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Renato Frata, entre contos e crônicas

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“Arrisquei fazer os primeiros textos poéticos. Gostei, continuei e senti vontade de escrever textos corridos”

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Renato Frata com seus 16 livros publicados ao longo de décadas (Foto: David Arioch)

Foi na puberdade, quando se apaixonou pela primeira vez, que o escritor e advogado Renato Benvindo Frata, de Paranavaí, no Noroeste do Paraná, rascunhou alguns versos. Influenciado pelo pai e pelo irmão, assíduos leitores, ele descobriu na leitura um dos maiores prazeres da vida. “Então arrisquei fazer os primeiros textos poéticos. Gostei, continuei e senti vontade de escrever textos corridos”, relata.

O primeiro conto, “Pá de Polenta”, foi premiado na década de 1990 no Festival de Música e Poesia de Paranavaí (Femup), 20 anos depois de escrito. “Produzi uma extensão maior desse conto e o transformei em um livro que retrata parte da minha infância. Depois vieram outros. ‘Reflexão dos Cinquenta’, por exemplo, foi a primeira obra de um escritor de Paranavaí a ser publicada por um projeto da Secretaria de Cultura do Estado do Paraná”, conta.

Em 1999, Frata escreveu o conto infantil “O Sapo Chorão”, lançado pelo projeto Aluno Especial, da Secretaria da Educação de Paranavaí. “Fiz o texto e ele foi ilustrado por alunos de classes especiais. Fiquei muito satisfeito porque uma garotinha de Graciosa [distrito de Paranavaí], que tinha dificuldade de memorização, conseguiu captar a intenção do conto e o ilustrou de forma bastante singela, limpa. A obra foi editada com os desenhos dela”, informa.

Em 2009, o escritor lançou o livro “O Cavalariço e a Rainha Roxa”, que recebeu o Prêmio Clarice Lispector no 7º Concurso Literário Internacional da União Brasileira de Escritores (UBE), no Rio de Janeiro. Na história, há um confronto entre a cultura e a condição financeira dos personagens. “Ela era uma rainha triste e ele era um cavalariço sonhador. E através de sua capacidade intelectual, ele consegue conquistá-la. “Fiquei muito feliz com esse prêmio porque a UBE é um expoente literário e trabalha em parceria com a Academia Brasileira de Letras”, comenta.

Frata publicou também “Quarto de Solteiro”, que traz 60 crônicas da época em que saiu de casa para sedimentar a vida profissional,  além de outras 40 crônicas sobre o cotidiano. É uma obra que o marcou muito, com histórias que remetem às décadas de 1960 e 1970. Na sequência, vieram “O Ipê Amarelo”, conto que garantiu outro prêmio no Femup, e “O Azarinho e o Caga Fogo”, premiado em Paranavaí e em Curitiba. “O trabalho com a literatura infantil é complicado porque a cabeça da criança é muito diferente da nossa. Não é fácil”, argumenta.

Escritor ladeado por alguns de seus certificados de premiação (Foto: David Arioch)

Escritor ladeado por alguns de seus certificados de premiação (Foto: David Arioch)

De literatura infantil, Frata cita ainda os livros “O Sapo Chorão”, publicado em duas versões, “Coração Alegria” e “Gato Tiziu”, escrito em parceria com o neto. Na semana passada, o escritor lançou “200 Microcontos…e mais alguns” na 3ª Festa Literária Internacional de Maringá (Flim). “Um verdadeiro desafio. Eu nunca tinha feito isso. Foi um exercício estafante porque o livro saiu em menos de dois meses. Mas fiquei contente pela receptividade. Algumas professoras de Maringá me convidaram para ministrar oficinas para alunos do ensino fundamental. Sei que há coisas a se considerar, mas parece-me que saiu um livro gostoso de se ler”, avalia, em referência à obra em que cada microconto tem cerca de 140 caracteres.

Depois de 16 livros lançados, o escritor mantém-se animado. Confidencia que está editando mais dois livros de contos e crônicas. “Vamos fazendo por diletantismo. A minha motivação é a vida e uma família que, graças a Deus, segue inteira, sem nenhuma cisão. Sou casado há mais de 46 anos e minha esposa Helena me ajuda muito nesse processo”, pondera o escritor que possui sete Barrigudas, troféu-símbolo do Festival de Música e Poesia de Paranavaí, além de premiações em Maringá, Cornélio Procópio, São Paulo e Rio de Janeiro.

Frata recebeu o Prêmio Clarice Lispector, concedido pela União Brasileira de Escritores (UBE), no Rio de Janeiro (Foto: David Arioch)

Frata recebeu o Prêmio Clarice Lispector, concedido pela União Brasileira de Escritores (UBE), no Rio de Janeiro (Foto: David Arioch)

Sobre a inspiração para escrever, Renato Frata esclarece que suas obras surgem a partir de suas memórias ou relatos de amigos e conhecidos. “Tudo vem de um intercâmbio de ideias. Eu gostaria de editar todos os meus trabalhos. Tenho uma quantidade razoável de obras que rendem pelo menos mais dois ou três livros de contos e crônicas”, revela.

O escritor qualifica como muito gratificante as ocasiões em que é reconhecido pelos seus textos literários. Um dia, visitando o túmulo de seus pais, um senhor o abordou e disse que era seu fã. “Falou que guardava todas as minhas crônicas que saíam em jornais e revistas. Uma experiência que faz o trabalho de um escritor valer a pena. Para quem escreve, leitores sempre serão mais importantes do que qualquer prêmio”, enfatiza.

No dia 27, o livro “200 Microcontos…e mais alguns”, de Renato Frata, vai ser lançado às 20h no 1º Sarau da Academia de Letras e Artes de Paranavaí no Lions Clube. “Na mesma noite, serão premiados os vencedores do concurso de microcontos e poemas que versam sobre a doação de órgãos. Recebemos mais de 600 trabalhos. Foi uma experiência muito interessante”, declara Frata que é presidente de honra da academia, atualmente presidida por José Cauneto.

Microconto “Infância”

À beira da calçada, o copo com água e sabão e a haste de arame envergado faziam sonhos, felicidade, magia. Todos assoprados nas bolhas de sabão. (Página 3)

Saiba Mais

Renato Frata já publicou 16 livros de contos e crônicas. O escritor nascido no interior de São Paulo se mudou para o Paraná com apenas cinco anos, então se considera paranaense e paranavaiense.

Frase do escritor Renato Frata

“Simpatizo muito com trovas, porém não tenho o hábito de fazer. Acredito que me dou melhor com a crônica.”