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Página do Brooklyn está promovendo a alimentação vegetariana
Página oferece muitas informações para quem quer começar a seguir uma dieta vegetariana
A página do bairro nova-iorquino do Brooklyn, nos Estados Unidos, está promovendo a alimentação vegetariana. A iniciativa partiu do presidente do bairro, Eric Adams, que adotou uma alimentação livre de alimentos de origem animal depois de ser diagnosticado com diabetes tipo 2 em 2016. Segundo o New York Times, uma boa dieta vegetariana permitiu que Adams perdesse quase 14 quilos e revertesse a sua diabetes.
O presidente do Brooklyn decidiu criar uma página para divulgar mais a alimentação vegetariana. Até então, a promoção do vegetarianismo era feita por ele no “boca a boca”, dialogando com os moradores do bairro sobre a sua própria história com o vegetarianismo e o quanto pode ser positivo não se alimentar de animais
Na página Plant-Based Nutrition, do site do Brooklyn, o leitor encontra links que oferecem guias com todas as informações para quem quer começar a seguir uma dieta vegetariana. Também sugere a leitura dos livros “Como Não Morrer”, do médico Michael Greger; “O Plano Garfos em Vez de Facas”, de Alona Pulde e Matthew Lederman; e “O Programa de Reversão de Diabetes do Dr. Neal Barnard”.
Além disso, disponibiliza o endereço de lojas e restaurantes vegetarianos e veganos no bairro. Também divulga eventos veganos e sugere aplicativos para vegetarianos e veganos que queiram conhecer as opções livres de exploração animal no Brooklyn.
Queenie, a vaca que fugiu de um matadouro em Nova York
Ela escapou do Astoria Live Poultry depois de ouvir alguns animais gemendo e reconhecer o seu destino
Em 2000, Queenie, uma vaca branca e marrom, fugiu de um matadouro no Queens, em Nova York, depois de ouvir alguns animais gemendo. Quando percebeu que seria enviada para a morte, ela percorreu desesperadamente vários quarteirões da cidade, interrompendo o trânsito e chamando a atenção de motoristas e pedestres.
Para capturá-la, foram enviadas mais de uma dúzia de viaturas da polícia de Nova York e veículos do Corpo de Bombeiros. As primeiras chamadas para o 911 foram recebidas antes das 10h, mas Queenie só foi capturada uma hora depois, com a mobilização de dezenas de pessoas e o uso de uma arma tranquilizante.
A vaca que teve a sua fuga interrompida em Briarwood, um bairro de classe média de Nova York, fugiu do Astoria Live Poultry, um matadouro halal, onde os animais são executados de acordo com a lei islâmica. A sua fuga, na tentativa de garantir a própria liberdade, fez com que centenas de pessoas ligassem para o Centro de Controle e Cuidados de Animais pedindo que ajudassem a salvá-la.
A história de Queenie teve rápida repercussão, não apenas em Nova York, mas em todo o país. Os principais veículos de comunicação dos Estados Unidos, incluindo mídia impressa, TV e rádio, fizeram a divulgação. “Milhões de telespectadores viram uma vaca assustada correndo do matadouro, claramente consciente do destino que a esperava”, registrou o Farm Sanctuary, de Nova York, em seu site. Houve grande comoção e pressão sobre o Astoria Live Poultry, para que a liberassem e permitissem que a vaca passasse o resto de sua vida em liberdade.
Logo o Farm Sanctuary, em Watkins Glen, entrou em contato com o Centro de Controle e Cuidados de Animais, oferecendo um local seguro e amoroso para Queenie. Graças à pressão pública, Aladdin El-Sayed, o proprietário do matadouro, concordou em libertá-la. Aos jornais Newsday e Daily News, ele disse que, embora tenha pagado 500 dólares pela vaca, se Deus estava disposto a dar a ela uma nova vida, por que ele não concordaria? Sayed também comentou que notou algo de diferente nela.
Quando chegou ao Farm Sanctuary, Queenie saltou da carretinha em meio aos aplausos de boas-vindas da equipe do santuário de animais. Algumas vacas também a recepcionaram. Em 2001, a artista inglesa Sue Coe, que vive em Nova York desde 1972, transformou a história em uma obra intitulada “Queenie Escapes the Slaughterhouse”. A fuga de Queenie serviu para mostrar que vacas também têm emoções e sentimentos.
