Archive for the ‘música clássica’ tag
Compositores de música clássica protovegetarianos e vegetarianos
01 – Richard Wagner
02 – Gustav Mahler
03 – Karl Klindworth
04 – Cécile Chaminade
05 – Hugo Wolf
06 – Alexander Scriabin
07 – Arnold Schönberg
08 – Gustav Holst
09 – Percy Grainger
10 – Frank Merrick
11 – Thomas Pitfield
12 – John Foulds
13 – Leonard Borwick
14 – Elly Ney
15 – Georg Tintner
16 – Fujiko Hemming
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O espírito norueguês de Peer Gynt
Em 1876, quando a música de Edvard Grieg se fundiu ao teatro de Henrik Ibsen, nasceu o espírito norueguês e incidental de Peer Gynt, um aventureiro fanfarrão, libidinoso, hostil e isento de caráter que rapta a bela e apaixonada donzela Solveig para ter com ela prazeres efêmeros.
Na obra, conquista a filha do Rei da Montanha e líder dos trolls, Ingrid, com quem se relaciona por apenas uma noite, descartando-a. Mais tarde, o inquieto Peer Gynt volta a sua morada ao saber que a mãe está falecendo. Depois retoma a vida errante, até que combalido pela velhice retorna à terra natal, onde procura a fiel Solveig. Nos braços dela, se entrega à morte.
É justamente a essência do espírito e da atmosfera de Peer Gynt que a composição “I Dovregubbens hall”, que se popularizou como “In the Hall of the Mountain King“, alheia a uma elipse moral – a própria condição existencial do personagem, capta.
Os pianos de cauda da Vila Montoya
Como os instrumentos chegaram a Paranavaí numa época em que não existia estrada?
Um dos fatos mais curiosos sobre a colonização de Paranavaí, no Noroeste do Paraná, é que na década de 1920, antes do surgimento da Vila Montoya, o povoado contava com diversos pianos de cauda dispersos por residências próximas da Fazenda Experimental do Estado. Como isso era possível se cada um dos instrumentos tinha de 250 a 300 quilos e à época não havia nenhuma estrada que permitia o ingresso de grandes veículos na colônia?
Dos anos 1930 a 1945, vários pioneiros que chegaram a Paranavaí, então Fazenda Brasileira, se depararam com mais de 40 casas de madeira de louro-pardo, uma matéria-prima nobre. As residências, algumas tinham características da arquitetura francesa, passavam despercebidas pelos mais desatentos, pois a mata primitiva já tomava conta da vegetação cortada, além dos antigos cafezais que ao longe se ofuscavam diante do profundo abandono. “Nas casas ocupadas pela diretoria da Brasileira, encontrei diversos pianos de cauda em 1941”, afirmou o pioneiro gaúcho Otávio Marques de Siqueira em entrevista à Prefeitura de Paranavaí há algumas décadas, acrescentando que a maior parte estava em boas condições de uso.
De acordo com o pioneiro pernambucano Frutuoso Joaquim de Salles, que se mudou para a Vila Montoya em 1929, quando chegou ao povoado os instrumentos já estavam instalados nas residências da diretoria da Companhia Brasileira de Viação e Comércio (Braviaco), responsável pela administração local. Na atualidade, cada um daqueles pianos de cauda importados custaria pelo menos R$ 40 mil, possivelmente mais valiosos que as casas que abrigavam os colonizadores. “O mais estranho é que ainda não tinha estrada até aqui. Os caminhões que vinham pra cá naquele tempo paravam a quilômetros de distância da colônia porque havia uma mata primitiva muito densa”, relata o pioneiro cearense João Mariano.
Salles também deixou claro em vida que só pouco tempo depois de formada Vila Montoya é que surgiu a primeira estrada. A futura Paranavaí era um povoado recôndito na selva, quase alheio à civilização. A única explicação palpável sobre a chegada dos pianos é que a diretoria da Braviaco incumbiu dezenas de empregados a percorrerem quilômetros a pé, em meio mata virgem, para transportarem cada instrumento que pesava mais de 200 quilos.
Há pioneiros que afirmam que alguns do pianos podem ter chegado ao povoado muito antes do que se imagina, na década de 1910, quando a Companhia Brasileira de Viação e Comércio começou a desbravar o Noroeste do Paraná, dando a Paranavaí e região o nome de Pirapó. Segundo Frutuoso Joaquim, os instrumentos musicais eram a única diversão de muitas famílias em 1929.
Enquanto os encarregados comandavam o trabalho de centenas de migrantes, quase todos analfabetos, trazidos ao Distrito de Montoya para plantar e colher café no seio da mata primitiva noroestina, as mulheres dos funcionários da Braviaco passavam a maior parte do tempo dentro de casa cuidando dos filhos, dos afazeres domésticos ou tocando excertos de canções de compositores alemães como Johannes Brahms, Richard Wagner e outros expoentes do romantismo clássico em sofisticados pianos Steinway. Vez ou outra, quando alguns peões retornavam da mata, ouviam ao longe vozes femininas cantarolando. Achavam bonito, mesmo que a completa ignorância os impedisse de decifrar o código musical. Tempos depois, a partir de registros pessoais, descobriu-se que eram trechos de óperas dos compositores italianos Giuseppe Verdi e Arturo Toscanini.
É possível crer que dois “mundos” se chocavam na Vila Montoya: a cultura intelectual – ostensiva e abstrata da burguesia, sob a imponente figura da Braviaco, e a cultura inculta – ingênua, frágil e estritamente rural do pobre migrante afiançado ao colonato. Desde o começo, Paranavaí já representava muitas realidades, mas o que mais chama atenção é que antigamente existia uma harmonia surreal nisso tudo.
Os pianos de cauda de Montoya foram abandonados em 1930, quando o Governo Vargas revogou a concessão da Companhia Brasileira de Viação e Comércio. Os funcionários da Braviaco e seus familiares partiram, deixando para trás todos os instrumentos musicais. Os pianos resistiram ao tempo, sobreviveram, mas desapareceram quando a colônia se transformou em Paranavaí. “Ninguém sabe ao certo o que houve depois com os instrumentos”, comenta João Mariano em tom de dúvida e mistério.
Curiosidade
Os pianos Steinway, criados por Heinrich Steinweg, surgiram em 1853 nos Estados Unidos, mas também foram fabricados na Alemanha a partir de 1880.
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