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A contradição da realidade e o veganismo – Sobre críticas à alimentação de veganos

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A Consumers International publicou uma pesquisa informando que 80% da população brasileira ignora o impacto da alimentação em suas vidas. Mesmo assim, muitas pessoas, que por improvidência levam um estilo de vida censurável do ponto de vista nutricional, julgam como sendo impraticável ser vegano.

Ou seja, não tenho condições de ser vegetariano ou vegano, de consumir alimentos menos industrializados ou mais baratos do que alimentos de origem animal, mas tenho condições de consumir laticínios, carnes e alimentos baseados em calorias vazias.

A partir disso, desenvolvo uma reflexão sobre a contradição da realidade e o veganismo, e porque as críticas à alimentação dos veganos se resume normalmente a um ponto convergente e conflituoso – a primazia do paladar e a relação de conveniência com nossos hábitos históricos e culturais que perpassam gerações.





 

Em estudo, veganos com ingestão reduzida de cálcio e proteínas apresentaram bom nível de densidade óssea

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Resultados envolvendo veganos foram positivos

No estudo “Comparison of Nutritional Quality of the Vegan, Vegetarian, Semi-Vegetarian, Pesco-Vegetarian and Omnivorous Diet”, publicado em 2014 na Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos, foi avaliada a densidade mineral óssea de veganos e onívoros. Os resultados surpreenderam porque mostraram que mesmo veganos com uma ingestão bastante reduzida de cálcio e proteínas apresentaram um bom nível de densidade óssea.

 

Para ler o estudo na íntegra, acesse: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3967195/

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Written by David Arioch

August 19th, 2017 at 1:44 am

Não preciso de proteínas de origem animal

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Há muitas opções de proteínas no mundo vegetal

Assim como muitos praticantes de musculação, já achei essencial o consumo de proteínas de origem animal (eu consumia mais ovos e laticínios – incluindo albumina, whey protein, caseína e outros tipos de proteína time-release). Afinal, nada melhor do que se empanturrar de proteína animal para ganhar massa muscular, não é mesmo? Já fazia exames periódicos, e tudo ia bem, claramente. Sendo assim, eu pensava:

“Estou no caminho certo! Saúde 100%.” Mas a diferença é que eu era muito jovem. E do tipo que consumia no mínimo 40 gramas de proteínas de origem animal por refeição, mas chegando a 60 gramas, dependendo. Parece muito? Tem gente que consome muito mais do que isso e pesando inclusive menos do que eu pesava. E quem disse que as consequências de se empanturrar de proteína animal surgiriam em curto prazo?

Mesmo que esse não seja o motivo de eu ter me tornado vegetariano e depois vegano, optei por me manter bem distante das proteínas de origem animal também por entender que não preciso disso para alcançar qualquer objetivo que custe a vida dos animais, além de consequências desnecessárias que não quis conhecer em longo prazo. Claro que tem muita gente que pratica musculação e que não dá a mínima para a própria saúde, se limitando a uma motivação estética. Então para essas pessoas, a crença predominante é de que “mais é sempre mais”, se isso as levar a algum lugar.

Mas eu sou do tipo que nunca colocaria isso acima da saúde. Fora que o consumo acentuado de proteína não beneficia ninguém mais do que a indústria alimentícia e os fabricantes de suplementos alimentares. Afinal, como vender proteína sem fazer a população acreditar que ela sempre precisa de mais do que o necessário? Quem critica o culto ao consumo acentuado de proteína são pessoas que não ganham nada com isso. Afinal, eles estão te incentivando a economizar dinheiro, não a gastar, como faz a indústria da proteína animal.

Vivemos numa época em que proteína animal virou um símbolo romântico do ser humano capaz de romper barreiras genéticas e superar a si mesmo simplesmente consumindo muita proteína animal. Esse é o lema de muitos jovens que povoam as academias do mundo afora. Eu? Não acredito em nada disso, porque sei que não é verdade. Talvez faça sentido se você conciliar muita proteína animal com esteroides anabolizantes, mas daí é um risco de dois espectros que cabe a você decidir se vale a pena. Conheço meus limites naturais, e eles são tranquilamente satisfeitos com a riqueza do mundo vegetal.

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Written by David Arioch

July 28th, 2017 at 8:33 pm

Os perigos das dietas que demonizam os carboidratos e incentivam o alto consumo de proteínas de origem animal

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Tirinha clássica e perspicaz do blog Bizarro Comic

Sobre as dietas de perda de peso, as pessoas usam duas abordagens que não funcionam a longo prazo. Então é claro que elas dizem que dietas não funcionam. Uma abordagem é tentar ficar sem comer e sentir fome o tempo todo. Essas são dietas de porções controladas, dietas típicas que as pessoas seguem. Não funciona porque você sente fome o tempo todo, e não se pode tolerar esse tipo de dor.

As alternativas são as dietas “torne-se um doente”. E essas são as dietas de alta proteína de origem animal, alta gordura e baixo carboidrato. Nos últimos anos surgiram muitas dietas afirmando que comer pouco carboidrato e muita proteína animal ajuda a perder peso. Tudo orquestrado por campanhas publicitárias multimilionárias e pelo endosso de celebridades [que lucram com isso]. Como resultado, a maioria das pessoas hoje associa carboidrato a ganho de peso.