Referências
https://www.farmsanctuary.org/the-sanctuaries/rescued-animals/featured-past-rescues/queenie/
http://www.nydailynews.com/news/wild-chase-takes-cruise-queens-article-1.243566
http://nycitylens.com/2016/02/animal-escapes/
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O primeiro celular
O primeiro telefone celular foi criado nos EUA em 1973. Pesava um quilo e equivalia a duas fitas VHS. A invenção é do engenheiro eletrotécnico Martin Cooper que realizou a primeira ligação no centro de Nova York. Em entrevista à BBC, Cooper disse que a bateria permitia uma ligação com duração de até 20 minutos. “Era o suficiente. O aparelho era tão pesado que ninguém conseguiria segurá-lo por mais tempo”, comentou rindo.
Acesse: news.bbc.co.uk/2/hi/uk_news/2963619.stm
Solidariedade no metrô de Nova York
Num fim de tarde, Isaac Theil, 65 anos, mantém-se calmo enquanto um estranho dorme em seu ombro no metrô de Nova York. Na ocasião, os outros passageiros se ofereceram para acordar o homem ou tirá-lo de cima dele. Para surpresa geral, Theil disse apenas: “Deixe-o dormir, ele deve ter tido um dia longo. Nós todos tivemos, não é mesmo?”
Fonte: Reddit.com
O poder de identificação de Louie
Série de Louie C.K. surpreende ao mostrar um comediante como uma pessoa comum
Há três anos, eu estava procurando uma nova série de comédia e me surpreendi com o que encontrei. Quando li a sinopse pela primeira vez, admito que hesitei, até porque hoje em dia é difícil pensar logo de cara em originalidade ou criatividade quando falamos sobre sitcoms protagonizadas por comediantes de stand up. Ainda mais se você passou a adolescência assistindo séries como Seinfeld, The Cosby Show, The Bob Newhart Show, Home Improvement, Roseanne e só pra citar um exemplo até recente – Everybody Loves Raymond. São programas feitos por artistas que marcaram a história da TV norte-americana ao migrarem das casas de shows para as comédias de situação.
Fizeram a diferença, incrementaram e foram copiados até mesmo por comediantes brasileiros que só não admitem isso porque sabem que a maior parte da população brasileira desconhece esses programas. Mas voltando ao principal, a série que me chamou a atenção é Louie, sobre o estilo de vida e o cotidiano de um comediante de quem eu jamais tinha ouvido falar até 2011. Acho que passei cerca de três meses adiando até o dia de assistir ao primeiro episódio.
Me arrependi de não ter assistido antes. A abreviação do nome do comediante, Louis C.K., é uma brincadeira com o sobrenome húngaro Székely que em português significa guarda da fronteira. É uma palavra até curiosa se levar em conta que Louie, como é mais conhecido, é um estadunidense de origem mexicana com um sobrenome magyar. Além de protagonizar a série lançada em 2010, C.K. é o criador, roteirista e diretor desse programa que se tornou uma das melhores aquisições do canal FX dos últimos anos.
Quando comecei a assistir a primeira temporada da série em 2011, um ano após o lançamento, o primeiro elemento que me chamou a atenção foi a estrutura de obra audiovisual independente e intimista. É interessante ver uma abertura de série em que o protagonista passa despercebido pelas ruas de Nova York, a meca do stand up comedy, em direção a uma pequena casa de shows, um ambiente que moldou e transformou Louie em quem ele é hoje.
O programa foge da glamourização e realça fatos pouco conhecidos sobre o vasto universo do stand up comedy nos Estados Unidos. Usa a ironia para instigar risos e reflexões sobre uma parcela da realidade do universo do entretenimento norte-americano. Na série, Louie não é celebrado como um comediante de sucesso. Muito pelo contrário. Também é um sujeito reservado e bem solitário quando não está acompanhado das duas filhas.
Há situações em que nem mesmo é respeitado. Por um lado, é uma forma de entrar em concordância com uma proposta peculiar de humor negro e satirização. Por outro, evidencia com certa pessoalidade as dificuldades vividas por centenas de comediantes que apenas lutam para se manter na ativa, sobreviver e garantir o sustento familiar.
