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Caninus, a história de uma banda vegana liderada por pit bulls
Proposta era conscientizar sobre vegetarianismo, veganismo e adoção de cães abandonados
Fundada em 2003, a banda nova-iorquina de grindcore Caninus, que chegou definitivamente ao fim no início de 2016, conquistou muita popularidade ao longo dos anos por ter duas cadelas da raça pit bull terrier como vocalistas – Basil e Budgie. Com uma proposta de promover o vegetarianismo, veganismo, a importância da adoção de cães abandonados e a conscientização em torno da desinformação sobre os pit bulls, a banda surgiu por iniciativa do guitarrista Justin Brannan e da guitarrista Rachel Rosen, da banda de Metalcore Most Precious Blood, que são ativistas dos direitos animais.
“As duas cadelas eram muito vocais, sempre brincávamos com elas, e elas possuíam rosnados excelentes. Crescemos ouvindo Cannibal Corpse, Napalm Death e Terrorizer [bandas de metal extremo], então achamos que seria engraçado fazer um som com elas rosnando sobre a música”, conta Brannan.
O que começou como uma brincadeira que entraria como bônus em um CD do Most Precious Blood, se tornou algo mais sério. Eles receberam propostas para gravar alguns discos, sem qualquer compromisso, e aceitaram. “O Caninus surgiu com uma mensagem bem direcionada – direitos animais, vegetarianismo, veganismo e adoção de animais. Nosso propósito maior era esse, até porque Budgie e Basil foram adotadas, eram cães resgatados por nós”, garante o guitarrista.
A princípio, muita gente achou que o Caninus era uma sátira às bandas de grindcore e brutal death metal, porém Justin e Rachel fazem questão de deixar bem claro que isso não era verdade. “Todas as bandas de death metal têm caras que tentam soar como animais, e percebemos que poderíamos dar isso a eles da forma mais verdadeira possível. Somos fãs desses estilos. Não fazemos piadas disso. Foi tudo uma boa diversão. E os cães eram as estrelas. Somos os anônimos, seres humanos descartáveis”, esclareceu Brannan.
Até 2011, o grupo lançou o álbum “Now the Animals Have a Voice”, de 2004, um split com o projeto Hatebeak – que tem como vocalista um papagaio do congo chamado Waldo, e outro split com a banda também vegana Cattle Decapitation, os dois em 2005 e lançados pela War Torn Records. Entre as músicas mais conhecidas do Caninus estão “Brindle Brickheads (Unprecedent Ferocity)”, “No Dogs, No Masters”, “Fear of Dogs (Religious Myths)”, “Human Rawhide”, “Bite the Hand That Breeds You”, “Locking Jaws” e “Fuck The American Kennel Club”.
Esta última é uma crítica ao American Kennel Club, um dos maiores clubes de registro de genealogias de cães dos Estados Unidos, que realiza um trabalho que vai contra tudo aquilo que o Caninus defende, já que a banda entende que esse tipo de entidade só existe porque há pessoas criando animais de raças que são visadas comercialmente, assim estimulando a venda de cães como produtos e inviabilizando a adoção de animais abandonados.
“As canções dizem respeito a questões que os pit bulls enfrentam hoje. É a raça mais mal compreendida e abusada lá fora”, acrescentou Brannan. Entre os bateristas que participaram do Caninus, um dos grandes colaboradores foi Colin Thundercurry. Em 2008, o baterista Richard Christy, que tocou com importantes bandas de metal como Death, Control Denied e Iced Earth participou de algumas músicas do Caninus.
Todo o processo de gravação da banda só foi colocado em prática com os cães bem à vontade, e livres para serem eles mesmos. Justamente para não condicioná-los, Justin Brannan e Rachel Rosen optaram por não fazer shows.
Mesmo assim, o trabalho do Caninus foi longe, e teve um retorno tão positivo e inesperado para os músicos que até celebridades como as atrizes Susan Sarandon e Bernadette Peters declararam o seu amor pela banda e pela proposta de conscientização sobre os direitos animais.
Infelizmente, em 5 de janeiro de 2011, Basil faleceu aos dez anos, e sua morte se tornou notícia em diversos sites especializados em heavy metal. O Metal Sucks, um dos mais populares, publicou um texto em que declarou: “Sabemos como os animais podem tocar a vida das pessoas e sentimos sinceramente ao saber da passagem de Basil, R.I.P., nossas condolências a Justin e Rachel.”
O Caninus ainda realizou alguns registros ocasionais, inclusive assumiu o compromisso de lançar um novo disco em 2016, mais uma vez sem finalidade comercial, porém, a vocalista Budgie faleceu em 3 de janeiro de 2016, aos 16 anos, assim marcando o fim definitivo da banda. Em homenagem à ela, Justin e Rachel publicaram um texto emocionado:
É com grande tristeza que devemos transmitir esta mensagem:
Budgie, a fundadora e único membro original do Caninus, faleceu. Ela tinha 16 anos. Originalmente chamada Shelby, depois de ter sido atirada de um Mustang e deixada para morrer com uma pesada corrente ao redor do seu pescoço, ela foi adotada por Belle [Rachel] and Sudz [Justin], do North Hempstead Animal Shelter, e renomeada Budgie. Ela ganhou uma nova vida no Brooklyn no verão de 2000.
