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O médico que não prescrevia remédios
Na minha infância, me consultei com um otorrinolaringologista que não acreditava muito na indústria farmacêutica. Todo o trabalho dele era voltado para a nutrição. As pessoas o achavam esquisito porque em vez da sua clínica ser um ambiente branco, como a maioria das clínicas, era colorida. E havia plantas por todos os lados.
Na porta do seu consultório tinha uma frase de Hipócrates: “Que o seu alimento seja o seu remédio, e que o seu remédio seja o seu alimento.” Me recordo que muita gente falava mal dele. Eu era criança, então não entendia o motivo disso, mas o achava incrível.
Soube que ele teve bastante contato com a medicina oriental e estudava mais sobre a medicina antiga do que a contemporânea. Ele nem mesmo usava roupa branca. O chamavam de louco, charlatão, mas foi ele que me ensinou a lidar com a minha rinite alérgica quando eu era criança, depois de passar por cinco médicos da área.
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106 mil pessoas morrem anualmente em decorrência dos efeitos colaterais dos remédios nos EUA
O The Journal of the American Medical Association publicou dados que indicam que aproximadamente 106 mil pessoas morrem anualmente nos Estados Unidos em decorrência do consumo de drogas farmacêuticas. São drogas que são prescritas por médicos, não são resultados de erros médicos. E esses efeitos colaterais são normalmente esperados, e essas pessoas tomam esses medicamentos exatamente como indicado. Não são casos de overdose ou engano.
Então, se 106 mil pessoas morrem em decorrência de esperados efeitos colaterais dessas drogas apenas nos Estados Unidos, e apenas em um ano, em 23 anos isso representaria uma quantidade enorme de pessoas mortas. Estamos falando de milhões [2.438 milhões] de pessoas mortas por causa de drogas farmacêuticas. E em 23 anos, alegadamente, apenas dez pessoas morreram em consequência do consumo de suplementos de vitaminas. Claramente, temos problemas muito mais sérios em relação à prescrição nutricional. Como Roger Williams disse uma vez, o inventor do ácido pantotênico, em caso de dúvida, use a nutrição primeiro, não remédios.
A indústria farmacêutica está nesse negócio não para fazer drogas farmacêuticas; está nesse negócio para fazer dinheiro. O que acho totalmente razoável, já que há grandes corporações internacionais, e elas têm um dever com seus acionistas; e isso é o que corporações fazem, elas fazem dinheiro. Vivemos em uma sociedade capitalista e não acho que isso seja ruim. Acho que o capitalismo tem grandes vantagens, e acho que é preciso ponderar sobre os dois lados. O problema é a forma como a indústria farmacêutica é regulada. Por um lado, acredito que temos bons reguladores, mas por outro lado péssimos reguladores.
A indústria farmacêutica paga aos reguladores que deveriam inspecionar as drogas, paga os pesquisadores acadêmicos que deveriam realizar pesquisas com essas drogas, e frequentemente remunera os profissionais que vão realizar testes com essas drogas. Eles também colocam publicidade nos jornais de medicina, e muitos dos jornais de medicina recebem dinheiro da indústria farmacêutica.
Se checarmos a literatura médica dos últimos 65, 75 anos, há milhares de provas de que grandes quantidades de bons nutrientes curam doenças. Você não tem como ter acesso a muitos desses artigos, porque eles dizem que a United States Library of Medicine se recusa a indexá-los. Isso não é interessante? Então isso significa que há jornais lá fora que estão em uma espécie de lista negra por dizerem a verdade.
Tudo que foi publicado no Jornal de Medicina Ortomolecular, do qual sou editor-assistente, ao longo de 41 anos, e isso significa centenas de artigos, nada disso foi indexado pela United States Library of Medicine, que se autointitula a maior biblioteca de medicina da Terra. Então, o que parece puramente científico e acadêmico, como jornais, publicações, e toda essa edificação da ciência, atualmente foi transformado em uma extensão do departamento de marketing da indústria farmacêutica.
Depoimentos
Dan Rogers, médico especialista em medicina integrativa.
Ian Brighthope, professor de medicina nutricional.
Phillip Day, jornalista investigativo.
Jerome Burne, jornalista com especialização em saúde e medicina.
Andrew W. Saul, doutor em nutrição terapêutica e editor-assistente do Jornal de Medicina Ortomolecular dos Estados Unidos.
Fonte: Food Matters, de James Colquhoun e Carlo Ledesma, lançado em 2008.
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O remédio em promoção
Ontem à noite, minha mãe me ligou e pediu que eu fosse até a farmácia comprar um medicamento. Chegando lá, fiz o pedido a uma moça. Ela voltou com uma caixinha, checou o preço no computador e me disse bem sorridente, sem velar a empolgação:
“Nossa! Está com 70% de desconto! Por que você não leva umas quatro caixas? Vale muito a pena!” Agradeci e expliquei que não era necessário.
Logo me recordei das minhas idas ao bar quando criança, e a Dona Maria perguntando se eu não queria o troco em balas: “Olha, filho, hoje tem bala em promoção. Leve dez pelo preço de três!”