Dietas com pouco carboidrato deixam você doente [um exemplo é a baixa na imunidade]. Como resultado, todo o seu corpo fica doente, [com riscos de] doenças arteriais e danos nos rins, no fígado e assim por diante. Elas aumentam a mortalidade. Isso já foi mostrado inúmeras vezes nos grandes estudos. Mas elas também o deixam doente de forma que faz você perder o apetite. A pessoa diz: “Finalmente encontre a solução!” E então você entra em cetose e perde o apetite. Como resultado, pode se sustentar sem pensar em comida o tempo todo. Porque você está doente. Essas dietas são perigosas, e as pessoas não deveriam segui-las.

Em 1973, Rob Atkins publicou seu primeiro livro no qual ele argumentava que o problema não era com a gordura, o problema não era com a proteína. Segundo ele, o problema era que consumíamos carboidratos demais. E ele defendeu este argumento. E depois, muitas outras pessoas escreveram a mesma coisa. A Dieta de South Beach é apenas uma cópia, na maior parte, da Dieta Atkins.

A Dieta das Zonas é uma cópia, e a Dieta do Tipo Sanguíneo, em muitos aspectos, também é uma cópia. Calorias Boas, Calorias Ruins, de Gary Taubes, a mesma coisa. Até mesmo Michael Pollan, devo dizer, o Dilema do Onívoro, é uma cópia. E a Dieta Paleo, tão popular hoje em dia, é só uma cópia.

São erros e fraudes em dietas comerciais com nomes diferentes, e podem cuspir diferentes argumentos sobre o porquê de aquilo estar certo, mas estão todos errados. Isso é escrito por pessoas, devo dizer, que não têm experiência nesse campo de pesquisa nutricional, e ponto. A maioria nunca publicou um artigo sequer na literatura científica.

Bem, como você sabe, as maiores mentiras do mundo são aquelas que têm um fundo de verdade. Todos sabemos disso. É uma grande tática. É verdade, concordo que devemos cortar os carboidratos, mas os carboidratos simples. Isso está fora do contexto geral. Você sabe, açúcar, farinha branca. Isso faz sentido. Neste caso, tem um fundo de verdade. Mas eles nem sempre destacam isso. Apenas dizem: low carb, low carb, low carb.

Todos querem ouvir boas notícias sobre seus maus hábitos. Então quando você diz às pessoas que elas podem comer quanta lagosta quiserem, podem comer bife com ovos, alguns incluem laticínios, outros não. Isso soa agradável para as pessoas porque parece menos restritivo.  Algumas das pessoas que estão falando sobre dietas com poucos carboidratos não têm habilidades para avaliar informações científicas. Escute, esqueça o que você gosta ou não gosta. Pense no seu objetivo.

John McDougall, médico especialista em nutrição e autor do livro “The Starch Solution”.

T. Colin Campbell, bioquímico e doutor em nutrição, que estudou as implicações do consumo de alimentos de origem animal por 20 anos. Em 2005, o seu trabalho foi transformado no livro “The China Study”.

Pamela A. Popper, doutora em nutrição e fundadora do Fórum Wellness.

Excertos de depoimentos do documentário “Food Choices”, de Michal Siewierski.

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Eu e as proteínas de origem animal

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Me recordo da última vez em que vi galinhas confinadas (Foto: MDrX)

Nunca fui um verdadeiro fã de carne. Carne nunca foi algo que me fez muita falta. Comia carne branca ocasionalmente porque eu julgava como importante, até porque para onde eu olhasse havia alguma propaganda sobre as proteínas de origem animal. No meio da musculação, por exemplo, de cada cinco palavras ditas, uma costuma ser proteína. Dificilmente alguém toca no assunto sem dizer: “Proteína animal, proteína animal, proteína animal, alto valor biológico – filé de frango, claras de ovos, laticínios…”

Com isso em mente, cheguei a consumir até três gramas de proteínas por quilo corporal em uma fase da minha vida, principalmente proveniente de laticínios e ovos. Pode ter certeza que é muita proteína, e uma quantidade que eu vejo hoje como absurda, desconfortável e desnecessária. Comia até sem querer porque tinha um objetivo a ser alcançado. E isso deveria ser bom? Não creio. Sempre fui saudável, exames perfeitos desde a adolescência, mas com o tempo deixei de absorver a ideia de uma dieta altamente rica em proteínas animais como uma coisa boa.

Sou um ser humano, não uma máquina. E tenho certeza que minhas necessidades são sempre mais modestas do que eu costumava imaginar ou acreditar. E acho que se meu organismo não quer um alimento, não devo ir além. Perdi as contas de quantas pessoas conheci que comiam tanto com a intenção de ganhar massa muscular que chegavam a sentir ânsia de vômito. Se exercitar e se alimentar bem deve ser sempre algo positivo, não impositivo, porque há sempre o risco da reeducação alimentar se tornar um novo tipo de disfunção.

Também cheguei a comprar caixas de filé de frango durante um período da minha vida. E comia sem prazer – porque qualificava isso como importante para a minha saúde, condição física e estética. Mesmo distante dessa realidade há muito tempo, ainda sou a mesma pessoa, sem qualquer prejuízo. E estou empenhado em provar que definitivamente não preciso de alimentos de origem animal.

Além disso, me recordo da última vez em que estive em uma granja e observei as galinhas confinadas, privadas de liberdade, almejando pelo menos um espaço maior de circulação. Elas não pareciam felizes, e foi então que tomei a decisão de não consumir mais ovos – último alimento de origem animal que comi. Muito tempo antes, comecei a refletir sobre a forma como sempre defendi a igualdade, o respeito e a tolerância entre os seres humanos.

E por que não estender isso aos animais? Já tinha abandonado a carne há um bom tempo, mas enquanto consumia ovos e laticínios não conseguia me ver como um ser humano em posição de falar de forma justa sobre a igualdade e a importância da vida.