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Revolução industrial, Chicago e a matança de animais
Tenho estudado há algum tempo sobre a criação e a execução de animais criados para consumo durante a Primeira Revolução Industrial e após a Segunda Revolução Industrial. Isso me permite ter um entendimento melhor sobre como a violência contra os animais se intensificou no final do século 19 e início do século 20 com a ampliação da criação de espécies domesticadas em regime intensivo.
É interessante notar como Chicago teve um papel determinante nessa transformação mundial, tornando-se conhecida como o “berço da matança de porcos em regime industrial”. Foi nesse período que os suínos criados para consumo começaram a ser vistos enfaticamente, e de forma mais visceral, não mais como seres vivos, mas como pedaços ambulantes de bacon. O crescimento vertiginoso da industrialização, da maneira babélica como aconteceu, favoreceu muito a coisificação e a objetificação animal. Claro, não que não existisse antes – mas cresceu a níveis alarmantes.
Historicamente, a luta pelos direitos animais sempre foi feita por pessoas sensíveis e racionais
Historicamente, a luta pelos direitos animais sempre foi feita por pessoas sensíveis e racionais; e com uma compreensão da realidade muito além do seu tempo. Não interessa em que período. A história está cheia desses exemplos. Na realidade, antes mesmo da concepção moderna dos direitos animais fundamentada no trabalho de Henry Salt, da Liga Humanitária inglesa, esses ideais de respeito à vida independente de espécie já vinham sendo moldados ao longo dos séculos.
Antes da era cristã e da formatação do antropocentrismo, já encontrávamos pessoas indo na contramão dessa displicência em torno da objetificação animal que ganhou proporções piramidais após a Revolução Industrial. Encaro essas pessoas como observadores e visionários dos desdobramentos de uma nociva realidade concreta. Hoje temos o privilégio de ter um bom número, claro que embora não o suficiente, de pessoas com quem podemos compartilhar francamente nossas ideias.
Agora imagine a realidade dessas pessoas no tempo em que viveram. Menos do que loucos e tolos não eram considerados ostensivamente por muitos. Não são raros os exemplos daqueles que foram desrespeitados e sofreram perseguições exaustivamente, sendo empurrados à marginalização; ainda assim não desistiram. Valeu a pena? Não tenho dúvida, porque os exemplos e os ideais contemporâneos não se fizeram sozinhos.
Animais criados para consumo começaram a ser confinados durante a Segunda Revolução Industrial
Os chamados animais de criação, ou animais criados para consumo, são tratados como produtos há muito tempo, mas foi durante a Segunda Revolução Industrial, ou seja, no início do século 20, que eles começaram a viver em regime de confinamento intensivo e foram pela primeira vez submetidos aos mais diferentes tipos de experiência que visavam ampliar a lucratividade dos criadores e da indústria.
Na década de 1930, havia uma quantidade considerável de animais que já não eram criados soltos no pasto. Contudo, foi a partir das décadas de 1960 e 1970, quando houve um boom das grandes redes de fast food, e um aumento absurdo da demanda de produtos de origem animal para atender esses restaurantes, que se tornou comum criar animais em um novo regime de confinamento, envolvendo muito mais privação e sofrimento que precede a morte.
Ou seja, as grandes redes de fast food têm parcela de culpa pela quantidade de animais criados em confinamento para atender a uma demanda também criada por eles. Porém, é claro, isso jamais teria acontecido se o crescente consumo de produtos de origem animal não tivesse partido da própria população. Um fato que instiga reflexão é que hoje vemos essas mesmas redes de fast food alegando que farão o caminho inverso.
Porém, como não podemos deixar de considerar, morte na indústria de produtos de origem animal é sempre morte, independente de como acontece. Porém, é no mínimo intrigante reconhecer que a chamada “comida rápida”, claro, e não somente ela, ajudou a levar os animais a um novo tipo de inferno terreno.
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