David Arioch – Jornalismo Cultural

Jornalismo Cultural

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“A ideia é tentar controlar todo mundo, transformar toda a sociedade no sistema perfeito”

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Chomsky: “Se você fabricar vontades, fazer as pessoas obterem coisas que estão ao alcance, a essência da vida, elas virarão consumidores”

Se voltarmos ao século 19, no início da Revolução Industrial, os trabalhadores tinham muita consciência disso. Eles, na verdade, predominantemente consideravam o trabalho assalariado não muito diferente da escravidão, a única diferença é que era temporário. Na verdade, era uma ideia tão popular que era o slogan do Partido Republicano. Ali havia uma afiada consciência de classe. No interesse do poder e privilégio, é bom tirar essa ideia da cabeça das pessoas. Você não quer que elas saibam que são uma classe oprimida.

Então, esta é uma das poucas sociedades [sociedade dos Estados Unidos] em que não se fala sobre classe. Na verdade, a noção de classe é bem simples. Quem dá as ordens? Quem as segue?  Isso basicamente define classe. Tem mais nuances, é mais complexo, mas basicamente é isso.

As indústrias de relações públicas e publicidade, que são dedicadas a criar consumidores, são um fenômeno que se desenvolveu nos chamados países livres; na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos, e o motivo é bem claro. Ficou claro, há um século, que não seria tão fácil controlar a população à força. Muita liberdade foi conquistada. Organização do trabalho, partidos trabalhistas em vários países, as mulheres começando a votar, etc.

Então era preciso ter outras formas de controle. E era de conhecimento expresso que você tinha que domá-las controlando suas crenças e atitudes. Uma das melhores formas de controlar pessoas em termos de atitudes é o que o grande economista Thorstein Veblen chamou de “fabricar consumidores”.

Se você fabricar vontades, fazer as pessoas obterem coisas que estão ao alcance, “a essência da vida”, elas virarão consumidoras. Ao ler os jornais empresariais dos anos 1920, eles falam da necessidade de direcionar as pessoas às coisas superficiais da vida, como “consumo de moda”, e isso as manterá fora do seu caminho.

Você encontra essa doutrina em meio a pensamentos intelectuais progressistas, como de Walter Lippman, o principal intelectual progressista do século 20. Ele escreveu famosos ensaios progressistas sobre a democracia em que sua visão era exatamente essa. “O público deve ser colocado no seu lugar para que os homens responsáveis tomem decisões sem a interferência do ‘rebanho desnorteado’.”

Devem ser espectadores, não participantes. Assim há uma democracia eficiente, retomando Madison, o Memorando de Powell e assim por diante. E a indústria de publicidade explodiu tendo esse objetivo: fabricar consumidores. E tudo é feito com grande sofisticação. O ideal é o que se vê hoje em dia. Em que, digamos, adolescentes que têm um sábado à tarde livre, vão ao shopping passear, não à livraria ou outro lugar.

A ideia é tentar controlar todo mundo, transformar toda a sociedade no sistema perfeito. O sistema perfeito seria uma sociedade baseada em uma díade, um par, o par é você e seu aparelho de TV, ou, talvez agora, você e sua internet, que lhe apresenta o que deveria ser a vida apropriada; que tipo de engenhocas você deveria ter.

E passa seu tempo e esforço para conseguir essas coisas, que não precisa, não quer, e talvez jogue fora, mas essa é a medida de uma “vida decente”. O que vemos nas propagandas na televisão, se você já fez um curso de economia, você sabe que os mercados devem ser baseados em “consumidores informados fazendo escolhas racionais”.

Bem, se tivéssemos um sistema de mercado assim, então uma propaganda de televisão consistiria de, digamos, a General Motors dando informações dizendo: “Eis o que temos à venda.” Mas uma propaganda de carro não é assim. Uma propaganda de carro tem um herói do futebol, uma atriz, um carro fazendo alguma loucura como subir uma montanha ou algo assim.

