David Arioch – Jornalismo Cultural

Jornalismo Cultural

Archive for the ‘Vaquejada’ tag

Alguém diz: “Defendo o fim das vaquejadas e da farra do boi, mas não sou contra matar um animal para comer”

without comments

“Para o animal não importa a finalidade de sua morte, porque isso não muda o fato de que ele deixará de existir”

Um animal não vai te agradecer porque não foi torturado na vaquejada, mas, por exemplo, morreu logo em seguida no matadouro (Fotos: Reprodução)

Alguém diz:

— Eu defendo o fim das vaquejadas e da farra do boi, mas não sou contra matar um animal para comer.

— Imagino que você conheça vegetarianos ou veganos, certo?

— Sim…

— Estão vivos, bem?

— Acho que sim…

— Então por que se alimentar de animais?

— Ora, isso é problema deles, escolha deles. Como porque é gostoso.

— Certo. Se alimentar de um animal então é gostoso. Isso realmente é uma boa justificativa para matar animais? Melhor do que a de não matar que se baseia no fato de que não temos necessidade de tirar vidas para viver bem? E se há pessoas que vivem bem sem consumir a carne de animais, logo sem financiar esse sistema, isso não significa que matar animais acaba por ser um capricho? Quero dizer, privamos um animal de viver, impomos a morte e o comemos. A escolha que existe para nós é inexistente para ele.

— Ainda acho que comer carne não é um problema, porque o animal existe pra isso.

— Entendo, mas quem disse isso?

— A sociedade, o mundo. Ao longo da história, a “sociedade e o mundo” disseram muitas coisas, mas recuaram ou mudaram em diversos aspectos quando houve um entendimento abrangente das consequências de nossas ações em relação ao que não diz respeito somente a nós. Além disso, me responda uma pergunta. Se a “sociedade” decidir que não há nada de errado em sair matando pessoas aleatoriamente, você endossaria isso?

— Claro que não, né?

— Então, isso é uma baliza moral. Independente dos preceitos socialmente aceitáveis, você faria o que considera certo. Sendo assim, matar animais é correto?

— Hum…complicado.

— Considere um ponto. Para o animal não importa a finalidade de sua morte, porque isso não muda o fato de que ele deixará de existir. Ele não vai te agradecer porque não foi torturado na vaquejada, mas, por exemplo, morreu logo em seguida no matadouro. Matar um animal para se alimentar, não anula o fato de que antes ele passou por algum tipo de privação, medo, sofrimento e, claro, algum tipo de violência final que custou a sua vida, tenha sido esse ato curto ou prolongado. Em síntese, nunca há uma boa maneira de matar um animal que não quer morrer.





 

Vaquejada não é esporte, é violência

without comments





Práticas violentas contra os animais só existem porque sempre há plateia e consumidores

without comments





Práticas violentas contra os animais só existem porque sempre há plateia e consumidores

without comments

Em uma sociedade civilizada, não deveria haver espaço para tais práticas

Não é tão raro encontrar pessoas falando mal de toureiros. Sem dúvida, concordo que não há nada de bom a se falar a respeito, até porque ninguém deveria se “profissionalizar” em fazer mal a um animal e chamar isso de arte.

Porém, a tauromaquia, assim como qualquer atividade considerada tradicional, e que cause mal a outros seres vivos sencientes, só existe porque há plateia e consumidores. Enfim, pessoas que não racionalizam a própria maldade, ou que não são capazes de externalizá-la, pagam para que os outros façam o que elas não conseguem. Assim, tornando-se voyeurs de anseios desasseados e perigosos.

Qualquer atividade que impinge dor a um animal, seja chamada de “espetáculo” ou “esporte”, não passa de truculência, de uma expressão equivocada da ignorância e da insensibilidade humana. Se alguém convida uma pessoa para participar de algo e essa pessoa recusa, como você chamaria o ato de obrigá-la a fazer parte de algo que não é de sua vontade?

