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Sobre respeito, tolerância e diálogo
Há pessoas que estão sempre buscando salvadores, heróis, gurus ou pessoas que, numa idealização romanesca, concordem com elas em tudo, ou as representem em tudo. Mas ao sinal do primeiro defeito apresentado pelo objeto de reverência, surge uma exasperação por vezes incontrolável fundamentada em um excesso de expectativas que desconsidera a complexidade humana, a sujeição às contrariedades e as falhas naturalmente possíveis. Isso na minha opinião pode ser também um sintoma de uma carência superlativa.
Fala-se muito em tolerância, respeito ao outro, mas muitas vezes até mesmo quem prega esse discurso acaba por fomentar o sectarismo, externar intolerância, intransigência, incapacidade em lidar com opiniões que estão em conflito com a sua ou divergem da sua. Percebo muito isso no cotidiano, felizmente não muito fora da internet, mais frequentemente nas mídias sociais, e inclusive entre pessoas bem-intencionadas.
Há muitos casos em que não se trata apenas de não respeitar a opinião do outro, mas até mesmo odiar ou desprezar uma pessoa que jamais conheceu de fato. Chamar de defeito o fato de alguém não concordar com você não é exatamente defeito, porque a qualificação disso como defeito é uma constatação sua, pessoal, individual, não do outro. Afinal, qual é a baliza que define algo como defeito? Neste caso, a sua concepção de algo, o seu termômetro, e mesmo um ideal fementido e particular de perfeição, mestria, impecabilidade. E se sua defesa de algo é fundamentalmente tão justa, há justiça em atacar o outro?
Por isso parece um desafio na atualidade se abrir para o diálogo sem atacar ou ofender, sem se armar sob as intercessões passionais dos pré-conceitos e preconceitos. As pessoas vivem armadas e pouco racionalizam isso. Se calar para ouvir pode ser um desafio quando as palavras não nos agradam, mas é recompensador porque é a maior prova de que a cachimônia humana não abandonou o ser. Quem busca semelhanças o tempo todo, independente do quão boa seja a intenção, corre o risco de se inclinar sobre si mesmo e não perceber que o outro na realidade é apenas o seu próprio reflexo imutável e pulverizado, como um ouroboros distorcido. Logo sou da opinião de que o amadurecimento demanda diferenças.
Reflexões de um minuto – Vidas são importantes, até mesmo a do menor animal
Kostolias e a história do jovem que foi preso por ser vegetariano
“Hernán sempre sentira aversão por carne. Era algo que vinha desde a sua infância”
Lançado em 2016 pela Editora Jaguatirica, “O Exilado Político Vegetariano” é um romance de Alexandre Kostolias baseado em fatos reais. A obra conta a história de Hernán López, um rapaz de origem humilde, morador de um dos bairros mais pobres de Santa Fé, na Argentina, que é perseguido e preso em janeiro de 1970. O motivo? Hernán é vegetariano.
Uma das vítimas da ditadura argentina, ele é arrastado de dentro da própria casa e jogado dentro de uma cela, sem direito a advogado ou qualquer tipo de intervenção a seu favor – nem mesmo contato com qualquer pessoa que não seja o carrasco “La Bestia”. Para realçar a quimera da situação, somente depois de semanas, quando é interrogado pela primeira vez pelo “Comisario Supervisor”, é que a Polícia da Província de Santa Fé reconhece que não há outro motivo para o rapaz estar preso, a não ser por sua filosofia de vida vegetariana; já que ele não é “comunista” nem “maricón” – considerados crimes na Argentina da época.
Na cela, Hernán mal dorme, pois sabe que sempre às 6h o carrasco “La Bestia” os visita. “O que lhe aconteceria? Só para começar, levaria um choque elétrico com bastão, o mesmo usado para conduzir gado para o abate nos frigoríficos. O pavor de levar choque com bastão atingia Hernán visceralmente: um dos motivos de suas convicções vegetarianas era o horror que lhe causava só de pensar na forma como os animais são abatidos nos matadouros. Era impossível saber o que o aguardava”, relata Kostolias nas páginas 32 e 33.
