“Brasil: Nunca Mais”, um livro que não deve ser esquecido
O livro “Brasil: Nunca Mais” foi lançado em 1985 por dom Paulo Evaristo Arns, quinto arcebispo de São Paulo, e pelo pastor presbiteriano Jaime Wright. A obra é baseada em informações coletadas em mais de um milhão de páginas de 707 processos do Superior Tribunal Militar. E a partir daí, dom Paulo Evaristo, o reverendo Wright e mais 30 pesquisadores mostram a dimensão da repressão política no Brasil dos tempos da ditadura militar.
No livro, é apresentado como funcionavam as agências de investigação, quem eram os principais perseguidos, como eram feitas as prisões e expõe as técnicas de tortura contra presos políticos. Há dados reveladores sobre violência física e psicológica aplicada contra crianças e gestantes. “Brasil: Nunca Mais” foi a primeira obra a denunciar essas práticas.
Entre os principais colaboradores do projeto estavam os advogados Eny Raimundo Moreira, Luiz Eduardo Greenhalgh, Luís Carlos Sigmaringa Seixas e Mário Simas, os jornalistas Paulo Vannuchi e Ricardo Kotscho, além de Frei Betto, a socióloga Vânya Santana e a historiadora Ana Maria de Almeida Camargo. Durante o processo de produção do livro, a equipe teve de mudar de local várias vezes por medidas de segurança. A obra informa que a tortura no Brasil durante o período da ditadura militar foi colocada em prática por 444 torturadores.
No prefácio do livro, dom Paulo Evaristo diz que a tortura é o meio mais inadequado para levar-nos a descobrir a verdade e chegar à paz: “É com penitências, pois, que encaramos este livro. Ele não pretende ser meramente uma acusação, mas sim um convite para que todos nós reconheçamos nossa verdadeira identidade através das faces desfiguradas dos torturados e dos torturadores.”