Sempre que as pessoas veem a minha caligrafia
Sempre que as pessoas veem a minha caligrafia, surge uma das grandes dúvidas da humanidade: “Como é ser jornalista e ao mesmo tempo trabalhar com criptografia?”
Um dia, em uma mostra de arte contemporânea, deixei cair uma das folhas do meu caderno. Quando voltei para buscar, encontrei meia dúzia de pessoas em volta, discutindo a qualidade da “obra” e perguntando se estava à venda.
“Desde o Cabaret Voltaire, eu não via algo tão avassalador. Quanto ímpeto e niilismo nessas formas. Traduz os inexistentes caminhos sinuosos da vida”, disse um senhor, equilibrando os óculos sobre a ponta do nariz. Me ofereceram R$ 500, mas eu disse não porque precisava do papel com urgência para redigir uma matéria.