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Considerações sobre o reality show da porca Esther
Publiquei ontem uma matéria sobre a porca Esther que vai ganhar um reality show. Algumas pessoas fizeram deboche em páginas que repercutiram o texto do meu blog, e sinceramente não entendi por que achar ridículo uma porca em um reality show.
Esther é uma porca que foi resgatada, ou seja, saiu do abandono para um lar onde recebeu carinho e teve sua vida transformada. Acho que não apenas seres humanos, mas outros animais também têm direito a isso.
Ela, com sua natureza singela, amorosa e benevolente, também vai espalhar uma mensagem positiva sobre o veganismo, além de conscientizar sobre a exploração animal. Ademais, vai mostrar como porcos são animais inteligentes e sensíveis. Isso é pouco? Não acho. E eu poderia listar outros pontos a se considerar.
O mundo está mudando, e quem não aceita o fato de que animais também estão ganhando espaço na TV, e justamente pelo fato de que até hoje não aprendemos a lidar corretamente com eles, reconhecer sua importância no mundo, vai ser obrigado a amargar a própria intransigência. Os animais têm muito a nos ensinar, e acho que não é preciso ser vegetariano, vegano ou defensor dos animais para atestar isso.
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Reality show vegano vai mostrar a vida da porca Esther em um santuário
Em 2014, Steve Jenkins e Derek Walter resgataram uma porquinha e a levaram para casa, em Ontário, no Canadá. Mas o que eles não imaginavam é que não demoraria para Esther chegar a pesar pouco mais de 294 quilos. Mesmo percebendo que ela estava crescendo e ganhando peso muito rápido, eles decidiram criá-la.
Em pouco tempo, Jenkins e Walter começaram a refletir sobre os seus próprios hábitos alimentares. Ou seja, concluíram que animais como Esther pouco viviam porque faziam parte de sua alimentação. Essa conexão fez com que eles tomassem a decisão de não consumir mais nada de origem animal. Depois de se tornarem veganos, escreveram e publicaram um livro sobre a vida de Esther, visando sensibilizar as pessoas sobre a importância de não se alimentar de animais.
Emocionaram os leitores ao mostrarem como a vida de um ser não humano também é importante. Publicado em 2016, o livro intitulada “Esther the Wonder Pig: Changing the World One Heart at a Time” é norteado pela compaixão aos animais e também reforça o que pesquisadores defendem há muito tempo – que porcos são animais realmente inteligentes e de personalidades distintas.
Com o dinheiro arrecadado, Steve Jenkins e Derek Walter têm mantido o santuário Happily Ever Esther e ampliado o número de animais resgatados, tanto em situação de abandono quanto de abusos, além de educar o público sobre a verdadeira natureza dos animais de criação.
Em 12 de dezembro de 2016, eles publicaram um vídeo de Esther com um chapéu de inverno, contemplando a neve. O registro já teve mais de seis milhões de visualizações no Facebook e continua despertando compaixão.
O próximo passo dos canadenses é o lançamento de um reality show vegano nominado “Estherville”, que tem como protagonista a amável porca Esther em seu cotidiano no Happily Ever Esther, em Campbellville, em Ontário. Enquanto o reality show não começa, os vídeos de Esther podem ser vistos em sua página no Facebook.
Referências
https://www.happilyeveresther.ca/
http://www.estherthewonderpig.com/
http://vegnews.com/articles/page.do?pageId=9235&catId=1
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O medo da onça!
Paranavaí surgiu em meio ao habitat das onças
Nas décadas de 1930 e 1940, era comum os moradores da Fazenda Brasileira, atual Paranavaí, no Noroeste do Paraná, se depararem com cobras, antas, jaguatiricas, catetos, queixadas, macacos e veados-campeiros por causa da proximidade da área urbana com a mata. Mas nenhum desses animais assustou tanto a população quanto as onças-pintadas e pardas que viviam na região.
“Tinham que tocar elas para continuarem o trajeto”
Paranavaí surgiu em meio ao habitat de uma população de onças. A justificativa está em um fato corriqueiro percebido no início dos anos 1940, quando muitos migrantes que vinham para cá viveram a mesma experiência. Durante a viagem para cá, motoristas de ônibus e caminhões eram obrigados a parar os veículos porque as onças não davam passagem.
“As pessoas [até mesmo os passageiros] tinham que dar um jeito de tocar elas para continuarem o trajeto. A gente via também anta e cascavel na estrada”, relatou o pioneiro paulista José Ferreira de Araújo, conhecido como Palhacinho.
Nem todos queriam afastar as onças. Alguns pioneiros que se arriscavam como caçadores, mesmo inexperientes, tentavam conquistar prestígio adentrando a mata para abater os animais. Contava-se muito com a sorte, algo que nem sempre os acompanhava. Quem aprendeu isso na prática foi um caçador amador do Povoado de Guaritá (atual Nova Aliança do Ivaí), antiga Derrubada Grande, vitimado por duas onças nos anos 1940.
