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Livro narra causos fantásticos da região de Paranavaí
Em 2013, a professora Elmita Simonetti Pires lançou em Paranavaí, o livro “Memória e Oralidade: Narrativas da Microrregião do Extremo Noroeste do Paraná”. Além de ser um registro da identidade dos povos que vivem em 22 cidades da região de Paranavaí, a obra leva ao público a importância da valorização da cultura oral como fonte literária.
“É uma maneira de destacarmos a importância do nosso folclore. O livro reúne causos contados principalmente por gente simples”, explica a professora que é mestre em letras pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) e docente da Universidade Estadual do Paraná (Unespar).
Dentre algumas das histórias intrigantes contadas no livro estão: “E era mesmo o danado do Saci”, “Ler e escrever: vivência de Dona Arlinda”, “A Vaca da São Francisco”, “Causo de cemitério, chapeuzão e capa preta”; “A Casa Assombrada”, “O Pote de Ouro do Mourão da Mangueira”; “Dia do Pai da Mata”; “A Casa Assombrada”; “O causo do quebra-milho”; e “O Causo de Bainho: aconteceu na mata do Cristo Rei”. “São registros que revelam conhecimento, sabedoria, maneiras de fazer, pensar e ver as nossas relações sociais”, diz a professora.
A princípio, a meta era concluir a pesquisa em dois anos. No entanto, foram necessários quatro. Ainda assim, Elmita admite que havia mais histórias para contar. “Em material cultural, folclórico, a região é muito rica, então fui ingênua em achar que seria possível concluir esse trabalho em apenas dois anos. São muitos costumes, ideais e crenças”, comenta a professora. Acompanhada de uma equipe, Elmita Simonetti fez muitas viagens por cidades da região para ouvir histórias fantásticas narradas pela população.
O resultado do projeto “Memória e Oralidade”, então transformado em livro graças ao apoio do deputado federal Hermes Parcianello, Universidade Estadual do Paraná (Unespar), Fundação Araucária e Serviço Social do Comércio (Sesc), entra para a história do Extremo Noroeste do Paraná como mais uma importante referência de pesquisa e fruição para professores, estudantes e leitores interessados pela cultura regionalista. Distribuído em muitas instituições de ensino, o livro traz na contracapa um encarte com DVD. Para mais informações, ligue para (44) 3424-0100.
Idosos, os livros da cultura oral
Na minha infância e adolescência, uma das coisas que mais me agradava era a ideia de conhecer ou aprender algo sobre quem nasceu antes do século 20 ou em seu princípio. Me sinto privilegiado por ter conhecido pessoas que vieram ao mundo nas décadas de 1890, 1900 e 1910. Quando pequeno, nas visitas ao cemitério com a minha família, sempre me dispersava procurando os túmulos mais antigos e as pessoas que nasceram há mais tempo. Imaginava como eram, como viveram e o que fizeram ao longo da vida.
Estamos em 2016 e lamento que restam poucas pessoas que nasceram no século XIX. Em pouco tempo, não existirá mais nenhuma. Muito conhecimento se perde diariamente com a morte de tantos personagens. Sempre que fico sabendo do falecimento de alguém que teve uma vida considerada longa, me pergunto quantas experiências únicas essa pessoa deve ter vivido. O que será que ela viu no mundo que ninguém viu e ainda assim não teve a oportunidade de compartilhar? Será que seus filhos, netos e bisnetos ouviam suas histórias? Ou será que tanto conhecimento se desvaneceu junto com a carne?
Pelo menos pra mim, o mundo sempre parece mais raso com a morte de um ancião ou de uma anciã. Ninguém conta uma história melhor do que uma pessoa idosa. A visão que eles têm do mundo é única e inestimável. Quando o caixão de um idoso é lacrado, imagino sempre centenas de livros se fechando, livros que nunca mais serão lidos ou abertos.
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