David Arioch – Jornalismo Cultural

Jornalismo Cultural

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Um presente do médico veterinário Ailton Salvador e do ex-deputado federal Alencar Furtado

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No livro, Alencar Furtado narra suas memórias (Fotos: David Arioch)

Ontem, ganhei um livro de presente do médico veterinário e grande profissional Ailton Salvador e do ex-deputado federal José Alencar Furtado, que hoje reside em Brasília. Atualmente com 92 anos, Alencar Furtado teve o mandato cassado e os direitos políticos suspensos por ter denunciado as torturas praticadas no período da Ditadura Militar.

No livro “Um Pouco de Muitos – Memorizando”,  ele, que também foi pai do ex-deputado federal Heitor Alencar Furtado, falecido em 22 de outubro de 1982, narra as suas memórias. Fiquei honrado em ser presenteado por pessoas de grande caráter.

Written by David Arioch

August 16th, 2017 at 2:09 pm

Um presente para a mamãe

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” Será que digo que sou jornalista? Provavelmente ela vai me expulsar da loja… ” (Foto: Luxury Safes)

Saí para comprar um presente para a minha mãe. Fui até uma joalheria, e enquanto eu olhava alguns brincos e colares, uma moça se aproximou e perguntou se eu precisava de ajuda.

— Por enquanto, não…

— Se precisar, estarei aqui ao lado, tudo bem?

— Ah sim. Muito obrigado!

Enquanto eu analisava um belo anel que parecia forjado por um nibelungo, uma mulher pediu que a vendedora me levasse até ela.

— Por gentileza, o senhor pode me acompanhar?

Mesmo sem entender nada, acenei positivamente com a cabeça. “O que será isso, hein?”, pensei.

Diante de um longo balcão acastanhado, uma mulher muito bonita, com pouca maquiagem, e em um longo vestido preto, sorriu e me cumprimentou.

— O senhor não precisa se contentar com as nossas peças mais baratas. Temos algo realmente especial.

— É? — falei, mas ponderei: “E por que eu não me contentaria com as peças mais baratas? E que para mim pareciam bem caras…”

— Sim. Temos uma sala especial para atender pessoas como você. “Não entendi. Pessoas como você? Que tipo de pessoa eu sou?”

— É?

— Sim…me acompanhe, por favor.

Percorremos um corredor à direita do caixa, ela acionou uma senha e uma porta blindada, que mais parecia um cofre, abriu. Entramos.

— Acredito que tudo esteja à sua altura.

— Como assim à minha altura? Será que essa mulher não está me confundindo com outra pessoa? — refleti.

A peça mais barata naquela sala era um par de brincos de R$ 22 mil. Mas ela fazia questão de me mostrar colares que custavam até R$ 120 mil. Talvez fossem feitos de alguma coisa mais valiosa do que vidas? Ela sorria copiosamente, como se acreditasse que eu não sairia de lá sem comprar nada.

— Será que digo que sou jornalista? Provavelmente ela vai me expulsar da loja… — inferi silenciosamente.

— A senhora tem peças realmente bonitas, o problema é que estou bem distante de comprar o par de brincos “mais barato”.

Pensei em quantas crianças famintas poderiam ser alimentadas com o dinheiro a ser pago por aqueles brincos, anéis e colares. Bom, não cabe a mim dizer o que cada um deve ou não fazer com o seu dinheiro. Além disso, a verdade é que estamos todos no mesmo lugar, mas nem por isso fazemos parte do mesmo mundo.

— Não seja modesto….sei que o senhor é rico.

— Como? Até parece. Não entendi.

— Conheci seu pai, parte da sua família…

— Acho que não, hein…

— Conheci sim…não seja assim…

— Certo. Agradeço a confiança em me trazer aqui, mas preciso ir embora…

— Rápido assim? Não vai levar nada? Nem uns fios de ouro para adornar a sua barba?

— Não tenho como levar nada desta sala, senhora. E me desculpe, mas sofro de claustrofobia. Devo dizer que este ambiente não ajuda.

Ela estava bloqueando a saída, e quando percebeu o meu estado de descontentamento, abriu passagem. Atravessei a loja rapidamente, e na saída um homem tocou em meu ombro e indagou:

— Você não é filho do Salim Murat Mesut?

 

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Written by David Arioch

May 14th, 2017 at 11:15 pm

O presente do Pantera

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Pantera voltou para sua casa. Ontem eu o carreguei no colo e ele ficou me observando por um bom tempo, com sua língua de fora, olhar atento e expressão de bonachão. Hoje à tarde, antes de partir, ele deixou um presente na sala – uma porção de cocô.

Written by David Arioch

January 19th, 2017 at 1:08 am