S.K. é alvo das suas próprias piadas e das casualidades do cotidiano. Exemplos são os momentos em que é sacaneado por adolescentes e até por prestadores de serviços do prédio onde mora. Quem assiste Louie, percebe que o humor e o riso estão acima de tudo; são prioritários. Se necessário, o autor é capaz de desconstruir a própria imagem para surpreender o público, até porque o ser humano, independente de qualquer coisa, é suscetível à metamorfose. No programa, Louie C.K. se coloca numa posição de homem comum que simplesmente tem como diferencial o fato de ter escolhido trabalhar com a comédia. Tanto que assim como em qualquer profissão vive situações em que é enganado e passado para trás pelas pessoas com quem se relaciona, inclusive colegas de trabalho.
Logo na primeira temporada, Louie brinca que trilhou esse caminho porque provavelmente não saberia fazer outra coisa da vida. A hipocrisia é um tema recorrente nas piadas do comediante e agrada porque não recai na obviedade. Quando decide ser mais crítico e ácido, se volta para as consequências do capitalismo, hipermodernidade, excessos de urbanização, fobias sociais, paroxismos, estereótipos, falhas do american way of life, xenofobia e preconceito contra imigrantes e minorias étnicas. Aborda com criatividade singular a indiferença, apatia, ausência de sensibilidade e de solidariedade.
Em menos de 23 minutos, e ao melhor estilo single-camera, Louie consegue fazer o espectador viajar por situações corriqueiras e insólitas que o fazem rir e refletir sobre as mais simples e imprevisíveis razões. Em uma das cenas de um episódio, o protagonista brinca com a inevitabilidade de envelhecer ao citar um aniversário em que confundiu a própria idade. Em outra, explora uma situação de intimidade com uma garota que tinha fetiche por homens velhos. Para o comediante, não há matéria-prima mais rica do que a própria condição existencial e as experiências do cotidiano.
Na série, o ato de fazer piada de si mesmo não tem uma conotação pejorativa, desrespeitosa ou apelativa. Na realidade, revela uma certa maturidade e até capacidade de aceitação. Quem o faz com sabedoria demonstra autoconhecimento e mais flexibilidade para encarar as dificuldades cotidianas, principalmente se tratando de relações sociais, sejam casuais ou não.
Até uma desconfortável dor nas costas entra para o script de uma cena em que a realidade flerta com o seu potencial inventivo. A situação faz rir porque explora uma perspectiva fantasiosa de um diálogo entre médico e paciente. Na ocasião, o comediante busca amenizar o seu problema. Em vez de apresentar uma solução plausível, o médico diz que o jeito é Louie começar a se locomover na horizontal, já que o homem não foi feito para andar em pé. Cenas como essa fazem parte de uma proposta de humor surreal, baseado na imprevisibilidade. A intenção é subverter as expectativas do público.
Outro exemplo pode ser visto nos minutos iniciais de Back, o primeiro episódio da quarta temporada, iniciada no dia 5 de maio, em que garis passam em frente ao prédio do comediante recolhendo o lixo. Louie não consegue dormir com o barulho. Para piorar, o nível de desconforto sofre uma gradação acelerada. Assim o autor e protagonista explora uma situação de identificação. Ou seja, qualquer espectador já deve ter vivido um momento em que queria dormir, mas o barulho nas imediações era tão incômodo que se tornava cada vez mais extenuante com o passar do tempo.
Louie usa o humor surreal como intensificador. Logo os lixeiros começam a arremessar as latas de lixo e também a batê-las no chão. Quando o espectador pensa que aquele é o ápice da cena, ele é surpreendido de novo. Dessa vez, com a imagem dos garis chutando a janela do comediante, que não fica nos andares mais baixos do edifício, recolhendo objetos do seu quarto, batendo lata e pulando em sua cama. A ideia é materializar a sensação de perturbação através do surrealismo. Afinal, quem nunca pensou em algo como: “Putz, que barulheira! Parece até que estão aqui no quarto comigo!”
A graça está no fato de que Louie C.K. não se coloca numa posição de comediante de aceitação universal, o que deixa tudo mais engraçado. No episódio Model, da quarta temporada, ele é convidado por Jerry Seinfeld, que também aparece na terceira temporada, para fazer uma breve apresentação em um evento beneficente. Em vez de tentar agradar a um público formado por multimilionários, ele faz piada deles, arrancando risos apenas de uma mulher da plateia. Surge uma situação tão desconfortável quanto cômica.
