Seis anos lutando pela cultura de Paranavaí
Paulo Cesar de Oliveira, um dos melhores presidentes da história da Fundação Cultural
No início de 2009, atendendo a um pedido da classe artística de Paranavaí, o prefeito Rogério Lorenzetti convidou o músico Paulo Cesar de Oliveira para assumir a presidência da Fundação Cultural. Embora já estivesse aposentado há alguns anos, Paulo Cesar aceitou o desafio de mais uma vez fazer a diferença na cultura local.
Sob a direção de Oliveira, a FC começou a trilhar um novo caminho de conquistas, transparência e interação com a população. Assim que assumiu, sugeriu a retomada de um projeto antigo da Fundação Cultural. Ou seja, a produção do DN Cultura, página semanal em que são publicadas matérias sobre as atividades da FC, o trabalho dos artistas locais e eventos realizados no Teatro Municipal Dr. Altino Afonso Costa. Desde então, se passaram seis anos e a página continua sendo publicada no Diário do Noroeste, parceiro da iniciativa.
Também foi na gestão de Paulo Cesar que houve um grande incentivo à criação de novas mostras, projetos e festivais. “Com o PC, implementamos o projeto Portas Abertas, um evento de música com entrada gratuita. Muita gente participou”, comenta o ex-diretor geral e atual presidente da Fundação Cultural, Amauri Martineli. Com Oliveira, o Festival de Música e Poesia de Paranavaí (Femup) foi elevado à mostra, perdendo o caráter competitivo que normalmente acirrava os ânimos e segregava artistas. Com a nova proposta, houve mais harmonia entre músicos, contistas, poetas e espectadores. Não há mais motivos para conflitos porque todos os selecionados hoje recebem prêmios em dinheiro e também ajuda de custo da FC.
Paulo Cesar se esforçou para motivar a criação do Fórum de Cultura de Paranavaí que trouxe nomes de grande projeção no cenário nacional, além de propor mais diálogos e debates entre os artistas. A gestão de Oliveira marcou o retorno do Festival de Teatro de Paranavaí que cresceu consideravelmente nas últimas edições, trazendo artistas de todo o Brasil. Apesar da cidade não ter uma sólida cultura audiovisual, Paulo Cesar sempre incentivou a realização do Projeto Mais Cinema que de 2008 até 2013 exibiu mais de cem filmes seguidos de análise e debate na Casa da Cultura Carlos Drummond de Andrade.
Além de duas mostras de cinema, inclusive uma internacional, o ex-presidente da Fundação Cultural também se empenhou na descentralização das atividades culturais do município. Exemplos são as muitas oficinas que foram realizadas nos bairros ao longo dos anos, atendendo crianças e adolescentes. “Com o Arte em Todos os Cantos, o Paulo Cesar também defendeu o acesso aos mais diversos tipos de espetáculos. Muita gente não tem condições de vir ao Teatro Municipal Dr. Altino Afonso Costa e Casa da Cultura, então sempre escolhemos um bairro da periferia para levar apresentações dos nossos artistas”, destaca a gerente de desenvolvimento cultural Talise Schneider.
Paulo Cesar de Oliveira uniu a equipe da Fundação Cultural e os seus colaboradores. Em pouco tempo, a FC chegou a um total de dois mil alunos participando das dezenas de oficinas de artes. É até difícil enumerar em apenas um texto todas as conquistas que tiveram a contribuição de Paulo Cesar em seis anos de dedicação. Na gestão de Oliveira, a FC criou também o Concurso Altino Costa de Declamação, que visa incentivar crianças a se interessarem por poesia, e o Femupinho, uma versão do Femup para crianças e adolescentes. “A boa vontade e empenho do Paulo permitiu também que criássemos o Festival A Voz do Trabalhador e melhorássemos o Festival de Corais de Paranavaí”, destaca Martineli.
Talise cita também que Paulo Cesar viabilizou a criação do Festival de Dança de Paranavaí, evento que tem crescido e se tornado uma grande referência regional. No 1º Fórum de Cultura de Paranavaí, o então presidente da FC incentivou a criação de grupos de trabalho divididos por segmentos. Assim os artistas poderiam se unir para discutir sobre as necessidades de cada área. Muitas vezes, Oliveira se responsabilizou por conseguir patrocínio para projetos de artistas locais. Um exemplo é o Camerata Paranavaí, coordenado pelo músico Arnaldo Santos.
Quando necessário, Paulo Cesar ia muito além da sua função. Chegou a tirar dinheiro do próprio bolso para custear despesas da Fundação Cultural e ajudar artistas que enfrentavam alguma crise financeira. Também implantou o Projeto Clave de Luz, de formação profissional de música para crianças e adolescentes na Escola Municipal de Música Luzia Guina Machado, ampliou o número de oficinas oferecidas pela Fundação Cultural e depois batalhou pela criação da Banda Sinfônica Clave de Luz.
A gravação do primeiro CD da Orquestra de Sopros Paranavaí, mantida pela Fundação Cultural, também não seria possível sem a ajuda do então presidente da FC. “O Paulo lutou também pela aquisição de novos instrumentos para a orquestra e para o Projeto Clave de Luz”, garante Amauri Martineli. O fortalecimento do Conselho Municipal de Cultura e as criações do Fundo Municipal de Cultural, Edital Municipal de Incentivo à Cultura e Conferência Municipal de Cultural também são conquistas que contaram com a dedicação de PC. Após tanto trabalho, Paulo Cesar de Oliveira pediu exoneração do cargo na semana passada para trilhar um novo caminho.