A questão é criar consumidores desinformados que farão escolhas irracionais. É disso que se trata a publicidade, e quando a mesma instituição, o sistema de RP comanda a eleição, eles fazem do mesmo jeito. Eles querem criar um eleitorado desinformado, que fará escolhas irracionais, muitas vezes contra seus próprios interesses, e toda vez vemos uma dessas extravagâncias acontecerem.

Logo após a eleição, o presidente Obama ganhou um prêmio da indústria de publicidade pelo melhor marketing de campanha. Não foi divulgado aqui, mas se procurar na imprensa internacional, os executivos ficaram eufóricos. Eles disseram: “Nós vendemos candidatos, fazemos marketing de candidatos como se fosse de pasta de dente, desde Reagan, e essa é a maior conquista que temos.”

Eu geralmente não concordo com Sarah Palin, mas quando ela zomba do que ela chama de “hopey-changey”, ela está certa. Primeiramente, Obama não prometeu nada. Isso é principalmente ilusão. Analise a campanha retórica e preste atenção. Há pouca discussão de questões políticas, e por um ótimo motivo, porque a opinião pública sobre política é muito desconectada do que a liderança de dois partidos e seus financiadores querem. A política cada vez mais está focada nos interesses particulares que financiam as campanhas, com o público sendo marginalizado.

Excertos de Noam Chomsky no documentário “Requiem for the American Dream”, de Kelly Nyks, Peter D. Hutchison e Jared P. Scott, lançado em 2015.

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Venda de lotes urbanos era lucro garantido

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Imóveis bem localizados não requeriam grande investimento

Colonizadoras já faziam estudos de viabilidade econômica antes de investir em loteamentos (Foto: Acervo da Fundação Cultural)

Na região de Paranavaí, no Noroeste do Paraná, nas décadas de 1940 e 1950, em função das despesas com benfeitorias, colonizadoras não lucravam com a venda de propriedades rurais, mas sim com a comercialização de lotes urbanos que eram mais valorizados e não requeriam grande investimento.

Para investir nas áreas mais povoadas, as companhias de colonização faziam antes um estudo de viabilidade econômica. A iniciativa ia ao encontro da difícil realidade da época, a de que o progresso não teria como se estender a todas as regiões. Por isso, os primeiros colonizadores estabeleceram prioridades e desistiram de povoar muitas localidades.

Um exemplo foi o trabalho desempenhado pelo pioneiro Carlos Antônio Franchello que mais tarde fundou o município de Querência do Norte. Franchello comprou 15 mil alqueires de terras na região de Paranavaí, no entanto investiu somente em parte das propriedades. As áreas mais ermas, o pioneiro dividiu em lotes de dez alqueires que receberam a denominação de colônia e os vendeu por preços que cobriam as despesas com desmatamento e demarcação.

As colônias eram comercializadas por 30 mil cruzeiros e cada família podia adquirir até quatro, segundo informações do livro “História de Paranavaí”, do escritor Paulo Marcelo Soares da Silva. As companhias de terras consideravam o preço simbólico, pois um pequeno lote em área urbana não custava menos de 20 mil cruzeiros por estar bem situado e contar com uma razoável infraestrutura.

As colônias de Paranavaí eram comercializadas por 30 mil cruzeiros (Foto: Reprodução)

“Algumas companhias tinham boa influência e eram muito espertas, faziam propagandas pelo Brasil afora com promessas de escola, farmácia e comércio. Certos recursos já existiam na cidade ou no povoado antes da companhia aparecer”, afirmou o pioneiro gaúcho João Alegrino de Souza, acrescentando que a mobilização da comunidade fazia a diferença se tratando de progresso. Em contraponto, o pioneiro catarinense José Matias Alencar declarou que havia colonizadoras em Paranavaí que realmente investiam e se empenhavam para levar qualidade de vida à população e não simplesmente lucrar com a venda de terrenos.

Outro fato interessante sobre essa etapa da história local é que apesar da desvalorização dos imóveis rurais se comparado aos urbanos, ainda assim as colonizadoras levavam vantagem nas negociações de propriedades do campo, pois não era firmado nenhum compromisso de investimento em recursos de necessidade básica como captação de água e energia elétrica. Quem comprava uma grande propriedade rural já assumia a responsabilidade pelo desenvolvimento do local, caso quisesse transformá-lo em um núcleo urbano.

