David Arioch – Jornalismo Cultural

Jornalismo Cultural

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Orgulho em ser ignorante?

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Arte: Pawel Kuczynski

Desde que nasci, acho que nunca vi um Brasil com tanta manifestação exacerbada de ignorância quanto o atual (até porque não vivi a ditadura, mas estudei o suficiente para saber que naquela época imperava mais a ingenuidade e indiferença por parte bastante significativa da população, e prova disso são as releituras equivocadas do período).

Na minha infância, me recordo que eu encontrava pessoas analfabetas que viviam em áreas rurais ou pessoas que viviam em áreas marginalizadas, mas ainda assim não eram conscienciosamente suscetíveis. Isso acontecia em decorrência de uma ignorância ingênua, pueril.

Já hoje, o que me preocupa não é o analfabetismo, mas especialmente os alfabetizados que são voluntariamente semiletrados, e muitos são incapazes de fazer uma análise crítica e fundamentada de suas defesas. E para piorar, hoje já temos uma massa de pessoas que debocham de pensadores sérios, de estudiosos, filósofos, sociólogos, cientistas e etc, porque não se alinham às suas ignorâncias.

E basicamente são pessoas que não leem, que não estudam, que repetem frases à exaustão, que não têm base teórica ou mesmo pragmática para efeitos analíticos ou comparativos. Que não são nem mesmo capazes de analisar a própria realidade. Ingerem e digerem qualquer porcaria, e acham que isso é o suprassumo da sabedoria, porque são preguiçosos, ou porque se alinharam a ideias que, em linhas gerais, nutrem suas insciências, incultura.

Me preocupo mais com essa ignorância que inspira orgulho em muitos, porque é uma ignorância jactante, presunçosa, de quem infelizmente escolheu esse caminho e ainda se orgulha de tê-lo percorrido.

Written by David Arioch

March 17th, 2019 at 6:27 pm

Conheçam o meu novo site

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Written by David Arioch

June 24th, 2018 at 2:12 pm

“É intrigante a forma como tratamos certos animais, não?”

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Acervo: Animal Equality

— Posso fazer uma pergunta?
— Sim, sem problema.
— O que o senhor vê nessa imagem?
— Um animal selvagem sendo morto.
— E o que o senhor acha disso?
— Claro que acho terrível. É uma coisa grotesca. Inadmissível!
— Entendo.
— E o que o senhor acha dessas outras imagens?
Mostro imagens de um boi, um porco e uma galinha sangrando durante o abate.
Silêncio.
— É intrigante a forma como tratamos certos animais, não?
— É sim…mas é a nossa cultura, né? Afinal, a maioria come carne.
— Entendo…realmente.
— Agora convido o senhor a pensar em uma outra situação. E se o animal que as pessoas mais comessem fosse aquele da primeira imagem?
— Isso não seria possível.
— Por quê?
— Porque seria doentio, nojento.
— Mas não é carne também?
— Sim, mas não é inerente à nossa cultura. Comemos bois, vacas, porcos, frangos, galinhas…animais comuns, que existem para isso.
— Pois é. Mas neste caso não é um condicionamento, uma construção cultural, alimentar-se de um animal e não de outro?
— Talvez, pode ser.
— Será realmente que os animais concordam com essa perspectiva de que eles existem para nos servir? Sendo isso um fato, eles não deveriam morrer felizes, trazendo nos olhos uma expressão de contentamento e nobreza?
— Isso eu não sei, mas creio que não importe tanto pra maioria.
— E se eu disser ao senhor que do ponto de vista da ciência tanto o animal da primeira imagem quanto os demais estão em níveis muito próximos de senciência? Sentem medo, ansiedade, desespero. Enfim, reagem a dor e, sempre que possível, resistem à morte.
— É triste, mas fazer o que…
— Se possível, peço que o senhor reflita sobre essa dissonância na maneira como julgamos que uns animais têm direito à vida e outros não. Realmente precisamos matar? Devemos matar? Ou podemos viver muito bem sem matar nenhuma criatura? É só uma sugestão de reflexão. Obrigado.
— Tudo bem…

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Quatro horas ministrando palestra sobre a história de Paranavaí

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Foto: Unipar

Hoje de manhã, ministrei uma palestra de quatro horas sobre a história de Paranavaí para professores de história e geografia. Falei um pouco da colonização e formação de Paranavaí. Depois enveredei pela história de importantes personagens locais e regionais, além de abordar a história e a realidade de bairros da periferia, como a Vila Alta.