Louie é tão leve quanto denso, reflexo da sua formação heterogênea como um comediante que além de voyeurista por natureza não esconde suas influências que incluem George Carlin, Richard Pryor, Bill Cosby, Steve Martin, Robert Downey e Jerry Seinfeld. Como a maior riqueza do programa são os diálogos, fica impossível não notar as referências a Woody Allen, o que também se estende à qualidade estética minimalista e trilha sonora, já que tanto o cineasta quanto o comediante partilham do mesmo amor pelo jazz, um recurso que reforça o simbolismo nova-iorquino.
Um retrato da solidão de Travis Bickle
Quando o homem não se sente parte de lugar algum
Lançado em 1976 pelo cineasta estadunidense Martin Scorsese, o filme Taxi Driver, de estética noir, é um retrato da solidão de um taxista inapto a conviver com problemas sociais que se tornaram triviais nos grandes centros urbanos.
A história gira em torno de Travis Bickle (Robert de Niro), um taxista misantropo que em função da insônia troca o dia pela noite. O protagonista seria apenas mais uma pessoa trabalhando na madrugada metropolitana, se não fosse pelo fato de começar a rejeitar o papel de sujeito passivo em um mundo que o ignora e o repele.
Nas primeiras noites de trabalho, Travis assiste, sob o auxílio dos faróis do táxi, que iluminam e saturam a obscura e underground realidade periférica yankee, o cotidiano de cafetões, prostitutas, traficantes e usuários de drogas; sujeitos sociais que o personagem deprecia amargamente, chegando a desejá-los mortos. A ojeriza cresce, assumindo um formato perturbador, quando o protagonista conhece Iris (Jodie Foster), uma garota de 12 anos que se submete ao cafetão Sport (Harvey Keitel).
O contraponto no contexto é Betsy (Cybill Shepherd), funcionária de um candidato ao senado, a quem o taxista atende ocasionalmente, despertando em Travis um sôfrego e inédito interesse pela essência humana. A personagem feminina encontra a complacência da solidão na excêntrica e complexa personalidade do taxista. Os dois são ostracistas, mas enquanto Travis está em estado avançado de deterioração psicológica e incoerência social, Betsy arquiteta para si um mundo que, mesmo fosco, ainda é digno de maleabilidade.
Travis é uma consequência do mundo moderno, alguém que empurrado para a individualidade sucumbiu antes mesmo de morrer. Mas no decorrer da história sente-se ressuscitado ao descobrir, mesmo tardiamente, que existe diferença entre assistir a vida como um medíocre espectador e realmente vivê-la.
O personagem, bastante fragilizado carrega na alma as falhas da incomunicabilidade. Exemplo é a cena em que convida Betsy para ir ao cinema. Quando os dois chegam ao local, ela o abandona ao se deparar com um filme pornô. Alheio à socialização, Travis aparece em muitos momentos monologando em frente ao espelho, hábito cada vez mais moderno, individualista e antagônico à realidade de viver em um mundo cada vez mais populoso.
Do início ao fim do filme, sob um prisma estético, o cenário urbano transmite a contumácia do realismo e sofre uma profunda abstenção de cores. Também é chocante o aspecto físico do personagem que pela gradativa implosão de emoções – reflexo de anseios, privações e frustrações, parece sofrer de uma particular metamorfose kafkiana.
A moralidade de Travis Bickle é um elemento intrigante e confuso. Ao mesmo tempo que o protagonista age de forma cesarista e discricionária, ele se sente atraído pelos personagens do submundo. Ainda assim, é imperativo o desejo onírico de limpar a área e restabelecer a ordem. Cabe ao espectador interpretar a intenção dessa motivação.
Saboteur e o antinazismo de Hitchcock
Um filme-propaganda lançado pelo mestre do suspense em 1942
O thriller Saboteur (Sabotador) é um filme do mestre do suspense Alfred Hitchcock. Ele soube muito bem aproveitar a Segunda Guerra Mundial para criar uma obra que ressalta a antipatia aos nazistas e a exaltação aos norte-americanos. Lançada em 1942, a película é a reação do cineasta inglês de 42 anos que, como não podia ir para o campo de batalha por diversos fatores, decidiu usar o cinema como ferramenta de combate.
