Isso também é viver
Estou aqui neste momento e é isso que existe. Há uma posse relativa do meu estado de ser, da minha consciência, das minhas emoções em um nível consoante. Claro que não completamente, já que não acredito em estado pleno de controle. Qualifico isso como natural, já que seres humanos não são máquinas e dependem de várias formas de nutrição que não dizem respeito à comida.
Realmente creio que isso torna a existência intrigante. Estou aqui hoje, posso não estar amanhã, e isso é parte inerente da vida. O momento, a iminência da parte, do todo ou do nada. Acredito que viver nada mais é do que construir instantes que podem sobreviver ou desfalecer – do cotidiano, da memória ou dos dois. O eterno efêmero, pode-se dizer. Dão lugar a outros instantes, ou não.
Você fala com alguém agora e pode ser que não se falem mais a partir de um período indeterminado. E se isso transcorre com naturalidade, como os enlaces e os desenlaces das relações ao longo da vida, está tudo bem. Isso não implica necessariamente em prejuízo, desrespeito ou desconsideração, até porque essa perspectiva seria apenas polarização.
Não nego que construímos, desconstruímos e destruímos coisas o tempo todo. Isso pode ser positivo, pode não ser. Para o bem ou para o mal, isso também é viver.