Budgie era muito parecida com o Lemmy [Kilmister]. Desde o primeiro dia, ela viveu sua vida baseada em suas próprias regras. Era uma apaixonada e tinha o coração de um campeão. Eles dizem que os cães nos ensinam tudo que precisamos saber sobre a vida sem dizer uma palavra – esta era Budgie. Há alguns meses, Budgie gravou vocais para o lançamento do último trabalho do Caninus, que deve ver a luz do dia em breve.
Todos nós fomos sortudos por tê-la conosco pelo tempo que foi possível. Ela tocou muitas vidas, lambeu muitos rostos, empurrou muitas pessoas para fora da cama, roubou muitas fatias de pizza, comeu muitos burritos e, mais importante, inspirou muita gente a adotar animais de abrigos em vez de comprá-los em pet shops ou de vendedores online.
Saiba Mais
Antes do surgimento do Caninus, Justin Brannan e Rachel Rosen já realizavam trabalho voluntário no North Hempstead Animal Shelter, uma das entidades mais respeitadas no resgate de animais abandonados em Nova York.
No site do Caninus, eles divulgavam produtos livres de crueldade contra animais e também dicas para veganos e para quem tinha interesse em aderir ao veganismo, além de informações sobre doações e resgate de animais.
Referências
http://www.metalinsider.net/in-memoriam/r-i-p-budgie-pit-bull-and-caninus-vocalist
http://www.mtv.com/news/1525305/for-those-about-to-squawk-metal-bands-with-non-human-singers/
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Correndo com o Pantera
Saí da academia, passei em casa, peguei o Pantera e fomos correr. Na volta, cansado, ele deitou na grama e não quis levantar. Esperei um pouco e acabei o carregando. Andei com o pit bull nos braços por mais de dois quilômetros antes de colocá-lo no chão. Até uma viatura da polícia parou para assistir a cena. Quando o Pantera percebeu que tenho força para carregá-lo, deitou de novo no chão e não quis mais saber de levantar. Acabei trazendo ele até na esquina de casa. Enfim, era para eu treinar só peito e abdômen hoje. Acabei treinando braços também.
O cão que foi promovido a sargento
Stubby participou de 17 batalhas na Primeira Guerra Mundial
O estadunidense Stubby, nascido em 1916 e falecido em 16 de março de 1926, foi o cão de guerra mais condecorado na Primeira Guerra Mundial, inclusive o único promovido a sargento. Encontrado no campus da Universidade Yale em 1917 pelo soldado John Robert Conroy, Stubby era de raça desconhecida. Alguns diziam que era uma mistura de Boston Terrier e Pit Bull. Já outras fontes afirmavam que era um puro Olde Boston Bulldog.
Em seu obituário consta “Bull Dog”, o que nos EUA significava o mesmo que Bull Terrier Americano ou Pit Bull Terrier. Quando a unidade de Conroy foi enviada à França, Stubby foi junto a bordo do navio SS Minnesota. O cão serviu na Infantaria 102, Divisão Yankee 26, nas trincheiras francesas ao longo de 18 meses. Participou de quatro ofensivas e 17 batalhas. Entrou em combate pela primeira vez no dia 5 de fevereiro de 1918 em Chemin des Dames, ao norte de Soissons. Por mais de um mês, esteve sob fogo constante, dia e noite. Stubby foi atingido pela primeira vez em abril de 1918, quando estilhaços de uma granada arremessada pelos alemães lhe feriram o antebraço.
Assim que se recuperou, voltou às trincheiras. Stubby aprendeu a avisar as unidades de ataque sobre a presença de gás venenoso, além de localizar soldados feridos nas terras de ninguém. Ouvia o som de entrada de cada artilharia inimiga antes de qualquer soldado. Stubby foi o responsável pela captura de um espião alemão na Floresta de Argonne. Quando os estadunidenses retomaram a área de Château-Thierry, as mulheres da cidade o agradeceram confeccionando um casaco de camurça adornado por medalhas. Dizem que o cão chegou a evitar que um garoto fosse atropelado por um carro em Paris.
Ao final da guerra, quando retornaram para casa, Stubby se tornou uma celebridade e marchou em muitos desfiles por todo o país. Se reuniu com presidentes como Woodrow Wilson, Calvin Coolidge e Warren G. Harding. Em 1921, Conroy foi para a Georgetown University Law Center e Stubby se tornou o mascote do time de futebol Georgetown Hoyas. Divertiu muitos torcedores empurrando a bola ao redor do campo.
O cão faleceu nos braços de John Robert Conroy em 1926. Após 80 anos, em 11 de novembro de 2006, Stubby foi homenageado com um tijolo na Calçada da Honra do Liberty Memorial, em Kansas City, onde há o maior monumento em lembrança aos heróis da Primeira Guerra Mundial.
Fontes: History Wired. Stubby, World War I Canine Hero 1921. Smithsonian Institution.
The Price of Freedom: Americans at War – Stubby. Smithsonian Institution.
Stubby the Military Dog. Connecticut Military Department. July 16, 2003.