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Segundo estudo da Universidade de Oxford, não consumir alimentos de origem animal é a forma mais eficaz de reduzir o impacto no planeta
“Evitar o consumo desses produtos traz benefícios ambientais muito melhores do que comprar carnes e laticínios sustentáveis”

Poore: “Realmente são os produtos de origem animal que são responsáveis por muitos desses problema” (Acervo: Irish Times)
Um estudo intitulado “Reducing food’s environmental impacts through producers and consumers”, publicado na conceituada revista Science, conclui que não consumir alimentos de origem animal é a forma mais eficaz de reduzir o impacto no planeta.
Considerada pelo jornal britânico The Guardian como a maior análise já feita sobre os efeitos da produção agrícola, a pesquisa realizada pela Universidade de Oxford, que reuniu dados de quase 40 mil fazendas que produzem 40 produtos agrícolas em 119 países, informa que 80% das áreas agrícolas do mundo são destinadas à criação de animais para consumo.
A atividade, que segundo o trabalho têm grandes consequências se tratando de alocação de terras e uso de água doce, é responsável por 58% das emissões de gases do efeito estufa, 57% da poluição da água e 56% da poluição do ar. A pesquisa, disponibilizada no site da revista Science, enfatiza que o impacto pode variar em até 50 vezes entre os produtores de um mesmo produto, criando oportunidades substanciais de mitigação.
No entanto, mesmo que os produtores de alimentos de origem animal se esforcem para alcançar baixos impactos ao longo da cadeia de produção e fornecimento, a redução ainda é limitada, de acordo com os cientistas. Isto porque “o impacto dos produtos de origem animal de menor impacto normalmente excede os dos seus substitutos de origem vegetal, fornecendo novas evidências para a importância da mudança na dieta” — explica.
Em entrevista ao The Guardian, o coordenador da pesquisa, Joseph Poore, disse que “uma dieta vegana é provavelmente a melhor maneira de reduzir o impacto no planeta, não apenas por causa dos gases do efeito estufa, mas também por causa da acidificação global e eutrofização, além do uso de terra e água.”
O estudo também comparou o impacto da produção de carne bovina com a proteína baseada em vegetais e revelou que até mesmo a carne orgânica ou considerada sustentável pode requerer 36 vezes mais terra e gerar seis vezes mais emissões de gases do efeito estufa do que a produção de ervilhas.
Poore frisa que, para quem se preocupa com o meio ambiente, é muito melhor abdicar do consumo de alimentos de origem animal do que reduzir viagens de avião ou comprar um carro elétrico: “Realmente são os produtos de origem animal que são responsáveis por muitos desses problemas. Evitar o consumo desses produtos traz benefícios ambientais muito melhores do que comprar carnes e laticínios sustentáveis”.
Empresa alemã lança tênis vegano a partir de “couro de cogumelo”
A empresa de engenharia alemã nat-2 recentemente criou um tênis vegano de alta qualidade baseado em uma mistura de cogumelos que passam por uma colheira natural anual. Depois a matéria-prima é usada na fabricação dos calçados feitos a mão por uma empresa familiar italiana. O conceito e o material da Linha Fungi foi desenvolvido pela designer Nina Fabert, de Berlim, na Alemanha, que trabalha para a empresa vegana Zvnder.
O tênis também conta com materiais ecológicos como algodão orgânico, camurça de microfibra de garrafas recicladas, cortiça e borracha. Essa alternativa ao couro animal, e que tem um “visual vintage”, possui textura macia, é ecologicamente correta, orgânica, vegana, livre de glúten ou de qualquer aditivo químico — garante a empresa. O “couro de cogumelo” é mais uma das alternativas veganas ao couro animal, somando-se ao Piñatex (“couro de abacaxi”), ao “couro de casca de maçã” – criado pela marca de calçados VEERAH; e também ao couro de levedura desenvolvido pela empresa de biotecnologia Modern Meadow. O “couro de abacaxi” foi desenvolvido na Inglaterra e os outros dois nos Estados Unidos.
Referência
2ª Edição do Mega Brechó Vegano vai ser no domingo em São Paulo
No domingo, das 12h às 20h, vai ser realizada a 2ª Edição do Mega Brechó Vegano JMA J’Adore mes amis, na Rua Joaquim Távora, 605 (perto do metrô Ana Rosa), na Vila Mariana, em São Paulo.