A versatilidade de Paulo Cesar de Oliveira
Filho dos pioneiros Sebastião Bem Bem de Oliveira e Elazir Azevedo de Oliveira, personagens ilustres da história de Paranavaí, Paulo César de Oliveira nasceu em Paranavaí em 30 de maio de 1951. Começou a trabalhar com apenas 12 anos no Banco América do Sul. Antes de ingressar no Exército em 1970, trabalhou na Livraria Santa Helena e na Livraria Eclética. Quando retornou, assumiu a chefia da Divisão de Pessoal da Prefeitura de Paranavaí, até que em abril de 1974 tomou posse como funcionário do Banco do Brasil, onde trabalhou até 1997.
Paulo Cesar também foi vereador por dois mandatos, secretário da administração municipal, gerente da Associação Comercial e Empresarial de Paranavaí (Aciap), presidente da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB) e vice-presidente do Sindicato dos Bancários, além de presidente da Associação Paranavaiense de Arte e Cultura (Apac) e da comissão organizadora do Femup em 1973.
Mas para a classe cultural de Paranavaí, Paulo Cesar é sempre lembrado como membro-fundador do Teatro Estudantil de Paranavaí (TEP), um dos mais antigos do teatro paranaense, e fundador do Grupo Gralha Azul, importante nome da música regionalista do nosso estado. Músico, poeta, compositor e bacharel em direito, Oliveira compôs mais de 100 músicas ao longo da carreira.
“Ele escreveu, dirigiu e atuou no espetáculo ‘A Hora da Boia’, montado pelo TEP. Recebeu diversos prêmios, inclusive o de melhor ator coadjuvante no Festival Internacional dos Países do Mercosul, realizado em Marechal Cândido Rondon em 1999”, enfatiza Amauri Martineli. Paulo Cesar também escreveu e dirigiu a peça “Bar Copa 70”, montada pelo TEP em 2009 em comemoração aos 40 anos do grupo.
Depoimentos da equipe da Fundação Cultural de Paranavaí
“PC foi de longe um dos melhores presidentes que a Fundação Cultural já teve. Paulinho é da classe, é músico, é poeta, é da gente. Por isso seu comprometimento e seriedade à frente da cultura da nossa Cidade Poesia foi tão importante. Posso afirmar que sua ausência faz parecer que nos falta um braço direito, uma parte de nosso corpo que leva um tempo para nos acostumarmos com sua falta. PC deixa em todos nós marcas indeléveis e inspiradoras. Querido por artistas e não necessariamente artistas, PC deixa sua marca e muitas conquistas para o meio cultural. Para mim, será sempre o nosso presidente de honra.”
Amauri Martineli, presidente da Fundação Cultural de Paranavaí
“Paulo Cesar foi mais que presidente, administrador e artista. Foi humano ao compreender todo o movimento artístico que faz de nossa Paranavaí a Cidade Poesia. A cultura chegou aos bairros mais distantes e trouxe muitos para perto. Artistas e plateia, inclusive formada por crianças, dividiram o palco inúmeras vezes. O grande pescador que sempre contava histórias ao final de cada reunião com a equipe jogou a rede e trouxe muitas conquistas para a cultura de nossa cidade. Hoje temos festivais que mobilizam artistas de todo o país. Exemplos são os festivais de teatro e dança. Admirado por muitos artistas, será sempre grande inspiração para o movimento cultural de Paranavaí.”
Talise Schneider, gerente de desenvolvimento cultural da Fundação Cultural de Paranavaí
“O Paulo César foi um grande mestre na minha juventude, quando me iniciei no teatro. Anos depois, pude me reencontrar com o mestre durante esses seis anos na Fundação Cultural. Bem, foi uma honra para mim esses dias de convivência, aprendizado e trabalho. Para ele, minha gratidão enquanto artista e agente cultural. Como presidente da Fundação Cultural, promoveu o Movimento Cultural de nossa cidade, assim como já havia feito na sua juventude e durante sua vida em tempos atrás. Não vou mensurar ou destacar aqui suas contribuições. Eu seria injusta com certeza, pois foram muitas. O que quero dizer é que sei de sua luta de anos atrás e sei da sua luta durante esses últimos seis anos. Por isso, agradeço ao mestre PC com minha alma de artista por mais essas lições e pelos caminhos apontados para trilharmos. Siga com sua poesia, mestre querido. Não podemos viver sem ela. Evoé!”
Rosi Sanga, coordenadora da Casa da Cultura Carlos Drummond de Andrade
“Eu acredito que a música é uma ferramenta capaz de formar cidadãos sensíveis e críticos, além de músicos. Assim como um maestro dotado de muita sensibilidade tira o melhor de seus músicos, o PC com sua experiência e sabedoria soube tirar o melhor de sua equipe e assim nasceram projetos incríveis como a banda sinfônica Clave de Luz e os projetos de música nos bairros. Considero o PC um grande maestro da cultura paranavaiense.”
Rafael torrente, coordenador da Escola Municipal de Música Luzia Guina Machado.