Não tenho dúvida de que alguém testemunhando tal ato, se motivado por um princípio probo de justiça, há de intervir ou se manifestar de alguma forma, porque isso também é inerente à natureza humana. E por que quando se trata dos animais não humanos continuamos a legitimar e encarar a violência até mesmo com sorrisos? Porque pessoas gargalham ao ver um animal sendo ferido?

Você rir de um touro ferido na arena, de um boi caído durante a vaquejada, de um bezerro laçado e arremessado ao chão, de um animal golpeado na farra do boi, não é diferente de rir de um gato ou um cão espancado na rua e diante dos seus olhos. Violência é violência, não importando se concordamos ou não com isso. Afinal, a vítima traz consigo a expressão da própria realidade, da consequência de nossos atos, independente se você está imerso em ilusão, negação ou dissimulação.

Não deveríamos repensar nossas relações com os animais? Não seria isso no mínimo bizarro e incoerente de nossa parte? Afinal, animais não humanos também sentem dor, agonizam, sofrem à sua maneira. Somos tão ardilosos em alguns aspectos da vida em sociedade que usamos eufemismos capciosos tentando mimetizar o impacto de nossas ações, tentando maquiá-las com algo inexistente e deletério.

Estamos tão imersos em nossos mundos particulares, em satisfazer nossos anseios obsoletos e desnecessários, travestidos de necessidades, que muitas vezes neutralizamos qualquer possibilidade natural de ver algo como ilegítimo, cruel e impraticável.

Contribuição

Este é um blog independente, caso queira contribuir com o meu trabalho, você pode fazer uma doação clicando no botão doar:





O atleta e a vaquejada

without comments

“Isso significa que o seu esporte é puxar violentamente o rabo de um animal?”

— O que você faz?
— Sou atleta.
— Sério mesmo?
— Sim…
— Qual esporte você pratica?
— Vaquejada.
— Isso significa que o seu esporte é puxar violentamente o rabo de um animal?
— Sim…
— Mas o animal consentiu? Ele disse a você que gostaria de sentir dor?
— Não…
— Então como isso se enquadra em esporte?
— Não tenho a mínima ideia.

Contribuição

Este é um blog independente, caso queira contribuir com o meu trabalho, você pode fazer uma doação clicando no botão doar:





Comissão do Senado, exploração animal e figuras sinistras

without comments

Vaquejada nada mais é do que uma forma de tortura praticada contra animais (Foto: Foto: Prefeitura do Cantá)

Como puxar um animal pelo rabo pode ser considerado esporte? (Foto: Foto: Prefeitura do Cantá)

Comissão do Senado aprova projeto que torna vaquejada manifestação cultural no Dia do Veganismo. Mais uma vez, o Brasil na contramão do que é certo. É triste reconhecer até que ponto chega a ganância e a maldade humana. Veremos agora o que vai acontecer daqui em diante. Ainda é possível reverter isso.

Levando em conta essa decisão, quando saí de casa, comecei a refletir sobre a forma como o ser humano se aproveita dos animais. Me recordei da maneira como muitos são explorados e executados, como vemos em vídeos amadores de denúncias de sofrimento e morte animal. Curiosamente, me veio à mente lembranças de figuras sinistras como Ed Gein, Ivan Milat, Ed Kemper, Jeffrey Dahmer, Charles Manson, Ted Bundy, Anders Breivik, Woo Bum-Kon, William Unek, Andrei Chikatilo, Os Maníacos de Dnepropetrovsk e outros tipos de serial killers, mass murderers e rampage killers.

Ed Gein fazia roupas com o couro de suas vítimas. Ted Bundy arrastava garotas de forma bastante similar com o que já foi testemunhado em matadouros e vaquejadas. Milat e Dahmer não raramente gostavam de pendurar seus alvos em grilhões. Vocês já perceberam como o icônico Leatherface, do filme The Texas Chain Saw Massacre, inspirado em Ed Gein, aplica contra suas vítimas todas as técnicas que ele aprendeu em um matadouro? Inclusive usava ferramentas muito semelhantes. Talvez com exceção da serra elétrica. No filme, ele não faz nada do que seres humanos não tenham feito até então com os animais.

