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Desde criança, observo mais do que falo
Desde criança, observo mais do que falo. Acho que se eu falasse mais do que observasse talvez as palavras corressem de mim em velocidade que não me permitisse alcançá-las. Mas, sendo tímido, talvez isso não fosse possível. Mas, se fosse, quem sabe eu fosse obrigado a emitir sons sem significados, ou a recriar significações para palavras inexistentes, na ausência das que fugiram – e a divagar verbalizando uma mixórdia de frases que não dizem nada, respeitando ou não qualquer ordem gramatical.
Mas reconheço que também gosto do “não diz nada” ou do “vazio das palavras”, consoante circunstância e sentimento que me assoma, soma ou subtrai. Até porque viver não pressupõe uma rotina numa redoma de significados. Por que significados para tudo? Buscá-los o tempo todo seria sujeitar-se a um eterno marasmo de uma contra-aliterada e evitável incompletude assumida por um estranho viver, que não pressupõe exatamente um saber ou querer, mas talvez até mesmo um involuntário, quiçá condicionado, desprazer.