher-Bruxa), Jagerbar (Homem-Urso), Mellifer (Homem-Abelha), Ziegevolk (Homem-Bode), Reinigens (Homem-Rato) e Bauerschwein (Homem-Porco) assumem características tão peculiares quanto assustadoras.

Há tanta profundidade na construção do perfil físico e psicológico de cada personagem sobrenatural que nos leva até mesmo a questionar se os contos de Jacob e Wilhelm realmente eram apenas mágicas histórias infantis. Em um dos episódios, aqui cito o sexto da primeira temporada – “The Three Bad Wolves”, me surpreendi logo no início quando percebi que se tratava de uma livre releitura contemporânea do conto “Os Três Porquinhos”.

Nick Burkhardt e Monroe, personagens centrais de Grimm (Foto: Reprodução)

Dois Bauerschweins (Homem-Porco) são assassinados um ano antes por uma Blutbad (Mulher-Lobo Mau) e mais tarde surge a retaliação, pois o terceiro decide se vingar pela morte dos irmãos. A trama se desenrola a partir de uma inversão de papéis, destrói e reconstrói metáforas, anula estereótipos e se apoia na obliteração da figura do Lobo Mau diante do Porquinho.

É possível até enxergar pequenas referências aos pensadores Niccolò Machiavelli e Jean-Paul Sartre em algumas passagens. A vendetta do Bauerschwein diante do Blutbad é emblemática. Na série, o Lobo-Mau não sopra casas. Além disso, é suplantado pelo Porquinho que faz uma residência ir pelos ares sabotando o sistema de distribuição de gás. Noutra oportunidade, aniquila o inimigo com quatro tiros disparados de uma arma automática e silenciosa.

E o mais interessante de tudo é que aparentemente todos os seres da série são humanos, pois apenas os sobrenaturais se reconhecem como tais em momentos de grande carga emocional. Outros dois personagens de destaque da série são: o detetive Hank Griffin, interpretado por Russell Hornsby, parceiro de Burkhardt; e o blutbad Monroe, papel de Silas Weir Mitchell, amigo de Nick. Em suma, Grimm permite novas reflexões sobre as fábulas infantis.