“Na maioria das glebas a terra não era cara, mas o problema é que dependendo da localização nem adiantava esperar o progresso. Tem gente que passou a vida toda morando em área rural esperando que o lugar fosse no mínimo transformado em distrito e isso nunca aconteceu”, comentou o pioneiro cearense João Mariano.

Em depoimento no livro “História de Paranavaí”, Carlos Franchello afirmou que os lotes urbanos mais acessíveis da Colônia Paranavaí eram vendidos na Gleba 27-A, atual Querência do Norte, onde um terreno podia ser comprado por 145 cruzeiros ao mês. Nos anos 1950, o objetivo da companhia de terras de Franchello era atrair principalmente agricultores gaúchos e catarinenses, famílias interessadas no solo virgem do Noroeste Paranaense.

População começou a pagar impostos em 1953

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Moradores não precisaram pagar tributos por mais de duas décadas

Paranavaí foi distrito de Tibagi, Apucarana e Mandaguari até 1951 (Acervo: Fundação Cultural)

A colonização de Paranavaí, no Noroeste do Paraná, teve início em 1924, mas a população começou a pagar impostos em 1953,  quando houve a emancipação política que culminou na primeira eleição municipal, de 1952, que elegeu o médico José Vaz de Carvalho como prefeito.

Até 1951, ao longo de mais de duas décadas, Paranavaí foi distrito de Tibagi, Londrina, Rolândia, Apucarana e Mandaguari. Naquele tempo, como era importante para os prefeitos que as colônias se desenvolvessem, permitiam que qualquer tipo de estabelecimento fosse aberto, sem rigor e necessidade de se pagar impostos.

“Uma vez o prefeito de Apucarana criou um decreto que permitia ao comerciante desempenhar atividade por dez anos sem pagar nenhum tipo de tributo”, relatou o pioneiro paulista José Ferreira de Araújo, conhecido como Palhacinho. Ainda assim, é importante lembrar que nenhum dos municípios aos quais Paranavaí pertenceu desempenhou qualquer trabalho voltado ao progresso da colônia.

“Todo povoado tinha que ter uma origem, fazer parte de algum município, então era só algo formal, tanto é que a gente não conhecia essas cidades e quase nunca recebia algum político, investidor ou morador desses lugares. Aqui era bem abandonado”, garantiu o pioneiro cearense João Mariano.

Com o empenho do primeiro vereador de Paranavaí em Mandaguari, Otacílio Egger, que teve ajuda do pioneiro paulista Paulo Tereziano de Barros, a colônia conquistou a emancipação política em 14 de dezembro de 1951, por meio da lei estadual nº 790. Só que foi necessário esperar mais um ano para a realização da primeira eleição que transformou Paranavaí em município.

Ferreira de Araújo lembrou que os impostos começaram a ser cobrados em 1953, após a posse de José Vaz de Carvalho, que assumiu a prefeitura em 14 de dezembro de 1952. “O dinheiro do imposto era nosso, então todo mundo pagava”, comentou. A eleição municipal que elegeu Carvalho como prefeito foi coordenada por um juiz eleitoral de Mandaguari.

Em 1953, ninguém reclamou por ter de pagar impostos (Acervo: Ordem do Carmo)

Segundo o pioneiro catarinense José Matias Alencar, ninguém reclamou por ter de pagar os tributos, pois a população já tinha algum conhecimento sobre o assunto. “Havia muita gente humilde e simples em Paranavaí, mas ninguém era ignorante a ponto de não saber que o investimento era revertido pra gente mesmo, que seria usado para investir em infra-estrutura e mais qualidade de vida”, argumentou Alencar.