A recusa de Hernán López em consumir carne é considerada execrável porque o regime político da Argentina de 1970 considerava a pecuária como o maior orgulho econômico do país. E o desprezo de Hernán por essa cultura baseada na morte de animais era vista como uma atitude antipatriótica, passível de punição.
“Todos tinham muito orgulho da carne de Santa Fé. Bem, quase todos. Hernán López detestava carne. Pertencia a uma categoria de gente sobre a qual, naquelas bandas, pesavam muitas suspeitas, mas poucas informações: os vegetarianos. Hernán sempre sentira aversão por carne. Era algo que vinha desde a sua infância. Os bifes que o obrigavam a comer eram ingeridos com muita dificuldade, lhe causavam náuseas”, narra o autor na página 40.
Por ser vegetariano, os problemas de Hernán surgiram muito cedo. Os primeiros atritos foram com o pai Juan, um homem violento tanto dentro quanto fora de casa. Tendo trabalhado por muito tempo na “lida de gado”, atividade que associava à própria masculinidade, considerava uma afronta ter que tolerar um filho vegetariano sob o mesmo teto, ainda mais em um contexto onde carne era inclusive sinônimo de bem-estar. Associada às mulheres, trazia a equivocada ideia de saúde; e associada aos homens, a equivocada ideia da virilidade:
“Todo bife ancho e asado de costilla que trazia para casa, – com frequência cada vez menor – ganho em troca de serviços esporádicos prestados a algum rancheiro, era sagrado, e Hernán era forçado a comer a sua parte. Se necessário fosse, sob ameaça de chicote e pancada.”
Por isso, a convivência com o pai vaqueiro marcou uma das piores fases da vida do jovem protagonista. Mesmo sentindo profunda aversão, uma repulsa visceral por todos os tipos de carne, se viu obrigado a aprender a engolir sem mastigar – tentando não pensar em tudo que, para ele, estava evidentemente associado ao ato de consumir carne:
“Aprendeu a cortar pedaços no tamanho exato, grandes o suficiente para reduzir o número de vezes que tinha que cometer o sacrifício, pequenas o bastante para passar pela goela abaixo. E fazendo sempre um tremendo esforço para não vomitar. Não é de surpreender que quando seu pai faleceu de cirrose hepática aos 44 anos, Hernán não tenha ficado triste com a ocorrência. Respirou aliviado e nunca mais foi obrigado a comer carne.”
Já detido e encarcerado, em um dos interrogatórios com o “Comisario Supervisor”, Hernán pergunta se é crime ser vegetariano. Então o homem admite que nada consta no Código Penal, porém afirma que ser vegetariano pode se enquadrar como uma ofensa cultural, um delito social.
“Mas eu não considero um delito muito grave ser vegetariano. Eu mesmo, às vezes, prefiro um dourado do Rio Paraná na chapa, ao invés de um bife ancho”, declara o interrogador. Hernán, mesmo diante de uma situação difícil explica que um autêntico vegetariano não come peixe. Só grãos, legumes, verduras, raízes, frutas, coisas assim. Então o “Comisario” não reage bem à explicação do rapaz.
— Hmmm. Tem certeza? Um evidente radicalismo. Você tem certeza de que não é marxista-leninista?”, questiona.
“O Exilado Político Vegetariano”, de Alexandre Kostolias é uma obra sobre um jovem com identidade própria que tenta trilhar o seu próprio caminho em um mundo onde até mesmo a pretensa tolerância está coberta, implícita e explicitamente, de incomplacência. Enquanto as cortinas da vida caem, Hernán López deseja apenas viver à sua maneira, sem ser julgado e condenado por isso.
Em síntese, e na minha concepção, “O Exilado Político Vegetariano” é um livro sobre alguém que, até então imerso em um minúsculo universo de particular inocência e simplicidade, é lançado em um mundo de conflitos constantes entre individualidade, coletividade e alteridade que se diluem entre si. Por onde Hernán passa, há um desespero existencialista, se não o dele, o dos outros, que em face da liberdade de escolha não veem outro sentido na vida que não vivê-la, sofregamente ou não, independente de erros e acertos, e da angústia em um mundo em constante e célere transformação.