Tais tipos criminosos naturalizavam a tortura, o sofrimento e a morte. E todos eles começaram provocando dor em animais antes de escolherem suas primeiras vítimas humanas. São sujeitos que sempre se viram como senhores da vida e da morte. Não raramente, vemos pessoas em grande posição de tomada de decisões, defendendo, sob um falso princípio democrático, que os animais merecem o mesmo tratamento.

O texto acima é uma breve reflexão desconcertada. Pretendo produzir um artigo com melhor desenvolvimento de ideias sobre o assunto.

Vaquejada não é esporte, é violência

with 2 comments

Como violentar um animal pode ser considerado esporte? (Foto: Reprodução)

Do ponto de vista moral e ético, vaquejada nunca foi esporte. Em primeiro lugar, porque não há o consentimento do animal. Em segundo, porque o submete à situação vexatória análoga à tortura. Incompreensível também é defini-la como manifestação cultural, na tentativa de legitimar sua prática, endossar sua aceitação.

Cultura é uma palavra que no meu ideário sempre preferi relacionar, pelo menos instantaneamente, com coisas boas, embora infelizmente também seja atrelada a coisas ruins. Quando o assunto é cultura, logo penso em algo que ajude a elevar a alma humana e o desenvolvimento de nossas sensibilidades. É triste reconhecer que há manifestações culturais que envolvam privação e sofrimento a outros seres vivos. Como alguém pode se divertir ou ter prazer em algo assim? Não tenho dúvida alguma de que a vaquejada já não deveria mais ser vista em nossa sociedade como uma manifestação cultural, mesmo que endossada legalmente pelo desejo de uma minoria.

Tanto os filósofos da Grécia Antiga quanto os mais contemporâneos que não endossam a exploração animal convergem para um mesmo ponto quando falamos de ética. Eles argumentam que a ética não existe sem liberdade de escolha. Sendo assim, não há fundamento para a defesa da vaquejada quando alguém a qualifica como manifestação cultural. Ademais, nesse aspecto, penso que cultura e ética são indissociáveis. Nem poderia ser diferente, já que o animal não escolheu ter o seu rabo puxado violentamente para a efervescência da barbárie humana.

É uma pena que tanta gente continue se omitindo em relação às vaquejadas. São pessoas que poderiam contribuir para uma importante retomada de consciência em relação ao valor da vida animal. Falar em liberdade, igualdade e exploração quando se trata de outros assuntos, e ao mesmo tempo não se posicionar quanto a isso, me parece um paradoxo difícil de ignorar, porque grita conveniência, desinteresse por aquilo que não nos atinge diretamente. Há uma evidente ausência de empatia e respeito à vida; uma crença de que se a dor do outro não é a minha, ou se não a reconheço por sermos diferentes, pouco me importa.

Contribuição

Este é um blog independente, caso queira contribuir com o meu trabalho, você pode fazer uma doação clicando no botão doar:





Written by David Arioch

October 24th, 2016 at 11:46 pm

A Rede Globo e a vaquejada

without comments

16036110

Vaquejada não pode ser considerada esporte (Junot Lacet Filho – Jornal da Paraíba)

A Rede Globo de Televisão ontem abordando a controvérsia envolvendo a vaquejada. Apelando às formas mais baratas de sentimentalismo, apresentou uma “reportagem” com uma família que ao longo de cinco gerações está envolvida com a vaquejada. E o mais curioso, se referindo a isso várias vezes como “esporte”. Desde quando a vaquejada tem o aval da vaca?

Mostraram inclusive pecuaristas falando sobre como os animais são bem tratados nesse “esporte” que consiste em puxar o rabo da vaca, submetendo o animal a traumas regulares. A estupidez humana me surpreende um pouco mais a cada dia. Apareceu inclusive um sujeito simulando uma expressão chorosa e ridícula. A apelação não tem limites.

Written by David Arioch

October 12th, 2016 at 3:18 pm