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Bukowski, um velho safado apaixonado por gatos
“Eles farão você se sentir melhor. Eles sabem tudo sobre a vida, tal como ela é”
Nos últimos anos, vi diversas fotos do escritor estadunidense Charles Bukowski segurando gatos ou rodeado por eles enquanto trabalhava. No entanto, foi somente no início de 2016 que tive certeza do quanto o mais famoso dirty old man da história da literatura norte-americana era apaixonado por gatos.
A confirmação veio com o lançamento da obra póstuma On Cats, um livro de 128 páginas, publicado nos Estados Unidos pela Editora Ecco Press em dezembro de 2015, que reúne as mais profundas impressões poéticas e reflexões de Bukowski sobre gatos e o mundo dos felinos.
Uma perspectiva áspera e transversalmente bucólica e terna sobre a relação entre humanos e gatos é o que os leitores vão encontrar no livro. Para Charles Bukowski, nenhum outro animal é tão inescrutável quanto um gato com sua essência elementar e augusta. Forças únicas da natureza, emissários evasivos da beleza do amor, interpretava o último escritor maldito da literatura norte-americana.
É justo dizer que On Cats é uma viagem pela resistência e resiliência felina; uma obra que apresenta os gatos como combatentes, caçadores e sobreviventes divididos entre o temor e o respeito. Os felinos de Bukowski eram ferozes e exigentes, chegando a se esfregarem, ensandecidos, por suas páginas datilografadas. Não se importavam em acordá-lo roçando garras em seu rosto e isso era mais um alento do que um quezilento. Também eram afetuosos, maviosos e muitas vezes o ajudaram a reencontrar inspiração.
O jornalista e biógrafo britânico Howard Sounes, estudioso do trabalho do escritor estadunidense, revela que Charles Bukowski ficou mais emotivo na velhice. “Os gatos realmente foram os únicos que conseguiram torná-lo um homem sentimental. Quando ele conseguiu um bom dinheiro, começou a levar uma vida suburbana com sua esposa Linda Lee e um monte de gatos”, confidenciou.
Segundo Bukowski, gatos são inigualáveis porque respondem somente a si mesmos, seres sui generis que não se deixam levar. Cômico e enternecedor, pungente e isento de pieguices, o livro é um retrato iluminado sobre a perspectiva do homem que considerava seus gatos como seus grandes professores nos seus últimos anos. O que também justifica porque o escritor dizia tanto que na próxima vida não queria ser nada além de um gato.
“Eu poderia dormir por 20 horas, ficar sentado e lamber minha própria bunda, esperando para ser alimentado. A verdade é que é sempre bom ter um bando de gatos ao meu redor”, repetia Bukowski à exaustão até o dia 9 de março de 1994, quando faleceu aos 73 anos, deixando um legado de seis romances, mais de 50 coleções de poemas e muitos contos e crônicas.
“Quando estiver se sentindo mal, observe os gatos. Eles farão você se sentir melhor. Eles sabem tudo sobre a vida, tal como ela é. Eles apenas sabem, são salvadores. Quanto mais gatos você tem, mais você vive. Se você tiver uma centena de gatos, acredite, você vai viver dez vezes mais do que se tivesse dez. Algum dia as pessoas vão descobrir isso e teremos um mundo com pessoas criando milhares de gatos. Elas viverão para sempre e isso será ridículo”, escreveu, sem deixar de satirizar, uma de suas características mais proeminentes.
Saiba Mais
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