Para além do enredo, um dos pontos altos do livro é a leveza e irreverência da narrativa de Alexandre Kostolias, que intercala momentos de tensão com muito bom humor. Em alguns aspectos, a estrutura narrativa e a fluência textual de “O Exilado Político Vegetariano” me trazem lembranças do estilo individual despojado de Charles Bukowski.
Saiba Mais
“O Exilado Político Vegetariano” está à venda na Amazon, Cultura, Saraiva, Americanas e Submarino.
Humanize a criança que você colocou no mundo
Se você colocou uma criança no mundo, a humanize por meio da cultura, da arte. Apresente o mundo da cultura popular, da literatura, do cinema, da música, do teatro e das artes plásticas. Não há maior exemplo de diversidade do que a arte.
Sensibilize vossa criança antes que ela seja embrutecida por vias desconhecidas. Desde cedo, a estimule a se tornar uma pensadora, não uma repetidora de discursos fragilizados. Mostre que ela não está sozinha no mundo, que ela pode se reconhecer no outro, assim como o outro é capaz de se ver nela.
A leve também para conhecer os menos favorecidos. Desperte nela o entendimento de que o ser humano, independente de posição social, tem sua história e seu valor para além dos descaminhos.
Sobre os animais, não a deixe enclausurada no universo dos bichos domésticos. Mostre que todo animal tem aptidão para viver à sua maneira, e não cabe a nós julgá-los sob os enganosos augúrios da nossa superioridade e racionalidade.
Deixe claro que é na inaptidão da fala que eles se mostram mais cordiais e mais sensíveis do que nós, até porque, diferentemente do ser humano, desconhecem a pesporrência.
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Sobre erros, apontamentos e violência verbal
Vivemos numa época de tantos apontamentos e violência verbal que acredito piamente que o melhor instrumento de combate a isso é a reação baseada na improbabilidade. Para citar um exemplo, quando cometo erros em meus textos, principalmente por inobservância, já que quem escreve nem sempre percebe as próprias falhas nas primeiras leituras, tento sempre ser justo e amenizador.
Passei por várias situações em que pessoas apontaram minhas falhas de forma hostil e, contrariando o que elas esperavam de mim, sempre agradeci, demonstrei cordialidade e consideração pela observação do meu erro. Pode ter certeza que você desarma qualquer tentativa de confronto agindo dessa forma. Na realidade, acredito que seja algo válido em todas as circunstâncias da nossa vida.
Sobre o assunto, me recordo até de um episódio na academia. Um dia me aproximei de uma máquina de remada cavalinho e não vi ninguém a usando. Daí incluí algumas anilhas e um rapaz que estava papeando com um amigo se aproximou e disse:
“Qual é, cara? Que folga! Estou fazendo aí!” Então expliquei numa boa que faria apenas uma série, bem rapidinho. A contragosto, acabou concordando, mas continuou me olhando incomodado.
Assim que terminei, removi as anilhas que acrescentei e comentei com ele: “Cara, muito obrigado mesmo! Você é gente boa!” E o sujeito ficou sem graça e mudou completamente o semblante carrancudo: “Não precisa tirar não, pode continuar”, sugeriu.
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Mais reflexão e menos irritação
O que aconteceria se cada um se fechasse no seu mundo de preferências e desprezasse todo o resto?
Fiquei sabendo que um amigo foi ofendido com palavras de baixo calão no Facebook porque emitiu uma opinião respeitosa, embora contrária à da autora de uma enquete sobre política. Psicóloga, a senhora que fomentou o debate não poupou ofensas ao meu amigo apartidário que até então também era seu amigo. Sem dúvida, é uma situação que retrata um exemplo clássico da severa incapacidade em lidar com as diferenças, premissa básica do convívio social.
Tenho amigos que votam nos mais diferentes partidos políticos. Nem por isso me coloco no direito de ofender ou desrespeitar qualquer um deles. Discussões, críticas e piadas sempre surgem, mas sempre evitando extremismos ou apelações. O mesmo posso dizer sobre religião. Convivo com pessoas que amam atividades físicas e outros que simplesmente odeiam. Curto alimentação saudável, nem por isso perturbo quem não gosta, afinal, é uma questão de escolha. Não bebo, não fumo e tenho camaradas que bebem tanto quanto fumam, embora tenham pleno conhecimento das consequências desses hábitos. Poderia citar uma infinidade de outros exemplos, mas o meu objetivo é apenas respaldar uma ideia – a tolerância é o único caminho para assegurar a civilidade.
