David Arioch – Jornalismo Cultural

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Lindolfo Collor e a Revolução de 1930

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Lindolfo Collor poderia ter lucrado muito explorando as terras de Paranavaí (Foto: Reprodução)

O gaúcho Lindolfo Boeckel Collor, avô de Fernando Collor de Mello, foi um político de distinta envergadura moral, participante da Revolução de 1930, evento que teve consequências drásticas para Paranavaí, então Vila Montoya, no Noroeste do Paraná.

Em 1930, toda a população de Montoya teve de partir porque a concessão de terras da região concedida à Companhia Braviaco foi revogada. O empresário e jornalista baiano Geraldo Rocha, proprietário do Jornal A Noite, sediado no Rio de Janeiro, e seu amigo e sócio Landulpho Alves, um homem que mais tarde teria importância fundamental na criação da Petrobrás, apoiaram Júlio Prestes.

Então veio a represália, e a região pagou o preço graças ao Governo Provisório de Getúlio Vargas. Lindolfo Collor recebeu das mãos do presidente Vargas um documento que permitia a exploração de toda a nossa região um dia chamada de Fazenda Ivaí.

Boeckel Collor poderia ter lucrado muito explorando Paranavaí, assim como outros políticos fizeram, já que naquele tempo a ex-Vila Montoya somava uma área imensa, chegando a fronteira com Mato Grosso, atual Mato Grosso do Sul, e São Paulo. Porém, idealista como era, teve um sério conflito com Getúlio Vargas e abriu mão do cargo no alto escalão do Governo Provisório.

Lutou pela deposição de Vargas, mas, assim como outros, foi enganado pelo próprio amigo e interventor gaúcho Flores da Cunha que se aliou ao Governo Getuliano. Em 1931, traído e vivendo na Riviera Argentina com alguns companheiros, Lindolfo Boeckel narrou toda a conspiração em uma publicação que em 15 de outubro de 1932 ganhou as ruas sob o título de “Manifesto ao Rio Grande do Sul, a São Paulo e à Nação”.

Um artista dos bastidores

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Adauto Soares, do alto se sua cabine é sempre uma extensão de quem está no palco

Soares é o responsável técnico pelo Teatro Altino Costa

Há oito anos, Adauto Soares é o responsável pelo Teatro Municipal Dr. Altino Afonso Costa, de Paranavaí, no Noroeste do Paraná, onde atua como iluminador, técnico de som, cenógrafo e maquinista. É um artista dos bastidores que leva mais vida aos espetáculos por meio de cenários, luzes e sons que manipula para transmitir sensações e sentimentos. “Tenho que me atentar ao figurino de quem está no palco. Preciso escolher a iluminação certa para transmitir a essência de um momento”, explica Soares que do alto de sua cabine é sempre uma extensão de quem está no palco.

Não é à toa que quando surge algum imprevisto ou problema na montagem de um espetáculo, Adauto é a pessoa mais procurada para resolvê-lo. Nem poderia ser diferente, pois é o único profissional da região de Paranavaí que tem o DRT, registro profissional, de todas as funções que exerce concedido pelo Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões (Sated) do Paraná. Admirador e aluno de Jorginho de Carvalho, considerado o maior iluminador do Brasil, conhecido como “O Velho da Luz”, Soares gosta da liberdade de criação, de surpreender o público e de brincar com cores quentes e frias. “Quando o diretor de um espetáculo deixa tudo por minha conta é mais fácil, faço a minha maneira. Quando ele vem com a ideia pronta é mais complicado”, comenta e acrescenta que a criação é a parte da produção que exige mais tempo.

Todo ano, Adauto participa da realização de dezenas de eventos. Já assinou a iluminação e parceria conjunta na criação de cenários de vários espetáculos de dança. “Além do Festival de Música e Poesia de Paranavaí (Femup), as apresentações de dança são as que mais me dão liberdade. Sempre digo que meu trabalho é criar a moldura no quadro do artista, deixar algo mais bonito”, declara o profissional que recebeu três excelentes propostas de trabalho, mas recusou porque prefere continuar morando em Paranavaí.

Adauto Soares também cita como referência a iluminadora Nadja Naira e a cenógrafa Isabele Bittencourt, e se recorda que foi introduzido ao universo das artes quando na adolescência morava em Curitiba. “Tinha um amigo que era relações públicas da Petrobrás e sempre conseguia ingressos para os melhores espetáculos, então a gente não perdia um, fosse de música ou teatro. Assistia peças com o Matheus Nachtergaele, Giulia Gam, Wagner Moura, Luís Melo e muitos outros”, exemplifica.

Em cada apresentação, enquanto a maioria prestava atenção aos artistas, Adauto ia além, ficava maravilhado com os detalhes cenográficos. Ainda em Curitiba, assistiu a interpretação de “Morte e Vida Severina”, do Teatro Estudantil de Paranavaí (TEP). Anos depois, retornou a Paranavaí para dar continuidade aos estudos. Em 2003, ingressou no Grupo Tasp, do Sesc, atuando na peça “Quando as Máquinas Param”, de Plínio Marcos. “Gostava de dar palpites e logo decidi não interpretar. Percebi que gostava mais dos bastidores”, admite.