Houve grande comemoração quando Paranavaí se tornou município, o que estimulou a comunidade a crer no progresso da cidade. “Quando isso aqui ainda era um povoado ninguém tinha certeza de nada. A gente achava que a qualquer momento Paranavaí podia ser abandonada pelo Governo do Paraná e todo mundo ficaria na mão, perderia tudo que investiu”, revelou João Mariano.

O que aconteceu foi exatamente o contrário do que temiam os moradores. “Quando virou município, a cidade começou a melhorar. Muita gente do Paraná e de outros estados ficaram sabendo e quiseram conhecer. O interesse era bem maior do que na época da Brasileira. Acredito que a maioria nunca mais saiu daqui. Graças a toda essa gente que Paranavaí existe até hoje”, enfatizou o pioneiro gaúcho João Alegrino de Souza.

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Jornais chegavam depois de dois meses

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Atraso na entrega dos jornais deixava população alheia aos fatos mais importantes da época

Situação em Paranavaí se estendeu até 1954 (Acervo: Fundação Cultural)

Entre os anos 1940 e 1950, um problema comum vivido pela população de Paranavaí, no Noroeste do Paraná, era a chegada de jornais dois meses depois da data de publicação. O difícil acesso a Paranavaí se encarregava de impor obstáculos à vida urbana.

Quem era acostumado a ler jornais recém-publicados teve dificuldade de se habituar a receber velhas notícias em Paranavaí. O acesso aos jornais mais importantes da época dependia de quanto tempo os distribuidores levavam para fazer a entrega. O frei alemão Henrique Wunderlich, em carta à revista alemã Karmelstimmen em 1953, frisou que em Paranavaí não havia leitos de estradas, mas trilhos escavados com tratores. Então a entrega dos jornais dependia das habilidades de motoristas que se sujeitavam a trafegar entre a mata virgem e os espaços destruídos pelas queimadas.

Quando chovia e as estradas ficavam intransitáveis, os distribuidores de jornais e revistas recorriam aos aviões. “Tive de ir muitas vezes ao antigo aeroporto para recolher as encomendas”, relatou em 2007 o falecido pioneiro catarinense Wiegando Reinke, proprietário da primeira banca de jornais e revistas de Paranavaí. Antes de 1954, a situação era mais difícil ainda, segundo Henrique Wunderlich. Os jornais eram entregues com pelo menos dois meses de atraso. “Era impossível saber o que acontecia na Alemanha. Informações sobre as eleições e a situação na Alemanha Oriental, onde havia greves, demoravam a chegar. Para piorar, nem tínhamos rádio instalado”, declarou.

Naquele tempo, quem dependia do envio de cartas para comunicar algum fato a um parente distante corria o risco da correspondência não chegar ao destino. “Às vezes, as pessoas enviavam cartas para a terra natal explicando a situação de um parente enfermo. Em alguns casos, a pessoa morria antes da carta chegar, então era algo muito complicado. A notícia era muito tardia”, explicou o pioneiro João Mariano.

Mesmo assim, as correspondências eram o principal meio de comunicação de uma população de não mais que vinte mil pessoas, marcada pela diversidade cultural e étnica. Entre os anos de 1940 e 1950, viviam em Paranavaí, além de migrantes de todas as regiões do Brasil, portugueses, italianos, alemães, neerlandeses, poloneses, russos, húngaros, ucranianos, espanhóis, japoneses, franceses, suíços, sírios e libaneses. “Paranavaí representava bem quase todas as nações”, comentou frei Henrique. À época, o Governo Federal não permitia que os estrangeiros exaltassem a própria pátria em território nacional. “Era obrigado a desprezar tudo que não era brasileiro, inclusive um papel de carta”, disse o alemão.

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O alto-falante do Palhacinho

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José Ferreira de Araújo foi o primeiro publicitário de Paranavaí

José Ferreira nos tempos da alfaiataria. É o segundo da esquerda para a direita (Foto: Reprodução)

Nos anos 1940, quando surgiram os primeiros pontos comerciais de Paranavaí, no Noroeste do Paraná, o pioneiro paulista José Ferreira de Araújo, conhecido como Palhacinho, decidiu investir em publicidade. Com um serviço de alto-falante, fez desde as mais simples até as mais inusitadas divulgações.

