Idosos, os livros da cultura oral
Na minha infância e adolescência, uma das coisas que mais me agradava era a ideia de conhecer ou aprender algo sobre quem nasceu antes do século 20 ou em seu princípio. Me sinto privilegiado por ter conhecido pessoas que vieram ao mundo nas décadas de 1890, 1900 e 1910. Quando pequeno, nas visitas ao cemitério com a minha família, sempre me dispersava procurando os túmulos mais antigos e as pessoas que nasceram há mais tempo. Imaginava como eram, como viveram e o que fizeram ao longo da vida.
Estamos em 2016 e lamento que restam poucas pessoas que nasceram no século XIX. Em pouco tempo, não existirá mais nenhuma. Muito conhecimento se perde diariamente com a morte de tantos personagens. Sempre que fico sabendo do falecimento de alguém que teve uma vida considerada longa, me pergunto quantas experiências únicas essa pessoa deve ter vivido. O que será que ela viu no mundo que ninguém viu e ainda assim não teve a oportunidade de compartilhar? Será que seus filhos, netos e bisnetos ouviam suas histórias? Ou será que tanto conhecimento se desvaneceu junto com a carne?
Pelo menos pra mim, o mundo sempre parece mais raso com a morte de um ancião ou de uma anciã. Ninguém conta uma história melhor do que uma pessoa idosa. A visão que eles têm do mundo é única e inestimável. Quando o caixão de um idoso é lacrado, imagino sempre centenas de livros se fechando, livros que nunca mais serão lidos ou abertos.
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