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Peter Lorre, do expressionismo alemão para Hollywood
Ator fez parcerias com Fritz Lang, John Huston e Alfred Hitchcock
Peter Lorre, um dos atores mais expressivos, enigmáticos e intrigantes de todos os tempos. Se consagrou por participar de obras geniais como “M – Eine Stadt Sucht Einen Mörde”, do genial Fritz Lang, que no Brasil ganhou o nome de “O Vampiro de Düsseldorf”, de 1931, um clássico do expressionismo alemão em que o cinema flerta magistralmente com o teatro; o emblemático The Maltese Falcon (O Falcão Maltês), de 1941, do mestre do cinema noir, John Huston; e The Man Who Knew Too Much (O homem que Sabia Demais), de 1934, uma obra inesquecível do rei do suspense, Alfred Hitchcock.
São filmes de alguns dos gêneros mais representativos do cinema mundial e que estreitaram a relação do cinema europeu com o cinema norte-americano. Apenas analisando superficialmente o perfil de Lorre e essas quatro obras, é possível interpretar que Hollywood deve muito ao cinema-arte, mas o cinema-arte quase nada deve a Hollywood, já que as referências mais profundas da cultura cinematográfica foram semeadas bem longe de Los Angeles.
Peter Lorre, como imigrante europeu, é um exemplo de como o pós-guerra foi vantajoso para os EUA até mesmo na profusão da sétima arte, já que muitos cineastas e atores de outras nacionalidades foram obrigados a partir para a “América” não para viver o “american way of life”, mas para sobreviver com dignidade e fazendo o que melhor sabiam fazer: CINEMA. Há quem conteste tal benefício dos estadunidenses com a Segunda Guerra Mundial?
M – Eine Stadt sucht einen Mörder
O expressionismo alemão como pioneiro em transpor para a tela o universo de um serial killer; nada mais intenso se tratando da figuração da distorção humana e dos aspectos sociais, políticos e econômicos da Alemanha de 1930. Depois de tanto tempo, M (que bem poderia ser de masterpiece) – Eine Stadt sucht einen Mörder ainda dialoga com o presente e instiga reflexões sobre a condição psicológica dos homens.
Poucos filmes sobre o tema conseguiram ser tão surpreendentes sem decair para o apelativo. É uma pena que ainda hoje muita gente não seja capaz de entender a profundidade dessa obra criada pelo gênio expressionista Fritz Lang, o homem que se recusou a trabalhar para Adolf Hitler. Embora à época o expressionismo alemão passasse por um momento difícil em função do crescimento do Nacional Socialismo, M, que foi relegado ao cinema cult, ultrapassou as barreiras do entretenimento para se consolidar como obra de arte.