Com o tema sustentabilidade e consumo consciente, o evento vegano tem como proposta uma renovação ecológica que envolve desde vestuário, calçados e acessórios à área de alimentação. Na 2ª Edição do Mega Brechó Vegano, os expositores vão comercializar itens promocionais em cosméticos, produtos de higiene, artesanato, decoração, alimentos e artigos para animais.
Todos os itens à venda são produzidos à base de ingredientes e matérias-primas sem origem animal, além de não serem testados em animais. Quem tiver roupas, calçados, acessórios, brinquedos, livros, eletrodomésticos e objetos decorativos também pode levá-los para a Feirinha de Troca, desde que não tenham componentes ou insumos de origem animal.
De acordo com a comissão organizadora, é um evento para toda a família e uma boa oportunidade para fazer aquela limpeza em casa, assim minimizando o acúmulo desnecessário e promovendo mais solidariedade e mais interação social. Diversas ONGs também confirmaram presença no Mega Brechó, onde vão receber doações e realizar a adoção responsável de cães.
Em 2018, o Encontro Vegano JMA completa quatro anos. Aberto gratuitamente ao público, já recebeu cerca de 80 mil visitantes e contou com mais de 500 empreendedores, tornando-se referência no veganismo em acessibilidade. No Mega Brechó Vegano, o público tem mais uma prova de que é possível um estilo de vida baseado na ética e respeito aos animais, aos humanos e ao planeta.
Saiba Mais
O evento oferece acessibilidade com rampa e estacionamento terceirizado. Além disso, a maioria dos expositores aceita cartão. Porém, como o brechó também conta com não comerciantes, é importante levar dinheiro trocado.
No filtro de Kemmy Fukita
Com arte em filtro de papel reaproveitado, jovem ilustradora chama atenção pela singularidade
Em 2015, a ilustradora Kemmy Fukita, de Paranavaí, no Noroeste do Paraná, criou uma página no Facebook para divulgar o seu projeto “No Filtro”, em que reaproveita filtros de papel usados para coar café. Unindo arte e sustentabilidade, Kemmy reproduz com singularidade imagens de pessoas famosas e anônimas em construções visuais que transmitem fortes sentimentos e sensações.
Seus traços influenciados pelo hiper-realismo, surrealismo e art nouveau são carregados de intensidade, influências que ela assume com orgulho, assim como a fotografia. “Muitos dos meus desenhos surgem da observação. Gosto muito de desenhar rostos femininos realistas e um pouco desfigurados do real, com cicatrizes. Isto porque sempre tentei representar uma mulher forte, apesar das dificuldades que ela tenha de passar”, explica.
Toda vez que Dona Rosa termina de usar um filtro de café, a filha Kemmy, de 20 anos, o lava com sutileza, para preservá-lo com aspecto envelhecido, e aguarda a secagem antes de começar a produção de mais um desenho. “O processo não é demorado, mas exige muita paciência porque se algo der errado é preciso recomeçar. Para desenhar um rosto realista, por exemplo, eu levo uma hora. Varia de acordo com o grau de dificuldade”, informa.

“Vi que o giz pastel garantia melhor pigmentação e incluí também as tintas nanquim e aquarela” (Foto: Kemmy Fukita)
Após criar obras em papelão, um dia Kemmy Fukita estava observando a mãe preparar café e teve a ideia de separar o filtro já usado. O lavou, secou e começou a pintar. Gostou tanto da primeira experiência que criou uma página com seus desenhos, frases e trechos de músicas reproduzidos em filtros. “Me baseei em artistas com quem já me identificava. A princípio, tudo era feito com lápis de cor e tinta guache. Depois vi que o giz pastel garantia melhor pigmentação e incluí também as tintas nanquim e aquarela”, revela.
Desde o ano passado, a artista cria obras sob encomenda. As mais pedidas são pautadas em imagens de escritores e músicos, seguidas por desenhos de pessoas comuns. Trabalhos inspirados nas fotos mais icônicas do escritor estadunidense Charles Bukowski estão no topo dos pedidos mais atendidos por Kemmy. “Eu o admiro muito, tanto que um dos meus poemas prediletos é ‘O Pássaro Azul’. Também faço muitas obras baseadas em bandas de rock e cantores e cantoras de outras épocas”, enfatiza.