Estou sem voz, mas a experiência foi muito boa. Boa interação e todo mundo prestando atenção; ninguém bocejando ou dormindo. Foi mais uma experiência gratificante. Sem dúvida, uma das melhores partes de uma palestra é quando as pessoas conversam com você ao final, elogiam o seu trabalho e pedem para tirar foto contigo. É um bom indicativo.





Written by David Arioch

July 3rd, 2017 at 8:38 pm

O Ocidente no Oriente e o Oriente no Ocidente

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Se no passado o Ocidente foi ao Oriente, hoje é o Oriente que mais uma vez chega ao Ocidente das mais diferentes formas. O que não me parece surpreendente, já que desde sempre o Ocidente flerta com o Oriente, e vice-versa. Não há como ser purista em um mundo em constante metamorfose.

O sírio Abul ʿAla Al-Maʿarri, é considerado um dos maiores poetas da cultura árabe, e foi influenciado substancialmente pelos gregos no século 11. Por outro lado, o alemão Arthur Schopenhauer, um dos mais importantes filósofos do século 19, escreveu sobre a moralidade tendo como uma de suas principais referências o sânscrito védico, de origem indiana.

Written by David Arioch

January 16th, 2017 at 1:32 pm

Posted in Reflexões

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Drnovšek: “Comemos carne porque infelizmente fomos criados dessa forma”

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Slovenija,Brdo pri Kranju,26.04.2007,Predsednik drzave je na dvorcu Brdo sprejel ciprskega predsednika Tasosa Papadopulosa.Foto:Matej Druznik/DELO

“Me tornei vegetariano há anos e depois aderi ao veganismo (Foto: Matej Druznik/Delo)

“Comemos carne porque infelizmente fomos criados dessa forma. Mas me tornei vegetariano há anos e depois aderi ao veganismo. Temos grande quantidade de opções, alimentos vegetais bem variados que são o suficiente para nossas necessidades. Dei esse passo seguindo um forte sentimento pessoal. Algumas pessoas acreditam que a alimentação vegana é limitada ou sem graça, e claro que isso não é verdade. Ela pode ser bem diversificada.”

Janez Drnovšek, ex-presidente da Eslovênia em entrevista à Revista Liberation of Animals, edição de janeiro de 2006, editada pela Sociedade pela Libertação e Direitos Animais da Eslovênia. Drnovšek é apontado como o principal responsável pelo progresso da Eslovênia a partir de 1992, após o fim da Iugoslávia.

Graças ao seu trabalho, o país entrou para a lista de nações com maiores índices de desenvolvimento humano do mundo. Além de projetos bem-sucedidos de reconstrução econômica, Janez Drnovšek fundou o Movimento para Justiça e Desenvolvimento Social da Eslovênia. Com uma proposta de fortalecer a consciência humanitária, englobando também a defesa dos direitos animais, ele obteve grande aprovação por parte dos eslovenos.

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Written by David Arioch

December 27th, 2016 at 12:56 pm

Barbas e olheiras

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Hoje, passei a maior parte da manhã na Oficina Raspa Língua, conversando com o artista Henrique Moura

Barbas e olheiras – Os homens que não dormem. Eu e meu brother Henrique Moura. Hoje, passei a maior parte da manhã na Oficina Raspa Língua, onde o artista e criador do icônico Predo Bandeira (seu alter ego) dedica seu dia e sua noite a produzir vídeos independentes de animação.

Muitas referências, muitas colagens e muita coisa autoral da mais alta qualidade. O encontro rendeu horas de papo sério, bobagens e muito café. Disso aí vai sair uma narrativa veloz, intensa e reveladora.

