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Tocando em frente com Fernando Bana
” Temos casos de mãe e filho que fazem aula juntos, assim um vai incentivando o outro”
Em 2008, o músico Fernando Bana criou o projeto Tocando em Frente Arte-Musicalização, e desde então tem ministrado aulas em Paranavaí, principalmente de violão. O diferencial no trabalho de Bana é o uso da música como instrumento de inclusão social. Prova disso são os mais de 50 violões que ele adquiriu ao longo dos anos para beneficiar crianças e adolescentes de baixa renda.
A primeira oficina do projeto Tocando em Frente foi na Vila City, e depois no Jardim Morumbi e na Chácara Jaraguá, bairros da periferia. Hoje, Bana é professor de violão no Sumaré e na Biblioteca Cidadã Boulivar Penha, no Conjunto Tania Mara, onde dá aulas desde 2010.
“O projeto surgiu em 2003, mas acabei indo para a Europa e o retomei mais tarde. Tem gente tocando comigo desde a primeira oficina em 2008. Um exemplo é o Anderson Ribeiro que ainda é meu aluno. Ele tem ouvido absoluto e baixa visão – apenas 20%. Mesmo assim, se destacou e se tornou professor da oficina de violão do Jardim São Jorge”, conta Bana, acrescentando que a proposta para ele ministrar aulas em mais bairros de Paranavaí partiu do ex-presidente da Fundação Cultural, Paulo Cesar de Oliveira, que assumiu um compromisso de descentralizar as atividades da FC, levando arte para os bairros mais afastados do centro.
Atualmente, Fernando Bana ministra aulas de violão no Núcleo de Cultura do Sumaré, na Biblioteca Cidadã Boulivar Penha e no Núcleo de Cultura do Conjunto Tania Mara. “São cinco vagas em cada horário, e os alunos precisam ter apenas sete anos ou mais”, explica e acrescenta que também dá aulas de violão na Escola Municipal de Música Luzia Guina Machado.
Bana relata que mais de mil alunos já passaram pelo projeto Tocando em Frente ao longo de nove anos. “Nesse período, fizemos inclusive rifas e conseguimos doações, tanto de empresas quanto de pessoas, para a aquisição e doação de mais de 50 violões. Foi uma grande revolução cultural, até porque o violão é um instrumento popular, e sempre bem procurado por estudantes de música”, informa.
Outra informação legal é que também há adultos, inclusive idosos participando das oficinas no Conjunto Tania Mara e no Jardim São Jorge, onde Bana repassou a coordenação da oficina para o seu aluno Anderson Ribeiro. “É muito bacana dar aula nos bairros, ver a evolução desse pessoal. Temos casos de mãe e filho que fazem aula juntos, assim um vai incentivando o outro. No geral, a frequência é muito boa”, revela.
Atualmente, o Tocando em Frente, coordenado por Fernando Bana, está finalizando a gravação de um disco infantil que conta com a participação de 60 alunos que participam das aulas do projeto. “Estamos gravando canções populares de domínio público. Serão sete faixas. Vamos gravar também uma música regionalista do Grupo Gralha Azul e do Ariel, um de nossos alunos. Vamos terminar as gravações até o final do primeiro semestre, e com a participação de crianças a idosos”, adianta.
Um pouquinho de história
O envolvimento de Fernando Bana com a música começou aos sete anos, quando ele ingressou no Grupo Escoteiro Guy de Larigaudie. À época, ele teve o primeiro contato com a flauta-doce. “Com 12 anos, eu e meus irmãos, que já eram músicos, montamos uma banda de rock e não paramos mais de tocar. Eu era o contra-baixista”, diz.
Mais tarde, ciente de que tocar violão poderia ser mais vantajoso em sua trajetória como músico, Bana, que foi baixista da formação original da banda Nômades, decidiu priorizar o violão. “Me profissionalizei com 18, 19 anos. Depois, com 23, 24 anos, conheci a música de João Gilberto e Tom Jobim, entre outros nomes da MPB. Então tive um entendimento musical mais abrangente, e fui por outro caminho”, enfatiza.
Além de se apresentar muitas vezes em barzinhos na noite paranaense, Fernando Bana tocou no Circo Voador e na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro, com a banda Elemento Principal, que combina rock, reggae, rap e MPB. “Estamos juntos desde 2013. Éramos uma banda de estúdio, que se reunia somente para compor e gravar, mas a coisa foi mudando”, destaca.
Além de contra-baixista do Elemento Principal, sempre que a agenda permite, Bana toca com o músico Marquinhos Diet, amigo de longa data. Também já viajou como percussionista pelo Brasil afora com o artista popular Sergio Torrente e tem uma parceria com o palestrante Fabiano Brum, para quem toca contra-baixo sempre que necessário. “Trabalhei em banda de baile e estou na estrada há 15 anos”, declara o artista que já gravou com vários compositores e participou de festivais como Farpa, Femup e Fepam, chegando a ser premiado.
Fernando Bana, que sempre gostou de dar aulas na periferia, também já foi professor de música do Centro de Atendimento à Criança e ao Adolescente de Paranavaí (Cecap), classificando a experiência como uma das mais gratificantes de sua vida. Hoje, em meio a uma rotina atribulada, a prioridade do músico é o projeto Tocando em Frente que faz a diferença na vida de jovens a idosos.
Serviço
Caso queira saber se há vagas disponíveis nas oficinas de violão do professor Fernando Bana, ligue para (44) 3902-1128 ou (44) 3902-1090.
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