David Arioch – Jornalismo Cultural

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Morto pode ter cheiro doce?

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Criança, passeando pelo cemitério, passei por um mausoléu e falei com uma senhora que limpava um túmulo: Morto pode ter cheiro doce? Como? Morto pode ter cheiro doce? Doce? Doce! Como? Quem morre, não desaparece, vira doce? Quê, filho? Só depois que me afastei ela notou um balde de pipoca doce no mausoléu ao lado. Ali nunca faltava pipoca – branca, amarela, rosa, vermelha, sortida – um simulacro curioso da vida.

Written by David Arioch

August 4th, 2018 at 5:55 pm

Capitán, o cão que dormia no túmulo do seu ex-tutor desde 2007

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Acervo: La Voz

Em Villa Carlos Paz, na Argentina, o cão Capitán, um cão mestiço, parte pastor alemão, chamava a atenção. O animal descobriu sozinho em 2007 onde o seu companheiro humano foi enterrado, e desde então dormia ao lado do túmulo. Infelizmente, esta semana Capitán foi encontrado morto a poucos metros do Cemitério Municipal de Villas Carlos Paz em decorrência de insuficiência renal. Aos 16 anos, ele já havia perdido a visão de um olho e tinha dificuldades para caminhar.

Capitán, encontrado por Miguel Guzmán em 2005, foi criado como um irmão de seu filho Damián. À época, a mãe Verónica Moreno não gostou muito da ideia porque já imaginava como seria trabalhoso cuidar futuramente de um animal de grande porte. Em 24 de março de 2006, Miguel faleceu, e não demorou para Capitán começar a vasculhar a casa, procurando pistas de Guzmán. Cheirou cada cômodo da residência e mais tarde desapareceu.

A família pensou que o cão tivesse sido morto ou adotado. Só descobriram o paradeiro de Capitán quando Damián foi visitar o pai no cemitério e encontrou o cachorro ao lado do túmulo. “Ele começou a ladrar de uma maneira que dava a impressão de que estava chorando”, contou Verónica que tentou levá-lo para casa, mas ele se recusou; preferiu continuar ao lado de Miguel.

De acordo com a vendedora de flores Marta, Capitán chegou ao Cemitério de Villas Carlos Paz em janeiro de 2007, quando encontraram o cão com uma pata da frente quebrada. “Percebemos que ele amava o seu tutor porque jamais deixou o cemitério”, testemunhou. Até hoje, ninguém sabe explicar como Capitán achou o túmulo de Miguel. O homem faleceu no hospital e de lá foi levado para uma casa funerária bem longe de onde morava.

Não havia um dia em que Verónica e Damián visitavam Miguel e não encontravam Capitán junto ao túmulo. Algumas vezes o cão acompanhava a família até em casa, mas sempre retornava ao cemitério. “Lá é a casa dele agora. Admito que antes eu não gostava tanto do Capitán. Isso mudou assim que percebi o amor que ele tem pelo meu marido. Desenvolvi um carinho muito grande. Sinto que o Capitán está com Miguel”, afirmou Verónica Moreno.

Damián desistiu de levar o cão para casa quando percebeu que não adiantaria. Não importava para onde Capitán ia, ele sempre retornava ao cemitério. “Todos os dias, às seis horas em ponto, ele se deitava em frente ao túmulo. É uma lição de preservação das memórias daqueles que partem. Incrível como os animais nos ensinam isso de modo tão fiel”, comentou o administrador do cemitério, Héctor Baccega, que todos os dias contava com a companhia do cão em suas andanças.

Referência

La Voz, de Córdoba, Argentina.

 

 





 

Written by David Arioch

February 23rd, 2018 at 1:45 pm

Capitán, o cão que dorme no túmulo do seu ex-tutor desde 2007

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Cão dorme ao lado do túmulo do dono há mais de cinco anos

Capitán vive no cemitério desde 2007 (Foto: La Voz)

Em Villa Carlos Paz, na Argentina, o cão Capitán, um cão mestiço, parte pastor alemão, tem chamado a atenção há muito tempo. O animal descobriu sozinho em 2007 onde o seu companheiro humano foi enterrado, e desde então dorme ao lado do túmulo.

Capitán, encontrado por Miguel Guzmán em 2005, foi criado como um irmão de seu filho Damián. À época, a mãe Verónica Moreno não gostou muito da ideia porque já imaginava como seria trabalhoso cuidar futuramente de um animal de grande porte. Em 24 de março de 2006, Miguel faleceu, e não demorou para Capitán começar a vasculhar a casa, procurando pistas de Guzmán. Cheirou cada cômodo da residência e mais tarde desapareceu.

Cão achou sozinho o túmulo de Miguel (Foto: La Voz)

A família pensou que o cão tivesse sido morto ou adotado. Só descobriram o paradeiro de Capitán quando Damián foi visitar o pai no cemitério e encontrou o cachorro ao lado do túmulo. “Ele começou a ladrar de uma maneira que dava a impressão de que estava chorando”, conta Verónica que tentou levá-lo para casa, mas ele se recusou; preferiu continuar ao lado de Miguel.