“Tiraram carne de algumas partes para colocar em outras”
O rapaz estava caçando em companhia de alguns cães quando viu três onças empoleiradas em uma árvore. Não pensou duas vezes e atirou em uma. Ao ser atingido, o animal caiu e foi atacado pelos cães. “As outras duas onças pularam em cima do homem e começaram a rasgar as suas costas e nádegas. Quando os cachorros chegavam perto, aí que elas mordiam. Nisso, o rapaz já tinha jogado a espingarda e ficou lá deitado, então as onças correram pro mato”, frisou Palhacinho.
Quem socorreu a vítima foi o pioneiro Lourencinho Barbosa que o trouxe de carroça até Paranavaí. “Tiveram de tirar carne de algumas partes para colocar em outras. Ele passou por uma cirurgia em Curitiba e voltou aqui depois de três meses, todo deformado”, lembrou José Ferreira. O pioneiro mineiro Enéias Tirapeli jamais esqueceu o dia em que um homem chegou a Paranavaí com uma onça morta, deitada sobre o cavalo. “Até os animais se espantaram. O bicho tinha doze palmos de comprimento”, assegurou.
Na época, vivia aqui José Belentani, conhecido como Balantam, que se tornou um dos maiores caçadores do Paraná depois que abriram a estrada para o Distrito de Piracema. Beletam matava até duas onças por dia. “Não esqueço quando ele chegou aqui com a onça debruçada no arreio do cavalo. Era tão grande que o focinho alcançava o chão”, contou o pioneiro cearense Raimundo Leite, acrescentando que Arlindo Baiano era outro grande caçador local.
“A onça arrancou cinco quilos de carne com uma mordida na nuca”
Se por um lado, alguns conseguiam prestígio e fama matando onças, por outro, a maioria preferia nunca encontrar o animal. Exemplo disso foi o pioneiro paulista Paulo Tereziano de Barros quando certa noite, retornando de viagem, parou em um rancho para descansar.
“As portas estavam fechadas e quando abriram perguntei do que eles estavam com medo. Aí me mostraram uma enorme porca de quem a onça arrancou cinco quilos de carne só com uma mordida na nuca”, enfatizou Tereziano de Barros que sentiu cheiro de onça durante todo o trajeto de volta a Paranavaí. Naquele tempo, o receio de encontrar o animal fazia muita gente pensar duas vezes antes de adentrar a mata ou sair de casa à noite.
Nos anos 1930 e 1940, foram registrados muitos casos de animais de criação mortos pela felina. “Uma vez o irmão do Pedro Palmiano foi ver a porcada dele e a onça estava comendo um porco. Ele ficou com tanta raiva que atravessou o animal com uma foice e um facão”, assinalou Paulo Tereziano. Também houve casos de mulheres que foram atacadas enquanto tomavam banho e lavavam roupas às margens do rio.
De acordo com o pioneiro catarinense Carlos Faber, os mais desatentos eram facilmente surpreendidos pelas onças. “Teve o caso de um rapaz que foi atacado por duas. Sorte dele que os companheiros vinham logo atrás e mataram os bichos”, ressaltou. O pioneiro paulista Valdomiro Carvalho perdeu as contas de quantas vezes ouviu barulho de onças na mata. “Eu usava uma carrocinha com dois cavalos e sempre carregava um encerado. Ouvia os bichos de noite quando eu pousava em algum lugar”, salientou Carvalho.
“Você já viu homem pegar onça assim?”
Nos anos 1940, o pioneiro José Ferreira de Araújo foi visitar o primo em Paraguaçu Paulista, interior de São Paulo. Em viagem a cavalo, passando por Santo Inácio e Guaraci, no Norte Central Paranaense, Araújo trouxe alguns cães de caça. O pioneiro seguiu pela Estrada Boiadeira, nas imediações de Santa Fé e Arapongas. “Era muito suja a Boiadeira, muito fechada. Tanto que eu tive que enrolar uns panos na cabeça porque tinha muitas abelhas e teias de aranha. Os cachorros até se enrolavam nos cipós. Na volta, a gente foi parar no Distrito de Sumaré”, disse.
A viagem que já era muito difícil ficava pior ainda quando escurecia e Palhacinho parava em algum lugar para dormir. O medo de onça era tão grande que o pioneiro colocava os animais de um lado e deitava “beirando o fogo”. Outro episódio jamais esquecido aconteceu quando ele e o companheiro Ulisses perseguiram uma onça ao final de uma corredeira no Rio Ivaí. “A água estava muito forte e ela nadava rio abaixo. O Ulisses me falou para correr e pular no bote. Liguei o motor e fomos atrás dela. Quando chegamos perto que vimos que era uma onça grande”, explicou.
Ulisses pediu que José Ferreira se aproximasse mais do animal para que pudessem pegá-la viva. “Aí eu falei: pegar nada! Você tá louco? Você já viu homem pegar onça assim?”, relembrou. Os dois continuaram seguindo o animal até que ele saiu do outro lado do Rio Ivaí. “O Ulisses passou a mão na espingarda e atirou, mas errou e ela sumiu”, revelou Palhacinho.
Saiba Mais
Na década de 1950, onças ainda invadiam propriedades rurais de Paranavaí.
Naquele tempo, não havia preocupação quanto à preservação de muitas espécies de animais.
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