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Dia Nacional dos Direitos Animais homenageia os 100 bilhões de animais mortos nos matadouros ao longo de um ano
“Esses indivíduos, que têm uma alma, um caráter único e uma vontade de viver, são exatamente como nós”
No domingo, 3 de junho, 32 grandes cidades, incluindo Nova York, Paris, Frankfurt, Barcelona, Saigon, Manila, Hong Kong, Mumbai, Perth e Montreal, vão celebrar o Dia Nacional dos Direitos Animais, que homenageia principalmente os 100 bilhões de animais mortos nos matadouros ao longo de um ano, segundo a organização sem fins lucrativos Our Planet. Theirs Too.
O objetivo do Dia Nacional dos Direitos Animais, instituído em 2011, é refletir sobre a violência humana contra animais de outras espécies. O evento memorial traz em sua programação a leitura da Declaração dos Direitos Animais, discursos, poesia, música e apresentações audiovisuais. Além disso, convida as pessoas a adotarem um estilo de vida vegano, em oposição à exploração animal que se estende à alimentação, vestuário, cosméticos, produtos domésticos, medicamentos, mão de obra, esportes e entretenimento.
Segundo a organização Our Planet. Theirs Too, sediada em Los Angeles e responsável pela criação do Dia Nacional dos Direitos Animais, 100 bilhões de animais foram mortos nos matadouros do mundo todo ao longo de um ano. Somente nos Estados Unidos, 10 bilhões de animais terrestres e 20 bilhões de animais marinhos foram reduzidos a alimentos. Tivemos dez milhões de animais mortos em laboratórios, três milhões mortos para a extração de suas peles e 200 milhões assassinados por caçadores. São 80 milhões de animais mortos por dia.
“Esses indivíduos, que têm uma alma, um caráter único e uma vontade de viver, são exatamente como nós: eles vêm em todas as formas, cores e tamanhos. Alguns deles têm penas, alguns deles têm pelos, alguns deles têm patas e outros têm pernas minúsculas. Mas todos compartilham a mesma coisa que também temos em comum: eles têm o direito de viver. Com seus filhos e famílias. Felizes e livres. Neste dia, paramos tudo e nos lembramos deles“, justifica a Our Planet. Theirs Too.
Aves Exiladas
Eles contavam histórias de um lugar mítico, chamado Paraná. Um mar de terras férteis
Maringá, Apucarana, Cornélio Procópio, Londrina, Cianorte, Campo Mourão, São José dos Pinhais: nomes que começaram a ser ouvidos na periferia de Poá, em meados dos anos 70, com a chegada de inúmeras famílias paranaenses. Eles contavam histórias de um lugar mítico, chamado Paraná. Um mar de terras férteis. Um mundo belo, onde cresciam as lendárias araucárias e se ouvia o canto da gralha azul.
Chegavam famílias inteiras. Pai, mãe, filhos e agregados. Procuravam os terrenos baratos da periferia. Construíam casas pequenas, nas quais acontecia o milagre do compartilhamento dos mínimos espaços e recursos. Êxodo rural era uma expressão que eu não compreendia. Quando, por acaso, eu a ouvia; logo imaginava o êxodo bíblico. Moisés à frente. O povo eleito atrás. Seguindo-o. Todos atravessando, estupefatos, o Mar Vermelho. Qual faraó teria expulsado tanta gente do Paraná? Quem seria o Moisés que os conduzira até ali?
Perguntas que ficaram sem resposta…
Início dos anos 80. Mais famílias chegando! Construção do conjunto habitacional Nova Poá. Meu pai e um vizinho, paranaense, trabalharam na construção desse novo bairro. Íamos eu e uma mocinha, a Eva, levar as marmitas para os nossos pais. A Eva me falava de Maringá, da torre da catedral em formato de cone e de outras singularidades. Ganhávamos, desses vizinhos, belos cartões-postais dessa terra intrigante.
E a década de 80 avançava trazendo mais gente do Sul. Que faraó teria o poder de exilar tanta gente? Quem seria o Moisés que guiaria esse povo? Adonai! Não havia nenhum Moisés! Só a dor de deixar a terra natal e chegar, quase sem recursos, a uma Canaã pauperizada!
Muitos migrantes, que chegaram crianças, já são avós. Criaram raízes no Alto Tietê. Perderam a verdura e o cheiro de novidade que trouxeram na chegada. Foram bem-vindos! Integraram-se! Trouxeram cultura e foram aculturados. Antropofagia cultural: paulistas e paranaenses.
O Alto Tietê acolheu e aninhou um número fora das estatísticas dessas aves exiladas, que chegaram cansadas, desiludidas e traziam no olhar a esperança de encontrar a Terra Prometida. Adonai!!! Por que da terra não mana mais leite e mel?
Crônica de autoria do escritor paulista Antonio Neto, radicado em Santa Maria de Jetibá, no Espírito Santo. O texto faz parte do seu livro de crônicas “Memorial do Alto Tietê, comercializado no site da livraria da Editora Penalux (editorapenalux.com.br/loja) por R$ 32.
Sobre a crônica, Antonio Neto explica:
“É um tributo aos migrantes paranaenses que se aninharam no Alto Tietê. A migração paranaense ficou esquecido por causa da maciça migração vinda de outros estados. Então eu quis resgatar essa história pouco contada.”