A obra conta a história do operário Barry Kane (Robert Cummings) que testemunha o bombardeamento da fábrica de aviões onde trabalha. Na explosão, o melhor amigo do protagonista morre e Barry é injustamente acusado pelo crime. Na tentativa de provar a inocência, Kane inicia uma busca pelo verdadeiro criminoso. Durante a jornada, conhece a bela e desconfiada Pat (Priscilla Lane) que ameaça denunciá-lo, mas depois muda de ideia.
O filme tem um forte caráter de propaganda, além de uma abordagem, por vezes, maniqueísta. Como é ambientado nos Estados Unidos de 1942 aproveita por explorar a rejeição aos nazistas e exalta tendenciosamente as qualidades dos norte-americanos. Há uma supervalorização ficcional que se alinha ao idealismo e se distancia do realismo. Um grande exemplo é a exagerada solidariedade recebida por Barry enquanto viaja pelo país.
Em Nova York, a cena mais eletrizante acontece no topo da Estátua da Liberdade, quando o operário confronta o sabotador. É sempre destacável a maneira como o cineasta manipula luzes e sombras para despertar dúvida, apreensão e expectativa, além de outras emoções e pensamentos.
Com preciosismo e rigor técnico, Alfred Hitchcock conseguiu transmitir o ideal estadunidense da época; o triunfo hollywoodiano como prelúdio do fim da guerra. Embora não menos importante, a obra é uma das produções mais subestimadas do cineasta, até pelo caráter propagandístico que tornou o filme muito popular nos Estados Unidos e Inglaterra, mas nem tanto em outros países.
Bodybuilding: a subjetividade de modelar o corpo como um artista
O homem se confrontando e antagonizando a realidade moderna
Bodybuilding é arte e estilo de vida. Interpreto como prática antagônica à realidade moderna; estimula o homem a confrontar a condição física (algo anormal na sociedade do comodismo) e em estado de profundidade que leva à introspecção e uma peculiar forma de autoconhecimento. Exige exímia acuidade mental porque a informação é a chave para se obter resultados.
Trata-se do homem superando seus limites físicos e psicológicos. É preciso lidar com a dor diariamente para ir além. Com ela, se estabelece uma relação de amor e ódio. Até a cólera torna-se combustível da intensidade no contexto em que a frieza do ferro canaliza toda a negatividade liberada pelo corpo durante a musculação. Não é à toa que quem treina pesado costuma deixar o ginásio totalmente exaurido e relaxado, embora em catarse.
No bodybuilding se desperta a capacidade de construir e modelar o próprio corpo como um artista. É uma arte subjetiva, de limitada valorização – não se enquadra em conceitos de abrangência massiva. Só quem realmente gosta do treinamento com pesos capta a essência. Como escultor, o bodybuilder escolheu uma das artes mais difíceis. São necessários anos e anos para alcançar a excelência, além de um bom conhecimento adquirido como autodidata ou por meio de cursos e assessoria.
Em algumas correntes artísticas há obras que são criadas em curto prazo. Isto não existe no bodybuilding porque a matéria-prima não é meramente estática, não é exata. Além das peculiaridades genéticas, perpassa pela volatilidade das questões fenotípicas e somatotípicas. É uma arte que surge sob três conceitos estéticos: volume, simetria e definição. Na minha análise, há princípios semelhantes que encontramos em períodos da cultura barroca. Claro, com um basilar e distinto critério, já que nos tempos da contrarreforma se exaltava a opulência.
O bodybuilding parte de uma premissa de estilo de vida estoico. Por isso é estrito e amado por uma minoria. Inclusive como exemplo de rigor é justo citar a alimentação regrada que não permite falhas regulares, além do ato de dormir cedo que exige abdicação das madraceadas noturnas, entre outras exigências disciplinares. Não se trata do homem preocupado em superar outrem. É preciso vencer a si mesmo, ter o próprio ser como um obstáculo referencial.
