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Cemitério é mais antigo que a cidade

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Necrópole surgiu quando Paranavaí ainda era um distrito

Jazigo da Família Moraes é o mais visitado

Jazigo da Família Moraes é o mais visitado (Foto: David Arioch)

Os primeiros sepultamentos no Cemitério Municipal de Paranavaí, no Noroeste do Paraná, foram realizados em 1947. À época, antes de se tornar cidade, a Colônia Paranavaí, distrito de Mandaguari, ainda era conhecida como Fazenda Brasileira.

Naquele tempo, o portão de entrada do cemitério ficava localizado onde hoje é a área central da necrópole. A atual fachada foi construída somente décadas depois. A demora, segundo pioneiros, se deve a um problema de planejamento. O espaço era pequeno e não contemplava o desenvolvimento da cidade, então precisaram comprar novos lotes e extinguir uma larga rua que atravessava o cemitério.

O administrador do Cemitério Municipal, Amilcar Pereira do Santos, sabe muito bem o que isso significa. Ele viu o espaço ser ampliado três vezes ao longo de 33 anos de trabalho. “Já carpi, construí muro, fui coveiro, auxiliar de médico-legista e hoje estou aqui como administrador”, frisa, acrescentando que durante muito tempo ele e dois colegas de trabalho foram responsáveis pela manutenção da necrópole.

Oito funcionários cuidam dos cinco mil túmulos onde estão enterradas mais de 30 mil pessoas. Segundo Santos, o trabalho se torna mais intenso no final de outubro, quando o fluxo de visitas no Cemitério Municipal aumenta muito por causa do feriado de Dia de Finados. “O horário de expediente passa a ser das 6h às 19h. Posso dizer que o nosso trabalho triplica. Sempre tem alguém pedindo informação ou precisando de alguma ajuda. Mas tudo corre bem porque atendemos um de cada vez”, pondera Amilcar.

Apesar da maioria dos túmulos serem visitados apenas no período que precede o feriado, alguns são recordistas de público. Exemplo é o jazigo da Família Moraes, próximo à entrada do Cemitério Municipal, que apresenta a imagem de um avião sobrevoando o campo e recebe até três visitas por dia. “As pessoas sempre perguntam como foi o acidente”, destaca Amilcar Santos. O belo desenho impresso em azulejo é uma representação simbólica do último momento vivido por Oswaldy Teixeira de Moraes.

“Em 1976, ele e mais três pessoas foram para o Mato Grosso do Sul. Viajaram a trabalho para negociar a venda de terras. Durante o voo, começou a chover e eles tentaram descer e, sem sucesso, o avião se chocou contra uma peroba. Isso aconteceu perto de Naviraí”, conta o administrador do cemitério. No acidente morreram duas pessoas de Paranavaí e duas de Londrina.

Outro túmulo que recebe um bom número de visitas é o de Armando Trindade Fonseca que ficou conhecido como um grande radialista. “Pelo menos três pessoas, inclusive de outras cidades, visitam o túmulo dele toda semana. Não é pra menos. Ele era muito conhecido na região e foi pioneiro do rádio. Infelizmente, problemas de saúde o levaram à morte”, comenta Amilcar Pereira.

Curiosidades

Em 1950, a Prefeitura de Mandaguari enviou um livro oficial de inumações que passou a ser administrado pelos próprios moradores.

No Cemitério Municipal, 400 pessoas estão sepultadas na ala de “gavetas”, onde são depositados os restos mortais de indigentes e pessoas sem condições financeiras para comprar um túmulo.

O Cruzeiro das Almas é bastante frequentado. No local, os visitantes deixam garrafas com água, velas, flores e pedidos para se curar de alguma enfermidade ou conseguir emprego.

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