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Estadão e a falta de bom senso sobre a problemática dos javalis
Li ontem no Estadão uma reportagem com um título bem infeliz: “Espécie invasora, javali é opção abundante e grátis na ceia de Natal”. Na matéria, um estudante de zootecnia se orgulha de sair para caçar animais silvestres com seu pai desde que tinha nove anos. Ou seja, uma criança praticava uma atividade ilegal no Brasil. Hoje, já adulto, admite isso no Estadão e está tudo bem.
Outro problema é que a reportagem se refere à caça como uma atividade prazerosa. “A diversão, no entanto, se apressa a dizer, é só consequência de um importante trabalho de controle da praga na agricultura.” Em primeiro lugar, um veículo de abrangência nacional que deveria promover a conscientização acaba por qualificar a caça como uma atividade divertida.
Em segundo lugar, se o javali tornou-se uma praga, isso se deve à ineficiência do Ibama, que é responsável pelo controle de reprodução de animais como javalis. Outro ponto a se considerar: se os javalis são uma praga, o que são os seres humanos gananciosos?
De acordo com a ONU, a Amazônia Brasileira, o lugar com a maior biodiversidade do planeta e que já perdeu 80% de sua área original, pode desaparecer nos próximos dez anos por causa da desenfreada produção de gado e soja. Quem é o invasor mesmo? Uma pena ver veículos de comunicação prestando um desserviço tão grande. E para piorar, ainda produzem uma matéria com título jocoso, instigando qualquer um a sair de casa com arma em punho para matar javalis.
Uma espada com mais de 350 anos
Objeto histórico foi confundido com facão nos anos 1950
Situada na região de Paranavaí, no Noroeste Paranaense, Terra Rica foi uma importante rota de fuga dos índios caiuá, principalmente quando os bandeirantes paulistas invadiram a localidade nos anos 1600, na tentativa de espoliar riquezas, dominar e escravizar os indígenas.
Mais tarde, materiais históricos desse tempo foram encontrados casualmente por pioneiros de Terra Rica. Nos anos 1950, o agricultor Angelo Calírio comprou alguns lotes rurais perto do Rio Paranapanema. Em um dos imóveis, localizado nas imediações do “Bairro do Garimpo”, se deparou com um objeto muito antigo e desgastado. O pesquisador e geógrafo Edson Paulo Calírio conta que o pai andava em meio ao que sobrou da derrubada para o plantio de café, quando viu um pedaço de ferro enferrujado. Estava quase todo enterrado em posição diagonal, coberto por húmus e folhas.
Angelo Calírio recolheu o objeto e o levou para casa, acreditando que fosse apenas um facão. “O estado do ferro chamou muita atenção porque nada foi deteriorado. Talvez a umidade do solo, que concentra grande quantidade de argila, tenha facilitado a conservação do material”, supõe Edson Calírio. Em casa, Angelo limpou o objeto cuidadosamente com limão e o guardou, sem ter a mínima ideia de que por muitos anos preservou em casa um importante material histórico sobre o Noroeste do Paraná, o Paraná e o Brasil.
“O tal ‘facão’ sempre ficava guardado. Décadas depois, quando crescemos e ganhamos um pouco de noção das coisas, decidimos pesquisar sobre o objeto. Descobrimos que se tratava de uma espada de algum bandeirante ou espanhol que lutou na nossa região no período de colonização. Provavelmente, a partir de 1620”, revela. Após avaliação, pesquisadores de várias universidades do Paraná e São Paulo constataram que a espada tem mais de 350 anos e deve ter pertencido a um invasor.
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