Lou Ferrigno, de vítima de bullying a campeão de fisiculturismo
Stand Tall, mais do que uma versão Pumping Iron do ítalo-americano
Embora muitos digam que o ex-fisiculturista e ator Lou Ferrigno foi ofuscado por muito tempo pelo também ator e ex-fisiculturista Arnold Schwarzenegger, a verdade é que o primeiro filme estrelado pela dupla, o documentário Pumping Iron, de 1977, de Robert Fiore e George Butler, serviu para alavancar ainda mais a carreira do ítalo-americano, mesmo que a película tenha se pautado mais na carreira e personalidade de Arnie.
Exemplos não faltam. Após o lançamento de Pumping Iron, Lou Ferrigno estrelou o filme The Incredible Hulk, seguido pela série homônima de sucesso que foi ao ar pela CBS até 1982. Depois, Ferrigno foi protagonista de The Incredible Hulk Returns, de 1988; The Trial of the Incredible Hulk, de 1989; e The Death of the Incredible Hulk, de 1990. Ainda trabalhando com a sétima arte, interpretou o mitológico Hércules em 1983 e 1984, além de Sinbad of the Seven Seas em 1989.
Dos anos 1990 para cá, o fisiculturista aposentado teve poucas participações no cinema e na TV. Os trabalhos mais populares incluem a voz do Hulk nos remakes mais recentes e muitas dublagens para os desenhos animados da Marvel. No Brasil, o filme Stand Tall, de 1996, do cineasta Mark Nalley, é desconhecido da maior parte do público aficionado por musculação e fisiculturismo.
Curiosamente, é o único que mostra quem é e quem foi o maior adversário de Arnold Schwarzenegger no antológico Mr. Olympia de 1975. Ainda assim, é preciso ressaltar que talvez por ser um docudrama com caráter de tributo ou homenagem, Stand Tall omite informações sobre o final da carreira de Ferrigno como bodybuilder, quando amargou em 1992 e 1993 as posições de 12º e 10º colocado.
O filme de Mark Nalley tem boa estrutura, em acordo com uma proposição humanista que visa despertar a identificação do público com um dos maiores ícones da era de ouro do bodybuilding. Na obra, Louis Jude Ferrigno é uma criança do Brooklyn, em Nova York, que aos três anos é diagnosticada com surdez causada por uma infecção. Restando apenas 15% da audição, o jovem Ferrigno cresce retraído. As cenas sobre a infância difícil do atleta são apresentadas em forma de vídeos caseiros registrados no final dos anos 1950.
Vítima constante de bullying, apenas anos mais tarde consegue ouvir e falar com clareza. São emocionantes as cenas de Lou contando como foi ridicularizado na infância por ser um garoto magricela surdo-mudo. Mas tudo começa a mudar aos 13 anos, quando descobre o fisiculturismo como forma de superar a timidez e a baixa autoestima. O amor pela modalidade é quase instantâneo, tanto que Ferrigno trabalhava como engraxate para comprar revistas de musculação.
Um dos momentos mais inesquecíveis de Stand Tall surge quando o ex-fisiculturista lembra dos episódios em que disse aos seus clientes que se tornaria um campeão mundial de bodybuilding. A narrativa vigorosa e a construção clara e objetiva do filme conquistam a atenção do espectador. Mesmo quem não gosta de musculação ou fisiculturismo começa a entender e respeitar a complexidade e o rigor da construção corporal, seja em nível competitivo ou não.
O filme que conta a história de superação do ítalo-americano também tem algumas semelhanças com Pumping Iron. No clássico de 1977 o adversário que o protagonista Arnold Schwarzenegger precisa superar é Lou. Já em Stand Tall, Ferrigno, com mais de 40 anos, tem de vencer o veterano Boyer Coe. A obra que levou um ano e meio para ser produzida tem bom material de pesquisa e apresenta entrevistas com familiares e amigos de Lou, além de Arnold, o maior ídolo do fisiculturismo.
Nalley quase desistiu de ter Schwarzenegger no filme por causa das dificuldades em convencê-lo a participar. Para o bem do cineasta, as regulares insistências garantiram um final feliz. Em troca da participação, Arnie pediu apenas uma caixa de charutos. “Sabíamos como seria determinante para o filme ter alguém famoso como o Arnold”, diz o cineasta Mark Nalley que precisou se desdobrar com um orçamento modesto de 200 mil dólares, considerado minúsculo para os padrões estadunidenses. Uma das poucas queixas sobre o filme diz respeito a iluminação. Há algumas cenas escuras que denunciam uma certa falta de cuidado e de recursos da produção.
Felizmente, nada disso é o suficiente para ofuscar o brilho do documentário sobre um dos atletas mais importantes da história do fisiculturismo. Se tratando de estatura física, Ferrigno, que tinha 1,96m e 130 quilos, ultrapassou os padrões do bodybuilding profissional e conquistou dois títulos de Mr. Universo em 1973 e 1974, além de uma terceira colocação no Mr. Olympia de 1975. Em síntese, Stand Tall é um filme feito para todos os seres humanos, amantes ou não de atividade física resistida. “Ele tinha tudo. Boas costas, bons ombros e sabia como posar”, comenta um admirador do atleta no filme.