Quando Zé Boca Mole correu atrás do avião do governador com um pedaço de pau
No início dos anos 1960, o gerente da Reta Táxi Aéreo de Paranavaí, no Noroeste do Paraná, Augustinho Borges, tinha um funcionário que era o responsável por limpar e polir os aviões. Conhecido como Zé Boca Mole, o homem morava em uma casinha construída no Aeroporto Edu Chaves. “Sempre foi um sujeito gente boa, mas que um dia passou por uma situação muito engraçada”, explica Augustinho.
O ex-gerente da Reta não se esquece do episódio em que um avião Douglas DC-3 estava chegando ao aeroporto quando o piloto teve de arremeter por causa de alguns cavalos que invadiram a pista. Como a esposa de Zé Boca Mole estava grávida e descansando em casa, a poucos metros de distância, ele ficou irritado com o barulho provocado pelas turbinas da aeronave. “Foi um som terrível. Parecia que ia acabar o mundo. Então o Zé veio com um pedaço de pau e correu atrás do avião”, lembra Augustinho Borges às gargalhadas.
Depois que o avião se afastou, o auxiliar de serviços gerais se aproximou do ex-gerente da Reta. “Vou tirar satisfação com esse cara. O que ele tá pensando? E se ele mata a minha mulher? Vai ter que me explicar porque fez isso!”, esbravejou enquanto balançava o pau e cerrava os dentes.
Assim que o Douglas DC-3 pousou, Boca Mole ficou de prontidão, batendo o pé no chão e aguardando alguém abrir a porta do avião. De repente, Zé soltou o pau no chão, sorriu e disse: “Oh, doutor! É o senhor que tá aqui.” Em seguida, abraçou efusivamente o governador Moisés Lupion que logo o interpelou: “O que você quer?”
“Paga uma sodinha pra mim?”, indagou. Enquanto Boca Mole bebia o refrigerante, Augustinho questionou o motivo de Zé não ter brigado com homem. “Você é besta? O sujeito é o governador!” A visita a Paranavaí foi a última de Lupion antes de entregar o cargo em 31 de janeiro de 1961.
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