Cada encomenda, com moldura e dois filtros – um acompanhado de ilustração e outro de uma frase, custa apenas R$ 40. “Uso como embrulho o TNT ou um papel transparente amarrado com uma cordinha de sisal”, destaca, deixando claro o quanto é caprichosa no que se propõe a fazer. Ainda assim a artista reconhece que o seu trabalho não é devidamente valorizado, já que há pessoas que reclamam do preço cobrado por cada obra. “É preciso entender que coloco amor e dedicação no que faço”, argumenta a ilustradora.
Com o projeto “No Filtro”, Kemmy admite que se descobriu ainda mais como ser humano e artista. Inspirada no pai poeta, várias vezes premiado no Festival de Música e Poesia de Paranavaí (Femup), ganhou coragem para escrever poemas e publicá-los com seus desenhos. “Desanimei muitas vezes e tive bloqueios criativos, uma descrença no que faço. Mas foram nesses momentos difíceis que encontrei pessoas me apoiando e falando para eu não desistir. Uma frase que sempre trago comigo é do Vinicius de Moraes: ‘A arte não ama os covardes’. É bem isso. Quem vive neste mundo precisa de coragem para se arriscar e amar o que faz”, defende.

“Eu o admiro muito, tanto que um dos meus poemas prediletos é ‘O Pássaro Azul’” (Foto: Kemmy Fukita)
Além de artista, Kemmy Fukita é estudante de moda. Perto de se graduar, não pensa em atuar como estilista. Quer trabalhar com ilustração de moda, se desvinculando da criação de roupas. “Quero futuramente conciliar a ilustração de moda com o aspecto social, pouco valorizado”, confidencia. Sem nunca ter estudado desenho, Kemmy é autodidata, porém acredita que o curso de moda a ajudou a desenvolver habilidades específicas, como se aperfeiçoar no desenho de mãos e pés.
A primeira experiência desenhando foi aos 13 anos, quando decidiu reproduzir os personagens da Turma da Mônica, de Mauricio de Sousa. “Só que não eram tão realistas. Ao longo dos anos fui testando outros materiais além do papel comum. Tive a ideia de pintar desenhos minúsculos em hashi e deu certo. Também fiz isso em pratinhos de papelão, usando tinta guache e palitinhos de dente. Eu era revoltada com pincéis”, conta rindo.
A página “No Filtro”, criada por Kemmy em 2015, se aproxima dos nove mil seguidores. A ilustradora justifica que a crescente popularidade é resultado da divulgação de um de seus trabalhos em uma página de música do Facebook. “E também a uma encomenda feita pelo presidente da Fundação Cultural de Paranavaí, Amauri Martineli. Tudo isso foi de grande importância e eu não esperava, nem tinha noção de que tantas pessoas valorizariam a minha arte”, comemora.
Página do projeto No Filtro no Facebook
Tecnólogo cria um acessível sistema de captação de água da chuva
Projeto de Alan Azambuja levou 20 horas para ficar pronto com a ajuda do filho de 13 anos
Preocupado com as crises hídricas que têm assolado o Brasil, principalmente o estado de São Paulo, o tecnólogo e tecnoartista Alan Verissimo Azambuja, do Rio de Janeiro, desenvolveu há pouco tempo um simples e prático sistema de captação, armazenamento e distribuição de água da chuva que requer poucos gastos.
Recentemente, aproveitando a laje que cobre o teto da casa de máquinas dos elevadores do prédio onde residem, Azambuja e o filho Victor, de 13 anos, construíram um eficiente sistema que capta, armazena e distribui água da chuva para dentro de casa. “A grande vantagem é o baixo custo de materiais, já que todos os componentes são de plástico”, explica.
A captação começa no orifício de saída da água de chuva que cai sobre o teto de 30 metros quadrados da casa de máquinas do edifício. De lá, a água é transferida por meio de encanamento a uma caixa d’água fechada, evitando assim contaminação e proliferação de doenças como a dengue. Na prática, Alan Verissimo descobriu que em duas horas de chuva de intensidade média é possível encher tranquilamente uma caixa com capacidade de mil litros.