Diante de situações extremas de intolerância, sempre me pergunto: o que aconteceria com o mundo se cada um se fechasse no seu mundo de preferências e desprezasse todo o resto? Sem dúvida, nos tornaríamos bárbaros, e a julgar pelo avanço do mundo nessa fase definida como hipermodernidade, nos dividiríamos em hordas piores que aquelas que habitaram o mundo no século VI.
Digo pior porque hoje, mais do que nunca, temos recursos para ser cada vez melhores e não o contrário. Se me identifico com cinema “alternativo”, devo virar as costas para quem curte apenas cinema comercial? Se gosto de musculação, é justo me relacionar somente com quem pratica? Se aprecio heavy metal, preciso ignorar tudo que uma pessoa que não simpatiza com o gênero tem a oferecer? Não creio.
Em 2011, o estadunidense J.H. Kietzmann, um estudioso das redes sociais, publicou no jornal Business Horizons, da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, um trabalho bem interessante sobre o assunto. Em uma de suas citações, ele diz que mídias como o Facebook surgiram para permitir uma interação social baseada na criação colaborativa de informação. Veja bem, a afirmação foi baseada em um estudo ainda recente. Infelizmente, isso não resume o que vemos hoje nas redes sociais. O aspecto negativo cresce exponencialmente.
Na internet a intolerância tem motivado muita gente a odiar quem não conhece ou jamais viu. O desrespeito às diferenças tem desfeito amizades e também elevado o número de pessoas desprezando outras por um mero comentário em uma postagem de um amigo em comum. Muitos parecem encarar a falta de contato físico como um pretexto para ofender alguém, esquecendo que por trás da máquina há sempre um ser humano que também pensa e se emociona.
Todo mundo deve conhecer casos de pessoas que deixaram até mesmo de se cumprimentar na rua ou de se falar por uma divergência de opinião em uma publicação em mídias sociais. A impressão que fica é que há bastante gente despreparada em aceitar a preferência alheia. Isso deveria acontecer? Acho que não, a não ser que você tenha uma cabana no seio de uma área de mata nativa e opte por passar o resto de sua vida em ostracismo ou na plena misantropia.
No Facebook, qualquer pessoa com uma lista de contatos está sujeita a receber uma infinidade de informações ao longo do dia, então por que se incomodar com um camarada que se sente bem postando algo sobre um assunto que o agrada? Pode não ser do meu gosto, mas também não me faz mal. Por que não permitir uma opinião contrária a sua? Isso pode enriquecer o diálogo ou pelo menos estimular uma reflexão ou consideração.
Claro, desde que não seja um comentário arbitrário ou agressivo. A rede social também tem o poder de avaliar a nossa paciência, equilíbrio e capacidade em aprender até mesmo sobre coisas com as quais até então não nos importávamos. Não nego que estamos todos sujeitos a condenar determinadas atitudes e cometer excessos nas redes sociais. Porém, isso não significa inaptidão em aperfeiçoar as nossas habilidades de ponderação.
A importância da tolerância em tempos sombrios
A maneira como nos expressamos diz muito mais do que imaginamos
Nos últimos dias, algumas pessoas me perguntaram o que eu acho do momento político que vivemos no Brasil. O que eu acho? Acho que existe passionalidade demais de todos os lados, o que na realidade não me surpreende, já que essa é uma característica comum do brasileiro – a de se deixar levar pela emoção, de se exaltar. Há predicados bons e ruins. Mas são exatamente os negativos que afetam não apenas nós mesmos, mas todos à nossa volta.
Quando digo que muitos são dominados pela passionalidade, me refiro em específico ao fato de xingarem e repercutirem a esmo publicações que pouco contribuem para um debate. Exemplo são os textos que partem diretamente da conclusão, que não permitem abertura para o leitor trilhar seu próprio caminho. Esse tipo de material costuma ser deletério porque na realidade ele não te instiga a pensar, mas sim a compartilhar e defender uma opinião já definida.
