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Seringueira garante estabilidade ao produtor

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Seringais despontam como negócio rentável no Noroeste do Paraná

Lucro com a cultura é de R$ 1,8 mil por hectare ao mês (Foto: Reprodução)

Ideal para o solo do Noroeste do Paraná, a seringueira desponta como alternativa de produção e garantia de estabilidade ao produtor. A partir do oitavo ano, lucro com a cultura é de pelo menos R$ 1,8 mil por hectare ao mês.

A seis quilômetros de Paranapoema, em uma região dominada por pastos e canaviais, uma propriedade inspira ao exótico. É a Fazenda Guanabara, onde José Aparecido da Costa coordena o plantio de milhares de seringueiras bem distribuídas em centenas de alqueires. “Começamos o plantio em 1988, mas plantamos bastante também em 2002. Todo ano ocupamos cerca de 60 hectares com novas mudas”, explica Costa em tom de satisfação, apontando no horizonte um paredão formado por centenas de árvores.

Quilo da borracha é comercializado por R$ 1,85 (Foto: Reprodução)

A heveicultura é perene, mas realmente lucrativa. O plantio médio de 1210 árvores por alqueire rende ao produtor cerca de mil quilos de borracha do tipo cernambi virgem prensado (CVB). “Cada quilo é vendido por R$ 1,85, o que significa R$ 1850 por alqueire. Se o produtor preferir comercializar a borracha seca já beneficiada, ele pode lucrar facilmente R$ 4,20 por quilo”, destaca o coordenador de produtividade.

Para a produção de látex, o clone ideal é o RRIM 600, importado da Malásia, o mesmo usado também no Estado de São Paulo. “Outros clones têm qualidade inferior, então esse é o melhor”, assegura e acrescenta que a produtividade depende muito do trabalho profissional, pois sem conhecimento técnico o prejuízo pode ser grande.

Com as mudas prontas, o processo produtivo começa depois de seis anos. “Se a pessoa tiver só as sementes leva dois anos para prepará-las, totalizando oito anos até o início da produção”, explica Costa, lembrando que é preciso ser esperto e poupar tempo.

A seringueira é uma cultura de longo prazo que exige investimento inicial de R$ 4 a R$ 7 mil por hectare. “Se o produtor pagar R$ 3 por muda, ele vai gastar R$ 4,5 mil no total. Só que o plantio em si não fica caro porque não exige um solo muito fértil”, afirma Costa. Segundo o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), o solo da região Noroeste do Paraná é considerado um dos melhores para o cultivo da seringueira.

José Aparecido justifica a afirmação do Iapar mostrando várias árvores saudáveis plantadas em meio aos cafezais danificados pelos nematoides. “Mesmo com essa praga, não tivemos problema nem na formação da seringueira e nem na extração do látex”, ressalta.

Além disso, a heveicultura pode proporcionar mais lucro para o pequeno do que para o grande produtor. José Aparecido da Costa, com a experiência de mais de 20 anos cultivando seringueiras, relata que quem tem uma propriedade pequena pode extrair o látex durante o ano todo.

“Os grandes produtores não gozam desse privilégio porque precisam dar férias aos funcionários, interrompendo a produção por dois meses”, revela. Em uma área de cinco mil seringueiras, duas pessoas dão conta de toda a produção. “Rende cinco toneladas de borracha por mês e um lucro de pelo menos R$ 9 mil”, enfatiza.

Área pode ser ocupada por outras culturas

Um dos grandes benefícios da heveicultura é a possibilidade do produtor aproveitar a mesma área para investir em outras culturas. “Entre as seringueiras, você pode cultivar milho, arroz, feijão, soja, algodão, palmito, etc. Só não pode mandioca, mamona e mamão. Essas três não têm uma adaptação boa com a seringueira, daí surgem fungos”, informa o coordenador de produtividade da Fazenda Guanabara, José Aparecido da Costa, que planta café nas entrelinhas dos seringais.

Seringais podem dividir espaço com outras culturas (Foto: Reprodução)

O padrão de plantio de cada árvore é de 8 x 2,5  m², deixando uma área livre de 20 m². Contudo, hoje em dia já se faz o plantio de 7 x 2,5 m² para aproveitar melhor a área. José Aparecido conta que a maior parte da borracha produzida no Paraná é enviada para São Paulo.

“A demanda lá é muito grande, tanto que eles buscam a borracha sem cobrar pelo transporte”, declara. O único ponto negativo da seringueira é a incidência de fungos. Segundo Costa, com a devida qualificação, o próprio sangrador recupera rapidamente a árvore. “O custo é baixo e faz valer a pena”, comenta.

Saiba mais

A Hevea-Tec, maior produtora de mudas de seringueira do Estado de São Paulo, fornece mudas gratuitamente para quem quer investir na heveicultura. Antes o interessado deve firmar um contrato com a empresa se comprometendo a fornecer todo o látex produzido.

8 Responses to 'Seringueira garante estabilidade ao produtor'

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  1. Acho como de justiça a citação do senhor José Dadauto em qualquer matéria que trata da introdução do cultivo da seringueira em nossa região. Ele foi o primeiro divulgador e plantador e hoje é sócio de viveiro de mudas em Alto Paraná, onde, aliás, a proposta nasceu.

    Parreiras Rodrigues

    10 Apr 10 at 6:36 pm

  2. Muito bom texto!
    Parabens =)

    Jorge

    11 Apr 10 at 9:32 pm

  3. Estou interessado na heveicultura … mas gostaria de ter mais informaçoes sobre o assunto .
    Parabens pelo texto agradavel e incentivador..

    walter ferreira diniz

    3 Mar 11 at 2:59 pm

  4. Muito bom este tipos de investimento estava lendo um dia que o brasil produz quase nada de látex que perde para muitos países que o brasil tem comprar de fora para suprir com a demanda só que a seringueira demora um pouco para dar o látex quanto tempo ela demora para dar uma boa produção

    Adriano Alves Machado

    22 Mar 11 at 2:37 am

  5. E pensar que o Brasil já foi o maior produtor mundial de borracha nos anos finais do século XIX e nas duas primeiras décadas do século XX. Por conta dela (da borracha), os brasileiros lutaram contra a Bolívia na região que hoje chamamos de Acre, território brasileiro, mas que no passado foi do país vizinho.

    Idália maria S. D. Buss

    13 Apr 11 at 12:53 am

  6. Parabéns pela divulgação do texto da heveicultura.

    Juliano Dias

    9 Dec 11 at 10:40 am

  7. gostei da matéria. vai me ajudar muito tenho um alqueires de seringueira em RO

    susana de oliveira

    9 Sep 14 at 8:24 pm

  8. Que bom, Susana. Obrigado pela atenção.

    David Arioch

    9 Sep 14 at 8:38 pm

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