José Ferreira chegou a Paranavaí na época da Fazenda Brasileira, em 1944. Se surpreendeu com o que viu; um pequeno deserto no meio da mata primitiva. “Eu já imaginava que aqui era assim e vim por isso mesmo, atraído pelas caçadas e também com a intenção de ganhar a vida com mais facilidade, já que aqui eles davam terras devolutas”, disse Palhacinho em entrevista à Prefeitura de Paranavaí há algumas décadas.

O pioneiro se fixou na Brasileira porque tinha fé no futuro. “Enfrentei tudo sem medo”, garantiu. Ao longo da vida, José Ferreira sempre destacou as dificuldades enfrentadas nas décadas de 1940 e 1950. “Logo que cheguei aqui eu não sabia o que fazer. Minha ideia era abrir uma alfaiataria que era o meu ramo, mas eu achava que não daria certo. Aqui não tinha freguês”, revelou.

Outro problema era a falta de capital para investir na terra que recebeu do Governo do Paraná. As despesas com derrubada de árvores e formação de sítio eram muito caras, acessíveis a poucos. “Foi aí que o Dorvalino Moreira, que tinha uma pensão onde eu estava hospedado, falou para eu comprar a hospedaria. Naquele tempo, eu estava desanimado e tinha muitos filhos para criar. Então fechei negócio”, relatou José Ferreira que encontrou na diversidade de serviços uma saída para sustentar a família.

Palhacinho começou a trabalhar com a pensão, a alfaiataria e também como fotógrafo. Depois vendeu um sítio e usou o dinheiro para viajar a Londrina, onde comprou um equipamento de alto-falante que foi instalado na Rua Getúlio Vargas, no cruzamento com a Rua Souza Naves. “Instalei o serviço aqui com 80 discos”, lembrou e destacou que o negócio era novidade no interior do Paraná.

Em Paranavaí, havia poucos estabelecimentos comerciais até o final da década de 1940, o que motivou José Ferreira de Araújo a fazer um acordo com a Inspetoria de Terras, de quem recebia para anunciar a venda de terrenos. O primeiro cliente a contratar o serviço de alto-falante de José Ferreira foi o pioneiro mineiro José Alves de Oliveira, mais conhecido como Zé do Bar. “O único comércio da cidade era dele, então eu fazia os anúncios”, explicou Palhacinho.

O serviço de alto-falante ficava na Rua Getúlio Vargas (Foto: Reprodução)

O primeiro slogan

O primeiro slogan do pioneiro da publicidade em Paranavaí dizia o seguinte: “Quer trocar dinheiro? Zé do Bar! Quer tomar uma geladinha dentro do poço? Zé do Bar!” “No começo, foi difícil porque tinha poucas casinhas aqui. Mas fui indo, falando e trabalhando. Eu também contava piadas e anedotas. As pessoas se divertiam”, enfatizou.

Em 1948, Palhacinho e outros pioneiros começaram a construir o primeiro cinema local (Foto: Reprodução)

O serviço de alto-falante também era usado para contar histórias e divulgar notícias. José Ferreira fez muitos anúncios de animais perdidos e encontrados, principalmente cavalos. “A coisa melhorou em 1946. Era uma barulheira de martelo dia e noite. Todo mundo construindo casas e tendo como fontes de luz apenas lampião, farolete e a Lua”, salientou.

Tinha ainda o barulho de sarilho por causa dos muitos poços de água que foram abertos na época. O movimento de pessoas em Paranavaí cresceu e o comércio também. “Tudo isso animava a gente”, comentou. Em 1948, Araújo fez uma parceria com os pioneiros João Machado e Raimundo Leite. Juntos, fundaram o primeiro cinema local, o Cine Theatro Paramounth, na Rua Marechal Cândido Rondon. “Fui até Maringá para aprender a passar filmes”, declarou.

Frase do pioneiro José Antonio Gonçalves

“As pessoas passavam nas esquinas para ouvirem as músicas do alto-falante do senhor Zequinha.”