De acordo com a vendedora de flores Marta, Capitán chegou ao Cemitério Municipal de Villas Carlos Paz em janeiro de 2007, quando encontraram o cão com uma pata da frente quebrada. “Percebemos que ele amava o seu tutor porque jamais deixou o cemitério”, testemunha. Até hoje, ninguém sabe explicar como Capitán achou o túmulo de Miguel. O homem faleceu no hospital e de lá foi levado para uma casa funerária bem longe de onde morava.

Exemplo de fidelidade animal (Foto: La Voz)

Não há um dia em que Verónica e Damián visitem Miguel e não encontrem Capitán junto ao túmulo. Algumas vezes o cão acompanha a família até em casa, mas sempre retorna ao cemitério. “Lá é a casa dele agora. Admito que antes eu não gostava tanto do Capitán. Isso mudou assim que percebi o amor que ele tem pelo meu marido. Desenvolvi um carinho muito grande. Sinto que o Capitán está com Miguel”, afirma Verónica Moreno.

Damián desistiu de levar o cão para casa quando percebeu que não adiantaria. Não importa para onde Capitán vá, ele sempre retorna ao cemitério. “Todos os dias, às seis horas em ponto, ele se deita na frente do túmulo. É uma lição de preservação das memórias daqueles que partem. Incrível como os animais nos ensinam isso de modo tão fiel”, comenta o administrador do cemitério, Héctor Baccega, que todos os dias conta com a companhia do cão em suas andanças. Em casa, Baccega cuida de um filho de Capitán e diz que o filhote provavelmente será tão leal quanto o pai.

Referência: La Voz, de Córdoba, Argentina.

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Cemitério é mais antigo que a cidade

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Necrópole surgiu quando Paranavaí ainda era um distrito

Jazigo da Família Moraes é o mais visitado

Jazigo da Família Moraes é o mais visitado (Foto: David Arioch)

Os primeiros sepultamentos no Cemitério Municipal de Paranavaí, no Noroeste do Paraná, foram realizados em 1947. À época, antes de se tornar cidade, a Colônia Paranavaí, distrito de Mandaguari, ainda era conhecida como Fazenda Brasileira.

Naquele tempo, o portão de entrada do cemitério ficava localizado onde hoje é a área central da necrópole. A atual fachada foi construída somente décadas depois. A demora, segundo pioneiros, se deve a um problema de planejamento. O espaço era pequeno e não contemplava o desenvolvimento da cidade, então precisaram comprar novos lotes e extinguir uma larga rua que atravessava o cemitério.

O administrador do Cemitério Municipal, Amilcar Pereira do Santos, sabe muito bem o que isso significa. Ele viu o espaço ser ampliado três vezes ao longo de 33 anos de trabalho. “Já carpi, construí muro, fui coveiro, auxiliar de médico-legista e hoje estou aqui como administrador”, frisa, acrescentando que durante muito tempo ele e dois colegas de trabalho foram responsáveis pela manutenção da necrópole.

Oito funcionários cuidam dos cinco mil túmulos onde estão enterradas mais de 30 mil pessoas. Segundo Santos, o trabalho se torna mais intenso no final de outubro, quando o fluxo de visitas no Cemitério Municipal aumenta muito por causa do feriado de Dia de Finados. “O horário de expediente passa a ser das 6h às 19h. Posso dizer que o nosso trabalho triplica. Sempre tem alguém pedindo informação ou precisando de alguma ajuda. Mas tudo corre bem porque atendemos um de cada vez”, pondera Amilcar.

Apesar da maioria dos túmulos serem visitados apenas no período que precede o feriado, alguns são recordistas de público. Exemplo é o jazigo da Família Moraes, próximo à entrada do Cemitério Municipal, que apresenta a imagem de um avião sobrevoando o campo e recebe até três visitas por dia. “As pessoas sempre perguntam como foi o acidente”, destaca Amilcar Santos. O belo desenho impresso em azulejo é uma representação simbólica do último momento vivido por Oswaldy Teixeira de Moraes.

“Em 1976, ele e mais três pessoas foram para o Mato Grosso do Sul. Viajaram a trabalho para negociar a venda de terras. Durante o voo, começou a chover e eles tentaram descer e, sem sucesso, o avião se chocou contra uma peroba. Isso aconteceu perto de Naviraí”, conta o administrador do cemitério. No acidente morreram duas pessoas de Paranavaí e duas de Londrina.

Outro túmulo que recebe um bom número de visitas é o de Armando Trindade Fonseca que ficou conhecido como um grande radialista. “Pelo menos três pessoas, inclusive de outras cidades, visitam o túmulo dele toda semana. Não é pra menos. Ele era muito conhecido na região e foi pioneiro do rádio. Infelizmente, problemas de saúde o levaram à morte”, comenta Amilcar Pereira.

Curiosidades

Em 1950, a Prefeitura de Mandaguari enviou um livro oficial de inumações que passou a ser administrado pelos próprios moradores.

No Cemitério Municipal, 400 pessoas estão sepultadas na ala de “gavetas”, onde são depositados os restos mortais de indigentes e pessoas sem condições financeiras para comprar um túmulo.

O Cruzeiro das Almas é bastante frequentado. No local, os visitantes deixam garrafas com água, velas, flores e pedidos para se curar de alguma enfermidade ou conseguir emprego.

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