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Práticas violentas contra os animais só existem porque sempre há plateia e consumidores
Práticas violentas contra os animais só existem porque sempre há plateia e consumidores
Não é tão raro encontrar pessoas falando mal de toureiros. Sem dúvida, concordo que não há nada de bom a se falar a respeito, até porque ninguém deveria se “profissionalizar” em fazer mal a um animal e chamar isso de arte.
Porém, a tauromaquia, assim como qualquer atividade considerada tradicional, e que cause mal a outros seres vivos sencientes, só existe porque há plateia e consumidores. Enfim, pessoas que não racionalizam a própria maldade, ou que não são capazes de externalizá-la, pagam para que os outros façam o que elas não conseguem. Assim, tornando-se voyeurs de anseios desasseados e perigosos.
Qualquer atividade que impinge dor a um animal, seja chamada de “espetáculo” ou “esporte”, não passa de truculência, de uma expressão equivocada da ignorância e da insensibilidade humana. Se alguém convida uma pessoa para participar de algo e essa pessoa recusa, como você chamaria o ato de obrigá-la a fazer parte de algo que não é de sua vontade?
Não tenho dúvida de que alguém testemunhando tal ato, se motivado por um princípio probo de justiça, há de intervir ou se manifestar de alguma forma, porque isso também é inerente à natureza humana. E por que quando se trata dos animais não humanos continuamos a legitimar e encarar a violência até mesmo com sorrisos? Porque pessoas gargalham ao ver um animal sendo ferido?
Você rir de um touro ferido na arena, de um boi caído durante a vaquejada, de um bezerro laçado e arremessado ao chão, de um animal golpeado na farra do boi, não é diferente de rir de um gato ou um cão espancado na rua e diante dos seus olhos. Violência é violência, não importando se concordamos ou não com isso. Afinal, a vítima traz consigo a expressão da própria realidade, da consequência de nossos atos, independente se você está imerso em ilusão, negação ou dissimulação.
Não deveríamos repensar nossas relações com os animais? Não seria isso no mínimo bizarro e incoerente de nossa parte? Afinal, animais não humanos também sentem dor, agonizam, sofrem à sua maneira. Somos tão ardilosos em alguns aspectos da vida em sociedade que usamos eufemismos capciosos tentando mimetizar o impacto de nossas ações, tentando maquiá-las com algo inexistente e deletério.
Estamos tão imersos em nossos mundos particulares, em satisfazer nossos anseios obsoletos e desnecessários, travestidos de necessidades, que muitas vezes neutralizamos qualquer possibilidade natural de ver algo como ilegítimo, cruel e impraticável.
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O rodeio foi importado, logo não é patrimônio brasileiro
Para quem realmente considera o rodeio um patrimônio cultural nacional, uma resposta do Luiz Henrique Mazza à Agencia de Notícias de Direitos Animais (Anda). Ele é um premiado ex-peão que cresceu participando de rodeios e hoje defende os direitos animais.
“Eu que fui criado no meio rural, sou violeiro, estudei a fundo as raízes da cultura caipira brasileira, acho essa lei [do rodeio ser considerado um patrimônio cultural imaterial do Brasil] UMA PIADA. De todas as modalidades praticadas oficialmente no rodeio brasileiro, somente a montaria em CUTIANO é nacional, o resto é tudo importado, TUDO. Os trajes, os termos, os equipamentos, tudo importado dos EUA. Existem fragmentos culturais sim, claro, como comidas típicas, a viola propriamente dita, literatura, etc. Mas o rodeio, não. Esses fragmentos imateriais não dependem do rodeio e sequer são promovidos por ele.”
Além do fato do rodeio ser uma evidente prática de violência e crueldade contra animais, qualquer um é capaz de perceber que o rodeio não é patrimônio brasileiro. Afinal, desde quando o verdadeiro sertanejo brasileiro, aquele sujeito criado na roça, se veste como “cowboy americano”? Olhe para a história do verdadeiro sertanejo brasileiro e verá que ele não tem nada a ver com o peão de rodeio.
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