Para quem quiser conhecer o cinema independente de animação da Oficina Raspa Língua, acesse: http://raspalingua.com/site/

Written by David Arioch

November 23rd, 2016 at 1:29 am

Vale-cultura, um pequeno investimento que pode fazer a diferença

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Embora o valor do benefício seja pequeno, um ponto positivo é que ele é cumulativo

cartao

Adesão ao programa pode ser feita no site do Sistema Vale-Cultura (Foto: Divulgação)

Criado em 2012 pelo Ministério da Cultura (Minc), o Vale-Cultura ainda é pouco difundido no interior do Brasil, principalmente em cidades de pequeno e médio porte. O maior obstáculo é que muitos empresários ainda desconhecem o funcionamento do benefício mensal de R$ 50 que pode ser concedido aos trabalhadores, e sem risco de oneração.

Embora o valor do benefício seja pequeno, um ponto positivo é que ele é cumulativo, o que é vantajoso caso o trabalhador opte por não retirar o Vale-Cultura mês a mês, já que o dinheiro pode ser usado não apenas na compra de ingressos para shows e espetáculos, mas também de CDs, DVDs, equipamentos musicais, artesanato e pagamento de cursos de artes, etc. O objetivo é fazer com que os trabalhadores tenham mais acesso à cultura.

Um benefício trabalhista nos moldes do auxílio-alimentação, o Vale-Cultura depende estritamente da adesão das empresas, já que elas são as responsáveis pela oferta. De acordo com o Ministério da Cultura, as empresas tributadas com base no lucro real têm o direito de deduzir do imposto de renda a maior parte do valor destinado ao Vale-Cultura. Sendo assim, cada empresa paga R$ 5 para que seus funcionários tenham direito aos R$ 50, dinheiro que pode ou não ser cobrado na folha de pagamento dos empregados. Os outros R$ 45 são descontados do IR.

Todas as empresas em situação de regularidade fiscal e que tenham empregados com vínculo empregatício formal podem se cadastrar no sistema. Após a adesão, os empresários asseguram o direito de receber incentivos especiais oferecidos pelo Governo Federal. Segundo o Ministério da Cultura, o investimento é uma forma de ajudar a fomentar a produção cultural.

Os R$ 50 do Vale-Cultura são entregues aos trabalhadores através de um cartão magnético pré-pago aceito em 40 mil empresas do Brasil, inclusive lojas virtuais. Outra informação interessante e pouco divulgada é que as prefeituras também podem aderir ao Vale-Cultura, usando como referência o modelo do programa e então aprovando uma legislação para regulamentá-lo.

O Minc defende que o Vale-Cultura pode fazer a diferença na vida de muitos trabalhadores que ainda não têm condições de pagar por produtos e serviços culturais. Ampliando esse consumo, todos se beneficiam. A empresa por oferecer novas oportunidades aos seus funcionários, os valorizando mais; o trabalhador por se sentir recompensado no ambiente de trabalho; e os artistas e outros profissionais da área cultural por conquistarem mais público, consumidores e alunos.

É importante lembrar que empresas interessadas em receber o Vale-Cultura como forma de pagamento podem se cadastrar como recebedoras no site do Ministério da Cultura, assim incentivando a produção e a circulação de cultura no Brasil.

Como cadastrar uma empresa no Sistema do Vale-Cultura

Acesse: http://vale.cultura.gov.br, clique no link “Cadastrar Beneficiária” e preencha o formulário.

Written by David Arioch

March 31st, 2016 at 1:24 pm

Museu de Paranavaí vai ser reinaugurado em abril

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Nova sede vai abrigar mais de 600 objetos e 2,8 mil fotos sobre a história local

Fachada do Museu de Paranavaí que vai funcionar ao lado da Casa da Cultura (Foto: David Arioch)

Fachada do Museu de Paranavaí que vai funcionar ao lado da Casa da Cultura (Foto: David Arioch)

Fundado em 2007, o Museu de Paranavaí sempre funcionou nas dependências da Casa da Cultura Carlos Drummond de Andrade. Porém, a partir da segunda quinzena de abril, o museu começa a atender em um novo espaço – na antiga Estação do Ofício. Atualmente o local está passando por reformas e adaptações feitas pelos colaboradores da Fundação Cultural de Paranavaí.

