Archive for the ‘Ibama’ tag
Ibama vai multar em mais de R$ 105 milhões os fornecedores do McDonald’s, Burger King, Walmart, Unilever e Nestlé por destruírem áreas de preservação permanente
As áreas foram usadas para o plantio de soja destinado à pecuária, ou seja, à ração animal
O Ibama anunciou esta semana que vai multar em mais de R$ 105 milhões a Cargill e a Bunge, fornecedores de alimentos para animais criados para consumo, por destruírem áreas de preservação permanente, causando grande impacto no cerrado brasileiro. A ação do Ibama é consequência de uma investigação realizada pela organização ambiental Mighty Earth em 2017, expondo as práticas da Cargill e da Bunge, que fazem parte da cadeia de fornecimento de carnes e produtos lácteos de corporações como McDonald’s, Burger King, Walmart, Unilever, Nestlé, Tesco e Carrefour.
Para se ter uma ideia do impacto, foi comprovado que a Cargill e a Bunge, que atendem 61 grandes companhias, financiaram ativamente a destruição de áreas úmidas nativas, obrigando populações inteiras a se deslocarem para favorecer um desmatamento equivalente ao tamanho da Inglaterra – comprometendo a biodiversidade e a sobrevivência de animais como a onça-pintada, tamanduá-bandeira, lobo-guará e cervo-do-pantanal. As áreas foram usadas para o plantio de soja destinado à pecuária, ou seja, à ração animal.
Glenn Hurowitz, CEO da Mighty Earth, diz que, embora a responsabilidade esteja recaindo somente sobre a Cargill e a Bunge, é importante questionar também por que as grandes corporações e empresas continuam se beneficiando dessa prática criminosa. A Bunge se defendeu dizendo que achava que destruir essas áreas era uma prática legal. “O governo brasileiro claramente não concorda. Mas se a Bunge apenas adotasse o simples passo de proibir todo o desmatamento em sua cadeia de fornecimento, não estaria enfrentando esses riscos”, enfatiza Hurowitz.
Referência
Estadão e a falta de bom senso sobre a problemática dos javalis
Li ontem no Estadão uma reportagem com um título bem infeliz: “Espécie invasora, javali é opção abundante e grátis na ceia de Natal”. Na matéria, um estudante de zootecnia se orgulha de sair para caçar animais silvestres com seu pai desde que tinha nove anos. Ou seja, uma criança praticava uma atividade ilegal no Brasil. Hoje, já adulto, admite isso no Estadão e está tudo bem.
Outro problema é que a reportagem se refere à caça como uma atividade prazerosa. “A diversão, no entanto, se apressa a dizer, é só consequência de um importante trabalho de controle da praga na agricultura.” Em primeiro lugar, um veículo de abrangência nacional que deveria promover a conscientização acaba por qualificar a caça como uma atividade divertida.
Em segundo lugar, se o javali tornou-se uma praga, isso se deve à ineficiência do Ibama, que é responsável pelo controle de reprodução de animais como javalis. Outro ponto a se considerar: se os javalis são uma praga, o que são os seres humanos gananciosos?
De acordo com a ONU, a Amazônia Brasileira, o lugar com a maior biodiversidade do planeta e que já perdeu 80% de sua área original, pode desaparecer nos próximos dez anos por causa da desenfreada produção de gado e soja. Quem é o invasor mesmo? Uma pena ver veículos de comunicação prestando um desserviço tão grande. E para piorar, ainda produzem uma matéria com título jocoso, instigando qualquer um a sair de casa com arma em punho para matar javalis.