David Arioch – Jornalismo Cultural

Jornalismo Cultural

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“A introspecção é uma atitude em extinção”

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“Em aeroportos e outros espaços públicos, pessoas com telefones celulares equipados com fones de ouvido ficam andando para lá e para cá, falando sozinhas e em voz alta, como esquizofrênicos paranoicos, cegas ao ambiente ao seu redor. A introspecção é uma atitude em extinção. Defrontadas com momentos de solidão em seus carros, na rua ou nos caixas dos supermercados, mais e mais pessoas deixam de se entregar a seus pensamentos para, em vez disso, verificarem as mensagens deixadas no celular em busca de algum fiapo de evidência de que alguém, em algum lugar, possa desejá-las ou precisar delas.”

Andy Hargreaves, professor de educação e autor do livro “Teaching In The Knowledge Society: Education in the Age of Insecurity”.





Written by David Arioch

September 13th, 2017 at 1:29 am

O primeiro celular

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Invenção de Martin Cooper deu origem ao Motorola DynaTAC (Foto: Sandy Huffaker, do New York Times)

O primeiro telefone celular foi criado nos EUA em 1973. Pesava um quilo e equivalia a duas fitas VHS. A invenção é do engenheiro eletrotécnico Martin Cooper que realizou a primeira ligação no centro de Nova York. Em entrevista à BBC, Cooper disse que a bateria permitia uma ligação com duração de até 20 minutos. “Era o suficiente. O aparelho era tão pesado que ninguém conseguiria segurá-lo por mais tempo”, comentou rindo.

Acesse: news.bbc.co.uk/2/hi/uk_news/2963619.stm

Written by David Arioch

January 23rd, 2016 at 10:30 pm

O primeiro caixa eletrônico

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Em 1967, o primeiro caixa eletrônico entrou em operação no mundo graças ao inventor britânico John Sheperd-Barron. Tudo começou no Barclays Bank, em Enfield, na Zona Norte de Londres. No Brasil, a “cash machine” só foi implementada nos anos 1980. (Foto: Barclays Bank)

 

Written by David Arioch

January 23rd, 2016 at 9:45 pm

Gondry, Kaufman e as dores da alma

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Eternal Sunshine of the Spotless Mind aborda a instabilidade humana frente às adversidades das relações amorosas

O filme é elevado a um caráter metafórico excepcional (Foto: Reprodução)

O filme é elevado a um caráter metafórico excepcional (Foto: Reprodução)

Lançado em 2004, Eternal Sunshine of the Spotless Mind, que chegou ao Brasil com o fidedigno título Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças, é um filme do gênero drama do cineasta francês Michel Gondry em parceria com o estadunidense Charlie Kaufman, roteirista muito conhecido por obras conceituais como Being John Malkovich, de 1999, e Adaptation, de 2002.

Protagonizado por Joel (Jim Carrey) e Clementine (Kate Winslet), que se somam a outros personagens interpretados por famosos como Elijah Wood, Kirsten Dunst e Mark Ruffalo, Eternal Sunshine of the Spotless Mind é um filme interessante sobre a ficcional possibilidade de desconstrução das emoções e sentimentos. Após um conflito amoroso, Clementine decide se submeter a um procedimento neurocirúrgico para apagar Joel de sua memória. A iniciativa parte de uma premissa e anseio de idealização instintivamente humana após grande, mas natural experiência de sofrimento.

Ao saber do ato de Clementine, Joel opta por fazer o mesmo. Durante o processo se arrepende e começa uma batalha psicológica e emocional para preservar fragmentos de sua vida com a namorada. A dor se intensifica ainda mais conforme a mulher se desvanece da memória de Joel. Momentos vividos a dois tornam-se vazios quando o homem é relegado a ser o único personagem de uma realidade que só poderia ser intensa se vivida de forma compartilhada. Tudo parece desértico, difuso e disperso em um contexto mental fugidio e atroz, onde a dor desequilibra a essência humana e submete o homem ao desespero das incertezas da própria existência.

Joel e Clementine chegam a representar a desmaterialização do amor (Foto: Reprodução)

Joel e Clementine chegam a representar a desmaterialização do amor (Foto: Reprodução)

A introspecção leva Joel ao cume da solidão, assim o filme se eleva a um caráter metafórico excepcional. Juntos, Joel e Clementine, inertes em mundos paralelos, mas dissonantes, chegam a representar a desmaterialização do amor. É algo tão dolorosamente humano que lança turbilhões de luz sobre as falhas da natureza social, principalmente a individualização motivada pela insegurança e franca possibilidade de incompreensão. No fundo, tudo é sustentado como consequência de uma comunicação canhestra.

Em suma, Eternal Sunshine of the Spotless Mind é uma obra bela e triste que mistura humanismo, existencialismo e surrealismo. Muito bonita ao traduzir a interiorização e as dores da alma com requinte poético, mas sensivelmente tétrica em premeditar e denunciar o princípio do fim das boas e tradicionais relações humanas. Afinal, o filme parece se embasar na ideia de que em situações de conflito amoroso e existencial cresce o número de pessoas que preferem reclamar de não ter acesso a uma tecnologia capaz de eliminar os desconfortos que as afligem. Não se dão conta que melhor seria ponderar e tentar lidar de frente com as situações mais complicadas.