Em parte, o que impede a aceitação do bodybuilding é a desinformação midiática de grandes veículos que fazem o possível para marginalizar uma atividade nada superficial. A prática contribui muito para o desenvolvimento pessoal e promove a inclusão social. A questão mais importante na atualidade não é a apreciação do bodybuilding, mas sim o respeito. Hoje em dia, é fácil obter boas informações por meio da internet e sem precisar pagar nada. No entanto, cabe a cada um o interesse de buscá-la. Aprender é sempre importante, até mesmo sobre aquilo que desgostamos, pois não há crítica sem sustentação, já se preconizava na Grécia Antiga.
Copper e o contraste social da Nova York de 1870
Copper é uma série de mistério, a primeira produzida pela BBC America, sobre um introspectivo policial de origem irlandesa que patrulha as ruas de Nova Iorque em 1870.
O protagonista, Kevin Corcoran, interpretado pelo inglês Tom Weston-Jones, testemunhou situações nos campos de batalha da Guerra da Secessão que prefere não revelar. Na série, o policial vive um determinado dilema até o momento em que encontra a esposa desaparecida e descobre o verdadeiro motivo da morte da filha.
Muito interessante a forma como Copper apresenta o contraste social dos ricos moradores da Fifth Avenue e a classe operária do Harlem. A série tem um caráter histórico bem peculiar também, pois mostra como os afro-americanos migraram para Nova York, após deixarem as comunidades rurais.
A genialidade do Cego Tom
Thomas Bethune compôs mais de sete mil músicas
Thomas Bethune, mais conhecido como Cego Tom, nasceu em 25 de maio de 1849, no auge da escravidão nos EUA. Filho de Domingo Wiggens e Charity Greens, um casal que sofria de deficiência visual e mental, Tom foi considerado inútil por seu mestre branco, o coronel James Bethune, de Columbus, na Georgia. Por isso lhe autorizaram a permanecer com a mãe, uma empregada doméstica que trabalhava na casa principal da fazenda.
Ainda pequeno, Thomas se sentiu atraído pelos sons de piano em um salão onde os sete filhos do coronel estudavam música e canto. Com cinco anos, o garoto que sofria de cegueira já reproduzia com facilidade as sequências de acordes que ouvia no piano. No ano seguinte, aprendeu a improvisar e compor. Reconhecido pela genialidade, era capaz de reproduzir qualquer composição, nota por nota, depois de ouvi-la apenas uma vez. À época, o professor de música dos filhos de Bethune disse que as habilidades do garoto estavam muito além da compreensão. Quando soube disso, o coronel decidiu explorar o jovem prodígio.
Em 1858, afastou o garoto da família e contratou um promotor de shows que o levou para realizar quatro concertos por dia em centenas de cidades. Thomas tocou até na Casa Branca para o presidente estadunidense James Buchanan que o definiu como “um grande pianista cujas habilidades superaram Mozart”. Em janeiro de 1861, Tom e o empresário retornaram à Georgia, onde todo o dinheiro arrecadado em cada um dos eventos que o garoto tocou foi usado para financiar a causa confederada durante a Guerra da Secessão. Uma das composições mais famosas do pianista é a “Batalha de Manassas”, baseada em relatos sobre a Guerra Civil. Por muito tempo, a música marcada por um enfático aumento gradual de volume foi uma das composições mais ouvidas no Sul dos EUA.
Ao final da guerra, James Bethune assinou um contrato com os pais de Tom, se comprometendo a repassar 500 dólares por ano, além de oferecer comida e abrigo ao garoto até os 21 anos. Enquanto isso, Bethune guardou para si a fortuna conquistada com a genialidade de Thomas. Através de manobras legais, conseguiu se tornar o tutor legal do rapaz, o que facilitou levá-lo para se apresentar por toda a Europa, além do Canadá e América do Sul.
Embora fosse enganado pelo coronel, o prestígio de Tom chegou a ponto do escritor Mark Twain cantar em sua homenagem. Thomas Bethune foi ainda mais longe e dominou instrumentos como corneta, trompa e flauta, chegando a um repertório autoral de mais de sete mil músicas. Tom, que recebeu pouco dinheiro pelas suas obras e concertos, passou os últimos dias de vida em reclusão, tocando piano em Hoboken, Nova Jersey, onde morreu em 3 de junho de 1908. Quem visitar o Brooklyn, em Nova York, pode localizar o seu túmulo no Cemitério de Evergreen.
Referência: Livro Crossroads of Conflict.