Sim, somos arrogantes e pernósticos todas as vezes em que dividimos uma opinião impositiva, logo autoritária, que não permite qualquer tipo de diálogo ou discussão saudável. A realidade é que vivemos tempos sombrios, em que alguém é capaz de desqualificar o outro, seja nas suas particularidades profissionais ou sociais, por causa de uma opinião ou posição política. Quando alguém age assim, uma questão sempre ecoa pela minha mente: “Será que esse sujeito já pensou que, em menor ou maior proporção, ele absorve cultura de alguém que pensa completamente diferente dele?” Seja por meio de filmes, livros, músicas, etc.
De um lado, vejo pessoas que compartilham frases de Gabriel García Márquez e Julio Cortázar xingando quem se identifica com políticas de esquerda. Do outro, pessoas parafraseando Jorge Luis Borges e Mario Vargas Llosa e ofendendo quem se alinha com políticas conservadoras. O ser humano pouco percebe o quanto recai em contradição quando condena alguém por suas disparidades.
Se você é estoico a ponto de desprezar ou odiar alguém por sua posição política, acredite, você vive uma ilusão, já que é impossível, ainda mais com o advento da globalização, se privar de reconhecer valor em algo gestado por alguém que vá na contramão de sua inclinação política. Você pode não saber, mas você é sim influenciado por pessoas muito diferentes de você em inúmeros aspectos, inclusive políticos. E compreender a complexidade disso é o primeiro passo para entender a importância da diversidade.
Não é novidade que nas mídias sociais pululam muitas ofensas gratuitas, xingamentos ostensivos, desnecessários e generalizados por causa de política. Porém, quem deve ser julgado são os políticos, mas dentro da legalidade, não pessoas que apenas fazem valer o seu direito de pensar diferente de mim ou de você, independente do nível de influência que elas tenham.
Considero a situação preocupante porque me surpreendo cada vez mais com a baixeza das publicações na internet. Pessoas disseminando ódio, trocando ameaças, entrando em conflito com amigos de longa data, tudo isso por indisposições que muitas vezes não chegam nem a ser ideológicas.
Acho justo e imprescindível não rotular pessoas por suas opiniões políticas. A defesa de algo em um momento específico pode e também deve ser encarada como resultado de uma avaliação contextual, ainda mais quando os envolvidos são apartidários. Se você não é capaz de aceitar isso, talvez você não esteja preparado para viver em sociedade.
Hoje em dia, mesmo com todas as facilidades advindas das novas formas de comunicação, muitas pessoas estão mais preocupadas em entrar em conflito por nada ou quase nada – simplesmente porque há uma crença de que algo dentro de você fará com que você se sinta inferiorizado se você não se manifestar, mesmo que de forma obtusa.
Muitos se mostram dispostos a exercer violência – até matar ou morrer por causa de política. Acredite, se você está preparado para chegar a esse ponto significa que você não defende de fato a democracia. Na era da guerra da informação, supor que a solução seja a irrupção de uma guerra nos moldes mais antigos é um retrocesso descomunal, desconsiderado até mesmo por militares que participaram da deposição de Jango em 1964.
Quando você tiver vontade de xingar ou ofender alguém por causa de política, não se esqueça que vivemos em um país democrático onde a maior parte da população quer o fim da corrupção e da impunidade. Não é motivo o suficiente para pelo menos perseverar o respeito? Políticos e seus asseclas são minoria em um país com mais de 200 milhões de pessoas; e muitos são capazes de qualquer coisa para segmentar a população, assim como aconteceu em muitos países.
Outro fator a se considerar é que não se estimula alguém a refletir com xingamentos. Quer que levem sua opinião a sério? Argumente. Do contrário, será apenas mais um desabafo fragilizado ou ofensa vazia. A maneira como nos expressamos diz muito mais do que imaginamos. A forma como você apresenta uma linha de raciocínio pode desqualificar todo o conteúdo se ele transparecer excessos como jactância, intransigência, destempero e excesso de vaidade. Seja tolerante. A tolerância é uma das qualidades mais importantes do ser humano porque ela assegura a manutenção da vida.