O gato atropelado
Saí há pouco de casa e não desci mais do que cinco quarteirões, quando vi uma grande poça de sangue no meio do asfalto e um animal aparentemente morto. Parei no meio da rua para tentar identificar alguma reação. De repente, o gato mesclado começou a se debater no asfalto. Desci, me aproximei e quando encostei a mão em seu pelo, ele agarrou meu pé com as duas patas, agonizando e resfolegando com os olhos em minha direção. A cena me surpreendeu porque normalmente quando encontro animais caídos no asfalto, eles estão mortos, mas não aquele que lutava pela vida com todas as forças.
Peguei ele nos braços, enquanto ele agonizava e o sangue escorria espesso de sua boca, e o levei até o senhor Ailton Salvador, excelente profissional e ser humano que prontamente me recebeu, medicou o bichano e se recusou a receber pelos cuidados. Hoje, o gato de quem não sei o nome e também não sei onde mora, vai ficar em observação na clínica. Agora resta ter fé na sobrevivência do gato, porque em bons seres humanos como o senhor Ailton eu continuo tendo com toda certeza, mesmo diante de exemplos desalentadores como do motorista que se recusou a parar para reparar o próprio erro.