“Aproveitando que a superfície de captação da água é limpa, fizemos canalização para nossos banheiros, tanque e máquina de lavar roupa. Agora as águas pluviais só descem pelo ralo quando a caixa fica cheia”, conta e adianta que a intenção é ampliar o sistema para atender também mais oito andares do prédio, aproveitando a área de 360 metros quadrados do terraço.

Cano que recolhe a água da chuva e a conduz para o ralo só entra em ação com a caixa d’água cheia (Foto: Alan Azambuja)
Para quem precisa de uma instalação emergencial, Alan Azambuja sugere a implantação de uma tubulação simples, sem causar danos em paredes. Basta abrir uma passagem para a canalização interna de uma torneira que deve ser ligada por um tubo à canalização externa que transfere a água da chuva armazenada na caixa d’água.
“A tubulação pode passar através da parte inferior de uma janela. Se for de vidro, é só fazer a retirada temporária da lâmina fixa. Para o serviço, você vai precisar apenas de uma serra de cortar alumínio ou uma furadeira. Use tubo, T e joelho que tenham comprimento compatível com a largura do peitoril”, destaca e acrescenta que os tubos horizontais se apoiam no peitoril para garantir a distribuição de peso e facilitar a fixação.
A sugestão acima é ideal para a implementação de torneiras nos corredores dos andares dos prédios. Debaixo de cada torneira, para evitar o desperdício, Azambuja recomenda a colocação de baldes e “pires” improvisados. Ou seja, caixas pretas de plástico que os pedreiros usam para preparar pequenas quantidades de massa de cimento. “É um trabalho que não exige participação governamental nem contratação de firmas especializadas. Um ‘professor Pardal’ e alguns adolescentes com tempo livre conseguem instalar esse sistema. Eu e o meu filho Victor levamos 20 horas”, garante Alan Verissimo.
Caso o interessado consiga reunir um grupo para a criação do sistema, o idealizador propõe que os materiais sejam comprados coletivamente, barateando custos “Façam reunião de moradores para planejar rateios, divisão de tarefas, higienização, reparos e adaptações. Um amigo que entende de hidráulica pode ser um grande aliado nessa hora. O mais importante é obter água abundante e grátis para as descargas dos vasos sanitários. Não faz sentido comprar uma água tão cara para este fim”, pondera.
Com a experiência de quem já conheceu a realidade de muitos países, Alan Azambuja considera o Brasil uma nação promissora em segurança hídrica. Justifica que o brasileiro é solidário, criativo e talentoso para a realização de trabalhos manuais. Outro ponto alto do sistema de captação de água é que em grande escala o projeto pode reduzir o impacto das chuvas. Tem grande potencial em evitar a saturação das galerias pluviais, minimizar o surgimento de buracos nas malhas viárias e também coibir novas erosões hídricas. “Não tenho dúvidas de que teremos menos problemas com alagamentos nas ruas”, enfatiza Azambuja.

Conjunto torneira, balde e “pires” que continua a tubulação apresentada na imagem anterior (Foto: Alan Azambuja)
Sobre Alan Azambuja
Alan Azambuja é tecnólogo e tecnoartista com especial interesse na história das técnicas, das invenções e em tecnologias alternativas para obtenção de energia elétrica. Ao longo de 20 anos, trabalhou criando e operando sistemas de sonorização em shows musicais em teatros, ginásios esportivos e ao ar livre. É especialista em ALS (Approach Lighting System), sistemas de iluminação que facilitam o pouso de aeronaves em aeroportos de médio e grande porte. Também já atuou como diretor cenográfico em projetos de arte-ciência, criando sistemas de iluminação e peças de tecnoarte. Além disso, é colaborador do grupo de pesquisa científica interdisciplinar Anatomia das Paixões (http://anatomiadaspaixoes.blogspot.com.br/) que reúne artistas, neurocientistas, filósofos, designers e anatomistas. O grupo é dirigido por Maira Fróes, PHD em biofísica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e esposa de Azambuja.
Para mais informações sobre o projeto de captação de água, acesse: http://alanverissimoazambuja.blogspot.com.br/2015/07/proposta-de-campanha-envolvendo.html