“Estamos fazendo um trabalho com muito amor e carinho, baseado no improviso e na criatividade”, comenta a coordenadora do Museu Histórico, Antropológico e Etnográfico de Paranavaí, Rosi Sanga, que ao longo dos anos conseguiu reunir mais de 600 peças que remetem às mais diferentes fases da formação de Paranavaí.

Há inclusive objetos dos tempos da Fazenda Brasileira, como Paranavaí era conhecida nas décadas de 1930 e 1940, e um acervo com 2,8 mil fotos. Muitas já foram digitalizadas e devem compor o Memorial Digital do Pioneiro. “Assim que o Museu for reinaugurado, vamos continuar com nossas exposições. Elas são baseadas em histórias que começam na época dos índios, embora eles não tenham vivido exatamente onde a cidade surgiu. Também falaremos da derrubada da mata, da fase econômica do café e de outros ciclos. O mais interessante é que aqui cada objeto tem uma memória a ser narrada”, revela Rosi.

Uma das paredes do museu está abrigando quadros que ajudam a contar a história de Paranavaí (Foto: David Arioch)

Uma das paredes do museu está abrigando quadros que ajudam a contar a história de Paranavaí (Foto: David Arioch)

Uma das paredes do museu já está abrigando quadros que ajudam a contar a história de Paranavaí através das pinturas da artista Cecília Tortorelli. Importante referência para quem quer aprender um pouco sobre a colonização local e regional, o museu possui coleções, objetos do cotidiano, itens numismáticos, documentos e instrumentos de trabalho. Visitar o museu é uma grande oportunidade para entender o surgimento de Paranavaí e o seu desenvolvimento, principalmente nas décadas de 1930, 1940, 1950 e 1960.

Outra novidade é que no entorno do museu vai ser criado um canteiro com ervas medicinais usadas nos tempos da colonização. “Do lado de fora, vamos exibir depoimentos de pioneiros sobre essas ervas. Também vamos deixar dois tipógrafos em exposição na parte externa”, enfatiza. A tradicional Sala de Imagem e Som, que funcionava na Casa da Cultura e reunia um bom acervo de materiais e equipamentos de rádio, TV e cinema, também vai funcionar nas dependências do museu.

“A partir da segunda quinzena de abril, se tudo der certo, vamos atender das 8h às 17h, mas caso alguém nos ligue com antecedência, querendo conhecer a exposição, podemos abrir também fora do horário comercial”, declara a coordenadora. O Museu de Paranavaí continua recebendo doações, desde que sejam itens com relevância histórica. Para mais informações, ligue para (44) 3422-5018.

Saiba Mais

O Museu Histórico, Antropológico e Etnográfico de Paranavaí é administrado pela Fundação Cultural de Paranavaí.

Não confunda skinhead com bonehead

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Derrick Morgan, até hoje lembrado como um dos maiores nomes do movimento skinhead (Foto: Reprodução)

O rapaz da foto é o jamaicano Derrick Morgan, um dos maiores expoentes do movimento skinhead. Na juventude, ele fez importantes parcerias com músicos como Desmond Dekker, Bob Marley e Jimmy Cliff.

Levando isso em conta, acho válido enfatizar que a cultura skinhead em essência nunca defendeu o uso de violência, muito menos qualquer forma de racismo ou preconceito. Esse tipo de conduta é inerente aos boneheads, um movimento completamente diferente que inclusive se apropria de forma equivocada e ilícita da palavra skinhead, um termo hoje totalmente vulgarizado e descontextualizado por causa da desinformação.

Por isso é muito importante não chamar de skinhead qualquer careca que incentive a violência. Sem dúvida, é uma ofensa tremenda e uma grande injustiça contra muita gente não só do Brasil, mas do mundo todo que contribuiu e continua contribuindo com os ideais de liberdade do movimento. Para quem quiser entender a real história dos skinheads, sugiro que assista ao filme “This Is England”, do cineasta inglês Shane Meadows. Originalmente, os skinheads se identificaram com gêneros musicais como rocksteady, reggae, soul, ska e mais tarde punk-rock.

Written by David Arioch

January 27th, 2016 at 11:08 pm