David Arioch – Jornalismo Cultural

Jornalismo Cultural

Archive for the ‘Polônia’ tag

Vídeo mostra funcionários torturando frangos e pintinhos em um aviário na Polônia

without comments

“O que documentei nessa fazenda ilustra os aspectos cotidianos da crueldade relacionada à criação de frangos e galinhas no mundo todo”

Adam: “A crueldade que testemunhei ficará comigo para sempre” (Acervo: Open Cages)

Esta semana, um homem, que pediu para ser identificado apenas como Adam, disponibilizou na internet um vídeo que mostra funcionários torturando frangos e pintinhos em uma fazenda no Condado de Strzelce-Drezdenko, na voivodia da Lubúsquia, na Polônia. Adam instalou uma câmera e registrou a violência contra os animais ao longo de seis semanas.

Em uma das cenas, um funcionário ataca os pintinhos e os espanca até a morte com um cano de metal antes de jogar seus corpos dentro de baldes. Um dos animais mortos era um frango de três patas. Uma ave cega também é violentada até a morte.

“O que documentei nessa fazenda ilustra os aspectos cotidianos da crueldade relacionada à criação de frangos e galinhas no mundo todo, como excesso de estoque, fraturas ósseas, insuficiência cardíaca e animais que crescem tão rapidamente que não conseguem andar. Também ilustra o que consideramos abuso ilegal de animais”, declara Adam.

Alguns funcionários da fazenda aparecem recolhendo uma grande quantidade de animais mortos que estão apodrecendo no chão, provavelmente em decorrência de violência. A organização de proteção animal Open Cages analisou o vídeo e disse que aquela realidade pode ser testemunhada em qualquer país que produz e comercializa carne de frango.

“A única diferença é o nível de crueldade e violência”, explica Kirsty Henderson, da Open Cages, acrescentando que animais vivendo em superlotação e em condições imundas em aviários não é nada incomum.

Um funcionário também aparece “ensinando” como matar pintinhos que estão muito doentes ou demorando demais para crescer. Ele os agarra e esmaga seus crânios contra um trilho de metal. “A crueldade que testemunhei ficará comigo para sempre”, enfatiza Adam.

 

 

 




Written by David Arioch

June 22nd, 2018 at 2:48 pm

A gloriosa e trágica história da vaca Heroína

without comments

Nem sempre as vacas aceitam o seu suposto destino após uma vida de exploração como vaca leiteira

Heroína, a vaca que fugiu em busca da liberdade no sul da Polônia

Nem sempre as vacas aceitam o seu suposto destino após uma vida de exploração como vaca leiteira. Exemplos não faltam. Um dos mais recentes foi registrado no sul da Polônia, quando uma vaca, transportada em um caminhão até um matadouro, conseguiu fugir, derrubando uma cerca e nadando até uma das ilhas do Lago Nyskie, que faz parte do Rio Nysa Kłodzka. As suas companheiras não tiveram a mesma coragem.

De acordo com o site polonês Wiadowmosci, o senhor Lukasz, o pecuarista que enviou a vaca para o matadouro, lucraria o equivalente a pouco mais de R$ 5,6 mil com a sua morte: “Eu a vi debaixo d’água, mergulhando”, disse. Pensando no dinheiro, o pecuarista procurou um veterinário local para atirar na vaca com um tranquilizante e levá-la de volta. Além do animal escapar mais uma vez, o veterinário não pôde fazer nada porque estava sem munição a gás.

O pecuarista então desistiu de capturá-la e deixou comida na ilha. Dias depois, quando os bombeiros usaram um barco para atravessar o Nyskie, a vaca que ficaria conhecida como Heroína, nadou mais de 50 metros até uma península vizinha. Um político local, Pawel Kukiz, se ofereceu para salvá-la da morte. Em sua página no Facebook, ele declarou que “ela fugiu heroicamente, e que não era a primeira vez que uma vaca fugia em busca da liberdade.”

Kukiz logo encontrou um santuário para recebê-la. No dia em que a vaca seria enviada para o novo lar, um veterinário e quatro equipes de resgate navegaram até a ilha. O medo de Heroína em retornar ao matadouro era tão grande que ela desapareceu em meio à densa vegetação.

Foram necessárias algumas horas e três dardos tranquilizantes para contê-la. No entanto, o estresse vivido por Heroína ao longo de quatro semanas, e o medo do contato humano, fez com que ela falecesse após o resgate, em decorrência de um ataque cardíaco.

Talvez a história de Heroína sirva de lição para entendermos que a vontade de viver não é uma prerrogativa estritamente humana, e o quanto é traumatizante para um animal ser explorado exaustivamente e mais tarde enviado para um matadouro, onde sua vida vale o preço de sua carne.

 





 

O último judeu de Vinnytsia

with one comment

Soldado da Einsatzgruppen D. prestes a assassinar o último judeu de Vinnytsia (Arquivo: Holocaust Research)

Erwin Bingel: “Parecia uma convocação inofensiva”

Em setembro de 1941, o tenente Erwin Bingel, oficial da Wehrmacht, chegou a Vinnytsia, no Sul da Ucrânia, para ajudar o comandante do Distrito de Uman. Líder da Einsatzgruppen D., Bingel sabia que estavam cavando uma quantidade absurda de valas por quase toda a área do aeródromo.

Então no dia 22, o alto comando ordenou que todos os judeus fossem reunidos para o recenseamento demográfico. Obviamente, todos compareceram. No início, houve um diálogo normal entre os prisioneiros e os nazistas, principalmente os homens da SS, responsáveis pelo trabalho direto. “Parecia uma convocação inofensiva, tanto que até mesmo eu me surpreendi e fiquei horrorizado com o que aconteceu nas horas seguintes”, admitiu o tenente da Wehrmacht.

Os nazistas ordenaram que os judeus entregassem todos os pertences, se despissem e avançassem alguns passos. A qualidade das joias mostrava que muitos eram ricos. Nus, os semitas foram obrigados a ficarem em frente as valas, independente de sexo. Em seguida, um grupo da Einsatzgruppen D se afastou até uma linha traçada ao chão e com pistolas automáticas atiraram com destreza e naturalidade.

Muitos caíram nas covas enquanto pás de cal eram arremessadas sobre os corpos ainda se debatendo. A estratégia visava evitar o contato físico direto com as vítimas. O processo de se despir e ficar em frente as valas se repetiu por um sem número de vezes. Alguns eram obrigados a assistir o extermínio dos familiares enquanto aguardavam a vez.

A foto que acompanha o texto mostra um soldado da famigerada Einsatzgruppen D prestes a assassinar o último judeu de Vinnytsia, a vítima número 28 mil. A fotografia foi encontrada décadas depois junto aos pertences de um soldado alemão que participou dos fuzilamentos dos dias 16 e 22 de setembro de 1941. Atualmente a história integra os registros do projeto Holocaust Research, fundado na Polônia.

Referência: Holocaust Research