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Mahler acreditava que o vegetarianismo é o caminho para a regeneração da humanidade
“Os efeitos morais desse estilo de vida são imensos. Você pode julgar por si mesmo…”
Símbolo do pós-romantismo e considerado um dos mais importantes compositores de todos os tempos, o austríaco Gustav Mahler se tornou vegetariano por influência das teorias de regeneração do compositor alemão Richard Wagner. Em carta escrita a Emil Freund em 1º de novembro de 1880, ele se queixou que precisava de algum tipo de conforto porque via miséria em todos os lugares e das mais diferentes formas.
“Se você conhece uma pessoa nesta terra que seja realmente feliz, diga-me seu nome rapidamente, antes que eu perca os últimos vestígios de coragem que resistem em mim. Qualquer um que tenha observado uma natureza verdadeiramente nobre e profunda lutando contra a mesquinhíssima mesquinhez, e que por isso perece, dificilmente ignora o próprio estremecimento, quando este considera em primeiro lugar a chance de salvar a sua própria e pobre pele”, escreveu Mahler.
Na carta, o compositor diz que no Dia de Todos-os-Santos ele colocaria flores no túmulo de uma amiga que cometera suicídio, uma jovem que ele conheceu aos 18 anos em Seelau, na casa dos pais de Freund, a algumas horas de distância de Jihlava, sua cidade natal. Os dois tinham grande afeto um pelo outro, e ela era fascinada pelo talento de Mahler ao piano. E foi pela fragilidade do seu estado de espírito ao saber da morte da amiga que ele teve contato com as teorias de Wagner e decidiu mudar de vida. Um mês depois de tornar-se vegetariano, ele anotou suas impressões e as enviou para Emil:
“Os efeitos morais desse estilo de vida são imensos. Você pode julgar por si mesmo o quão convencido estou, quando lhe digo que não espero menos do que a regeneração da humanidade”, declarou em referência ao vegetarianismo. Também sugeriu ao amigo que adotasse um estilo de vida mais natural, com nutrição adequada, alegando que logo ele sentiria os benefícios, de acordo com informações das páginas 165 e 166 do livro “Gustav Mahler: New Insights into His Life, Times and Work”, de Alfred Mathis-Rosenzweig.
À época, em transição para o vegetarianismo, mas ainda amargando tristeza recente, ele concluiu a famosa cantata Das Klagende Lied (A Canção da Lamentação) que, embora inspirada em um conto dos Irmãos Grimm, revela o seu próprio estado de espírito. “Minha peça está terminada. Um verdadeiro lamento de criança que me tomou alguns anos de trabalho, mas que acabou por valer a pena. O meu próximo passo é usar todos os recursos disponíveis para executá-la”, revelou em correspondência a Freund.
“Na estalagem, onde os cantores se encontravam à noite, ele era visto como ridículo por consumir água em vez de cerveja ou vinho. Recusando carne, pedia por maçãs e espinafre, e declarou sua lealdade aos princípios vegetarianos de Richard wagner. Os cidadãos desta pequena cidade concordaram que ele era um espécime muito estranho”, registrou o especialista em sociologia da música Kurt Blaukopf em referência à estadia de Gustav Mahler em Olomouc, na República Tcheca, entre os dias 11 e 17 de março de 1883.
Em 1894, Mahler decidiu se aprofundar no trabalho de Schopenhauer quando descobriu que ele foi a principal influência de Wagner no que diz respeito ao vegetarianismo. Para Rosenzweig, o interesse de Mahler se justificou pelo fato de que ele, assim como outros vegetarianos e entusiastas da época, buscava motivações menos místicas sobre o vegetarianismo.
Saiba Mais
Gustav Mahler nasceu em Kalischt, na Boêmia, atual República Tcheca, em 7 de julho de 1860 e faleceu em 18 de maio de 1911 em decorrência de endocardite bacteriana.
Referências
Blaukopf, Kurt. Mahler: His Life, Work and World. Thames & Hudson (2000).
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